Escolhas escrita por sophiehale


Capítulo 45
44 - Feeling a moment


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo pra vocês *-*
Esse é o penúltimo, mas ainda tem o epílogo se vocês quiserem :)



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Capítulo 44

Sentindo um momento

Don't ever feel that you're alone

Nunca sinta que está sozinha

I'll never let you down, I'll never leave you dry

Nunca vou te deixar pra baixo ou amarga

Don't fall apart, don't let it go

Não se despedace, não o deixe partir

Carry the notion, carry the notion back to me, to me...

Traga o pensamento, traga o pensamento de volta pra mim…

Feeling a moment - Feeder

Acordei quando o despertador, inquieto como só ele, começou a tocar a tradicional música (se é que aquele barulho podia ser considerado assim) irritante. Desliguei-o rapidamente para não acordar Emmett ao meu lado e comecei a me espreguiçar.

Levantei-me com muito esforço após alguns minutos e fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal. Quando me olhei no espelho, desejei não tê-lo feito: eu parecia ter sido atropelada por um caminhão.

Soltei um gemido de desgosto. Lavei o rosto e escovei os dentes em seguida, talvez o problema todo fosse sono; já que não tinha dormido quase nada na noite anterior.

Saí do banheiro na ponta dos pés e segui até o meu armário para pegar o tailleur preto que eu usaria dali a algumas horas. Eu nunca estivera tão nervosa para uma audiência antes e, pela primeira vez em cinco anos exercendo a profissão, eu não sabia o que dizer em frente ao juiz.

Fui ao quarto das crianças e as acordei; segui para a cozinha e preparei o café. Quando Travis e Ella já estavam devidamente arrumados, fui levá-los à escola.

E o que eu pensei que fosse levar pouco mais de uma hora (como o usual), levou menos de quarenta minutos.  Tudo estava passando devagar demais só por causa da minha ansiedade descontrolada - eram oito e quarenta; a audiência seria somente às dez horas.

Um turbilhão de pensamentos me tomava. Será que James estaria lá como se nada tivesse acontecido? Será que ele iria pedir por outro advogado? Será que ele iria me ameaçar ou ameaçar Alice caso fizéssemos mesmo alguma coisa?

-Bom dia. – a voz que eu mais gostava de ouvir desejou em meu ouvido. Senti um arrepio e logo me virei para que selássemos nossos lábios.

-Bom dia. – eu dei um sorriso preocupado por causa do meu problema. – Aonde você vai?

Emmett estava com uma camisa polo e calça jeans, todo arrumado. Nada mal para quem tinha acabado de acordar.

-Vou com você. – ele deu de ombros, como se aquilo fosse óbvio.

-Você tem que descansar... - comecei.

-Na verdade, não. Hoje só entro no trabalho às oito. – ele me interrompeu. - Tenho o dia inteiro para ficar com você.

-Mas você vai ficar de plantão a madrugada toda. Tem que dormir.

-Já sou grandinho, Rose... Vou ficar bem.

Ri pelo nariz e não o contestei mais. Eu bem que queria a sua companhia.

-Caso 15457, o estado de Nova York contra James Thompson. – o juiz Murray deu início à audiência. – O réu é acusado por crimes de abuso sexual e assassinato. Como o réu se declara?

-Inocente, Meritíssimo. – o homem que eu tinha jurado defender respondeu com a mentira mais deslavada que eu já ouvira na vida.

Senti o olhar de James em mim. Era a primeira vez que nos encontrávamos desde o incidente no parque. Não tínhamos nem nos visto antes da audiência se iniciar.

Meu coração parecia pular pela boca. A promotora, Gianna Sanders, começou a chamar diversas testemunhas para que a sua teoria de que James era culpado se comprovasse. Eu só estava quieta; não elevava a voz e não protestava nenhuma vez.

James, obviamente, percebeu a minha falta de compromisso e começou a me fuzilar com os olhos. Eu bebia como uma louca a água que havia em cima da mesa onde nós estávamos; parecia que quanto mais eu tomava, mais minha garganta ficava seca. Não conseguia ouvir o que as testemunhas ou a promotora diziam, nem olhar para o meu próprio cliente.

Decididamente não sabia o que fazer.

-Declaro recesso de quinze minutos. – o juiz Murray se pronunciou e comecei a juntar as minhas pastas quase que instantaneamente. Eu precisava respirar.

-O que pensa que está fazendo? – James segurou forte meu braço, impedindo minha circulação sanguínea de fluir normalmente. Ele sussurrava para não chamar a atenção. – Eu preciso ser absolvido, senão passo o resto da minha vida na cadeia!

-Pois é exatamente o que você merece. – cuspi as palavras, muito embora eu estivesse congelada de medo por dentro.

-O que você ainda faz como minha advogada então? – ele perguntou com olhar cínico.

-Um favor a você. – eu o provoquei. - Caso não se lembre, não recebo nada por isso. E eu só aceitei seu caso porque ninguém mais o queria. Quer se livrar de mim?

-Sua idiota. – ele bufou e apertou meu braço ainda mais forte. Os seguranças conversavam entre si e deviam pensar que era só uma conversa comum entre cliente e advogada, e o restante das pessoas já tinha saído. – Se eu for condenado...

James não conseguiu terminar a sua ameaça.

-Vamos Rose? – Emmett me chamou com a sobrancelha franzida.

-Sim. – me apressei em dizer. James me soltou rapidamente antes que alguém realmente visse o que estava acontecendo e foi para a sala dos réus, acompanhado por um guarda.

Emmett e eu começamos a sair também e, em silêncio, deixamos o tribunal. Ele me guiou a uma cafeteria do outro lado da rua para comermos alguma coisa.

-O que ele disse? – ele finalmente me perguntou com uma calma visivelmente controlada demais.

-Ele não disse exatamente o que queria. – eu o respondi sinceramente. – James ia dizer o que faria se fosse condenado, mas aí você chegou.

Eu demonstrei alívio. Emmett, porém, estava irrequieto.

-Não gosto disso. – ele disse depois de alguns segundos. Eu acariciei o seu braço com a minha mão mais próxima e lhe lancei um sorriso.

-Ele não pode fazer nada se for condenado. – eu tentei acalmá-lo.

-Você não o conhece. – Emmett me repreendeu. – A justiça nesse caso pode até não falhar, Rosalie, mas você sabe como esses criminosos sempre arrumam um jeito de se comunicar com o mundo aqui fora. Para ele, te fazer mal é muito fácil. Não seja ingênua.

-Não sou. E não vai ser fácil coisa nenhuma se ele for ao presídio de segurança máxima. – argumentei.

Emmett não pareceu completamente satisfeito com a minha resposta, mas se calou. Comemos o que tínhamos pedido sem dizer mais nada.

-A defesa tem alguma consideração? – o juiz Murray perguntou após a promotora ter terminado de interrogar suas testemunhas. Era a minha deixa.

-Sim, Meritíssimo – eu me pronunciei pela primeira vez. – Eu gostaria de chamar mais uma testemunha, se houver permissão.

-Não fomos comunicados de uma testemunha surpresa, Meritíssimo. – a promotora não deixou chances para a resposta do juiz e me olhou feio. – Não posso autorizar isso.

-É importante. – tentei defender.

-A promotoria não autoriza nada, senhorita Sanders. – o juiz alfinetou. – E se a senhorita Hale afirma que é importante, insisto em ouvi-la. Mas – ele me encarou -, que seja de real importância. A senhorita não parece muito atenta hoje.

Era tão óbvio assim?

Segurei minha vontade revirar os olhos.

-Sim, Meritíssimo, é realmente importante. – garanti. – Eu gostaria de chamar Mary Alice Brandon.

Pude ouvir vários murmúrios da parte das pessoas que ali estavam. Alice entrou com a cabeça baixa e se sentou no lugar onde as testemunhas davam seus depoimentos. O oficial veio com a bíblia e ela fez o juramento a Deus.

Respirei fundo e olhei, de relance, para o conteúdo das pastas em cima da mesa. Tantas pesquisas, tanto tempo jogado fora... Tanta coisa para provar a inocência de uma pessoa que não a merecia. E pior de tudo era saber que eu tinha acreditado nele.

Emmett estava certo, eu tinha que parar de ser ingênua e acreditar tanto nas pessoas. Eu trabalhava naquilo há tanto tempo, devia saber que nesse meio as mentiras não saem de perto.

Ri discretamente. Eu era ingênua mesmo no fim das contas. Logo eu que me considerava uma mulher tão forte e tão madura...

-Não vai começar a interrogar a sua testemunha, senhorita Hale? –o juiz arqueou a sobrancelha e eu me despertei do meu transe. Estavam todos com os olhos pregados em mim.

-Desculpe. – pedi, sentindo meu rosto ferver.

 Ignorei minhas pastas em cima da mesa; tinha tomado a minha decisão. Meu coração já batia em ritmo regular e eu estava completamente calma e consciente do que estava prestes a fazer.

Caminhei em direção à Alice. Seu testemunho foi coisa decidida entre nós duas na última hora. Jasper e Emmett não tinham a menor consciência daquilo. Pude até ouvir os característicos silvos baixos de meu irmão.

-Senhorita Brandon – tratei-a com a formalidade requerida – Por que está aqui hoje?

Tinha decidido fazer uma coisa diferente. Alice não tinha conhecimento daquilo, porém. Eu tinha acabado de fazer a escolha que mudaria o rumo de uma vida.

-Bem, eu vi aquele homem – ela apontou para onde James estava, mas não olhou para ele. – no estacionamento do shopping Manhattan quando voltei das compras. Isso foi no sábado.

Olhei de relance para a promotora, ela parecia um tanto confusa. Quando pousei meu olhar em James, no entanto, pude ver a fúria enrustida.

-E o que ele estava fazendo lá? – a encorajei a continuar, mas não tirei os olhos de James. Eu o estava desafiando.

-Eu o encontrei prestes a abusar de uma mulher. – Alice confessou com lágrimas nos olhos. – Ela estava desesperada, gritava a plenos pulmões... Foi isso que me atraiu a ele. Quando ele me viu, começou a me seguir; mas consegui chegar ao meu carro e ir embora. - Alice fazia um discurso confuso por causa de seu nervosismo. - A cena me persegue dia e noite. Eu gostaria de saber o que aconteceu àquela mulher e talvez eu nunca saiba... A questão é que eu tenho a mais absoluta certeza de que aquele homem é culpado.

Algumas pessoas soltaram silvos baixos ao perceberem o caminho que o caso tomava. James, por sua vez, parecia se controlar muito para não avançar em mim.

-Eu acho que o destino que o réu irá tomar ficou bem claro, Meritíssimo. A promotora Sanders nos mostrou diversas testemunhas que disseram a mesma coisa que a senhorita Brandon.– usei meu melhor olhar sem nunca deixar de focalizar em James. – Esse homem me enganou uma vez, mas não o deixarei fazê-lo de novo. Eu sei que estou em desacordo com minha ética profissional obrigatória, mas, Meritíssimo, eu simplesmente não queria me desfazer dessa pessoa tão cruel que vejo aqui em minha frente. A justiça tinha que ser feita. Para que, então, abandonar o caso e deixar aberta a possibilidade de ele encontrar um advogado tolo como eu fui para aceitá-lo?

James estava boquiaberto, indignado. Respirei fundo para continuar.

-Eu não queria que ninguém cometesse o mesmo erro que eu. – olhei para o juiz Murray. – Esse homem não merece a condicional e nem mesmo habeas corpus. Depois de fazer mal a tantas pessoas, ele merece morrer na cadeia.

O juiz e a promotora Sanders me encaravam incrédulos enquanto os burburinhos entre as pessoas se transformavam em gritaria.

-Ordem no tribunal! – o juiz bateu o malhete. – Ordem!


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pelo apoio mais uma vez! Semana que vem a fic já estará terminada...