Todo Mundo Odeia o Chris escrita por erico_nietto


Capítulo 1
Prólogo - Todo Mundo Odeia Caridade


Notas iniciais do capítulo

Todos os personagens são do seriado original. Apenas o enredo é de minha autoria.



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Brooklyn, 1982

Quem nunca ficou empolgado com o retorno às aulas? Eu! Ser o único negro da escola tinha suas vantagens, mas até agora não surgiu nenhuma.

Rochelle:Chris, toma logo esse café!
Chris:Mãe! O dia mal começou e você já está nervosa?

Rochelle parou diante da mesa:
- Não é nada disso. É que um sobrinho distante do senhor Omar faleceu e deixou uma herança gorda pra ele. Como eu sou generosa...

DUAS SEMANAS ATRÁS

Caixa:Aqui está o seu troco, senhora.
Rochelle:Pode ficar com ele. Meu marido tem dois empregos.

HOJE

- vou auxiliar no que ele precisar.

Enquanto minha mãe se preocupava com a herança do senhor Omar, meu pai acordava.

Julius:Bom dia, Chris.
Chris:Bom dia, Pai.
- Cadê seus irmãos?
- Ainda estão dormindo.
- E sua mãe?
- Está na cozinha.

Depois dessa satisfatória conversa com o meu pai pela manhã, decidi dar uma volta na rua.

Perigo:Ei, Chris!
Chris:Perigo? O que faz dentro desse carro abandonado?
- Cara, você está sabendo da última?

Que morreu um branco no bairro?

Chris:Não, o que houve?
- Está rolando um boato que o senhor Omar vai virar um milionário.
- E você acredita nessa história?
- Mas por que não?

Porque o senhor Omar é mentiroso e trapaceiro [?]

Perigo:Eu só tenho certeza de uma coisa.
- O que?
- Você me deve dois dólares.
- DOIS DÓLARES?
- Hoje é o último dia das férias. Preciso cobrar os juros.

Enquanto eu perdia dois dólares, Tonya mudava os canais da televisão só pra irritar o Drew.

Drew:Por que você sempre faz isso?
Tonya:Estou vendo os canais.
- Vendo? Você está passando mais rápido que os relâmpagos!

A única maneira de vencer a Tonya e ganhar o controle da televisão era sendo inteligente.

Drew foi até o quarto de Julius, que olhava atentamente pela janela.

Drew:Ei, pai.
Julius:O que foi?
- Você sabia que quanto mais rápido você troca o canal da televisão, mais luz você gasta?

Julius virou-se na mesma hora:
- Quem te falou isso?
- Eu vi na televisão. Só estou comentando porque a Tonya não pára de mudar os canais e...

A cara que o meu pai fez parecia dizer "Droga, temos que quebrar o controle remoto!" E foi exatamente o que ele fez. Jogou o objeto pela janela. Quando acertou a minha cabeça pensei até que fosse a minha mãe, tentando me chamar usando sua maneira silenciosa.

Omar:Chris, você está bem?
Crhis:É, acho que vou ficar!
- Que bom, porque vou precisar de você vivo.

Vivo? Desde quando ele precisa de alguém vivo?

Omar:O meu falecido sobrinho desapareceu e se o juíz não vê-lo no caixão não vai me dar a herança que eu tanto esperei!
Chris:E o que eu tenho haver com isso?
- Você se parece muito com ele! Se me ajudar lhe dou uma parte do dinheiro.
- Uma parte quanto?
- Que tal um controle remoto novo?
- Eu não sei... Isso não me parece uma boa idéia.
- Olha, você só precisa entrar no caixão, ser visto como defunto e eu ganho a herança.

E eu uma experiência como morto aos 13 anos de idade.

Rochelle entra na sala e se espanta com o bate-boca.

Rochelle:Ei, ei, ei! - eles fazem silêncio - O que está acontecendo aqui? Tonya:O papai quebrou o controle da TV.
Rochelle:Julius!
Julius:Não foi bem assim, está bem? A Tonya não parava de trocar os canais e isso gasta mais na conta de luz.
Rochelle:E quem foi que te falou uma besteira dessas?
Julius / Tonya:O Drew!

Enquanto a coisa ficava feia pro lado do Drew, eu estava me preparando pra morrer e ganhar um controle-remoto novo.

Omar:Você só precisa colocar isso no nariz e pronto!

Chris parecia um palito com aquele smoke preto deitado dentro do caixão. Omar percebeu que alguém estava se aproximando.

Omar: Rápido, fique deitado!

Chris deitou e Omar bateu o caixão com força.

Juiz: Senhor Omar! Vejo que está passando os últimos minutos com o seu sobrinho.
- Pois é... Ele foi um garoto muito importante na minha vida, apesar da distância.
- Eu entendo sua preocupação. Vamos começar a cerimônia em vinte minutos na igreja. É bom levar o caixão de uma vez.

Rochelle, com seu salto e vestido preto, entrou na igreja aos tropeços. Segurou por seu chapéu roxo nada discreto e viu o senhor Omar ao lado do caixão. Ela se aproximou dele. A igreja não estava muito cheia. Só havia parentes distantes.

Omar: Por que você se atrasou? – perguntou sussurrando.
Rochelle: Eu tive um probleminha lá em casa.
- E eu tive um problemão.
- O que houve?
- O corpo do meu sobrinho desapareceu.
- Então o caixão ta vazio?
- Claro que não! Pela graça do senhor consegui um defunto de última hora.

O juiz fechou a bíblia e falou: - Senhor Omar, abra o caixão para que o servo de Deus entre em seu reino.

Omar logo se virou e assim que ergueu a tampa do caixão, olhou meio sorridente pra Rochelle, que ficou atônita e caiu pra trás pálida. Chris ouviu o barulho e se ergueu no caixão, causando um choque nos que ali estavam:
- Mãe!

Cara, naquele momento achei que iria trocar de lugar com ela. Enquanto minha mãe se recuperava bebendo um copo d’água, o senhor Omar tentava manter o juiz ainda lá dentro, para leitura do testamento. Mas todos foram embora e a coisa ia ficar preta. Sem preconceitos.

Rochelle: Onde você estava com a cabeça pra fazer uma doideira dessas?
Chris: Eu não sabia que você ficaria bem do lado do caixão.
Omar: Ele só estava tentando me ajudar!
Rochelle: Ajudar? Meu marido e eu poderíamos ser presos e meus filhos ficariam órfãos.
Omar: Por favor, Rochelle. Sem exageros.
Chris: Eu só queria ajudar mãe. – mentira – Eu não ficaria feliz em ver o senhor Omar vendendo caixões pro resto da vida. – mentira de novo.
Rochelle: Os meios não justificam os fins. Você tem idéia de como meu coração quase saltou pela boca?
Chris: Eu sinto muito.

Rochelle olhou para seu filho e abrindo um pequeno sorriso, ela falou:
- Vem Chris, vamos embora.

Assim que pegou na mão de seu filho, ficou brava novamente e olhou para Omar: - Meu filho vai ser um médico de sucesso!

Confuso, Omar começou a dizer o que lhe vinha pela cabeça enquanto Rochelle e Chris deixavam a igreja:
- Não, espere Rochelle! Não faça uma maldade dessas com o seu filho. Chris! Não ouça sua mãe!

À caminho de casa, Rochelle perguntou:
- Será que você entendeu que fazer caridade demais não é bom?
- Eu só fiz o que você me ensinou, mãe. Ajudar as pessoas sempre!
- É, isso mesmo. Sabe Chris, tenho orgulho de você.

Eles param na calçada, bem ao lado de Tonya, que pulava corda.

Tonya: Conseguiram algum pedaço da herança?
Rochelle [brava]: Não. E você, conseguiu um controle novo?

Tonya parou de pular:
- Eu não quebrei o controle. Foi o papai.
Rochelle: Se você não ficasse mudando de canal, nada disso teria acontecido. Agora, me passe essa corda que eu vou mostrar como se faz.

Pra não contar o final trágico, faz de conta que a minha mãe pegou a corda e começou a pular. E olha que ela estava bem melhor que a Tonya.

Fim do Prólogo. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido e não se esqueçam de comentar.
Até a próxima!