A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 48
As Fases (Parte 3)




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-Justin... – Minha mãe murmurou. – Posso contar a ele?

Eu assenti, e só pedi que fosse longe de mim.

Enquanto os dois conversavam, uma enfermeira apareceu e tirou aquele catreco do meu pescoço. Ao me ver com os movimentos do pescoço livres, eu me acomodei no travesseiro. Fechei os olhos e adormeci. Tive um sonho flashback, se posso chamar assim. Me vi no dia em que peguei Aids.

Estava de noite, eu estava voltando sozinho de uma lanchonete. Dali a dois dias eu iria voar para o Hawaii, para o que eu pensava ser o melhor momento da minha turnê. Ah, é o Hawaii! Mas aí que tudo aconteceu. Perdi tudo. Literalmente. Parei num sinal vermelho, e um cara armado apareceu na janela.

-Passa a chave do carro! Passa a chave, moleque!! – Perdi a ação, fiquei encarando o homem, tentando balbuciar alguma coisa.

-E-e-eu... – Murmurei.

-Você acha que eu estou brincando?! Sai do carro! – Fiz o que ele mandou, ou tentei, e abri a porta. O cara me arrastou para longe da porta, e iria entrar no carro, quando meu sentido de heroísmo apitou.

-Ei! Sai do meu carro! – Berrei. O homem se virou, e avançou em cima de mim. Consegui me defender um pouco, mas levei um soco no rosto e um chute. Desmaiei na hora, e o homem, sem saber o que fazer com o meu corpo, pensando que me matara, o jogou no banco de trás do meu carro.

Acordei numa van, não era definitivamente o meu carro. Haviam dois homens sentados na frente, e a porta de trás estava aberta. Um mínimo movimento e eu estava livre! Mexi minha perna direita, mas fiz um barulho enorme ao derrubar umas caixas. Os homens me viram, e eu saí correndo.

-Pernas pra que te quero!!! – Murmurei, enquanto corria desesperadamente. Minha sensação de I did it durou pouco, me derrubaram laçando as minhas pernas não sei como, e eu caí no chão. Um dos homens me pôs de pé, me deu um sossega-leão, e amassou um pano molhado em minhas narinas. Pano molhado com sonífero. Desmaiei na hora. De novo.

Acordei novamente jogado no chão gelado, sem camisa. Caramba, desmaiar tanto já estava cansando! Minhas pálpebras estavam pesando em meus olhos, minha visão estava um pouco turva.

Havia um peso em cima de mim, não consegui descobrir o que era. Até que olhei para um espelho que estava apoiado no chão, na minha frente. Consegui ver um vulto em cima de mim. Com as mãos na minha calça. Arregalei os olhos e fiz a primeira coisa que me veio á mente: Rolei. O homem caiu do meu lado, e logo se levantou. Eu também me levantei, e começamos a lutar. O homem tentou me chutar, como fez na rua, mas dessa fez fui mais serelepe:

-Ah, dessa vez não! – Falei, bloqueando o chute com a minha perna direita, derrubando-o. Ele se levantou novamente, e dessa vez começou a atacar meu rosto. Eu desviava de cada golpe, até que ele me lançou de frente contra a parede. Ele iria abaixar minhas calças, mas eu rolei novamente, e o ataquei com tudo com uma joelhada em seu abdome.

O homem caiu por alguns segundos, e eu comecei a correr para a minha liberdade. O homem me segurou pelas pernas, e eu caí. Ele se levantou, e me ergueu pela gola da camisa, me jogando de costas na parede. Consegui me esquivar de um soco que ele iria desferir em minha face, mas ele me agarrou novamente. Daquela vez ele tentou me BEIJAR. Sim, me beijar. Era demais pra mim. Imediatamente dei uma joelhada nos seus países baixos. Ele me soltou e caiu no chão. Fui abrir a porta, mas a mesma estava trancada.

-Me solte! – Gritei. O homem se levantou e gritou, mais alto ainda:

-Não depois de fazer o que eu quero! – Ele me jogou contra a parede, mas eu protestei:

-Não!! – Ele colocou uma de suas mãos em meu pescoço, e apertou com força, me sufocando. Tentei me soltar com as duas mãos. O homem iria abaixar minhas calças com a mão vaga, e eu o bloqueei, puxando minha calça para cima.

-Tire suas mãos de mim, seu tarado!

-Vem tirar! – Ele disse, me sufocando com força, e puxando minhas calças para baixo com mais força ainda. Bloqueei com técnica, e tossi. O ar já estava me fazendo falta. Eu iria morrer se não respirasse! Quando minha visão começou não a se embaçar, eu definitivamente não conseguia mais respirar, acabei soltando minha calça, num sinal de desistência, e disse, arfando:

-Me deixe... Respirar... Pode fazer... Pode fazer... O que quer...– O homem sorriu, e soltou meu pescoço. Caí de joelhos, e fui levantado novamente pela gola da camisa. Dessa vez meus pés saíram do chão.

-Bom garoto. – O homem balbuciou, antes de me jogar no chão. Bati com a cabeça numa quina de uma mesa, e desabei no chão, de bruços, tossindo. Sangue escorria pelo meu pescoço do corte que foi feito em minha nuca, por causa da queda na quina da mesa, e caía no chão, fazendo pequenas poças.

Ele me jogou contra a parede, me fazendo apoiar-me na mesma, como se fosse ser revistado. Senti minhas calças serem puxadas para baixo, junto com a box vermelha Calvin Klein que eu usava, e aquele homem se abaixou, como se estivesse ajoelhado. Eu rogava mentalmente para que ele desistisse das idéias maldosas, mas as minhas preces não foram ouvidas. Senti duas mãos envolverem meu calcanhar direito, e irem subindo por minha perna, e pousarem em minhas nádegas. Tinha um homem com as mãos na minha bunda! Eu estava travado e apavorado, mal podia me mexer.

O homem apalpava meu membro por debaixo da minha camisa, eu estava tentando manter a compostura, ser homem, mas não consegui. Lágrimas escorriam de meu rosto só em pensar em olhar para baixo. Suas mãos desceram por minha perna novamente, e ele fez a mesma coisa com a perna esquerda. Assim que terminou aquele inferno, ele me jogou no chão. O homem se pôs em cima de mim, empurrando minha cabeça para o chão, e eu bati com a mesma no piso branco, em cima da poça de sangue. Era o fim, ele me deu um golpe atrás de minha cabeça, e eu desmaiei.

Agora você pergunta: Eu fui abusado? De novo? Sim, eu fui. De novo. E foi nisso que eu peguei Aids. Na primeira vez, uma semana antes de ir para o Hawaii e descobrir ter o HIV.

Assim que meus olhos se fecharam, e o homem me despiu, ele me penetrou. Estava inconsciente, mas consegui sentir a dor. Perfeitamente. O homem me penetrou várias vezes. Foi a pior sensação que já tive em toda a minha vida, até aquilo acontecer pela segunda vez.


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