Estrela Cadente escrita por beatrizmiranda


Capítulo 3
Capítulo 3 - Escondendo verdades


Notas iniciais do capítulo

Heeey again!

Saudades de atualizar essa fic^^ Primeiro queria dizer que esse capítulo está especial porque consegui encaixar várias fotos ao longo do texto(estão em links - regra estúpida do Nyah).

E em segundo, queria fazer um pequeno desabafo: Eu entendo perfeitamente que meu leitores fiquem impacientes esperando os novos capítulos, mas preciso muito esclarecer um dos principais motivos da demora em Estrela Cadente. A fanfic é simplesmente difícil de escrever!

Mesmo com tempo de sobra, atualizar esse terceiro capítulo foi um SUPER desafio para mim porque:

— São NOVE personagens centrais cada um com suas personalidades e afinidades distintas.
— Há um enredo complexo de suspense.
— Preciso encaixar romance.
— Escrever tudo de um jeito que faça sentido pra vocês, sem que ninguém fique perdido no meio de um bando de personagens e ações.
— Procurar fotos de nove pessoas e fazer com que elas pareçam estar juntas quando não estão.
— Responder 70 reviews por capítulo e enviar mais de 20 trechos exclusivos.
— Sem contar crises de inspiração, responsabilidades na vida real e todo o resto capaz de atrapalhar, o pessoal que escreve sabe muito bem como é.

Enfiiim, é uma trabalheira danada hahaha Não que eu esteja reclamando! Eu AMOOOO escrever e sou apaixonada pelas minhas fics, apaixonada pelo Nyah e apaixonada pela troca que fazemos aqui Só que colocar um capítulo no ar pode levar tempo e eu só queria que todos soubessem que se eu demoro é porque estou tentando fazer o meu MELHOR.

Eu poderia escrever um capítulo por semana, mas a fic não teria uma boa qualidade. Eu escrevo e reescrevo tudo várias e várias vezes, até que eu tenha certeza que era aquilo que eu queria passar pra vocês. Sabe por que eu me cobro tanto? Por que tento ser tão perfeccionista? Porque vocês são foda! São os melhores leitores do mundo! Me enchem de reviews, recomendações, mensagens e muitooo carinho!

E poxa, acho que fazer o meu melhor na hora de escrever é o mínimo que eu posso fazer para retribuir.

Então como sempre, MUITO OBRIGADA!
Amo vocês.



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Capítulo 3 - Escondendo Verdades

Ryan Butler resmungou quando sentiu uma contração forte se instalar na musculatura de seu braço. Mais uma caimbra! Resultado óbvio das remadas repetitivas que o estavam deixando esgotado. Ele tentou ignorar a dor, a motivação de pisar em terra firme no momento era muito maior.

No bote laranja circular o silêncio imperava. Os soluços e choros haviam cessado, todos pareciam imersos numa atmosfera pesada, o som das ondas se chocando contra a frágil embarcação fazia tudo parecer ainda pior.

O céu azul escuro estava dando lugar à uma alvorada arroxeada, o dia estava amanhecendo devagar. Sem parar de remar Ryan olhou para cima, ainda nenhum sinal do resgate. Desviou os olhos azuis para frente e observou curioso a ilha ao longe, um aglomerado verde e gigantesco. Agora com o céu mais claro, ele percebeu algo incomum, uma coluna cinzenta parecia subir bem em cima da ilha.

- Aquilo é fumaça? - perguntou Ryan e estranhou o som da própria voz seca depois de tanto tempo em silêncio.

- Acho que sim - respondeu Justin estreitando os olhos na direção que Ryan apontara.

- Será que é uma vila ou algo assim? - perguntou Selena esperançosa, ela havia passado a noite em claro deitada tentando em vão controlar a dor da perna quebrada.

- Espero que sim - disse Demi.

- Talvez eles tenham um telefone - sugeriu Miley.

- Pouco provável - concluiu Chaz.

- Um barco já seria bom - disse Taylor - Poderia nos levar até um local com telefone.

Apesar de toda a expectativa do grupo, a realidade estava cada vez mais decepcionante. Conforme se aproximavam do local, ficou claro que ali não havia nenhum sinal de civilização, a não ser é claro pela fonte do fogo. Uma das turbinas do avião estava jogada na areia enquanto chamas altas derretiam e deformavam sua estrutura.

Demi ficou desapontada quando conseguiu identificar a cena, ela estava prestes a fazer um comentário para o grupo quando foi surpreendida pelo grito agudo de Miley:

- Ai! Queimei minha mão! - disse Miley enquanto largava bruscamente o pedaço de metal que estava usando como remo.

- Como assim queimou sua mão? - perguntou Sean confuso.

- A água! Está quente! - disse Miley alarmada.

- Você está exagerando - disse Ryan e mergulhou o dedo na água, logo em seguida soltou um palavrão alto.

- O que tá acontecendo? - perguntou Justin depois que sentiu a temperatura alta se propagar no pedaço da fuselagem que ele usava para remar.

- Ah não - disse Sean aflito - Eu acho que já sei o que está acontecendo. Estamos no meio do oceano pacífico, o círculo de fogo.

- Tradução por favor? - exigiu Miley tensa.

- Vulcões? - perguntou Demi.

- Não exatamente - disse Sean apreensivo - Acho que estamos passando por cima de uma fenda subterrânea, normalmente elas liberam gases quentes, muito quentes, por isso a água está desse jeito.

- Tirem os remos da água então! - falou Justin por reflexo.

- Ah é? E devemos ficar parados boiando em cima da água quente até quando? - perguntou Miley amedrontada enquanto observava as bolhas que se formavam na água fervendo.

- Justin, não podemos ficar parados aqui - disse Taylor preocupada.

- Ah não, ah não, ah não - resmungou Sean sacudindo a cabeça enquanto olhava para o fundo do bote.

O grupo seguiu o olhar dele e viu a pequena poça de água que começava a se formar bem no centro da embarcação. A alta temperatura estava provocando minúsculos furos no fundo do bote e logo a água o encheria. Se surgisse um furo nas bordas infláveis, seriam o fim, o bote murcharia rapidamente e todos caíriam na água fervendo.

- Ok, sem pânico - disse Justin tentando raciocinar.

- Sem pânico?! Vamos ser cozidos vivos aqui! - choramingou Miley.

- Precisamos nos afastar o máximo possível das bordas, se o centro ficar mais pesado, as bordas vão ter menos contato com a água e tem menos chance de furar - sugeriu Demi.

Todos se mexeram rapidamente em direção ao centro. Cole soltou um palavrão enquanto arrastava o corpo do irmão.

- Precisamos remar pra sair daqui e ao mesmo tempo tirar a água que está entrando para não afundarmos. Remem com cuidado - disse Justin.

- E com que balde você planeja tirar essa água fervendo espertão? - perguntou Miley nervosa.

Justin tirou um dos pés de seu tênis e o encheu com cuidado na poça que se formava, depois se inclinou até a borda e jogou a água fora. Ryan arrancou um dos seus sapatos e começou a fazer a mesma coisa, o resto do grupo remava rapidamente tentando sair da zona de perigo. A estratégia funcionou, logo estavam mais próximos da ilha e rodeados por água fresca.

Demi esboçou um sorriso de alívio, mais o engoliu rapidamente ao olhar para Cole. O garoto estava com o cabelo loiro desgranhado, o olhar desfocado perdido no horizonte, como se não fizesse muita diferença se morressem ou sobrevivessem, como se uma parte dele já estivesse mesmo morta.

- Tem alguém ali! - exclamou Taylor enquanto acenava para a praia.

- Acho que é uma das aeromoças - disse Chaz reconhecendo o uniforme.

A mulher acenou de volta e começou a pular na areia, parecia bem aliviada pela chegada do grupo. Não havia mais sinal de ninguém na praia. Alguns minutos depois ela os recebeu e ajudou a puxar o bote para a areia do litoral.

Ryan sentiu a areia sob os seus pés, finalmente estavam em terra firme, uma coisa a menos a se preocupar. Todos desembarcaram animados. Ele se juntou à Chaz e carregou Selena até a sombra de uma das palmeiras.

- Graças a Deus! Eu estava desesperada aqui sozinha! Achei que todos tinham morrido! - exclamou a aeromoça agitada, ela tinha um sotaque espanhol carregado.

- Não, nem todos morreram - respondeu Cole azedo.

Justin e Cole carregaram o corpo de Dylan e depois o cobriram com um pedaço de lona que estava abandonado na areia.

Chaz examinou a mulher, não se lembrava dela no vôo, mas estava tão animado antes com a viagem que era provável que não tivesse decorado suas feições. Ela tinha cabelos negros, lisos e compridos. Olhar marcante e um corpo bonito disfarçado no uniforme rasgado. Estava obviamente amedrontada, como o restante do grupo e parecia ter cerca de uns trinta anos.

- Qual é seu nome? - perguntou Chaz curioso.

- Maria - disse a aeromoça.

- Você é mexicana? - quis saber Miley.

- Minha mãe é - respondeu a moça confusa - Isso faz alguma diferença?

- Não - disse Justin - Você está sozinha?

- Estou. Eu acordei tem algumas horas, fiquei sentada aqui esperando algum sinal de resgate e nada. Até que vi o bote se aproximando - explicou ela.

- Se você acordou aqui, a parte da frente do avião deve estar bem perto - falou Chaz.

- Eu também acho, mas não tive coragem de entrar na ilha à noite, é meio assustador - disse ela sem graça.

- E agora? - perguntou Miley colocando as mãos na cintura - Você é a aeromoça, qual o procedimento de vocês?

- Eu estou meio desorientada, era minha primeira semana na compania.

- Ah que ótimo, estamos encalhados no meio do nada com uma aeromoça inútil - Miley bufou.

- Miley! - repreendeu Taylor - Todos estamos bem confusos aqui, para com isso.

- Acho que devíamos ir procurar o que sobrou do avião, talvez tenha mais gente, talvez alguém esteja precisando de ajuda - disse Justin.

- Eu vou com você - disse Chaz.

- Eu também - disseram Taylor e Demi ao mesmo tempo.

- Ok. Maria você podia adicionar umas folhas lá perto da turbina pro fogo não apagar, do jeito que ele está pode ser visto à distância e fica mais fácil do resgate nos encontrar - disse Justin.

- Vou fazer isso - respondeu Maria.

Demi se aproximou de Selena, a amiga estava sentada encostada em uma das palmeiras que margeavam a praia. O joelho dela parecia ainda mais inchado do que no dia anterior.

- Nós vamos tentar encontrar o resto do avião, deve estar aqui perto, não vai demorar - disse Demi.

- Ok - falou Selena e forçou um sorriso.

- Vai ficar tudo bem - disse Demi.

- É, eu sei - falou a garota embora não estivesse muito convencida.

Chaz, Justin, Demi e Taylor começaram a caminhar devagar, logo a areia se transformou em uma terra de coloração escura e a vegetação ficou cada vez mais densa. Taylor estava nervosa, dava passos rápidos e curtos tentando se manter o mais próxima possível do grupo. Justin parou alguns metros a frente,parecia estar examinando um pedaço de metal.

Taylor parou também e esticou a mão em direção a uma das plantas tropicais próximas com curiosidade. Estava tão distraída que demorou a perceber uma gota vermelha que caiu em sua pele branca. Ela olhou para a mão enojada e virou o rosto para cima, outra gota pingou em sua bochecha. Alguns metros acima, preso na árvore estava a cabine do piloto completamente amassada. Um homem estava pendurado em um dos galhos, seu rosto massacrado estava irreconhecível e pelas pontas de seus dedos longos o sangue escorria em pequenas gotas. Taylor gritou, alto e claro, enquanto esfregava o rosto tentando limpar a gota.

O resto do grupo olhou para cima assustado. Não houve gritos, mas depois de alguns segundo encarando o homem Demi ficou completamente nauseada e deu vários passos para trás.

- É um dos seguranças - disse Justin reconhecendo o terno - Havia mais um.

- O piloto e o co-piloto também devem estar ali em cima - falou Chaz.

- Temos que subir - disse Justin convicto.

- Não! Por quê? - perguntou Taylor horrorizada, agora ela parecia incapaz de olhar pra cima.

- Porque não sabemos se estão todos mortos - disse Justin.

- Alguém está ouvindo?! Piloto! Piloto! - gritou Demi sem obter resposta.

- Pronto, vamos embora, ninguém respondeu - disse Taylor amedrontada.

- Ainda assim precisamos subir - disse Chaz - Tem rádios na cabine, talvez possamos entrar em contato com alguém ou pegar alguma coisa útil.

- Ok - disse Taylor conformada, mas ainda com medo em seus olhos.

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O sol da manhã iluminava com força o litoral da ilha, as cores pareciam mais vívidas e brilhantes. Miley sentiu a areia incômoda entrar por seus sapatos Prada enquanto caminhava. Escolheu um ponto afastado da fumaça irritante da turbina, e sentou na areia.

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Deu uma olhada rápida para atrás como pra se certificar que ninguém estava procurando por ela e em seguida tirou o sapato e a camiseta. Ficando apenas com o top preto e a calça jeans justa. Se deitou na areia de olhos fechados, quando fosse resgatada, pelo menos estaria linda e super bronzeada.

Sean riu enquanto observava a cena. Ele e a aeromoça Maria carregavam folhas de palmeiras em direção a turbina em chamas, para alimentar o fogo e a fumaça que poderia atrair ajuda.

FOTO: http://i193.photobucket.com/albums/z235/biazinhaaa/estrelacadente/05.jpg

- O que ela pensa que está fazendo? - perguntou Sean ainda rindo.

- Parece que a Hanna Montana está tirando férias no Caribe - resmungou Cole com ódio enquanto passava pelo grupo.

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Chaz foi o primeiro a subir na árvore, logo depois fez sinal para que Justin o acompanhasse. Demi e Taylor ficaram no chão, observando nervosas cada vez que os galhos instáveis sacodiam a cabine, que parecia prestes a cair no chão.

Justin entrou na estrutura de metal, tudo estava inclinado para o lado direito e parecia extremamente fora de lugar. Além do segurança ensagüentado, que estava pendurado nos galhos, havia outro dentro da cabine. Estava nitidamente morto também, o rosto branco e o olhar vidrado no vazio.

Ele se aproximou das duas cadeiras diante do enorme painel de controle. Podia ver o topo da cabeça do piloto e co-piloto, dois quepes idênticos. Seu coração disparou, não queria mais ver gente morta, já tinha tido o suficiente de visões desagradáveis pelo resto de sua vida. Esticou a mão trêmula para a cadeira do co-piloto e a girou num movimento rápido. O co-piloto estava morto! O rosto contraído e a boca escancarada, um grito de desespero eternizado. Justin sentiu suas pernas amolecerem, sua pressão baixando abruptamente com o susto. A voz de Chaz o trouxe de volta a realidade.

- Justin! O piloto está vivo! - falou Chaz apontando para a outra cadeira que ele mesmo havia acabado de girar.

O piloto respirava vagorosamente, de um jeito quase imperceptível, seus olhos perfeitamente em orbitas reconheceram os rostos a sua frente. No entanto, ele era incapaz de se mexer, um enorme pedaço de vidro estava cravado de ponta a ponta em seu peito, uma poça de sangue se acumulava em seu colo.

- Vamos te ajudar! - disse Chaz nervoso procurando algo ao redor.

- Não - disse o homem em tom de súplica.

- Vai ficar tudo bem, o senhor vai ficar bem - disse Justin.

- Não - repetiu o piloto dessa vez em tom mais firme - Me escutem meninos, é tarde demais, não tenho muito tempo.

- O resgate já deve estar chegando - falou Chaz ignorando o que ele havia dito.

- Não está.

Justin e Chaz se entreolharam confusos, o silêncio momentâneo deu abertura para que o piloto continuasse a falar, uma caixa preta humana narrando tudo que havia acontecido:

- A culpa é minha! O vôo estava correndo bem, eu estava seguindo a rota tradicional em direção à Austrália, ela é longa porque desvia de muitas zonas instáveis, então eu tomei uma decisão e estraguei tudo. - disse o homem com a voz pausada, cada palavra parecia um esforço enorme -  Resolvi me afastar da rota e pegar um caminho mais rápido, queria chegar antes do previsto no aeroporto, impressionar a empresa, mas tudo deu errado. Nos afastamos da rota e os instrumentos enlouqueceram, todos pararam de funcionar corretamente, muita interferência. Então, o avião perdeu o controle, como se algo o puxasse pra baixo, eu tentei de tudo pra estabiliza-lo e não consegui.

- Mas o resgate vai nos achar! - disse Chaz.

- Você não entendeu?! Eu não avisei a torre que fiz o desvio, estamos muitas milhas fora da nossa rota - disse o homem agonizando, as palavras saiam com dificuldade - Eles... estão procurando... no lugar errado...  jamais vão encontrar vocês.

Então o piloto emudeceu, um espasmo rápido percorreu seu corpo, ele balbuciou algo inaudível e fechou os olhos para sempre.

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Selena descansava na sombra, sentia que sua pele clara seria capaz de protestar em poucas horas por causa do sol forte. Estava encostada numa palmeira, as pernas estendidas, uma perfeitamente saudável e a outra torcida e inchada. A dor era constante, mas se fosse somente isso ela poderia aguentar, o pior era se sentir impotente, queria ajudar de alguma forma e tinha que ficar ali sentada e inútil. Ela fechou os olhos com irritação.

- Oi - disse uma voz se aproximando dela.

- Ah oi - disse ela após abrir os olhos e reconhecer um dos amigos de Justin.

- Acho que eu não te disse, meu nome é Ryan - falou ele e se sentou ao lado dela na areia.

- Ryan - disse ela meio tímida - Eu sou Selena.

- Eu sei - falou ele sorrindo - Como está a perna?

- Já esteve melhor...

- Não se preocupe. Tenho certeza que depois de um ortopedista você vai sair sapateando por aí.

- Espero que sim - falou ela pensativa, a idéia de ficar com alguma sequela daquele acidente a assustava. 

Selena olhou para o mar a sua frente, o barulho era agradável, as ondas batendo vagorosamente na praia, era a primeira vez que prestava atenção na praia de verdade. Ela percebeu que os olhos azuis de Ryan estavam discretamente focados nela, tinha consciencia que deveria estar um desastre total com os cabelos voando pra todos os lados, os olhos vermelhos e a roupa arruinada.

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- O que foi? - perguntou ela se virando e encarando os olhos azuis de Ryan.

- Nada - disse Ryan desviando o olhar - Só estou pensando, besteira.

A garota não respondeu, apenas colocou a mão em cima da perna e fez uma careta de dor enquanto tentava se acomodar melhor na areia.

- Queria poder ajudar - disse ele olhando pro joelho dela.

- Tudo bem, você tá sendo um bom enfermeiro - respondeu ela.

- Mas eu não fiz nada - disse ele rindo.

- Você é daquele tipo de enfermeiro que só traz a gelatina e conversa, sabe?

- Ah sim - disse Ryan se levantando.

- Onde você vai? - perguntou Selena curiosa.

- Procurar sua gelatina.

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- Meninos?! O que tá acontecendo aí em cima?! - gritou Demi preocupada.

Ela e Taylor esperavam próximas a árvore, e tinham certeza que Justin e Chaz estavam conversando dentro do que sobrara da cabine do piloto, as vozes estavam alteradas e nervosas.

- Tem alguém vivo? - perguntou Taylor.

- Não! Já vamos descer! - respondeu Chaz.

Depois de alguns minutos os garotos desceram com cuidado. Justin tinha uma mochila nas costas e Chaz trazia uma pequena maleta branca com uma cruz vermelha.

- Kit de primeiros socorros? - perguntou Taylor animada pensado em Selena.

- Sim, mas a maioria é para curativos - respondeu Chaz cabisbaixo.

- Acho que isso não vai adiantar muito - disse Taylor.

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- O que tem na mochila? - perguntou Demi e estendeu as mãos para abrir o zíper nas costas de Justin.

- Não, não! - exclamou ele rápido e recuou do toque dela parecendo irritado.

- Você está escondendo alguma coisa nessa mochila Justin? - perguntou Taylor desconfiada.

- Não estou escondendo nada - disse ele mal humorado - Só peguei o rádio e alguns equipamentos. É que não temos tempo pra isso agora. Eu quero voltar pra praia, estou preocupado com a Selena.

Justin começou a caminhar rapidamente quebrando os galhos para facilitar a trilha do grupo. Chaz estava ao seu lado e parecia pensativo. Demi começou a caminhar mais devagar, estava magoada e não sabia bem porque, só o que sabia é que queria se afastar de Justin, pelo menos por um tempo.

Chaz olhou para trás e viu que as garotas estavam a uma boa distância dele e de Justin, não escutariam a conversa, então ele cochichou baixo para Justin:

- Taylor está desconfiada sobre a mochila.

- Eu sei - disse ele preocupado - Eu vou esconder o que pegamos o mais rápido possível, então se alguém quiser olhar a mochila só vai encontrar rádios e equipamentos.

Mais alguns minutos se passaram, Chaz olhou para trás novamente e viu que as garotas ainda estavam numa distância segura. Então ele puxou assunto mais uma vez em um tom baixo:

- Ainda está decidido a não contar nada que o piloto nos disse?

- Não, vamos dizer que já o encontramos morto.

- Isso não é uma boa idéia Justin - alertou Chaz.

- Não posso dizer a eles a verdade, simplesmente não posso - disse Justin amargurado como se carregasse um fardo pesado - Não posso chegar na praia e dizer que o resgate está procurando pela gente no lugar errado, que jamais seremos resgatados.

- Justin, não podemos esconder a verdade desse jeito - falou Chaz preocupado.

- Podemos sim - falou Justin buscando forças em algum lugar dentro de si - A esperança é uma coisa extremamente perigosa de se perder e eu não vou deixar isso acontecer, não se eu puder evitar.

Finalmente haviam voltado para a praia, mas a trilha da volta os havia levado para um lugar diferente de onde haviam começado. Seguiram a fumaça da turbina enquanto caminhavam pelo litoral e conseguiram retornar para perto do grupo.

- Acharam a cabine? A equipe está bem? - perguntou a aeromoça com os grandes olhos negros aflitos.

- Conseguiram pedir socorro? - perguntou Sean ansioso se aproximando deles.

- O Chaz explica, eu vou ali... tirar a água do joelho - falou Justin tentando parecer casual e entrou na mata próxima do litoral.

Ele não caminhou muito, não podia esconder o que queria muito longe da praia. Procurou um local fácil de memorizar, encontrou uma palmeira longa que se dobrava na metade, bem diferente das demais.

Justin cavou rápido um buraco próximo a árvore e guardou com cuidado o que ele queria esconder. Cobriu tudo com terra e olhou ao redor, ninguém havia visto, tudo estava seguro. Ele voltou para a praia tentando não parecer suspeito.

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Ryan estava com fome e com sede. Ele olhou a redor e avistou um dos coqueiros, parecia ser a única solução no momento, então começou a arrancar os cocos com determinação. Sua técnica consistia basicamente em sacudir a árvore e desviar dos cocos que caíam com baques secos na areia.

Enquanto trabalhava ele podia ouvir a risada de Selena, ele devia estar parecendo um idiota correndo em volta da árvore. Uma nova risada se juntou a antiga e ele levantou a cabeça surpreso, era Taylor, não havia reparado que ela, Chaz, Demi e Justin haviam voltado.

Maria, Sean e Miley estavam aglomerados ao redor de Justin e Chaz. Ryan se aproximou para poder ouvir o que eles diziam:

- Já estavam todos mortos, não pudemos realmente fazer nada. Então trouxemos a caixa de primeiros socorros e algumas coisas que achamos que pudessem ser úteis - disse Chaz.

Ele estendeu a mão para a mochila que Justin segurava, confiante de que ele havia conseguido esconder o que precisavam. Justin deu a mochila para ele e quando o ziper foi aberto todos encararam com curiosidade os equipamentos.

- Esse é o rádio - disse Chaz pegando um aparelho que se parecia muito com um celular grande e antiquado - Estava sem sinal quando tentamos usa-lo e também com pouca bateria, então desligamos ele.

- Será que aqui na praia tem sinal? - perguntou Ryan.

Chaz apertou o botão para ligar o aparelho, Justin segurou a respiração enquanto, sabia muito bem que um contato pelo rádio era a única esperança deles, a única forma de fazer o grupo de resgate expandir a área de busca para as regiões de interferência onde o piloto não deveria estar. Então houve um bipe alto, Miley se sobressaltou assustada.

- Merda! Sem sinal! - disse Chaz com raiva.

- Tudo bem. Não precisamos desse rádio - disse Taylor sorrindo tentando apaziguar os ânimos.

- Presisamos sim - pensou Justin.

- Eles estão procurando por nós... - continuou ela.

- No lugar errado - completou Justin em pensamento.

- Logo vão nos achar - disse Taylor otimista.

- Estamos fodidos, completamento fodidos - pensou Justin enquanto forçava um sorriso amarelo.

Justin olhou para Chaz, sua boca tremia de raiva, ele parecia prestes a chorar. Precisava desviar a atenção do grupo pra que não percebessem. Olhou ao redor e derepente deu por falta de Cole.

- Cadê o Sprouse? - perguntou ele.

- Ele sumiu mesmo - respondeu Ryan.

- Ele precisa ficar um tempo sozinho - falou Taylor - Muita coisa pra digerir.

- Alguém tentou conversar com ele?

- E ele deixa? Só falta bater em todo mundo que vai falar com ele! - respondeu Ryan mal humorado.

- Ele está sofrendo Ryan. Não temos idéia do que ele está sentindo - falou Taylor.

- O que devemos fazer com o Dylan? Enterra-lo? - perguntou Sean com a voz séria.

- Acho que isso é uma decisão que só o Cole pode tomar - respondeu Justin cabisbaixo.

- Algum sucesso com isso aí? - perguntou Sean apontando para o coco na mão de Ryan - Estou morrendo de sede.

- Deixa comigo - disse Taylor pegando o coco das mãos do garoto e sorrindo - Eu sou quase uma especialista nisso!

- Desde quando? - perguntou Sean rindo.

- Eu sempre passava as férias na praia com o meu pai, ele me ensinou.

Taylor pegou o coco e foi até uma pedra pontiaguda que estava no chão, bateu o coco contra a pedra três vezes e logo havia um orifício grande o suficiente para que se pudesse beber a água. Ela tomou um gole e passou o coco para Ryan, em seguida começou a fazer o mesmo com outros cocos.

- Uau! Quem diria hein shawty? Essa carinha de boneca escondendo uma perita em sobrevivência - brincou Sean.

Ryan pegou o coco que Taylor havia estendido pra ele, tomou um gole da água. Ela desceu quente, mas doce e agradável. A sede se suavizou, e ele correu em direção a palmeira onde Selena estava encostada.

- Você não tinha ido buscar gelatina? - perguntou ela ao ver o garoto se aproximar com o coco.

- Estava em falta - disse ele rindo.

Ela riu também e pegou o coco satisfeita, Ryan ficou de pé a encarando com um sorriso no rosto. Justin se aproximou deles, seu rosto estava carregado e triste, mas quando ele se agachou ao lado de Selena, deu um sorriso para ela e disse:

- Como você está?

- Mais hidratada eu diria - falou ela sorrindo e corando um pouco.

- Trouxe a solução dos seus problemas - anunciou ele.

- Ah é? - perguntou ela curiosa.

- ASPIRINA! Acho que vi algo na bula sobre efeitos colaterais capazes de colocar ossos deslocados no lugar! - brincou ele - É um remédio realmente incrível!

- Isso não é engraçado Justin - falou ela preocupada, mas ainda sorrindo.

- Então pare de rir.

- Bom, agora que o médico chegou, acho que o enfermeiro que só traz a gelatina já pode ser dispensado - anunciou Ryan com um tom esquisito.

Selena observou o garoto se afastar sem entender muito a atitude dele. Queria se levantar, conversar com os outros, tentar ajudar, mas não podia fazer nada, mal podia mexer a perna. Olhou para Justin, agora havia definitivamente parado de sorrir.

- Estou com medo - falou ela simplesmente, suas defesas caindo por terra.

- Não há motivo pra ter medo - mentiu Justin - Logo você vai ser atendida pelo melhor médico de Los Angeles, tenho certeza.

- Se você diz... - falou ela cabisbaixa.

- Tome a aspirina por enquanto - disse Justin colocando a cartela na palma da mão dela e ao mesmo tempo segurando os dedos dela com carinho - E deixe que eu me preocupo em arrumar um jeito de tirar todos nós daqui.

Justin foi ajudar Ryan a pegar mais cocos, Demi aproveitou que o garoto havia se afastado para sentar ao lado da amiga. Ela segurou a mão de Selena e ela encostou a cabeça em seu ombro.

Selena se sentiu imediatamente mais segura, era esse o efeito Lovato. Demi era diferente dela, mais forte, cheia de opiniões polêmicas e de sonhos extremos, Selena a admirava demais, nunca haveriam duas como ela. E ali, naquele ambiente caótico e surreal, Demi fazia parecer que estavam sentadas na sombra de Malibu, apenas curtindo o dia.

A amizade delas era forte e a briga que haviam tido há alguns meses estava morta e enterrada, haviam prometido não tocar mais nesse assunto. 

- Você acha que eles ainda vão demorar muito? - perguntou Selena obviamente se referindo ao resgate.

- Não sei - disse ela com o tom neutro, não queria deixar a amiga preocupada.

FOTO: http://i193.photobucket.com/albums/z235/biazinhaaa/estrelacadente/08.jpg

Demi pensou em sua família. Quanta dor estariam sentido? Sem notícias, sem saber que ela estava bem. Pensou em todos os amigos que gostava, nos fãs, na sua carreira, pensou em Joe. Será que o veria de novo? Tudo havia sido bruscamente interrompido, tudo havia mudado. Cenas do acidente voltaram em sua mente, o avião partindo, a queda, a falta de ar, Justin, o bote, Chaz tentando reanimar o corpo sem vida de Dylan, a visão da turbina em chamas na praia, o olhar cruel de Cole, Justin gritando com ela na floresta... E as lágrimas vieram, silenciosas, mas incontroláveis.

- Não chore - pediu Selena apertando a mão dela - Você sabe que vai me fazer chorar também.

Demi não respondeu, mas secou as lágrimas na manga da blusa e respirou fundo, não queria deixar a amiga preocupad. Selena voltou a falar:

- Você devia conversar com o Justin, ele está otimista, fez eu me sentir bem melhor.

- Acho que é um tratamento especial destinado a você - falou Demi com a voz fraca, já tinha quase certeza que a quedinha de Selena por Justin era correspondida.

- Não creio. Ele é assim com todos, ele é bom. Carater, sabe? Um cara de caracter.

- Não tenho ainda uma opinião formada sobre ele, ok? - falou Demi meio irritada.

- Demi, ele salvou sua vida - disse Selena séria e isso pareceu encerrar o assunto.

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Joe Jonas coçou os olhos vermelhos tentando se manter acordado, enquanto endireitava o corpo na poltrona de couro. À sua frente, Nick dormia silenciosamente. O rosto dele estava sereno e Joe podia jurar que se não fosse o terno Armani e a imensa cama do hotel de luxo poderia ser o mesmo Nick de anos atrás, seu pequeno irmão caçula.

Kevin surgiu atrás da poltrona, um barulho metálico repetitivo, era a colher com que ele mexia distraídamente o café que entregou para o irmão. Joe tomou um gole do líquido quente, foi reconfortante, mas não o suficiente.

FOTO: http://i193.photobucket.com/albums/z235/biazinhaaa/estrelacadente/09.jpg

- Eu ainda não acredito que isso esteja acontecendo - disse Joe.

- Vão encontrá-los cara, eu sei que vão. Eles devem ter pousado em alguma ilha pouco habitada e logo darão notícias.

- Já fazem horas Kev! Ainda era dia quando o produtor do evento ligou e disse que não podíamos pegar o nosso voo pra Austrália por causa do sumisso do vôo deles.

- O evento está suspenso temporariamente. Nós vamos tocar juntos com eles de novo, todos nós - disse Kevin confiante.

- Você não sabe disso - falou Joe amargurado, pensar naquelas possíveis perdas doía, pensar em Demi doía.

- Ela vai cantar com a gente - falou Kevin adivinhando a preocupação do irmão.

Joe enfiou o rosto nas mãos, lágrimas quentes rolaram de seus olhos. Tantas vidas perdidas, pessoas que ele gostava, algumas que ele talvez até amasse. Pensou em Demi, em tudo que havia se arrependido de ter dito e agora não havia nada a ser feito, não havia como desfazer ou voltar atrás. Não queria perde-la, não daquele jeito, não sem ter se desculpado. Sentiu a mão de Kevin apoiada em seu ombro, a voz dele saiu emocionada e firme:

- Ela vai cantar com a gente - repetiu Kevin - Joe, é uma promessa, eu não quebro promessas.

Na janela do Hotel um risco dourado cruzou o céu de Los Angeles rasgando a escuridão da noite até morrer no horizonte, uma estrela cadente, daquelas que jamais aparecem por acaso.

FOTO: http://i193.photobucket.com/albums/z235/biazinhaaa/estrelacadente/10.jpg


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~~ NO PRÓXIMO CAPÍTULO: A noite tem olhos macabros. Um brechó náufrago de quinta categoria. Sete palmos não é fácil. Justin usa seu francês. Miley aprende a cair. E o que estava na mochila e foi enterrado é revelado.

~~ QUE LER UM TRECHO EXCLUSIVO DO PRÓXIMO CAPÍTULO? Basta fazer uma recomendação pra essa fanfic ; )
- Uma recomendação = Todos os trechos exclusivos até o final da fanfic.
- Quem já mandou uma vez, não precisa mandar novamente para receber outro trecho (claro que recomendações são sempre bem vindas^^)
- Trechos enviados por mensagem privada.

OBS: Pra quem não sabe como recomendar é bem fácil:

Nessa mesma página, mais pra cima, há uma coluna na direita com o título "Opções da História", lá basta clicar em "Recomendar esta história" e escrever sua recomendação^^

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Notas finais do capítulo

NOTINHAS IMPORTANTES:

* ENQUETE CURIOSA: Quando vocês deixam uma review por aqui, voltam para ler a resposta???

* Algumas pessoas me perguntaram sobre a minha outra fanfic! Então aí vai para facilitar: Se chama A Pessoa Errada, já está completa e é a fic mais lida do Nyah na categoria Justin Bieber Quem quiser conferir: http://www.fanfiction.com.br/historia/82001/A_Pessoa_Errada

* Desculpem eventuais errinhos, esse capítulo ainda não foi betado^^