Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 18
Capítulo 18 - Kanpai!!!


Notas iniciais do capítulo

Cápitulo diferente, esse. é narrado em terceira pessoa! Logo vocês vão entender por que... eu acho '-'

Beem, Boa Leitura *3*



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Não vá!

O som alto e ritmado da música de fora, junto com a voz esganiçada e fininha de Honey ecoava por toda a sala, mas tudo o que Hanako podia ouvir era o som abafado do seu coração martelando quase como se fosse explodir. Os braços ao seu redor a apertaram com mais intensidade. A respiração irregular de Kaoru batia em sua nuca, fazendo-a ficar arrepiada.

Devagar, Kaoru rodou o corpo de Hanako, sem soltá-lo, trazendo-o ainda mais para junto de si. Ele tinha o rosto corado e os olhos semicerrados. Nenhuma expressão ou emoção passava por seus orbes nesse momento, mas Hanako podia sentir o som de seu coração batendo rápido e forte. O ruivo foi aproximando seu rosto, cada vez mais, à medida que ia fechando os olhos. Hanako, mesmo estando com o rosto queimando, decidiu por fechar seus olhos também. Apesar de estar com muita vergonha, aquele era um momento com o qual ela sempre tinha sonhado, e não se perdoaria por perde-lo agora que teve uma chance.

Ainda de olhos cerrados, ela sentiu o aperto em volta de seu corpo afrouxar, e a cabeça de Kaoru apoiou-se no seu ombro. Ela não pode aguentar o peso do corpo dele, escorado no seu, e ambos caíram de joelhos no chão. Assustada, e levemente decepcionada, ela finalmente abriu os olhos. Kaoru estava abraçado nela, no chão, ainda de joelhos. Ele estava dormindo.

Hanako afastou os braços dele, para avaliar melhor a situação. A cabeça de Kaoru caiu, no seu colo, mas ele ainda continuou desmaiado.

— Não acredito – sussurrou para si mesma – ele ainda está bêbado...

A porta se abriu num estrondo, sobressaltando Hanako, que estava meio anestesiada pela situação. Hikaru a fitava da porta, com um sorriso de escárnio e um olhar feroz.

— Então era isso que você fazia aqui, Coelhinha? Tentando seduzir meu querido irmão? Que vergonha. – aquele era a primeira vez que Hikaru se referia a Kaoru como irmão, e isso não passou despercebido a Hanako, que apesar da ocasião, não pode deixar de sorrir, mesmo que internamente.

— N-não é isso que você pensa, Pervertido! Ajude-me aqui, com ele – ela sussurrou, para não acordar Kaoru, embora isso não fosse exatamente necessário.

Hikaru puxou Kaoru pela mão com força, e o colocou sentado no sofá. Mesmo tendo feito isso de um jeito rude.

— Vamos – ele disse de costas, indo em direção a porta.

— Eu vou ficar, para cuidá-lo – Hanako explicou-se.

— Ah! Não, não mesmo! – Kaoru a segurou pela mão e puxou até a sala do karaokê, com um semblante irritado – você é um perigo! E além disso, essa é uma festa para os novatos, qual seria a graça sem a estrela principal?

— Você também é novato... – Hanako replicou entre os dentes, enquanto Hikaru a colocava sentada em um sofá.

— Mas eu não sou um novato fofo como você – Hikaru aproximou seu rosto sorridente, oferecendo um copo para Hanako. Ela desviou os olhos do olhar penetrante e dourado, pegando o copo oferecido, com o rosto rubro e um biquinho de irritação.

Meu coração ainda não se acalmou...

Será que ele estava muito bêbado, agora... ou aquilo foi sério?

Eu gosto de você... foi o que eu falei... Kyaaaa! Eu me declarei!

EU ME DECLAREI!!!

Isso é tão embaraçoso! Embaraçoso!!

Espero que ele não se lembre... – ela se esforçava para não sair gritando por aí, então bebeu o conteúdo do copo de uma só vez, tentando abafar a sua voz que queria a todo custo sair. Ela estava ficando descontrolada. Por pouco não se atirou no chão para chorar.

— Aquele Kaoru é um ser desprezível – Hikaru comentou calmamente, como que fala sobre o tempo – Ficar bêbado depois de alguns goles... que imprestável.

— Eu não permito que você fale mal do Kaoru-kun! – Hanako se inclinou no sofá na direção do ruivo, absolutamente irritada – ele está assim por minha causa.

— Por que ficou irritada? – Hikaru sorriu, apoiando a cabeça no braço despreocupadamente – aquele cara certamente é um lobo em pele de carneiro. Absolutamente falso. Ele não te abraçou agora a pouco?

Hanako corou instantaneamente, mas tentou não parecer abalada.

— Eu não deixo você falar assim – ela ergueu a voz, atraindo um pouco de atenção – Você é o falso por aqui!

— Não sou! – Hikaru falou ainda mais alto – Eu sou simplesmente um pervertido!!!

— Aaah! ENTÃO VOCÊ FINALMENTE ADMITIU, SEU IDIOTA! – Hanako se levantou bruscamente, sentindo seu sangue queimando em irritação.

— VOCÊ É QUEM É IDIOTA, SUSPIRANDO PELOS CANTOS!!!  -  Hikaru também estava de pé - Kaoru, Kaoru-kun, olhe para mim, Kaoru-kun – ele cantarolou numa imitação bem realista da voz de Hanako.

— DO QUE VOCE TÁ FALANDO?!?!?! – Ela berrou, estupefata – IMBECIL!

— FEIA!

—PERVERTIDO!!

— RIDICULA!!!

— AAAAH! EU TE ODEIO!!! – Hanako se precipitou até a porta da sala onde Kaoru estava e entrou, batendo a porta com força exagerada, murmurando coisas ininteligíveis.

— Droga! Ela nem é tão bonita assim! Por que eu ainda me importo? – Hikaru sibilou, caindo derrotado no sofá. Sua raiva esvaia-se pelos poros, e uma intensa áurea instalou-se ao seu redor, praticamente gritando ‘PERIGO!’. Ninguém ousou se aproximar, nem mesmo Honey, que observou tudo muito preocupado, mas foi impedido por Mori de seguir Hanako.

Todos ali, que assistiam atentamente à briga, foram voltando aos poucos às atividades que faziam antes, e a música voltou a tocar.

Hikaru fitou sem interesse o copo vazio a sua frente, mas aos poucos a compreensão foi tomando lugar em sua expressão.

— Aquilo que ela tomou  era... sake?

-

— Falando que Kaoru-kun era um lobo, que rude! – Hanako falava sozinha, escorada na porta – eu realmente queria... beijar... o Kaoru-kun... – a voz dela foi se tornando mais baixa e pastosa. Ela escorregou e caiu sentada, rindo tolamente – Mas...mas...mas... isso não importa... mesmo que o Kaoru kun..seja um pervertido...he he he... he...

-

— Ei, por que a Hanako-chan ainda não voltou? – Hikaru ouviu alguns garotos comentando.

— “Será que aqueles dois...” – sua mente logo entrou em ação, e tudo o que ele pode pensar era no que um garoto e uma garota bêbados podem fazer em um lugar sozinhos – AQUELE PERVERTIDO!!! – Sua face se contorcia de ódio, enquanto ele andava a passos lentos e perigosos em direção a sala, como um ceifeiro que procura sua vítima.

A porta foi num estrondo, e tudo o que Hikaru viu, foi Kaoru roncando no sofá e Hanako desmaiada no chão, logo embaixo.

— Mas.. oque? – Hikaru se aproximou, incrédulo, fitando Hanako. Seu rosto corou quase imperceptivelmente ao observar Hanako dormindo. Ele a pegou no colo, delicadamente, enquanto tentava olhar para qualquer outro lado que não fosse o rosto adormecido dela, sem sucesso.

—Ela parece... um pouco... bonita...dormindo assim... – ele admitiu para si mesmo, enquanto a fitava distraidamente dentro do taxi que havia pego. Não sabia bem o que estava fazendo, mas sabia que não conseguiria deixá-la nesse estado, sozinha, ainda mais com aquele...pervertido!... por perto.

Ele acariciava os cabelos e o rosto de Hanako, sorrindo doce e calmamente, como há muito não fazia, sem nem perceber.

— Nós chegamos, garoto – o taxista disse, acordando Hikaru dos devaneios – quer ajuda com a sua namorada?

— Não, eu posso ir sozinho – ele afirmou, ao sair do táxi carregando facilmente Hanako nos braços, e entregando logo depois algumas notas de dinheiro na mão do motorista – pode ficar com o troco.

Ele se afastou em direção ao grande prédio de aparência mediana onde morava. Apesar de não ter tido uma vida muito fácil, sua mãe havia deixado uma certa quantia como herança, que ela havia economizado por anos. “São para os seus estudos, Hika-chan!” ela sempre afirmava, com um doce sorriso o rosto. Ele também tinha seu emprego de meio período, que ajudavam a mantê-lo.

— Oi, Hikaru-kun!!  - uma loira com roupa excessivamente curta e cor-de-rosa apareceu de repente, acenando com os braços e gritando com uma voz aguda – Já faz tanto tempo! Você não apareceu mais!

— Ah... oi, quanto tempo, ne? – Hikaru sorriu sem graça, querendo logo se livrar e entrar no seu apartamento. Um vento frio começava a soprar, e o peso de Hanako já estava começando a se fazer presente – E eu nem ao menos lembro o nome dela...

— E quem é essa garota? – ela finalmente notou Hikaru nos braços do ruivo, e a olhou como quem considera uma pequena mosquinha. Aos poucos, um sorriso desdenhoso foi se formando em seus lábios coloridos – Poderia ser essa a sua nova namorada! Aaah! Não pode ser... Hikaru-kun nunca ficaria interessado em alguém como ela! Hahaha!

— Pare de rir. – Hikaru a fitou sério, com as sobrancelhas arqueadas – Aposto que você daria tudo para ser alguém como ela.

Ah, bem... – a garota pareceu perder a compostura por alguns instantes, mas logo recuperou sua pose altiva – Há! Não me diga que você parou de sair por causa disso – apontou espalhafatosamente para Hanako.

Hikaru apenas lhe deu as costas, sem esboçar nenhuma reação. Se fosse um homem, ele teria soltado Hanako e feito ela engolir cada palavra, sílaba por sílaba. A garota tinha realmente muita sorte por Hikaru ter aprendido uma coisa ou outra com sua mãe.

— ...

— Você acordou? – uma voz preocupada e ansiosa pode ser ouvida.

Com dificuldade, Hanako conseguiu abrir os olhos. Tudo estava embaçado e confuso. Sua cabeça latejava ininterruptamente e ela sentia que algo na sua mente pesava e se contorcia. Apesar disso, sentia-se confortável, quentinha. Não queria se mexer. Algo mexia na sua cabeça a intervalos irregulares, e era uma sensação muito aconchegante.

— Como se sente – a mesma voz aveludada indagou, enquanto acariciava sua cabeça. Relutante, Hanako resolveu levantar-se, mesmo que parecesse impossível no meio de tanta dor. Com os olhos semi-cerrados, ela fitou a figura a seu lado, ou melhor, embaixo de si.

Ela estava deitada em um sofá, coberta por um pesado edredon azul e laranja, com estampa bem chamativa, e estava usando de travesseiro as pernas de um ruivo, que sentado ao seu lado, sorria aliviado, por vê-la dar algum sinal de vida.

— Qual o problema? – ele perguntou, inclinando-se na sua direção, claramente nervoso. Hanako também aproximou seu rosto, encarando-o intrigada, com o rosto amassado e extremamente corado. O cabelo castanho dava ares de ter sido varrido por um ciclone, e as roupas amarrotadas pareciam desconfortáveis.

Oh! Pervertido! O que faz assim tão perto de mim?” Hikaru esperava por esse tipo de reação, acompanhado por berros, escândalos, e talvez até agressão física.

Hanako sorriu satisfeita, e se aconchegou no peito de Hikaru, enrolada no cobertor.

— Ela... sorriu? – Hikaru murmurou para si mesmo, incrédulo.

— Esse é um ótimo sonho! – a garota balbuciou, com a voz arrastada e imprecisa, segurando a camiseta de Hikaru com força – Kaoru-kun está cuidando de mim... até usou seus próprios joelhos como travesseiro...

— O que você está dizendo? Eu... – Hikaru começou a se explicar, um pouco alterado, mas foi interrompido por Hanako, que se aninhou ainda mais em seu colo, abraçando-o com força.

— Mas como é só um sonho... eu posso abraça-lo o quaaaaaanto eu quiser!!! – ela exclamou feliz, como uma criança na sorveteria.

Hikaru se esforçou para ficar bravo. Para gritar e mandá-la para bem longe. Ele realmente se esforçou. Ao vê-la tão feliz, sorrindo calmamente com a face corada, nem é preciso acrescentar que ele não conseguiu.

— “Por que essa garota só é assim na frente do Kaoru? Perto de mim ela só grita, me chama de Pervertido...”

Kaoru-kun... – ela voltou a falar, com o rosto escondido na camisa de Hikaru e no cobertor. Só era possível ver seu cabelo e uma parte da testa – me desculpe por agora mais cedo. Eu não queria me declarar para você – o choque passou pelo rosto do ruivo, mas ele se manteve impassível – eu só não pude me conter, ao vê-lo dormindo daquela forma. Me perdoe! Mas... você disse ‘não vá’, não foi? Você queria me parar? – Hanako levantou-se num salto, permanecendo sentada, sem soltar a camisa do garoto. Seus olhos brilhavam, e uma pequena lágrima tremeluzia fracamente no canto do orbe esverdeado – Por que? Por que quis me parar? - Hikaru não respirava. Ele não sabia nem mesmo o que pensar. Tudo o que tinha em consciência era seu coração agitado e a proximidade do corpo da garota a sua frente.

— Eu não sei nada sobre isso! – ele não conseguiu sustentar o olhar suplicante de Hanako, e desviou o rosto bruscamente, fitando com exagerado interesse o vaso em cima da mesa de centro.

— Ah, me desculpe, por incomodá-lo com isso... – Hanako baixou o olhar e soltou as mãos, afastando-se um pouco – Kaoru-kun é tão popular, eu sei que deve haver garotas muito mais bonitas que eu... – Hanako adicionou com um sorriso fraco.

— IDIOTA! – Hikaru segurou Hanako pelos ombros, com força, chacoalhando-a uma ou duas vezes de leve, obrigando-a a olhá-lo nos olhos – Você é linda! Milhões de vezes melhor que as outras!!! - Ao perceber o que fazia, Hikaru soltou-a, e sentou um pouco mais distante dela, sem voltar a fitá-la – eu.. ah... bem...

— Você... voltou a ser do jeito que era! – Hanako o encarava emocionada, segurando a mão dele entre as suas – eu fico tão feliz de você ter dito essas coisas para mim... Kaoru-kun é tão gentil... – Hanako tocou com a mão de Hikaru seu rosto, sorrindo levemente – é por isso que eu gosto tanto.... eu gosto muito de você. Muito, muito, muito, muito. Como eu nunca gostei antes de outra pessoa! – ela se aconchegou novamente em Hikaru, suspirando – Eu te amo. – Dizendo isso, ela fechou os olhos, e voltou a dormir.

Hikaru a abraçou com força, trazendo-a ainda mais perto, aspirando o cheiro de seus cabelos, acariciando sua face adormecida.

— Por que é sempre assim? – ele perguntou para ninguém – Por que todos acham que o Kaoru é sempre o melhor? – uma lágrima relutante correu pela face, até chegar ao queixo e então, pingar na bochecha de Hanako. Hikaru limpou a lágrima, passando a ponta dos dedos delicadamente na face avermelhada – Por que você diz que gosta mais dele? Assim como meu pai... – ele sorriu melancolicamente, fitando-a com carinho, e mágoa — Eu não vou desistir de você. Definitivamente, não vou dar você para o Kaoru!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Reviews fazem muuuuuuito bem a saúde... então, não se esqueçam, viu?!

Kisuu~