Capítulo 30

Eu corro pra você

This world keeps spinning faster

Esse mundo continua a girar mais rápido

Into a new disaster so I run to you

Em um novo desastre, então eu corro pra você

I run to you baby

Eu corro pra você, amor

And when it all starts coming undone

E quando tudo começa a surgir inacabado

Baby you're the only one I run to

Amor, você é o único para quem eu corro

I run to you

Eu corro pra você

I run to you – Lady Antebellum

Travis e Ella, como eu imaginava, nem sequer tinham saído da casa da mãe de Royce. Ele só tinha inventado aquilo tudo para me atrair até a sua casa, e eu, burra o suficiente, acreditara sem nem duvidar. Bom, para a minha defesa, eu nunca pensei que ele usaria os próprios filhos para uma coisa tão idiota.

Mas, para resumir, a noite passou tranquila; embora eu quase não tenha conseguido dormir. O dia seguinte amanheceu com um céu nublado, indicando a possibilidade de neve mais uma vez, mas, até segunda ordem, as aulas aconteceriam normalmente. As estradas estavam liberadas e tudo estava na mais perfeita paz; tudo para começar mais uma semana com o pé direito.

-Bom dia mamãe. – exatamente como naquela fatídica sexta-feira de manhã, Ella acordou sem precisar do meu auxílio e veio me cumprimentar. Dessa vez, no entanto, eu baguncei seus cabelos loiros e lhe dei um sorriso.

-Bom dia El. – desejei. – Como você está se sentindo hoje?

Valia lembrar que há poucos dias ela tinha sido atropelada, não é mesmo?

-Bem. – ela sorriu, deixando seus dentinhos de leite à mostra. Eu retribuí o sorriso e comecei a preparar o nosso café-da-manhã.

Travis apareceu minutos mais tarde, se espreguiçando. Eu ri do seu cabelo completamente despenteado e ajeitei-o com minha mão, dando-lhe um beijo no topo da cabeça.

-Bom dia. – ele desejou de mau humor. Eu o respondi com um sorriso.

Tomamos o café-da-manhã rapidamente e os dois foram se preparar para ir à escola. Eu, então, fui chamar Alice, que tinha dormido comigo em minha cama de casal.

-Ali. – chacoalhei-a de leve. Eu sabia que ela gostava de dormir até mais tarde, mas Jasper não suportava a ideia de deixá-la sozinha... Ainda mais depois do incidente com James no outro dia. Eu só não tinha entendido porque ela não podia ficar na casa dele, mas, bem, aquele assunto realmente não era meu.

-Já vai sair? – ela perguntou com a preguiça estampada na voz. Alice coçou os olhos e lentamente se sentou na cama.

-Sim. – confirmei. – Vou levar as crianças para a escola e depois vou para o escritório. Vá se arrumar que você vai comigo.

-Por quê? – ela choramingou com um bico. Eu dei uma risadinha.

-Você sabe o porquê. – eu sorri. – E Jasper vai estar no escritório... Nem vai ser tão ruim assim.

Pude perceber o sorriso mínimo que Alice dera ao ouvir o nome do meu irmão. Eu sorri também.

Chegamos ao escritório depois de bons quarenta minutos. Jasper já estava lá, como eu imaginava, e foi nos cumprimentar. Como Alice e ele pareciam bem à vontade juntos, deixei-os sozinhos e fui para a minha sala.

Era muito trabalho acumulado, tinham pilhas e pilhas de papeis para assinar relativos a audiências e ações para recorrer de alguns dos meus clientes. E, claro, um caso em aberto. James Lewis. O que eu faria a respeito dele?

Eu não tinha provas que comprovassem o que eu sabia, apenas uma testemunha – Alice; mas não sabia se aquilo era o suficiente para incriminá-lo dos crimes que fizera. Dependia muito do júri, e eu não queria leva-lo a julgamento sem ter a certeza da vitória. Era preciso agir cautelosamente; eu tinha até o final da semana para decidir o que fazer - era na quinta-feira o dia em que eu seria sua advogada de defesa. Bastante irônico.

Era, para variar, muita coisa para eu pensar. James, Royce... Não saía daquele ciclo. Eu estava cansada de nada se resolver.

Passei o resto da manhã preenchendo e assinando papeis. A hora do almoço chegou em um piscar de olhos e eu nem mesmo tinha com quem almoçar, já que deixaria Alice e Jasper a sós – coisa que eu sempre tentava fazer sempre que conseguia.

Já na rua, comecei a caminhar sem parar. Quando vi onde estava, pensei que pudesse ter pegado o carro (ainda mais depois de mais de quinze minutos de caminhada com o salto alto). Um prédio bem familiar, onde eu estivera dias antes em uma situação completamente diferente. Em dizeres escritos em azul, lia-se: Hospital Mount Sinai.

Respirei fundo e entrei a passos firmes dentro do local e, sem nem me informar no balcão de atendimento, subi direto ao andar da pediatria e abordei a primeira enfermeira que vi pela frente.

-Com licença! – pedi. – Eu sou, ahn... – pensei em uma desculpa rapidamente. Seria bem mais fácil se eu mentisse, por mais lamentável que fosse. – A advogada representante do hospital. Preciso conversar com o doutor Emmett McCarty o quanto antes. É muito importante.

A enfermeira – Angela Webber, pelo que pude ler em sua identificação – simplesmente ajeitou os óculos e sorriu simpática.

-Um minuto. – ela disse e entrou em um dos quartos ali perto. Eu sentia o suor escorrer pelos meus poros... Eu estava exausta de tanto andar e, ainda por cima, nervosa pela conversa que teria a seguir. Eu só esperava escolher as palavras certas para dizer o que eu queria e poder resolver uma pendência, pelo menos.

Eu já estava cansada de coisas mal terminadas.

-Doutor McCarty. – ouvi Angela dizer atrás de mim. – Aquela é a advogada representante do hospital... Ela disse que precisa falar com o senhor com urgência.

-Ah. – ouvi a voz de Emmett. – Obrigado.

-Por nada. – ouvi a enfermeira responder. Emmett, então, cutucou as minhas costas com o dedo indicador.

-Advogada do hospital? – eu me virei e o vi arquear uma sobrancelha.

-Foi o melhor que consegui arranjar para que você viesse falar comigo. – sorri e ele retribuiu mais timidamente; mas logo ganhei uma expressão mais séria. – Precisamos mesmo conversar, Emmett.