Não passaram nem alguns minutos e eu tive que voltar pra casa, por que senão o engarrafamento da noite iria começar e eu só ia chegar em casa no dia seguinte. E já aconteceu isso comigo, e eu fiquei de castigo e tive que cancelar um show em Paris. Mesmo explicando que a culpa foi do engarrafamento.

Cheguei em casa estourando 6:54, quaaaaaase que ganho uma bronca da minha mãe... Mas quase mesmo... Quando abri a porta, ela já estava lá de braços cruzados.

-O combinado foi de eu chegar 7h! Ainda são 6:54!- Ela olhou o relógio pra tentar retrucar, mas era verdade. =DD I did it!

-Ok, ok... Você se safou dessa vez.

-Consegui?- YEEEEAH!!! _/,,/

-Conseguiu. - Sorri e comecei a dançar o Dougie de felicidade.

-Ok, ok, chegou, conseguiu se safar de uma bronca, mas não do banho! Já pro banheiro, menino!

-Ah, você tinha que cortar o barato?

As coisas ficaram estranhas no fim de semana. Quer dizer, era uma bela manhã de sábado, eu estava indo para o shopping sozinho, á pé mesmo. Eu sei que estava encrencado por isso. Mas não isso que quero dizer.

Quando eu estava entrando no shopping, uma menininha me parou, e disse:

-Tio, tio, você pode me dar um dinheiro pra comprar pão? – Olhei para ela e perguntei:

-Você tem quantos anos?

Ela me indicou com os dedos que tinha três anos. Ajoelhei-me e olhei para o rosto da menina. Ela era branquinha, loira, com uns olhos verdes brilhantes. Só que o rosto dela estava meio sujinho, e as roupas eram esfarrapadas.

-Eu conheço você... - Ela disse, ao olhar nos meus olhos.

-Eu? – Perguntei, apontando para mim mesmo.

-É, você é o garoto que canta Baby!

Eu sorri.

-É, sou eu sim!

-Justin Bieber?

-É. E qual o seu nome?

-Lily. – Não resisti áquela fofura, estendi a mão para ela e falei:

-Você quer comer alguma coisa lá?

Ela assentiu, feliz da vida, e me levantei, conduzindo-a de mãos dadas ela para a porta do shopping. Quando chegamos na porta, o segurança chegou perto de Lily e disse, numa voz raivosa:

-Quantas vezes eu já falei que você não pode entrar aqui?! Vamos, fora! – Ele ia segurar seu braço, mas eu toquei suas costas.

-Ei, ei! – Falei, tirando o capuz e mostrando meu rosto. Ela está comigo!

-Oh, oh, me desculpe, senhor Bieber! – O segurança disse.

-Acho bom. Agora pare de irritar essa garotinha e vai fazer o seu trabalho direito!

-Ok, ok, me desculpe. Tenham um bom dia. – O homem disse.

Uma coisa eu não nego: Pode ser muito chato ás vezes, mas ser famoso tem muitos pontos fortes!

A primeira coisa que fiz foi comprar um vestido rosa e uma sapatilha lilás para Lily e a levar no banheiro para lavar o rosto. Depois, paguei um lanche maneiro no Burguer King pra ela, comprei uma boneca, coisa e tal, fomos no cinema, ela me implorou pra ver "Never Say Never".

-Mas, "Never Say Never"? Tem certeza, Lily? – Perguntei.

-Aham! Vamos ver, vamos! – Ela disse. Eu ri.

-Ok, ok...

Vi o filme com ela e a levei pra casa. Foi uma luta pra fazer minha mãe deixar ela ficar...

-Mas, me, você adora crianças!

-Eu sei, mas ela uma garotinha desconhecida que você achou na rua!

-Me, só uma noite!- Fiz um olhar pidão. Ela suspirou.

-Ok, uma noite. E ela fica nas suas responsabilidades. - Sorri de orelha á orelha.

-Por isso que você a melhor me do mundo...- Falei, saindo de lá. Quando já estava longe, ela berrou:

-No vai escapar da bronca por ter saído sozinho!

-Droga!!

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No dormi aquela noite. Fiquei pensando que existiam mais pessoas na mesma situação que Lily. Talvez até pior. Me virava de um lado para outro, inquieto, preso em meus pensamentos. Quando não aguentei mais ficar deitado, me levantei da cama e fui ver televisão. Má ideia.

Estava dando uma espécie de jornal da noite. E as manchetes eram:

"Soldados americanos morrem no Irã após explosão de bomba;"

"Projeto de instituição brasileira pretende acabar com a fome na África;"

"Justin Bieber é visto com criança pobre em shopping de Atlanta."

Não acreditei. Será que eu ser visto com uma menina no shopping é a única coisa boa que acontece??

Eu tinha lido o jornal do dia na banca. A única coisa boa era "Justin Bieber é visto em casa de Katy Perry".

De resto, só tragédias, choro, tristeza. As pessoas tinham que orar muito pra continuarem vivas no fim do dia...

Uhhh... Aquilo tinha me dado uma ideia... Me levantei, peguei um papel e uma caneta e fui para o meu piano.

-Ok,ok... Isso pra Você. Me ajude.- Falei, olhando pra cima.

Comecei a tocar alguns acordes, pra começar uma introdução. Primeiro saiu meio estranho, mas foi se adaptando. Quando achei que estava bom, peguei o papel e escrevi os acordes que usei. Depois de achar que estava bom, deixei a introdução de lado e comecei a pensar na letra.

-Nhum...Tonight I didn't sleep...Não...I just can't sleep tonight...Ah, melhor.... – Não ligue, eu falo sozinho mesmo. Escrevi a frase, mas tudo fugiu da minha mente depois disso. Tentei escrever mais alguma coisa, mas nada.

-Droga... - Resmunguei, abaixando a cabeça e encostando no piano.

Coloquei minhas mos nas teclas do piano novamente e comecei a apertá-las. Nisso começou a chover.

Acordes começaram a se formar nas minhas mãos, eu não sei como isso acontece, mas acontece, e eu comecei a tocar uma melodia que eu desconhecia.

-I just can't sleep tonight... Knowing the things aren't right... -Parei. A inspiração voltou!

Voltei a tocar, mais empolgado:

-Is some peaple, is some TV, in wherever I go... Childs are crying, soldiers is dieing, some peaples don't have a home.

Estava ficando cada vez melhor...

-But I know there's sunshine behind the rain, I know there's good times behind the pain. Hey, you can tell-me how to make a change...

Parei. Tinha ficado perfeito! Parecia que eu já sabia isso há anos!

-Valeu a, viu? - Falei, novamente olhando para cima.

Peguei o papel e anotei tudo o que tinha cantado, e coloquei os acordes em cima da letra. Depois me desconcentrei do papel e voltei toda a minha atenção para o piano.

-I close my eyes, and I can see a better day... I close my eyes, and, pray.I close my eyes, and I can see a better day...I close my eyes, and, pray.

Sorri, e continuei fazendo a música. Quando cheguei ao último refrão, já eram duas da manhã. Fechei aquele negócio que protege as teclas do piano,deitei minha cabeça por entre meus braços e adormeci lá no piano mesmo.