Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 25
Home Sweet Home




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-Como assim o vôo atrasou?! – exclamei.

   Era suposto chegarmos em Hamburg antes das 22:00, mas de acordo com meu relógio já era mais de uma hora da manhã. Eu não tinha a mínima idéia do que exatamente tinha acontecido já que eu adormeci assim que me sentei na poltrona do avião.

-Nós ficamos um tempão parados na pista de decolagem sem que o piloto conseguisse permissão para decolar... – Georg explicou-me mal-humorado. – Nós perdemos a noite de Natal.

-Pelo menos esse ano eu não esqueci o presente da Brit. – Bill disse, lançando-me um olhar de reprovação.

-Eu vou comprar algo para elas... Só não hoje.

-Não é o fato de você não ter comprado os presentes que me incomoda. È o fato de você não ter comprado por que estava transando com a Katharine. – rolei os olhos enquanto tirava minha bagagem de mão do repartimento acima das poltronas destinado á elas. – Você vai contar á Beatrice?

-Ainda não sei... – respondi-lhe seco. Por que diabos ele insistia em tocar naquele assunto?

    Bill não disse mais uma palavra até que nos encontrássemos mais uma vez sozinhos, esperando nossas malas passarem pelas esteiras. Ele olhava para mim de uma forma estranha.

-Você é mesmo capaz de esconder uma coisa assim da sua noiva? – sussurrou, mas em meio ao silêncio que nos cercava sua pergunta pareceu alta e irritante aos meus ouvidos.

-Pare de falar sobre isso! Eu só quero voltar para casa, abraçar minha filha e descobrir se amo ou não a Beatrice. O resto eu resolvo depois... Sei muito bem que ter dormido com a Katharine foi errado e não preciso de você repetindo isso no meu ouvido a cada segundo!

-Eu só não consigo entender, Tom... Eu não consigo entender por que você fez isso e por isso não consigo parar de pensar nisso!

-Nem sempre tem uma explicação para tudo que fazemos... Ás vezes nós só fazemos. Você deveria experimentar fazer isso um dia. Apenas respire fundo, não pense em nada e faça.

-Por que eu faria isso? Você vive assim e até onde eu sei sua vida está uma merda.

-Eu faço isso por que se eu pensar talvez eu mude de idéia e não faça, e depois vou ficar o resto da minha vida me perguntando como teria sido. – Bill parecia ter alguma coisa para falar, mas nenhuma palavra saiu de sua boca, mas mesmo sem nenhuma palavra eu ainda sabia exatamente o que ele queria falar, mas não tinha coragem. Ele não me compreendia.

-Seja como for, você sabe que eu vou sempre ajudá-lo. – suspirou colocando uma de suas mãos no meu ombro.

     A visão daquele prédio tão familiar pela janela escura da van trouxe-me a sensação de conforto. As malas seriam enviadas para meu apartamento depois, sendo assim agarrei minha bagagem de mão e saltei para fora do chamativo carro prateado despedindo-me de todos que ainda restava lá dentro. Respirei fundo e fiz meu caminho até meu apartamento.

    A porta do elevador se abriu e tudo que eu pude ouvir foi o mais completo silêncio. O relógio em meu pulso marcava 2:30 da manhã. Andei vagarosamente pelo piso de madeira, abrindo a porta com cuidado para não acordar ninguém.

    Um enorme sorriso tomou conta do meu rosto ao observar a enorme e enfeitada árvore de natal no meio da sala, ao redor dela estavam alguns presentes. Suas luzes eram as únicas que iluminavam o pequeno apartamento, permitindo-me ver Beatrice adormecida no sofá, á sua frente, na mesa de centro, jaziam duas taças de vinho, uma cheia e uma já bebida até a metade.

   Continuei parado na porta observando a árvore por alguns segundos e então aproximei-me devagar, deixando a pequena mala que levava nas mãos no chão. Agachei-me para que pudesse observar seu rosto de perto e suspirei ao lembrar-me do quão linda ela era e de como sua expressão ficava serena quando dormia. Tirei um pouco da franja que cobria sua face e acariciei-lhe a bochecha de leve. Peguei-a em meus braços com cuidado e a coloquei na cama, tirei suas pantufas e a cobri.

   Empurrei a porta do quarto de Tessie devagar, avançando passo após passo em direção ao seu berço. Uma sensação enorme de alívio e carinho tomou conta de mim ao observá-la dormindo, respirei sentindo aquela pressão em meu peito desaparecendo aos poucos. Ela estava tão grande! Senti uma enorme vontade de pegá-la em meus braços novamente e apertá-la até sentir toda aquela sensação ruim, que era estar longe de alguém que é metade você, sumir. Mesmo assim me conformei apenas com um beijo em sua testa, por medo de acordá-la.

    Voltei para a sala e joguei-me no sofá, sorrindo ao notar que Biene finalmente notara minha presença.

-Olá, bola de pelo! – peguei-a do chão. – Há quanto tempo! – sorri fazendo carinho em sua cabeça.

-Eu já estava preocupada... Que bom que chegou. – a voz de Beatrice sussurrou atrás de mim, causando uma pequena onda de arrepios pelo meu corpo. Eu ouvi essa mesma voz várias vezes pelo telefone, mas ouvi-la tão perto de mim me trazia uma sensação completamente diferente.

-Desculpe... O vôo atrasou e eu estava dormindo, então não tinha como te avisar. – ela riu e sentou-se ao meu lado no sofá.

-Não tem problema... – me olhou por alguns segundos e então sorriu. – É tão bom te ter aqui novamente! – tocou meu rosto. – Não achei que você faria tanta falta.

-É bom estar de volta... – puxei-a a meu encontro e a abracei, respirando fundo para sentir o seu cheiro agradável de shampoo. – E de quem foi a idéia da árvore?

-Minha... Achei que seria bom voltar para casa e encontrar uma enorme árvore iluminada esperando por você. Gosto tanto da época de Natal! Aposto que hotéis não te passam essa sensação.  – ela olhou para mim e sorriu. Por alguns instantes eu permaneci calado observando aqueles olhos azuis que eu tanto admiro.

-Foi muito mais do que isso. – acariciei seus cabelos. – Nos últimos anos em que eu morei sozinho com o Bill nós quase não parávamos em casa... Era como se minha casa fosse mais um hotel. Por causa da falta de tempo nós não montamos a árvore de natal nenhuma vez... Chegar aqui e encontrar uma tão grande e enfeitada me trouxe uma sensação que eu não sentia há muito tempo.

-E essa sensação seria...? – perguntou, olhando-me curiosamente.

-A sensação de chegar em casa e me sentir... Em casa. – aquela frase podia não fazer sentido para muita gente, mas com certeza fazia todo o sentido para mim. – Obrigado por ter feito isso.

-De nada. – ela sussurrou, aconchegando-se em meu peito. Abracei-a forte e sorri ao constatar que estava bem, estar abraçado daquela maneira com a Beatrice, tê-la em meus braços, fazia-me sentir de uma forma diferente da que senti quando tive Katherine neles. Ficamos alguns minutos em silêncio e eu até cheguei a pensar que Beatrice havia dormindo novamente, mas então ela simplesmente sentou e olhou séria para mim.

-O que foi? – questionei-a preocupado com aquela súbita mudança em seu humor.

-Eu me senti tão sozinha enquanto você estava fora! – exclamou. – Eu fazia tudo que fazia quando você estava aqui, comia, dormia, saia, brincava com a Tessie, cuidava dela, passeava com a Biene... Eu fazia tudo isso, mas continuava com aquela sensação de que alguma coisa estava faltando. Por que tudo sem você parece errado?

-Não estou te entendendo... – sussurrei, mesmo que sentisse que alguma coisa lá no fundo entendia perfeitamente aquelas palavras. Beatrice colocou sua mão sob meu peito.

-Seu coração... Por que ele está batendo tão forte?


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo:

" Tirei minha camiseta e ela sorriu ao observar meu tronco nu.

—Quase havia me esquecido de como você era sarado... – sussurrou. "