When The Moon Light Meets The Sun Light escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 7
Surpresa




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Escutei risadas e abri os olhos devagar, esfreguei os olhos pra espantar o sono, olhei pro relógio ao meu lado -que por milagre ainda não tinha sido roubado- e eram 8 da manhã. Me levantei e me espreguicei.

Como sempre, os filhos e filhas de Hermes que já estavam acordados, estavam aprontando com os que ainda estavam dormindo. Eles costumavam aprontar comigo, eu tinha que ficar esperto. Olhei bem meus chinelos. Sem insetos, sem cola. Olhei meu travesseiro, arrumei minha cama. Nada.

Fui ao banheiro e fechei a porta. Meu cabelo estava bagunçado, mas estava inteiro. Minha cara estava com... Pasta de dente. Droga. Olhei pras minhas mãos assustado, estavam cor de vinho, como se tivesse sangue seco nelas, mas era esmalte cor de vinho. Sabe como é difícil tirar essa coisa da mão? Pois é, eu não sabia. Até hoje. Peguei álcool e taquei na mão, fiquei tirando esmalte da minha pele por um bom tempo e ainda não consegui tirar tudo, pelo menos tirei a maioria.

Incrível como os filhos de Hermes aprontavam de tudo e você não conseguia ver nem perceber nada antes das consequências, com raras exceções.

Tomei banho, escovei os dentes e abri a porta do banheiro pra sair. Um balde com água gelada caiu, mas eu pulei pra trás antes que caísse na minha cabeça, porém algumas gotas de água ainda atingiram minha pele. Rolei os olhos e saí do banheiro com cuidado pra não escorregar na água que estava no chão. Uma garota me olhava, decepcionada por eu não ter me molhado nem caído no chão. Saí do chalé e respirei fundo.

Eu queria ter um chalé só pra mim de vez em quando, aqui as coisas eram assim todo dia. Fugir de peças, dormir com um olho aberto e outro fechado, muita gente no mesmo lugar.

Fui andar até o refeitório e quem eu encontro? Alice Night. Ela estava de pé na porta do chalé de Apolo, devia ter acabado de sair. Ela sorriu e bocejou, se espreguiçou e os raios de sol iluminavam sua pele. Até quando ela acaba de acordar ela é toda radiante? Que coisa irritante. Eu devia estar parecendo... Um zumbi.

Ela olhou pra mim e seu sorriso aumentou, ela veio andando na minha direção.

-Bom dia! Hoje o dia está tão lindo, não acha? – Ela disse me olhando e sorrindo com tanta animação, que quase me animou. Sorri de lado.

-Bom dia, Alice.

-Seu rosto...

-O que tem?

-Tem uma marca vermelha na sua bochecha, andou lutando a noite, é? – Disse ela passando o dedo indicador suavemente pela minha bochecha esquerda.

-Ah é que passaram pasta de dente no meu rosto e secou, aí eu lavei e como eu sou muito branco, ficou vermelho.

-Sua pele fica marcada muito fácil.

-Menta machuca, ok? – Eu disse rindo e ela riu também.

-E você também andou tentando passar esmalte, foi? – Ela levantou uma sobrancelha e olhou pras minhas mãos.

-Jogaram esmalte cor de vinho na minha mão e... Eu não consegui tirar tudo.

-Sei... – Ela riu novamente e voltou a olhar pro meu rosto, sorrindo. Eu desviei o olhar, meio sem graça.

-Então... Eu vou indo agora, ok? Nos vemos depois. – Eu disse acenando pra ela e fui até a mesa dos filhos de Hermes. Eu estava terminando de tomar o café da manhã quando algo chamou minha atenção na floresta.

Levantei da mesa e fui andando até a floresta, onde eu vi três garotas vestidas com vestidos brancos e longos, cabelos trançados. A que estava andando na frente tinha o rosto sério. Olhos escuros, extremamente tristes. O cabelo dela era dourado, preso em uma trança perfeita, o cabelo era comprido, não muito, mas chegava até alguns centímetros abaixo dos ombros. A garota era muito alta, mas devia ter apenas uns 13 anos. As outras duas garotas andavam lado a lado, um pouco atrás da loira.

A garota da esquerda devia ter uns 9 anos. Seus olhos eram curiosos e ao mesmo tempo, cuidadosos. Ela tinha profundos olhos verdes, um verde bem escuro. Seus cabelos eram escuros, os cabelos mais escuros que eu já vi. Sua pele era morena, naturalmente morena. Ela parecia uma índia com olhos verdes.

A outra garota devia ter 15 anos. Enquanto as outras duas mantinham a expressão séria, ela estava com um pequeno sorriso brincando nos lábios rosados, um sorriso calmo, amigável. Seus cabelos eram castanhos, seus olhos eram verdes. Um verde diferente, um verde acinzentado. Ela tinha a pele muito clara, quase tão clara quanto a minha.

As três garotas me encaravam, até que a loira decidiu falar algo.

-Com licença. – Ela disse grosseiramente, andando até mim e me empurrando pro lado, suavemente, porém aquilo não foi nada gentil. A garota que parecia uma índia, ainda me olhava curiosa, com medo nos olhos, a cabeça meio baixa. A outra garota, acenou pra mim. As duas foram atrás da garota loira, que andava em direção ao acampamento.

-Hey, espera. Quem são vocês? – Eu perguntei e entrei na frente da loira rapidamente, impedindo que ela continuasse andando, olhando pro rosto dela.

-Não te interessa, garoto.

-Ah, interessa sim. – Ela me encarou com raiva. Eu olhei pra garota mais simpática e caminhei até ela.

-Então, quem são vocês?

A garota olhou nos meus olhos e sorriu.

-Somos caçadoras, garoto. – Ela disse com um sotaque alemão.

-Caçadoras? – Ela assentiu e a índia deu um tapinha no braço dela, como se estivesse mandando ela se calar. Ela mexeu o braço e continuou me olhando como se nada tivesse acontecido.

-De Ártemis, meu querido. - A loira a olhou com reprovação no olhar.

-Nada de gracinhas pra cima dos meninos, Haide. – A tal Haide rolou os olhos.

-Você é tão sem graça, Mary. Eu só estou sendo educada.

-E então... Haide, certo? Hã... O que vocês fazem aqui? – Eu perguntei.

-Lady Ártemis nos mandou aqui pra falar com Quíron. – Eu senti um frio na barriga ao ouvir o nome da minha mãe.

-Sobre...?

-Aí, guri. Pára de fazer perguntas, você já ouviu demais, cai fora. – Disse Mary irritada.

-Fica na sua. - Eu falei como se eu mandasse nela. Ela me olhou confusa e depois riu.

-Quem você pensa que é?

-Filho da sua senhora. – Eu disse isso com segurança. Sei que não devia falar aquilo, na verdade saiu, nem sei por que eu falei. Talvez eu já estivesse cansado de não fazer nada que por direito eu deveria fazer. Olhei Mary nos olhos e ela abriu a boca pra falar algo, mas não tinha palavras. As três me olhavam, sem saber o que dizer. Até que Mary avançou na minha direção como se fosse me bater. Porém ela só me encarou, cerrando os punhos.

-Como você ousa insultar a pureza de Ártemis?


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