Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 27
Capítulo 27 - Hajimemashite


Notas iniciais do capítulo

Waa, primeira parte da festa! Minha intenção era fazer tudo em um capítulo só, mas acabou ficando meio grande...

Enjoy~! o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113485/chapter/27

Segurei a mão de Kaoru com força, tremendo levemente. Eu nem havia saído do Táxi e já me sentia diminuída e insegura só de olhar a fachada daquela casa. Aliás, não era uma casa, era uma mansão! Parecia um daqueles palácios europeus, com sua fachada intimidadora e as luzes que escapavam pelas janelas enormes de vidro cintilante. Muitos carros estavam estacionados ao longo da calçada, e qualquer um deles valeria mais do que a minha casa inteira, com todos os móveis dentro e mais o salário da minha mãe.

Tremendo por dentro do vestido rosa-claro, eu desci do carro, apoiada por Kaoru e com Aiko ao meu lado. Logo o táxi que trazia Haruhi e Tamaki chegou, e ela não parecia mais confortável que eu com aquela visão. Calmamente nos aproximamos da entrada, que estava repleta de pessoas, cada uma mais estonteante que a outra.

— Você só precisa se acalmar, Hanako-chan – Kaoru sussurrou para mim, fazendo círculos com os polegares na minha mão – Todos vão adorar você, eu tenho certeza.

Estava um pouco surpresa e lisonjeada por ele saber as razões da minha preocupação, sem que eu tivesse falado nada. Respirei fundo e sorri. Não podia ser assim tão ruim, afinal. Assenti com a cabeça, e então adentramos pela enorme porta de madeira que foi aberta para nós pelo segurança.

O som de música clássica se misturava as inúmeras vozes, quase como um coral ensaiado. Ao olhar para aquela sala, tão ricamente decorada, com todos aquelas pessoas que riam elegantemente e pareciam brilhar dentro dos seus trajes magníficos, agradeci internamente à Haruhi milhares de vezes. Se não fosse por ela, eu estaria sendo levada por uma ambulância agora mesmo, pelo choque de pagar o maior mico de toda a minha vida.

Muitos dos convidados inclinaram a cabeça ao nos ver chegar. Logo, os comentários começaram, mas eu não podia ouvir nada. Caminhamos entre as pessoas, com Kaoru me apresentando a cada um que nos olhava, enquanto Haruhi e Tamaki rumavam para o outro lado e Aiko corria até o Buffet.

Eu não prestava atenção a nada do que me diziam, apenas acenava com a cabeça e sorria cordialmente. Kaoru estava tão animado que me contagiava inconscientemente. Eu estava feliz por ele estar feliz, e isso era tudo.

Até que, com as suas palavras derradeiras, meu estômago afundou.

— Vamos ver minha mãe – ele sorriu animado, com seu olhar cálido brilhando de emoção. Fiz um esforço descomunal para sorrir, e continuei a caminhar, apertando com força a sua mão.

Andamos até chegar ao pé da escada (que era enorme e brilhante, como uma joia) onde um grupo de mulheres conversava como se fossem senhoras da realeza vitoriana.

— Mamãe, está é a Hanako-chan, de quem eu havia falado – ele anunciou, chamando a atenção das mulheres. A mais alta delas, com um elegante vestido branco reluzente que ia até o chão, e o cabelo loiro perfeitamente moldado em curvas, sorriu para mim como se estivesse apenas aguardando minha presença. Disse algumas palavras para as mulheres e então se aproximou. Com um sorriso perfeito e estonteante, ela me abraçou fortemente. Eu não sabia como deveria agir, então apenas retribuí ao abraço o mais naturalmente possível.

— Você não sabe o quanto eu fico feliz de finalmente conhecê-la, mia cara. – ela disse, com o irresistível sotaque italiano, segurando-me pelos ombros. Seus olhos eram de um tom verde tão alegre que por um momento me permiti acreditar em suas palavras – Eu sou Donatella Hitachiin, a mãe de tuo namorado. É uma ragazza muito bella. Kaoru escolheu bene.

Não entendi o que ela disse, mas como Kaoru concordou veemente, eu acredito ter sido um elogio. Agradeci, me curvando, e sorri em resposta. Ela me abraçou novamente, com força, distribuindo dois beijos estalados nas minhas bochechas. Corei com o ato, e voltei a segurar a mão de Kaoru.

Per ora, aproveitem a festa – ela disse, passando a mão nos cabelos de Kaoru.

Assim que ela se afastou, Kaoru me fitou, sorrindo satisfeito.

— Não foi tão difícil assim, foi?

— Tudo bem, você tinha razão – eu admiti – eu fui uma boba. Sua mãe é linda e muito gentil, eu a adorei.

—E ela também te adorou.

Ele me apresentou a mais alguns parentes, e então fomos até o canto onde Haruhi e Tamaki estavam. Ambos pareciam um pouco desanimados. Isso já era de se esperar de Haruhi, mas ver Tamaki nesse estado era quase motivo para mandar interná-lo.

— Está tudo bem?- perguntei a ela.

Ela se virou e se inclinou para longe de Tamaki, obviamente querendo falar de uma maneira que ele não escutasse.

— Ele quis me apresentar aos pais.

— E como foi? – perguntei, alarmada.

— Ocorreu tudo bem...

— Então, por que...

—A avó dele apareceu e começou a me insultar, de uma maneira tão discreta que quase não percebi. Mas o Tamaki percebeu, e brigou com ela. Eu não entendia nada, mas acho que ele está sem falar com a família. O que eu faço Hanako? É tudo minha culpa – ela me fitou angustiada, apertando as mãos com força.

— Ele não brigou por sua culpa, Haruhi, ele brigou por você, para defendê-la. Você deveria ir confortá-lo agora mesmo. Tente dizer algo que o deixe um pouco mais animado em reconciliar-se com a família.

— Tem razão... – ela sorriu fracamente e andou em direção à Tamaki. Segurou sua mão, determinada, e o rebocou para os fundos, onde havia uma enorme porta de vidro em direção ao quintal.

Fitei-os indo embora, e então olhei para Kaoru. Ele estava preocupado, aparentemente também havia conversado com Tamaki. Acredito que as coisas irão se resolver, em seu próprio ritmo.

Repentinamente, a música cessou. Todos os olhares se voltaram para a escada, onde a mãe de Kaoru se pronunciava, com altivez.

L’attenzione per favore. Gostaria de comunica-los que o motivo de nossa festa finalmente chegou – ela anunciou com um grande sorriso. Em meio a todas às pessoas, ela pediu que alguém subisse, ao seu lado. Olhando para tudo com incerteza, os cabelos ruivos tornaram-se evidentes. Apertei a mão de Kaoru inconscientemente, verificando se ele ainda estava aqui – Este bello ragazzo é Hitachiin Hikaru, filho do meu falecido esposo, e, como todos podem ver, irmão gêmeo de Kaoru. Pedi que ele estivesse aqui hoje, para ser oficialmente apresentado como membro de nossa família.

Hikaru assentiu rapidamente, e desceu as escadas, sumindo na multidão. A música recomeçou, e junto dela, os murmúrios e comentários.

— Você não me disse que...

— Me desculpe, Hanako – Kaoru pediu, passando a mão no meu rosto – achei que se você soubesse que ele estaria aqui, não viria.

— Está tudo bem – o tranquilizei, segurando sua mão junto ao meu rosto – eu estou feliz de estar aqui, e não me importo com isso.

Mio bambino! - Donatella apareceu, sorrindo como sempre – Poderia buscar tua nonna no hotel, com o táxi?

Sì, mamma – Kaoru disse, naturalmente, deixando um beijo no meu rosto e se afastando.

Coloquei a mão na bochecha, corando furiosamente, ainda atônita. Ele fica tão lindo falando italiano!!! Meu coração acelerou com isso!!! Doki doki shitte!!!

— O mio filho é realmente molto bello, não é, ‘Anaco’? – ela indagou, radiante. Eu não sabia o que dizer, então apenas assenti, ainda um pouco atordoada pelo efeito que Kaoru invariavelmente causava em mim. Ah! O jeito que ela fala meu nome é tão engraçado! – Vá mangiare algo, ele vai demorar un po’.

Concordei com a cabeça, imaginando como ela conseguia falar japonês daquela forma, e andei sem rumo entre as pessoas. Aquele sapato lindo que eu coloquei estava começando a incomodar, e esse vestido é um pouco quente nas pernas, mas não é nada com que não se possa conviver.

Eu só precisava de um pouco de ar.

Procurei por Aiko, mas ela estava distraída conversando com o chef de cozinha que servia canapés alegremente a ela. Aicchan realmente é esperta, procurando por combustível direto da fonte...

Andei mais um pouco, com o pé começando a latejar, até encontrar uma escada no canto mais afastado, que ia direto até a sacada dos fundos. Subi rapidamente, pulando alguns degraus, ávida por encontrar algum lugar onde eu pudesse respirar fundo e tirar os calçados por alguns segundos sem ninguém ver.

O ar da noite me abraçou, e eu pude me sentir aliviada. Não havia percebido até agora, mas aquele ambiente me deixava um pouco sufocada. Eu simplesmente não conseguia me sentir à vontade em meio aqueles rostos desconhecidos e indecifráveis, mesmo estando com Kaoru ao meu lado, sem ele então, tornava-se impossível, mesmo que eu não tivesse ficado mais do que alguns minutos lá.

Sentei no chão ali mesmo, sem me importar com o vestido, e tirei a sandália. Meus pés aliviaram-se, no piso frio de pedra, enquanto eu os massageava com a mão.

— Tsc, tsc, isso não é digno de uma dama.

Levantei-me sobressaltada, perdendo o equilíbrio e por pouco não caindo novamente no chão. Hikaru me olhava de forma reprovadora, balançando a cabeça em negação.

— Seu namorado não ia gostar de vê-la desse jeito, tão rude – ele disse, sarcástico.

— Kaoru-kun não é do tipo que se importa somente com aparências – defendi, juntando as sandálias do chão. Puxei a longa saia do vestido com a mão livre, e rumei para a porta.

— Espera! A gente não pode... só conversar, um pouco? Fique aqui… – ele pediu, com um olhar extremamente cálido, que não parecia se encaixar em nada na sua personalidade.

Parei, avaliando as minhas opções. Kaoru-kun não iria gostar disso, e ele pediu para que eu não ficasse mais perto de Hikaru, mas eles são irmãos, deveriam confiar mais um no outro e se dar bem! Eu não sei o que deveria fazer, nessa situação…

— Aquele cara não precisa saber…

— ‘Aquele cara’ é o seu irmão, Hikaru! – eu disse, virando-me na sua direção. Ele arregalou os olhos em surpresa – e eu não tenho nada a esconder do meu namorado.

— Tudo bem – ele disse, levantando as mãos para frente como um suspeito em frente à polícia na cena do crime – eu prometo que não vou fazer nada estranho com você. Só… vamos conversar.

— Só um pouco – concordei, andando até a borda da sacada, apoiando os cotovelos na beirada de pedra branca. Apesar de tudo, Hikaru era gentil comigo, e não via motivos para odiá-lo, ou mantê-lo afastado. E eu também era humana, incapaz de resistir àquele olhar de cachorrinho faminto ou seja lá o que for.

— Você pareceu bem surpresa quando me viu lá na escada – ele comentou, ao meu lado. Sorri, concordando.

— É, eu não esperava por isso...

Hikaru deitou a cabeça nos braços, e sorriu calmamente.

— Eu também não. A Donatera-san é bem legal, e me pediu pra vir, e eu não consegui dizer não.

— É, ela é uma mulher linda. Aposto que ficou todo caído por ela... – resmunguei sem pensar.

 — Não é isso! É só que ela... me lembra muito a minha mãe – ele disse, perdendo-se no olhar. Suas feições ficaram duras, e logo eu me vi arrependida por ter falado aquilo – aquele cara, o meu pai... parece que ele gostava mesmo de estrangeiras... a minha mãe era francesa, sabe?

— Aah... Kaoru-kun comentou algo sobre isso...

— É. Eles se conheceram na Inglaterra, e tiveram um caso. Ele estava numa viagem de negócios, e ela, num intercâmbio da faculdade. Mas a minha mãe não sabia que ele era casado, e depois que ele foi embora, descobriu que estava grávida. Ela não tinha como se manter sozinha, que dirá com dois bebês – ele riu sem humor – A família dela a deserdou quando soube o que aconteceu. Ela acabou ligando de novo pra ele, pedindo ajuda, mas ele disse que queria criar os dois, sem a interferência dela – suspirou, inclinando a cabeça sobre os braços – Ela negou, falou que queria ficar com os seus filhos, mas acabou aceitando um acordo proposto – Hikaru olhava para o nada, com os olhos descoloridos perdidos em lembranças – Ele a ajudava com dinheiro para criar um de nós, e ficava com o outro. Acabou sendo perfeito, já que a mulher dele não pode engravidar. Então, Kaoru veio para o Japão, e nós dois ficamos na Inglaterra...

— Kaoru-kun nunca me contou tudo isso...

— Ele não sabe. Quem me contou isso foi a minha mãe, antes de morrer, há dois anos.

— Aaanh… – eu olhava desesperada para o andar de baixo, procurando algo para falar. O que se diz em uma situação dessas?

Localizei rapidamente Tamaki e Haruhi, em meio ao jardim. Eles pareciam estar bem, e caminhavam de mãos dadas, calmamente. Fitei a Lua, que parecia sorrir sarcasticamente para mim, em meio à escuridão, olhei para as flores sem cor que estavam nas trepadeiras da sacada, e enfim virei à cabeça para o lado. Hikaru olhava para mim, mais perto do que antes, com sorriso melancólico nos lábios. Ergueu a mão para tocar a minha, mas antes que o fizesse, a porta de trás abriu-se

— O que você está fazendo aqui? – Kaoru estava parado na soleira, com a postura rígida e os punhos cerrados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Posto mais em breve~

Aaah, o sotaque italiano da Donatella é crédito do tradutor do Word n_n!! Se houver qualquer errinho... bem, a culpa não é minha -.-'

Não saiam sem deixar reviews, onegaai!!!

kisu♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bokura no Love Style" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.