A ventania estava intensa. A poeira das rochas do vale levantava e encobria minha visão, apenas permitindo que eu tivesse uma imagem turva do caminho que estava à minha frente. Eu estava ansioso para chegar ao lugar onde ela estava. Pelo que parece, o grupo do Ash estava no Centro Pokémon daquela região e eu precisaria bolar uma boa estratégia para que ela não achasse que eu estava lá na tentativa de magoa-la.

Depois da longa caminhada, eu finalmente pude ver a cúpula mais alta do centro pokémon, bem ali, diante dos meus olhos. Eu me apressei em entrar nele e a procurá-la, mas não conseguia achá-la em lugar nenhum. Então, o Roselia correu em direção ao refeitório do Centro Pokémon e como se já soubesse que eu estava a procura dela, se aproximou dos pés dela e pareceu cumprimentá-la. Eu tomei coragem e fui até ela. Ver o brilho dos olhos dela foi a melhor coisa que havia me acontecido todos esses dias. Eu tentei parecer surpreso em vê-la, para não desconfiarem do motivo de eu estar lá. Mas o clima foi levemente quebrado pela Enfermeira Joy, que era uma super fã de batalhas e queria meu autógrafo a todo custo.

Depois de dar o autógrafo que aquela enfermeira doida tanto queria, eu e ela fomos até uma parte especial do Centro Pokémon onde há um palco que pode ser um palco para torneios. Eu e ela ficamos de costas um para o outro, pois parecia que não tinhamos coragem o suficiente para olharmo-nos diretamente, sem que houvesse o confronto de nossos olhos. Ela parecia chateada com os últimos acontecimentos desde o último Grande Festival. Mesmo assim, ela continuava encantadora, nunca havia visto antes uma garota que conseguisse ser tão bela, mesmo em seus momentos da melancolia. Eu tentei puxar assunto, mas as primeiras palavras acabaram sendo dela.

-Sabe, eu tinha acabado de pensar em você nesse instante quando você subitamente apareceu.

-E...Eram pensamentos bons?

-Ei, calma... A gente só estava falando sobre rivalidade.

-Entendo.

-Sabe, todos estavam falando sobre rivais e coisas do tipo e então, eu não consegui parar de pensar em você.

O jeito dela falar parecia diferente nesse momento. Ela estava mais meiga, parecia um tanto envergonhada, como se tivesse dito algo que era um grande segredo para ela. Mas ao mesmo tempo, ela parecia aliviada, pois o jeito dela estava suave. Porém, eu sabia que dentro dela ainda havia as feridas da derrota no Grande Festival e da minha traição, digamos assim. Eu não queria tocar no assunto Brianna, mas não podia deixar de tentar animá-la a respeito dos torneios.

-Você ainda tá chateada por causa da derrota no Grande Festival, não é?

-Ai, sim. Eu estava confiante de que poderia ganhar, mas aquela derrota me tirou o chão, não sei mais o que eu quero fazer a respeito disso.

-Entendo. Ei, que tal uma batalha entre nós dois?

-Uma batalha, mas... assim? Eu não estou pronta para isso ainda e...

Então, logo surgiram as figuras de todos os amigos dela, que queriam animá-la, queriam fazê-la se sentir forte outra vez. O apoio dos amigos delas e meu próprio apoio pareciam estar trazendo de volta o espírito de luta dela. Assim que foi aceito o desafio, apareceram quase que do nada a Enfermeira Joy, o Senhor Contesta e o Senhor Sukizo. Eles diziam que era melhor fazer tudo nos conformes de uma batalha oficial. Mas havia algo naqueles três que no meu ponto de vista, tinha um cheiro podre. Nesse momento, o Harley apareceu e acabou revelando que os "jurados" não passavam dos vigaristas da Equipe Rocket. Depois de toda essa agitação, acabou que o Brock e o Professor Carvalho ficaram como juízes e a Enfermeira Joy ficou como mestra de cerimônias.

Algum tempo depois...

O lugar estava cheio. Fãs de torneios que viviam naquela região estavam dispostos a ver uma batalha de verdade, então, nós não poderíamos pagar mico. Ambos de nós demos tudo o que pudemos, usando pokémons que nunca estiveram lutando em dupla antes. O Beautifly dela havia aprendido a usar o psíquico e isso era mais uma das armas dela naquela luta. No final das contas, eu consegui derrotá-la. Sei que ela deve ter ficado triste na hora, mas ao mesmo tempo, pude perceber que a vontade de batalhar que ela sempre teve e que estava se apagando havia voltado.

Depois da batalha, nós dois fomos conversar admirando o por-do-sol. Aquele seria o momento perfeito para dizer toda a verdade à ela. Mas eu achava melhor tentar saber primeiro se ela já estava se sentindo melhor com relação à derrota dela. A resposta foi a melhor dentre todas as possíveis. Ela estava feliz e decidida a seguir em diante, começar uma jornada sozinha, encontrar o estilo de batalha dela. E eu sabia que ela encontraria.Eu contei a ela sobre a competição de Johto, sobre meu desejo de participar do Grande Festival de lá. Ela parecia estar admirada, queria poder ir a todo custo, não só pelos torneios, mas porque segundo ela, "Lá é lindo nessa época". Ela se levantou e nesse momento eu resolvi tomar coragem e dizer toda a verdade sobre meus sentimentos, eu queria falar tudo o que eu sinto de uma vez, sem esconder nada. Porém, bem na hora, o idiota do Harley e atrapalhou todos os meus planos. Ele também havia se inscrito na competição de Johto e queria que nós viajássemos junto com ele para lá. Ele também estendeu o convite para a Equipe Rocket, mas no final das contas, eles acabaram se resolvendo de outra maneira. Assim que o Harley e a Equipe Rocket foram embora, eu achei melhor seguir em frente. Eu sabia que deveria dizer tudo à ela, mas achava melhor esperar mais um tempo, quando estivéssemos a sós.

-May, eu já vou indo!

-Mas já?- Disse ela, como se quisesse que eu ficasse.

-Eu preciso embarcar para Johto. Caso decida ir para lá, me avise.

-Está certo.

-Até mais.

-Até mais, Drew!

Eu não quis olhar para trás para me despedir dela. Eu sabia que ver a imagem dela se distanciando seria dolorosa e eu não estava preparado para vê-la longe de mim. Eu tirei do bolso a carta que eu havia escrito para ela.

-É, parece que essa carta vai ter que ser entregue algum outro dia...

Então, um vento forte levou-a pelo vale a fora, sem um destino certo. Eu tentei pegá-la, mas o vento a levou para o alto do vale e não havia mais chances de pegá-la. Eu torcia para que ela chegasse às mãos dela, mas talvez, ela jamais chegasse até ela. Não importa. Algum dia, eu diria pessoalmente tudo o que eu sinto.

Não muito longe dali...

-Ei Skitty, o que é isso que você está segurando?

-Nyaah!- disse a Skitty soltando um pedaço de papel que estava segurando preso aos dentinhos.

-Hã? Um envelope? Deixa eu ver o que está escrito.

Então, virei o envelope e li os dizeres que nele estavam escritos.

-"Para a mais bela das princesas, May Haruka". Ei, essa parece a letra do Drew... Será que...

Então, rasguei o envelope e pude ver uma folha branca com detalhes azuis, que parecia conter uma carta ou um bilhete. Eu desdobrei o papel e li-o com cuidado, com o coração a beira de saltar pela boca. Quando terminei de ler, pressionei a carta sobre meu peito e com os olhos cheios de lágrimas de felicidade, disse:

-Drew... Eu também te amo muito e iria até o inferno por você. Nunca se esqueça disso. Eu te amo!

FIM