Eu estava andando na rua, sem um rumo decidido em minha cabeça, apenas acompanhava o garoto que me puxava delicadamente pela mão. Eu não conseguia ver seu rosto, só o seus cabelos castanhos claros desarrumados de um jeito estiloso, que balançavam quando o vento se chocava neles, trazendo para mim seu cheiro maravilhoso, que me fazia ficar arrepiada.

A noite estava clara e agradável, o vento que batia nas partes do meu corpo não cobertas pelo vestido que eu usava, era como uma caricia, que me deixava arrepiada.

A mão que segurava a minha me passava uma confiança, era quente e macia, me fazendo me sentir nas nuvens, o que era totalmente estranho já que era apenas duas mãos dadas, não era?

As poucas pessoas que estavam andando na rua olhavam para gente sorrindo e parecendo surpresos, o que eu realmente não estava entendendo. Continuei andado e ignorei elas.

Estavamos chegando no final da rua e não sei porquê eu estava começando a sentir uma sensação estranha, como se nós não devêssemos estar ali, como se houvesse alguma coisa ruim para acontecer, mas afinal de contas o que poderia acontecer de errando num simples passeio a luz da lua?

Minha pergunta foi respondida por um homem que eu não conhecia, parado a nossa frente com uma arma apontada em nossa direção. Fiquei sem reação, com o coração batendo mais rápido do que nunca, bombeando adrenalina para todas as partes do meu corpo, o preparando para correr, mas eu sabia que essa seria minha última opção. Arriscado de mais. Não pensava em mim, apenas na pessoa ao meu lado que começava a apertar minha mão com mais força, como se previsse o que o meu corpo queria que eu fizesse, ele sim era minha preocupação. Não sabia o seu nome, não via o seu rosto, apenas sabia que eu deveria protegê-lo de tudo e de todos.

O homem a minha frente começou a puxar minha bolsa , as pulseiras e anéis em meus braços e dedos sorrindo, divertido com o medo que provavelmente estava estampado em meu rosto. O resto ocorreu muito rápido, como se alguém tivesse apertado o botão de avançar, na minha vida. Quando percebi ele estava caido no chão com um outro sujeito em cima dele, que tinha surgido de um lugar que eu não tinha visto, tentando tirar a arma da sua mão. Os dois começaram a lutar e meu cérebro mandava eu sair correndo porque a qualquer hora aquela arma seria disparada, mas o meu coração dizia para eu não ir deixando o menino ao meu lado. A arma estava apontada para ele quando eu tomei a decisão mais arriscada da minha vida, mas a segunda que eu tomava com toda certeza e que era controlada inteiramente pelo meu coração, atrás apenas da decisão que eu tomei em ficar o resto da minha vida ao lado daquele mesmo menino a qual eu estava salvando de uma bala, usando o meu próprio corpo com escudo. Só escutei o disparo, antes de acordar assustada com o barulho ainda ecoando em meus ouvidos, e pensado como toda vez que eu tinha esse sonho, que ele não podia ser simplesmente um sonho....