Os dois se postaram um de frente ao outro, ela passou os braços ao redor do pescoço dele e ele colocou suas mãos na cintura dela.

- Qual é o seu problema Rose?

- Eu não tenho problema nenhum, você é que têm.

- Eu? Você é que procura briga.

- Devia se ouvir, parece tão ridículo.

- E quanto a você?

- Eu?

Os dois discutiam mexendo lentamente na pista.

- O Kurt já perguntou se tem alguma coisa em seus dentes?

Ela revirou os olhos.

- Muito engraçado.

Ela estava cansada de discutir e ele furioso. Mas lentamente sem perceberem, Rose começou a acariciar o pescoço de Scorpius com a mão e ele a puxava cada vez mais perto de si.

Alguma coisa estranha estava acontecendo.

- Kurt é um cara legal – disse Rose minutos depois.

- Sophie também, só é um pouco vazia.

Ela não controlou o riso e nem ele.

- O Kurt é um bobo de verdade – disse ela.

- Não tanto.

- Tem dentes bonitos – ela disse rindo abertamente agora.

- A Sophie tem lindos cílios falsos.

Eles estavam mais próximos agora. Seus narizes quase se tocando.

Rose começou a passar a mão pelos cabelos de Scorpius e ele passava seus braços por toda costa da garota.

- Só isso? – ela sussurrou com o coração disparado.

- Só – ele respondeu encostando suas testas.

Ambos fecharam os olhos, sentindo suas respirações se misturarem, os narizes se roçavam a boca a milímetros de distância.

Rose encostou sua bochecha na dele respirando irregularmente. Scorpius começou a beijar a curva do pescoço dela, a garota começou a sentir arrepios repentinos. Fechou os olhos para aproveitar melhor o momento, queria gravar todas as sensações que os lábios do Sonserino grudados em sua pele lhe proporcionavam.

Ele parou de beijá-la. A garota começou a prender seus dedos fortemente contra a pele do pescoço do garoto como sinal para ele voltar a fazer o que estava fazendo antes e ele, por sua vez, a abraçava cada vez mais forte parando de dançar.

Os dois se olharam, ambos respirando irregularmente.

O que estava acontecendo afinal?

- Rose! – ela sentiu uma mão de garota a puxar para longe dele. Se recusava a ver quem era, seus olhos ainda estavam perdidos no loiro que se distanciava.

- Hogwarts inteira estava olhando vocês dois, eu só te tirei de lá porque se o Hugo te ver, já sabe que vai dar confusão. Rose! – Lily a chamava – Rose!

Rose sabia que sua prima estava falando sua boca estava se mexendo, mas seus olhos e seu pensamento estavam em um garoto parado a uma breve distância dela. Que a encarava fazendo sinal com a cabeça para ambos saírem daquele salão.

- Rose!

Lily gritou quando viu a prima correr em direção à porta principal ao encalço de Scorpius.

Ambos não sabiam o que havia acontecido na dança. Foi uma loucura. Foi confuso. Foi perigoso. Mas tinham gostado muito daquilo.

Agora estavam correndo de mãos dadas por Hogwarts, fora de controle, como dois trens fugitivos. O que era aquilo afinal? Sina? Destino? Magia?

A única certeza que tinham era que seus pés não corriam o bastante.

- Vamos conversar – disse Scorpius ofegante quando chegaram à torre mais alta do castelo.

- Vamos conversar – ela confirmou se escorando na sacada ao lado do amigo.

- Acha que sabem que fomos embora? – Rose perguntou olhando as estrelas.

- Isso importa? – Scorpius segurou o rosto dela fazendo-a o olhar.

- Não acredito que fizemos isto... – ele a acariciava, Rose fechou os olhos – Que frio!

Era a deixa, ele a abraçou pelo ombro.

Era como se as estrelas e o universo tivessem conspirado e os colocado juntos naquela noite.

- Rose.

- Sim Scorpius.

Ela o olhava apreensiva.

- Estou lembrando do nosso primeiro ano.

- Que? – ela perguntou totalmente confusa. Obviamente não esperava que ele dissesse isso.

- Lembra? Nós nos odiávamos e um dia o Alvo resolveu lançar um feitiço colante em nossas mãos. Ficamos o dia inteiro grudados um no outro até resolvermos nossas diferenças.

- Lembro, quis matar o Al naquele dia. Mas porque a repentina lembrança?

- Estou preso no seu vestido.

- O que?

- Minha abotoadura esta presa no seu vestido. Deixa eu tentar tirar, não se mexa.

Ele a abraçou tentando desgrudar as duas roupas. Sua bochecha tocando na bochecha dela.

- Será que o Al lançou o feitiço hoje de novo? – Scorpius perguntou instantes depois ainda tentando tirar sua abotoadura do vestido de Rose.

- Ele não faria isso. Faria?

- Consegui – exclamou ele retirando o braço – Agora posso me mexer.

Eles se olharam sentiam suas respirações se misturando.

- Ou talvez, eu fique aqui mais um pouco.

Ela sorriu e acariciou o rosto dele.

- Por favor, fique aqui mais um pouco.

Scorpius fechou seus olhos aproximando seu rosto do dela e finalmente selou seus lábios. Todos os sentimentos que ambos estavam tentando enterrar durante a noite toda finalmente vieram à superfície com o primeiro beijo.

Ambos não sabiam quanto tempo havia passado, o fato era que Scorpius segurava o rosto de Rose suavemente, ela por sua vez passava a mão na nuca do garoto o puxando cada vez mais perto de si o encorajando a beijá-la com mais força.

- O que aconteceu? – perguntou Rose aos sussurros assim que separaram seus lábios por falta de fôlego.

- Eu não sei.

Eles se abraçaram e ficaram assim o resto da noite. Não trocaram mais nenhum beijo.

Talvez tudo estivesse acontecendo rápido demais. Talvez quisessem se agarrar a amizade que tinha construído até então. Talvez ambos estivessem com medo. Talvez soubessem que havia outras coisas para descobrirem antes de se encontrarem. O que sabiam ao certo é que, olhando as estrelas no alto do castelo no qual tinham se tornado amigos, tudo parecia bem. Tudo parecia perfeito.