Past And Future escrita por Tsuki Lieurance Eriun


Capítulo 11
XI - You're Never Alone


Notas iniciais do capítulo

E depois de muita, muita enrolação(e dor de cabeça), I'm back! o/ Sério, esse demorou... Acho que se não fossem importantes para a continuação, tacaria fogo nos caps de Spyro u_ú ~ah, aliás, não sei se foram avisados, mas P&F será uma quadrilogia '-'
Mas enfim
Para acompanhar esse cap, recomendo a música encerramento desse jogo, Guide You Home, de Rebecca Kneubuhl(http://www.youtube.com/watch?v=S32W-rt-ans&feature=related) ~sério, essa música é linda *-* (embora eu prefira This Broken Soul, mas essa será para outra hora)
Sem muito o que dizer, as notas finais que talvez eu fale mais -q
Aproveitem a leitura ^^



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 O final do túnel se encontrava no meio de um planalto, e um largo desfiladeiro os separava da faixa de terra por onde o Destroyer caminhava. Sua sombra ainda era pequena, e Sparx, aproveitando-se disso, fingia lutar com ele, lhe dando petelecos e empurrões.

 -Oh, continue, Sparx. Eu acho que está funcionando. – ironizou Cynder

 -Sparx, pare com isso. Agora não é o momento. – repreendeu o dragão roxo

 -Nunca é um bom momento. – reclamou a libélula

 -Quanto tempo até ele cruzar o cinturão de fogo? – indagou Terrador

 -Nós temos até o meio-dia... – respondeu Ignitus – Talvez menos a essa velocidade.

 Cynder olhou com mais atenção o ambiente ao seu redor e o Destroyer. Sua expressão era reflexiva, e depois de alguns segundos, se virou para o dragão roxo e perguntou:

 -Spyro, quão profundo você acha que é esse desfiladeiro?

 -Eu não sei... No que está pensando? – ele fez uma expressão curiosa

 De repente, como se ele tivesse percebido a ideia dela, Spyro virou a cabeça na mesma direção que ela, e os três dragões menores fizeram o mesmo. Ao longe, uma grande represa podia ser vista.

 -Cynder, você é um gênio! – exclamou Spyro, voltando-se para ela

 -Eu tenho meus momentos. – disse, com um sorriso vitorioso

 -Ignitus, poderia ganhar tempo suficiente para nos deixar abrir a comporta? – o dragão roxo olhou para o Guardião – Se enchermos o desfiladeiro com água, ela pode desacelerá-lo o suficiente para nos dar uma chance de batalha.

 -Pode funcionar... – refletiu o Guardião da Terra, ao que Ignitus assentiu

 -Ouçam-me! – o último chamou a atenção dos demais guerreiros – Nós temos que prevenir que aquele monstro escape do desfiladeiro! Custe o que custar. Cada instante consta!

 -Vocês ouviram o dragão. Vamos! – comandou Terrador

 -Nós faremos tudo o que pudermos para lhes dar tempo. O resto é com vocês. – Ignitus falou com o grupo que iria à represa

 -“O resto é com vocês”... Sem pressão. – comentou Sparx

 Assim como os guerreiros, eles rapidamente se dirigiram a sua missão. Assim que alcançaram a represa, diversos Grublins apareceram. Spyro e Cynder ficaram para destruí-los, enquanto o grupo de Juno prosseguiu em direção ao local onde havia o mecanismo para liberar a água. Mas a passagem para a alavanca que faria isso estava bloqueada por um portão. Juno ainda tentou derretê-lo com suas chamas, mas nada aconteceu.

 -Então... Como conseguiremos chegar até ali? – perguntou Lukas

 -Talvez... – a garota refletiu, lembrando-se de como Cynder passava com uma sombra por debaixo do chão – Não nós, mas Cynder possa entrar.

 -Acho que ela está meio ocupada... – rebateu o primeiro, se virando na direção da dupla cercada de Grublins

 Nick, ouvindo a conversa dos dois amigos, lembrou-se de uma que teve com a dragão azul, enquanto ainda estavam no Vale de Avalar, levando o barco a Meadow.

-Por que você não usa a escuridão a seu favor? – ela perguntou, pousando ao seu lado

 -Como assim? – ele rebateu automaticamente

 -Acha mesmo que todas as minhas habilidades são algo comum a qualquer dragão? – ela replicou como se fosse algo óbvio – Não me orgulho de como consegui elas, mas tenho que me redimir, não é?

 -Não sei... Isso seria muito arriscado. – argumentou Nick - Eu poderia acabar perdendo o controle... De novo.

 -Então esqueça. – ela disse – Se não tiver absoluta certeza de que a vontade de ajudar seus amigos é maior que seu desejo por poder, você perderá o controle.

 Refletindo sobre o que ela disse, percebeu que estava completamente certa. Se aquela energia sombria ainda existia nele, poderia ser de grande ajuda. E, naquele momento, percebeu que a origem de seu desejo por poder estava em querer ajudar seus amigos. Ao se dar conta disso, sentiu a conhecida sensação da escuridão transformando-se em sua energia, mas com uma diferença: agora Nick não era mais controlado por ela, e sim o contrário. Com isso, conseguiu tranquilamente utilizar a mesma habilidade de sombras que Cynder tinha.

 Juno e Lukas olhavam para o amigo abismados, observando-o emergir da própria sombra e abaixar a alavanca, fazendo assim a água ser liberada.

 -Como você fez isso? – perguntaram juntos, em uníssono

 Nick chegou a abrir a boca para responder, mas Spyro e Cynder alcançaram o grupo antes que ele pudesse dizer algo. A dragão azul olhou em sua direção e assentiu levemente, sorrindo, indicando que tinha percebido o que acontecera.

 -Vamos, não podemos perder tempo. – disse o dragão roxo

 Ao voarem um pouco mais alto e olharem o nível atual da água, puderam perceber que não seria o suficiente para deter o Destroyer.

 -Ainda não é suficiente... – murmurou Cynder, e depois olhou para o último nível da represa – Temos de liberar toda a água, de uma só vez.

 -Não, isso é o que nós iremos fazer... – interrompeu Sparx, deixando a expectativa de mais uma oposição sua – Nós liberaremos a água toda, de uma só vez!

 O grupo sorriu, revigorado pelo nada habitual animo da libélula, e seguiram até o topo da construção. Muitos mais Grublins apareceram em seu caminho, mas todos foram destruídos. Cynder e Nick iam à frente, a primeira explorando ao máximo a distância permitida pela corrente mágica que a prendia ao parceiro, pois sabiam que provavelmente sua habilidade seria necessária para entrar nas salas onde estariam as alavancas para liberar a água, e os demais ficaram incumbidos de darem cobertura a ambos, destruindo os seres que surgiam cada vez mais.

 Assim que conseguiram, ouviu-se um estrondo, e rachaduras se fizeram visíveis na represa. Com a quantidade de água que estava sendo liberada, a construção não resistiu, e foi se partindo em pedaços enquanto era dragada para dentro da enorme onda em que se transformara a água. O grupo, que acompanhava rente ao novo rio, pode ver como tinham agido na hora exata. Os pés do Destroyer se encontravam no desfiladeiro, e a água atingiu a metade de sua perna, o paralisando. Um urro de dor foi proferido por ele, enquanto os dragões se reuniam alto no céu.

 -Agora é nossa chance! – ordenou Ignitus – Ataquem!

 Assim como o Golem, a energia que sustentava o Destroyer originava-se de cristais negros. Mas, diferente do primeiro, diversos Grublins protegiam cada cristal. O trabalho de equipe conseguiu derrotá-los, embora os cristais negros deixassem-nos mais cansados, por absorver sua energia. Ao destruírem o último, um enorme coração negro dentro do Destroyer, puderam ver como ele entrou em colapso. Após um último rugido, o monstro parou.

 Os guerreiros em terra comemoraram quando viram os dragões pousando. O Destroyer havia perdido suas fontes de energia, teoricamente não havia mais perigo.

 -Com todas as suas sutilezas, jovens dragões, vocês sabem triunfar com folga. – parabenizou Ignitus

 O dragão roxo voltou seu olhar para o gigante de pedra, seu olhar uma mistura de curiosidade e temor.

 -O que está acontecendo com ele?

 -Eu... Eu não sei... – gaguejou o primeiro – É muito peculiar...

 De repente, um brilho negro arroxeado apareceu nos olhos do Destroyer. Uma de suas mãos moveu-se, e ele começou a tentar atingir seu alvo. Ainda havia uma pequena reserva da energia negra que o movia, então ele conseguiu se arrastar até chegar suficientemente perto do Cinturão de Fogo. Ao tocá-lo, a barreira emitiu uma luz cegante, para logo após se tornar uma parede de fogo, delimitando uma área completamente devastada.

 -Ignitus... O que vamos fazer? – perguntou Spyro, aflito

 -Não há nada mais que possa ser feito. – suspirou o Guardião, pouco depois erguendo a voz para os guerreiros – Escutem-me. Não há muito tempo. Todos devem procurar abrigo.

 -E quanto às populações remotas? – questionou Cynder – E há um número incontável só em Dragon City! Elas precisam ser alertadas!

 -As ruínas... – murmurou Juno – Ignitus, há um cidade subterrânea lá, diversas cavernas. Nós as vimos. Nós podemos levá-los até lá!

 -Não. Eu preciso de vocês aqui comigo. – replicou o dragão vermelho – Hunter, mande seus falcões para as regiões remotas e diga para eles irem para baixo da terra, o mais fundo que conseguirem. – a chita assentiu, enquanto Ignitus se virava para os outros - Vão! Todos vocês!

 -Eu sei que está pensando em algo, Ignitus. – falou Terrador – Eu te conheço há muito tempo.

 -Vá com os demais, Terrador. – ele disse ao fim de alguns segundos, como se nem tivesse ouvido o que o outro falara – Haverá pânico e desordem... Será necessário um líder forte. Eu voltarei assim que conseguir que eles passem pelo Cinturão de fogo.

 Ainda meio receoso, o Guardião da terra alçoou voo, enquanto os que ficaram o observavam.

 -Vamos ter de enfrentar Malefor, não é? – perguntou Spyro, já sabendo a resposta

 -Eu não vejo outra maneira. O Cinturão está enfraquecido, e esta deve ser nossa única oportunidade de passar por ele. – argumentou Ignitus, movendo o olhar para a barreira de fogo

 -É... Se não formos incinerados antes. – rebateu Cynder

 -Ah, qual é. Isso não parece tão ruim. – contestou Sparx – Já passamos por coisas piores... Certo?

 -Sparx... Você não pode vir comigo. – disse o dragão roxo, um pouco triste

 -O quê? – a libélula falou, inconformada – Mas eu sempre vou contigo.

 -Spyro está certo. – Ignitus confirmou – Você não sobreviveria lá.

 -Você precisa se certificar que os outros chegarão ao subterrâneo a tempo. – continuou Spyro – Você já esteve lá. Pode guiá-los.

 -Isso é importante, Sparx. – concluiu Cynder

 -Mas você precisa de mim! – contestou ele, numa última tentativa

 -Nesse momento há outros que precisam mais de você. – rebateu o dragão roxo

 A libélula viu que já não tinha mais argumentos. Triste, aproximou-se dos outros dragões.

 -Vocês têm de me prometer que vão cuidar dele. Principalmente você, Cynder. – pediu – Nós já passamos muita coisa juntos.

 -Nós prometemos. – disse Cynder, enquanto os demais assentiram

 Então, os dragões levantaram voo, indo na direção oposta a da libélula. Spyro ainda se virou para o parceiro e disse

 -Seja cuidadoso, Sparx.

 -Ei, sou eu. Ser cuidadoso é tudo o que sei. – brincou ele, se despedindo do amigo, e torcendo para ser temporariamente

 O curto voo até a parede de fogo foi silencioso, a tensão entrando em seus corpos como veneno. Perto das chamas, a terra já estava deformada, as rochas ao redor parecendo hostis espinhos.

 -Eu devo ser capaz de oferecer alguma proteção contra o fogo. – murmurou Ignitus - Mantenham-se próximos de mim.

 Após dizer isso, o Guardião fez uma fina barreira protetora, de tom azul claro, aparecer ao redor deles. Lentamente, eles começaram a cruzar a parede de fogo, que se revelou mais larga do que pensavam. Ignitus só conseguia manter a proteção com muito esforço, e, em certo momento, ela chegou a quase sumir. Spyro, vendo que seria perigoso prosseguir, protestou

 -Ignitus, vamos retornar! Deve haver outra maneira!

 -Não, Spyro. – Ignitus contestou, com a voz fraca – Meu caminho termina aqui, mas o de vocês está além daqui. Peguem forças um do outro e sigam seus corações... Isso nunca lhes falhará... Agora vão!...

 Em um último esforço, Ignitus fez com que sua proteção fosse lançada para dentro do círculo de fogo, deixando os cinco dragões em segurança nas terras ali ainda existentes.

 -Ignitus! Não! – o dragão roxo gritou, desesperado, olhando na direção de onde tinham vindo

 -Spyro, pare! – Cynder falou, logo completando – É tarde demais. Você não pode fazer nada por ele agora.

 -Não... Ele não se foi... – o primeiro replicou

 -Spyro... – Cynder pediu – Deixe ir.

 O dragão roxo se calou. Por um momento, acharam que ele tinha aceitado, mas então seu corpo se tornou negro e foi envolto por uma fumaça de mesma cor, percorrida por raios arroxeados, que lembravam em muito os que apareciam nos cristais negros que mantinham o Destroyer e o Golem de pé. Seus olhos perderam qualquer distinção de íris e pupila, se tornando totalmente brancos. A única coisa que ainda o prendia naquele lugar era a corrente mágica que unia ele e Cynder. Esta, percebendo que a escuridão estava a ponto de possuí-lo completamente, tentou chamá-lo, mas ele interrompeu bruscamente, com uma voz parecendo estar duplicada.

 -Você não pode me deter!

 -Você está certo. – afirmou ela – Só você pode fazer isso. Por favor, Spyro. Não faça isso.

 Alguns segundos se passaram antes que a expressão dele mudasse de raiva para tristeza, e ele se colocou em terra novamente, enquanto a fumaça se dissipava e seu corpo voltava ao normal. Os demais se aproximaram dele, e Juno começou

 -Não podemos desistir, não agora, que já chegamos tão longe.

 Cynder assentiu, concordando, e completou:

 -Temos de seguir em frente. Ele iria querer assim.

 -Não era para ser assim. – reclamou Spyro, logo depois desabafando em um sussurro – Me sinto tão sozinho...

 -Você nunca está sozinho. – Cynder o confortou, encostando seu rosto no dele

 Spyro então assentiu e voltou o foco para o lugar em que se encontravam. Foi sensata a escolha de deixar Sparx para trás. O ambiente era hostil e árido, chegava a ser difícil de respirar em sua atmosfera. Espessos rios de lava cortavam o lugar como a água cortava o Vale de Avalar, seu brilho contrastando com as rochas escuras. Ao alçarem voo, perceberam que teriam de tomar bastante cuidado, pois em todo lugar havia geysers de lava.

Os Grublins lá residentes eram diferentes dos encontrados fora do círculo de fogo, tanto em aparência quanto em força. Eram das cores da lava ou das rochas, para assim se camuflarem melhor, e bem mais resistentes. Gastavam o dobro de tempo para derrotá-los, e o ambiente parecia favorecê-los. Em dado momento, Cynder pousou na beira de um dos rochedos e falou, depois de arfar

 -O ar daqui é tão... estranho.

 Os outros concordaram, e o dragão roxo moveu o olhar para o vulcão adiante.

 -Vamos. A atmosfera lá em cima deve ser melhor.

 O grupo, agora com um objetivo, seguiu mais rápido, embora o número de Grublins crescesse gradualmente conforme chegavam perto deste. Ao deixarem para trás o ambiente vulcânico, o ar estava bem mais limpo, provando ser verdadeira a teoria de Spyro. Lá de cima, podiam ver as cidades e vales daquele mundo, assim como toda a área queimada dentro do Círculo de Fogo. Ao redor, diversos pedaços de terra flutuavam, parecendo ilhas rodeadas de ar. A maior sustentava uma construção que parecia uma muralha, protegendo uma cidadela. Também podia ser vista uma torre dentro dela.

 -É bonito aqui em cima. – comentou Cynder

 -A torre. Ela deve levar ao trono de Malefor. – falou Spyro

 -Obrigado por acabar com o momento. – brincou Lukas, ao ver Cynder revirar os olhos

 Ao pousarem na ‘ilha’ principal, perceberam que o portão que detinha a passagem para onde queriam chegar só seria aberto se oito piras, espalhadas pelas demais ilhas, fossem acesas. Então, como na represa, dois tomaram a frente enquanto os demais davam cobertura, agora sendo Juno e Spyro. Os Grublins não eram tão fortes ou tão numerosos quanto os encontrados no território abaixo, mas ainda davam bastante trabalho. Praticamente uma hora se passou até que a última tocha fosse acesa e o portão aberto. Ainda havia diversos adversários dentro da construção, mas conseguiram derrotá-los em pouco tempo. No último golpe de um reminiscente, uma parede foi derrubada, fazendo-se uma passagem para a corrente de ar que levaria à rocha onde se localizava o trono de Malefor. Sem hesitar, voaram na direção dela, e deixaram-se levar.

 Ao chegarem à entrada do castelo, pararam por um breve momento. Por mais que estivessem cansados, não era isso que mais pesava para eles. A expectativa e a tensão eram. Principalmente para a dragão azul, que também sentia uma pontada de culpa.

 -Você está pronta para isso? – perguntou Spyro, percebendo seu estado

 -Estou com medo... – admitiu ela

 -Apenas não se separe de mim. – disse, logo depois se virando para o trio – Quanto a vocês, acho que devo desculpas por colocá-los nessa encrenca...

 -Nada disso. – rebateu Juno – Nós viemos aqui, nós ajudaremos. Até o fim.

 O dragão roxo assentiu, esboçando um sorriso, e foi o primeiro a recomeçar a caminhada. A enorme porta se abriu sozinha, e não se mostraram intimidados ao ver quem os esperava. Malefor era do tamanho dos Guardiões, talvez até maior. Não era parecido com Spyro, mas a tonalidade de suas escamas deixasse impossível negar que havia uma ligação entre eles. O dragão não atacou, nem sequer se moveu, parecendo até estar recepcionando-os.

 -Depois de uma longa espera, meus convidados chegaram. – falou, fazendo ecoar sua voz tenebrosa – Por favor, entrem. Realmente muita determinação para vir aqui... Parece que nós compartilhamos outras qualidades além de nossa cor.

 -Não. – negou Spyro – Eu não sou em nada como você!

 -Você acha isso? – questionou o primeiro, rodeando-os – Hmm... Nós veremos.

 -Não escute ele, Spyro. – aconselhou Cynder – Não escute nada do que ele diz.

 -Vocês parecem tão cansados. – provocou Malefor – Permitam-me deixá-los mais confortáveis.

 Ao dizer isso, as coleiras mágicas em Spyro e Cynder brilharam, e então desapareceram.

 -Está melhor assim, não? – continuou a provocação, olhando para a dragão azul, que começou a recuar alguns passos – Isso era o mínimo que eu poderia fazer por você, Cynder. Afinal, você já fez tanto por mim.

 -Você a usou! – acusou o dragão roxo menor

 -Eu a usei. Ela usou você. O que isso realmente importa?

 -O que ele quer dizer? – indagou Spyro, movendo a cabeça na direção dela

 -O que... ele não sabe? – Malefor se fez de inocente, enquanto Cynder baixava a cabeça – Vá, diga a ele. Você não deveria deixá-lo no escuro.

 -Dizer o quê? – Spyro já parecia nervoso

 -Como ela te atraiu para o Poço das Almas, onde por tanto tempo fiquei preso. – respondeu o dragão roxo – Como ela te enganou para me libertar.

 -Você está mentindo! – defendeu-se Cynder

 -Hmm... Acho isso estranho... – Malefor olhou incisivamente para ela – Como você escolheu se lembrar dos fatos. Deixe-me lembrá-los. Foi você que me libertou, Spyro. Você que me trouxe de volta. E devemos agradecer a Cynder por isso.

 -Cynder... – Spyro murmurou, enquanto Malefor ria – Isso é verdade?

 -Não... – ela começou, mas depois se corrigiu – Eu não sei... Eu não lembro mais...

 Ao que Cynder respondia, Malefor se virou para o grupo de Juno.

 -Ah, claro, os visitantes. Desculpem-me por ter deixado-os de lado. – começou, aflorando o nervosismo em cada um – Sempre caindo em mundos estranhos em guerra, sempre dizendo que ajudarão de boa vontade, mas não é isso que realmente os move, certo? A verdade é que cada um se encontra aqui sustentado por seus próprios motivos egoístas, suas próprias fraquezas. E tudo isso alimentando o desejo por poder.

 -Você está errado! – exclamou Nick, percebendo como seus amigos estavam sendo atingidos

 -Oh, parece que todos acham que estou errado. – Malefor falou, seus olhos começando a brilhar – Mas talvez vocês precisem de uma ajuda para perceberem que não.

 Devido a sua habilidade de manipulação da escuridão, o dragão roxo conseguiu despertá-la, tanto em Cynder quanto em Nick. O corpo de Cynder se tornou negro, e seus olhos completamente brancos, sem pupila ou íris. Já Nick ficara com os olhos amarelos, e o sorriso insano voltou a aparecer em seu rosto. Ambos começaram a atacar os amigos, enquanto estes só recuavam.

 -E agora aqui está você, jovem dragão... – Malefor murmurou, olhando para Spyro – Tentando desesperadamente salvar esse mundo miserável... recusando-se a aceitar a verdadeira história dos dragões roxos. Tenho certeza de que foi dito a você que fui o primeiro de nossa espécie, mas eu lhe asseguro, já houveram muitos outros. Tinha sido o dever de nossos antepassados ressuscitar o Destroyer e os Golems das profundezas para trazer a grande limpeza. Esta é a verdadeira natureza de nossa raça. Seu destino é destruir o mundo.

 -Não. – Spyro contestou, após ser derrubado novamente por Cynder – Eu não acredito nisso.

 -Natural você não acreditar. – replicou o primeiro – Mas você cumpriu seu destino, apesar de tudo. Na minha época, eu fui impedido de completar minha missão. Mas você... Você completou, sendo por vontade própria ou não. E então, o mundo será destruído, com você junto.

 Spyro tentou negar, mas Cynder lhe acertou de novo. Enquanto isso, Juno e Lukas eram encurralados por Nick, sem que reagissem.

 -Tão covardes... – falou o último, com maldade acrescentada a seu tom de voz normal

 -Covarde é quem faz promessas sem poder cumpri-las. – Juno rebateu, com olhar triste

 Ao ouvir isso vindo dela, principalmente percebendo a tristeza em seu olhar, acabou por lembrar-se do quanto tivera medo de perdê-la ao se entregar à escuridão, e do que Juno falara da última vez que isso ocorreu. Com uma lembrança tão forte, conseguiu se livrar do domínio de Malefor e voltar ao seu estado são. Porém, isso não significava que Cynder tinha feito o mesmo. Ela continuava a atacar Spyro, que não reagia.

 -Revide! – exigiu, com uma voz distorcida, enquanto Spyro continuava só se defendendo – Por que você não revida?

 -Por que você não me deixou mais nada pelo qual lutar. – respondeu, abatido

 Ao ouvir isso, ela parou, e então conseguiu retornar ao seu estado normal. Aproximou-se do dragão roxo menor, com o olhar agradecido.

 -Sempre há algo pelo qual lutar. – disse, suavemente

 -Argh! Então, que assim seja! – exclamou Malefor, indignado – Vocês fizeram suas escolhas e deverão sofrer o mesmo destino! – ao falar isso, as correntes mágicas reaparecem em Cynder e Spyro, e agora Juno, Nick e Lukas também estavam ligados um ao outro – Preparem-se para morrer!

 Malefor foi o primeiro a alçar voo, se lançando ao céu. Este estava negro, as nuvens finas, parecendo fumaça, de cores que variavam nos tons de vermelho e alaranjado. Mas, apesar da presença delas, as estrelas se faziam visíveis, até mais que em qualquer céu que tivessem visto. Alguns raios clareavam vez ou outra o ambiente. Chegava a ter certa beleza onde se encontravam, mas o foco deles era a batalha que estava a um segundo de começar.

 O tempo e o espaço pareciam imutáveis e intermináveis naquela luta. Malefor dominava todos os elementos que dominavam juntos, e realizava ataques mais poderosos e letais. Mesmo assim, o grupo tinha a vantagem da velocidade, o que facilitava a evasiva, e o trabalho em equipe, já bastante desenvolvido devido aos dias que estavam juntos. Enquanto um era o alvo do dragão, outro o atacava com suas garras, outro com magia. A vitória começou a pender para o lado deles. Mas, então, quando começavam a sentir isso, viram um movimento na terra abaixo.

 -Começou. – proclamou Malefor, sua voz com mais efeito por causa de um trovão que seguiu sua fala

 Ao olharem com mais atenção, viram o Destroyer, daquela altura parecido com um lagarto, se arrastando na direção do vulcão, e os filetes de lava da rocha na qual se encontrava o trono de Malefor brilharem com mais intensidade.

 -Oh, não! – exclamou Spyro – Nós estamos atrasados!

 -Bem-vindos ao fim do mundo.

 Assim que Malefor terminou de falar, o Destroyer concluiu seu objetivo, entrando no vulcão, que expeliu fortes jorros de lava em suas laterais, e de sua cratera um ainda maior surgiu, circundando a antiga base do dragão roxo, consumindo a maior parte da construção que nela existia, e sendo atraída para o centro da terra. Os dragões também foram afetados por essa atração, pois mal conseguiam planar alguns metros acima da rocha. Malefor tentou se aproveitar do momento de fraqueza originado da adaptação por essa condição, mas eles não fraquejaram. Lutaram do mesmo jeito que anteriormente, o que deixava claro quem ganharia.

 -Vocês não podem me derrotar! – bradou Malefor – Eu sou eterno!

 Dito isso, ele usou seu último recurso: o raio de Fúria. Era o ataque mais poderoso de qualquer dragão, que concentrava a mais pura energia mágica. Cynder e Spyro utilizaram-se do mesmo artifício, mas o poder de ambos juntos era igual ao de Malefor. A disputa teria permanecida empatada, se não fosse pela ajuda que os dois primeiros contavam. Juno, Nick e Lukas juntaram os seus raios de Fúria ao deles, conseguindo poder suficiente para rechaçar o de Malefor. Este foi lançado a alguns metros de distância, caindo em uma das rochas que havia no local em que estavam. Ao se levantar, um grupo de espíritos se ergueu ao seu lado. Nada podia ser visto desses seres, só a sutil distorção do ar, com formato de um dragão.

 -Mas o que é isso? – questionou, enquanto os espíritos se aproximavam dele

 Tudo o que puderam ver em seguida foi Malefor sendo absorvido para dentro da terra, em meio a uma luz arroxeada. As correntes mágicas que prendiam os dragões se desfizeram com a derrota daquele que havia as criado.

 Do centro do planeta, eles puderam ver como o fim de tudo realmente acontecia. As rochas ficavam com rachaduras cada vez maiores, lava esguichando delas. Pousaram sobre onde planavam durante a luta, e Cynder se aproximou de seu parceiro.

 -Spyro, me desculpe. – pediu, cabisbaixa – Realmente me desculpe.

 -Não precisa. - rebateu o dragão roxo - Tudo acabou agora.

 -Então, é isso? – indagou a primeira, vendo tudo ruindo

 Spyro ia assentir, mas algo o parou. Uma voz soou dentro de si, lhe dando esperança.

 -Eu sei o que preciso fazer. – disse, com a voz decidida – Sei o que fazer para retornar o nosso mundo ao normal, e sei como mandá-los para seu mundo. Apenas saia daqui, Cynder.

 -Spyro, não... – negou ela

 -Para onde iríamos, Cynder? – contestou o dragão roxo – O mundo está quebrando! Mas acho que sei como parar isso. Acho que devo.

 -Então estou com você. – ela afirmou

 Spyro assentiu, e então ergueu-se, seu corpo chegando a brilhar devido a enorme quantidade de poder liberado. Quando essa onda de energia atingiu o grupo de Juno, eles perderam a consciência.

 A garota despertou sobressaltada, e não pode deixar de ficar surpresa quando percebeu que estava em seu quarto de Disney Castle. Automaticamente saiu deste e logo encontrou os garotos no corredor.

 -Isso não foi só um sonho, foi? – perguntaram os três em uníssono

 -Mas, se aquilo tudo foi real... – ponderou Nick – por que ainda está de noite?

 Eles moveram o olhar em direção ao céu, e puderam ver as estrelas nele, embora estivesse com o tom levemente alaranjado que caracterizava o início da manhã.

 -Talvez o tempo que passamos lá foi dias exatos. – respondeu Lukas

 -Mas nós sumimos por muito tempo para não estarem procurando a gente! – exclamou Juno

 E, de repente, enquanto pensavam sobre isso, a garota desmaiou

 Juno piscou os olhos algumas vezes, se perguntando se era outra ‘premonição’, ou talvez algo parecido com o que acabara de vivenciar. Considerava principalmente essa segunda opção, devido ao fato de não estar simplesmente observando, e sim presente, embora estivesse em seu corpo humano. Encontrava-se num salão redondo, fracamente iluminado com tons de azul por uma enorme ampulheta central. Havia diversas janelas que iam desde o teto até o chão, possibilitando a visão do espaço.

 -Então esta é sua verdadeira forma, jovem?

 Reconheceu aquela voz automaticamente. Virou-se para encontrar Ignitus a observando com uma leve curiosidade no olhar. E ele também estava diferente, suas escamas agora azul-claras, e carregava uma espécie de lampião em seu pescoço.

 -Ignitus! Mas como... – começou ela, sendo interrompida

 -As dúvidas são muitas, não é? – a garota se limitou a assentir – Receio que o tempo seja curto para respondê-las. Direi só o essencial. – houve uma breve pausa antes de ele continuar – Uma nova era iniciou-se em meu mundo, e uma logo começará no seu. Ainda há muitas batalhas por vir, mas não desanime, vejo uma grande força dentro de você e de seus amigos.

 -Acho que isso não ajudou em nada... – falou, com um olhar confuso – Eu continuo sem entender o que aconteceu.

 -Ora, Juno, há pouco tempo atrás você não acreditaria se te dissessem que existem outros mundos. Agora, você não só ouviu como esteve neles. Então, por que reter seu pensamento apenas nisso? O universo é extenso e misterioso.

 A garota baixou o olhar, refletindo.

 -Acho melhor você voltar agora. – disse Ignitus – Seus amigos devem estar preocupados.

 Ela percebeu que sua vista começava a escurecer. Antes de perder completamente a consciência, ainda pode ouvi-lo dizer

 -Esta não foi a última vez que ouviu falar de nós, criança. Ainda há grandes histórias a serem contadas pelo novo Chronicler. E seu tempo passará mais rápido que o meu, acredite.

 Então, tudo apagou novamente.

 Abriu os olhos devagar, a lembrança do que acontecera ainda queimando em sua mente. Logo percebeu que estava em seu quarto, e Nick e Lukas estavam sentados um em cada lado da cama, olhando para ela nitidamente preocupados.

 -Hey, o que houve? – perguntou o primeiro

 -Não foi nada. – tranquilizou-os, enquanto se sentava – Só uma mensagem do Ignitus.

 -Ignitus?! – exclamaram juntos

 -Exatamente. Mas acho melhor falar sobre isso depois. – um bocejo a interrompeu – Acho que não sou a única precisando de algumas horas de sono.

 -Tenha certeza que não. – o loiro deixou escapar enquanto se levantava e caminhava até a porta

 Nick ainda continuou no mesmo lugar. Passou uma mecha do cabelo que estava no rosto de Juno por trás da orelha dela.

 -Isso foi algum tipo de vingança por eu ter te deixado preocupada em Radiant Garden? – indagou, fazendo-a rir

 -Talvez. – sorriu

 Juno colocou a mão sobre a dele, que ainda estava em seu rosto. Não precisavam falar. Comunicavam-se por toques, sorrisos e olhares. Passaram-se alguns segundos até ele retirar sua mão. Levantou-se e desejou-lhe boa noite, saindo do quarto. Juno ainda ficou um tempo pensando em tudo o que acontecera, e então se deitou para finalmente descansar.

 -Deixa eu ver se entendi. – começou Sora, logo após ouvir o relato dos três jovens – Noite passada, vocês descobriram algum tipo de portal que os levou a um mundo de dragões, onde vocês se transformaram em um e ajudaram a destronar um Mestre da Escuridão?

 Os três se limitaram a assentir.

 -Mas como fizeram isso tudo em apenas algumas horas? – perguntou o rapaz de cabelos espetados, confuso

 -Ignitus me disse algo como ‘seu tempo passará mais rápido que o meu’. – comentou Juno – Talvez isso signifique que a passagem de tempo é diferente entre esses dois mundos.

 Sora ainda iria argumentar mais, mas se deteve quando o rei ergueu a mão, como que em um pedido para tal ação.

 -Sei que você ainda tem dúvidas, Sora. Mas acho que são as mesmas de todos aqui. – argumentou o camundongo – Não vou fingir que sei de tudo, pois desconhecia de tal dimensão. Mas, como o próprio Ignitus disse, por que limitar nosso pensamento? Somos a prova viva de que há bem mais do que se retêm nossas mentes, não é mesmo?

 O rapaz de cabelos castanhos se limitou a assentir, com um sorriso de canto. Talvez esse fosse para ser um mistério sobre o qual não obteriam solução tão cedo.

 -Acho que estão dispensados agora, garotos. – o rei retornou a falar, vendo a expressão cansada que estavam – Merecem um bom descanso depois de toda essa aventura.

 Concordaram sem hesitação, dando meia volta para sair da sala, pois realmente precisavam. Ao fechar a porta, Lukas chegou a comentar

 -Nossa, nunca fiquei tão cansado depois de uma viagem. Será que é outro efeito colateral?

 -Bem, se você parar para pensar, nós ficamos uns três dias seguidos sem comer ou dormir. – contestou Juno – Além de termos usado magia além do nosso limite normal. Acho que é normal estarmos assim.

 -Só sei que vou dormir dois dias inteiros. – disse Nick, bocejando

 -Duvido, aposto que vai ter uma nova missão nesse tempo. – provocou o loiro

 -Você não era o otimista do grupo? – rebateu o amigo, fazendo os outros dois rirem

 Ao ver uma cena tão normal, apreciada especialmente por causa dos dias anteriores, Juno não pode deixar de pensar no dia que conheceu eles, onde não sabia nada sobre keyblades, heartless e mundos a serem salvos. E, sem que soubesse o motivo, a lembrança da cidade do eterno crepúsculo ficou inquietantemente presente em sua mente.


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Notas finais do capítulo

Amém, o cap 11 tá postado o/ Sério, achei que nunca fosse terminar esse treco... Mas, sabe, no final valeu a pena, tem umas cenas bem legais nele *-*
E, para quem ficou curioso a respeito do que aconteceu com Spyro, Cynder e cia., vejam o vídeo final (http://www.youtube.com/watch?v=qYLKiiFX4Vg&feature=related) a partir de 5:06
Enfim
Bem, os mais atentos devem ter sacado qual será o próximo mundo. E cada vez mais nos aproximamos do final. Não sei se coloco T-T ou *-*, acho que tem de ser os dois. É tanta coisa entrelaçada com essa fic ~percebam o trocadilho super fail .-.~~
Sei que disse que talvez falasse mais aqui, mas não consigo. Então, bjss e até o próximo cap o//

P.S. Feliz dia do amigo para meus queridos leitores ^^