CAPÍTULO  1: O PRIMEIRO DIA DA NOVA VIDA

Camarão, camarão, camarão com pão, camarão, camarão diz o mexilhão, camarão, camarão, camarão com pãããão...

  --PERCYYYY, DESLIGA ESSA MERDA!!!—gritei, embora ele estivesse na parte de baixo da beliche (eu tive que brigar muito pela proeza de ficar em cima) {da beliche, ta, gente?}

  --Torça para as garotas já estarem acordadas, senão elas viram o bicho...—disse Chris ao meu lado.

  --Ninguém vai terminar comigo mesmo...—eu disse desanimado—Eu te passo “Back in Black” ou “Rock and roll all night” se você quiser, Percy. Não precisa ficar com esse toque de menininha.

  --Se eu soubesse que você acordava com esse mau humor todo, não teria te chamado para morar aqui com a gente.

  --Você não teria escolha de qualquer maneira, “cabeça-de-alga”—disse a última parte em tom meloso, e apertei a bochecha do Percy—o banheiro é meu—acrescentei com aquele olhar {ai,ai} que só os filhos de Hades sabem dar

  Eu subi a escada desanimado. Mais um primeiro dia na escola. Para a minha felicidade, era o primeiro dia de todo mundo. Eu já ia abrir a porta do banheiro quando ouço alguém gritando:

  -- Nico di Ângelo—era a Clarisse. Ô meu paizinho, reserva um lugar para mim que hoje eu chego aí...—Você ia entrar no banheiro com a Annabeth dentro?!

  --Como é que é?—grita Percy lá do quarto.

  Todo mundo nessa casa só sabe gritar? É nosso primeiro dia aqui e os vizinhos já devem estar querendo expulsar a gente.

  --Nico?—o Chris correu para lá. Ô Discórdia, vê se larga do meu pé!

  --O que foi? –perguntou Annabeth saindo do banheiro. Os quatro se posicionaram na minha frente, como se fossem uma turma de bad boys.

  -- O tarado do Nico ia entrar no banheiro com você dentro!—acusou Percy, e Annabeth me olhou me esperando desmentir.

  --Desculpe, Annabeth. Eu estava sonolento e...

  --Essa desculpa de ser sonâmbulo não pega—disse Percy, que ao que tudo indicava, se posicionava para me bater.

  --E Annabeth- não percebi que você agora tinha cérebro de camarão—todos riram, menos, é claro, o cérebro de camarão—não percebi que o banheiro estava ocupado, pois achava que eu era o primeiro a acordar, então não me preocupei em bater na porta.

  --Eu te desculpo, Nico. É claro que nenhum de nós realmente acreditou que você ia fazer isso, né pessoal?—disse ela ficando do meu lado e encarando todos.

  --Claro que não...—responderam sem graça.

  --Bom, então quem é o próximo?—perguntou Annabeth

  --Eu—disse, correndo para dentro do banheiro e trancando a porta.

  --Percy, você realmente acreditou no que disse?—eu ouvi Annabeth sussurrando do lado de fora.

  --Sei lá, talvez o desespero tenha batido e ele esteja tentando roubar a namorada dos outros. Eu achei suspeito ele aceitar vir com a gente.

  --Eu confio no Nico—parece ser a única, disse eu do outro lado—e eu sei que ele não faria algo assim de propósito.

  --Agora você está defendendo ele?—disse Percy que, pelo que eu o conhecia, estava fazendo biquinho. E eu sabia que a Annabeth estava lhe dando um olhar de censura.

  Porque eu vim parar aqui, mesmo? Nosso primeiro dia aqui e já teve essa situação constrangedora... Quíron, eu te mato! Você finalmente vai conseguir morrer!

Flashback on

  Estávamos eu, Clarisse, Chris, Annabeth e Percy voltando do treino, e estávamos andando á toa quando o Chris se vira e me fala:

  --Nico, precisamos te contar uma coisa.

  Todos olharam para ele com aquela cara de “oquevocêestáfazendo?” e ele disse:

  --Uma hora ou outra a gente vai ter que acabar dizendo.—Eu parei de frente para os quatro, que formaram uma fila.

  --Vocês não vão fugir para casar em Las Vegas não, né?—disse eu brincando.

  --Vamos nos mudar para Nova York.

  --O quê?! Como vocês conseguiram?

  --Na verdade, estamos indo falar com Quíron agora.

  --Pra onde vocês vão?

  --Como vamos estudar todos na mesma faculdade, estamos pensando em nos mudar para a República—disse Annabeth.

  OK, vácuo total. Eles iam me deixar no acampamento com aquelas pessoas que têm medo de mim.

  --Então tá, boa sorte com o Quíron—disse eu, virando as costas. Eles nem precisavam olhar na minha cara para saber que eu estava desejando o oposto.

  --Nico!—gritou Clarisse me chamando.

  --Eu vou tingir algumas roupas—gritei por cima do ombro. Meia mentira. Eu ia, mas não agora. Nesse momento eu planejava fazer uma viagem pelas sombras (que, não contem pra ninguém, depois de um tempo de treino se tornaram bem menos cansativas) até um lugar que eu conhecia muito bem: a sala do Quíron. Eu sabia de um lugar entre uma estante e uma estátua que eu poderia me esconder muito bem, que a luz não pegava. Mas eu fui primeiro colocar a água para ferver e um pote de tinta á postos, para que caso alguém me procurasse eu pudesse fingir que estava fazendo algo decente. Eu fui para lá, e o Quíron estava sentado no tapete, fazendo um mapa do próximo caça à bandeira. Felizmente eu não esperei muito para ouvir o barulho de alguém batendo na porta.Ele se levantou e foi abrir. Ele se surpreendeu a ver os quatro na sua frente.

  --Quíron, precisamos falar com você—falou Annabeth assim que Quíron abriu a porta.

  --Quem morreu?—perguntou ele

  --Ninguém—responderam em uníssono.

  --Bem entrem e se sentem. Acho melhor eu fazer o mesmo...—Depois de todos acomodados, Quíron perguntou—O que vocês querem?

  -- Quíron, você sabe que somos os seus melhores campistas...—começou, com calma, Annabeth. Quíron levantou uma sobrancelha.

  --Queremos nos mudar para a República da faculdade—Percy jogou de uma vez a bomba, recebendo olhares raivosos dos amigos.

  --Não—disse Quíron imediatamente

  --Pense Quíron, por favor—implorou Clarisse. Quíron fez uma cara de pensativo, e passados cerca de 3 segundos, Quíron olhou para ele se disse:

   --Não

   --Mas nós somos seus melhores campistas...

   --Esse é um dos principais motivos. Tem mais. Dois casais meio sangues só ficam seguros no acampamento. Vocês vão ser um chamariz para monstro. E aí, ou eles morrem ou vocês dão um baita showzinho que a névoa mal vai dar conta de esconder.

  --Só isso?—pela pergunta sem noção nem preciso dizer que foi o Percy.

  --Não—era óbvio que ele não pretendia dizer o outro motivo.

  --Então a gente aluga uma casa, e os monstros só vão se dirigir à nossa casa, e a névoa vai encobrir tudo. E nem preciso dizer que vamos dar cabo de todos os monstros. E podemos dar conta de algumas ligações de celular—disse Annabeth

  --Uma casa de dois quartos está ótima—acrescentou Cris

  --Você vai pensar? Não tem como nós aprendermos mais aqui, precisamos ir para a faculdade—completou Percy.

  --Uma casa com dois quartos... —disse Quíron pensativo

  --A gente conseguiria pagar trabalhando—disse Clarisse

  Eu tenho quase certeza que eles não repararam, mas acho que o Quíron até pagaria. Mas, sendo da velha guarda, tinha dificuldade em deixar 2 casais de adolescentes com os hormônios à flor da pele morar em uma casa com 2 quartos.

  --Vocês não tem alguém que queiram chamar para morar com vocês, não?—disse Quíron—Que vocês podem estar deixando para trás? Vou dar para vocês um tempo para pensarem, depois tragam essa pessoa aqui. Agora podem ir.

  --Nós voltamos logo—disse Clarisse—sabemos quem chamar.

  Depois que Clarisse fechou a porta, Quíron se virou para onde eu estava escondido e disse:

  --Acho melhor você ir logo, eles vão te chamar. E arranje algo para você fingir que estava fazendo.

  --Obrigado—eu disse, ainda escondido.

  --Agradeça depois, vá!

  Eu saí rapidamente, voltando para a escuridão consoladora do meu chalé.Como citado anteriormente, já tinha preparado tudo para tingir, para caso alguém me chamasse não suspeitasse que eu estava fora. Ao ver eles se dirigirem ao chalé, sem tirar os olhos deles, abri a gaveta de blusas, e peguei a primeira do monte e joguei na água. Não corria riscos, pois somentes duas blusas minhas, por razões pessoais, não eram pretas. Sim, até as camisas alaranjadas do acampamento meio-sangue já passaram por essa etapa. Eles estavam quase chegando. Peguei um dos meus cadernos com a capa igual a do Death note e o lápis do lado dele e fingi que estava escrevendo. Passados cerca de 20 segundos, alguém bate a porta.

  --Fala você—disse Percy para Chris

  --Fala você—disse Chris para Percy

  Eu abri a porta e a Annabeth falou:

  --Nico, nós estávamos indo para a casa grande quando paramos e pensamos melhor.

  --Entrem, disse eu, saindo da frente.

Todos olharam para a Annabeth com aquela cara de “oquevoceestáfazendo”, ela respondeu com um olhar de “calemabocaemedeixemfalar”. Todos se sentaram na minha cama, e eu me apoiei na parede, na minha pose de Kay do Beyblade, e olhei para eles.

  --Escrevendo para o seu papai?—perguntou Clarisse, apontando para o caderno.

  --Haha—disse eu, sem humor nenhum na minha voz.

  --Elas desbotaram?—Perguntou Percy apontando para dentro da bacia em cima de um fogão de uma boca só (sim, meu pai me deu um fogãozinho só para eu tingir as roupas).

  --É só uma—eu respondi.

  Annabeth se levantou e foi olhar lá dentro.

  --Onde você aprendeu a...—ela parou naquela expressão, que depois mudou para choque. Quando eu olhei para dentro da bacia, vi a blusa azul bordada por ela mesma que ela me deu no meu último aniversário. Ainda me lembro dela dizendo que era para a minha vida “ficar mais azul”.—NICO DI ANGELO!—todos olharam curiosos para ver o que tinha deixado Annabeth tão irritada.—VOCÊ TINGIU A BLUSA QUE EU BORDEI PARA VOCÊ?! EU LEVEI MAIS DE UMA SEMANA APRENDENDO A BORDAR, E LEVEI MAIS 3 DIAS BORDANDO O YIN YANG! COMO PÔDE?!—Clarisse segurou Annabeth, e é claro que ela não conseguiu se libertar para me bater, o que acredito eu, era sua maior vontade no momento.

  --Pô, Nico, eu sei que você achou que a gente ia te abandonar, mas precisava fazer isso com a Annabeth?—falou Clarisse, incrédula.

  --Eu...-comecei, mas não havia nada que eu pudesse dizer. A única maneira de convencer ele era dizer que eu andava viajando pelas sombras, e que eu não estava no chalé.

  --Não precisa inventar nenhuma desculpa!Você deu outro ataque emo só por que pensou que nós íamos te abandonar? Mas pensou errado!—disse Annabeth, agora mais calma-- A gente ia lá, mas mudamos de idéia e resolvemos alugar uma casa para você vir com a gente.. Mas já que você não quer ir tudo bem—ela virou as costas para mim e cruzou os braços, emburrada. Se virou novamente e, eu, achando que ela ia dizer algo relevante, me surpreendi ao vê-la dizer:--Belém, belém, nunca mais estou de bem até ano que vem.

  --O que?!—eu disse. Eu tentei olhar para ela, mas toda vez que eu me aproximava ela virava o rosto, É claro que não fui só eu que fiquei surpreso com a reação infantil da Annabeth.

  --Bom, Nico, você aceita morar com a gente?—disse Chris, tentando quebrar o clima ruim.

  --Vocês não iam para a república? Eu estou no ensino médio.

  --Mas o Quíron...—Clarisse tentou ser discreta ao dar uma cotovelada em Percy, e é claro que, sendo ela Clarisse, falhou miseravelmente. Ela ignorou Percy pondo as mãos nas costelas se curvando de dor e prendendo para não gritar, e começou:

  --O Quíron nunca deixaria a gente arriscar a vida dos nossos colegas. Decidimos alugar uma casa. Você vem com a gente?Você vai ter que contribuir com o aluguel.

  --E os móveis?

  --Vamos ver se o Quíron banca—falou Percy, finalmente dando uma dentro.—Vamos Annabeth—Percy puxou ela que, é claro, fingia que não me via.

Flashback (finalmente) off

Nem me perguntem como a Annabeth me desculpou.

Eu vesti um black jeans, uma camiseta preta, uma cacharrel preta e uma All Star adivinhem... preto. Bricadeira. Eu coloquei um do Ozzy Osbourne*. Coloquei gel na minha mão, espalhei e passei no meu cabelo (que ia até os ombros) {Eu a-do-ro homens com cabelo grande} e me olhei. Tirando a camada de lápis creon natural em meus olhos (sério que eu não passo maquiagem), eu acho que não chamaria atenção.

  Saí do banheiro e Clarisse, que era a próxima, me olhou e disse:

  --Vestido para matar, hein?

  Eu olhei para ela com aquela cara de “eunãoacreditoqueviisso” e ela se desculpou:

  --Não está mais aqui quem falou.—disse Clarisse entrando no banheiro.

  Quando eu cheguei na cozinha, Annabeth estava fazendo panquecas. Eu a ajudei fazendo um suco natural de pêssego, e nós sentamos enquanto esperávamos os outros para tomar café.

  --Animado?—perguntou ela

  --Minha cara de animado—respondi, apático (Vocês já devem ter reparado que eu me comunico por expressões).

  Como eu cortei o tempo que levou o preparo, logo todos estavam na cozinha, e começamos a tomar o café. As cadeiras estavam dispostas da seguinte maneira: Annabeth e Percy de uma lado, Clarisse e Chris do outro. E eu na cabeceira.

  --Quem sabe na escola o Nico arranje uma garota para sentar na outra ponta da mesa—disse Chris

  --No way*--eu disse imediatamente.

  --Você deveria seguir o exemplo do Justin Bieber –disse, é claro, Percy. Todos olhamos para ele com aquela cara tipo “hãn?” e ele explicou: I will never say never...—Ele foi interrompido por 4 tapas na sua “cabeça-de-alga”, que todos fizemos questão de dar.

  --Tirando a música idiota (sem ofensa às Bieberfans), o Percy tem razão. O amor é a mais imprevisível das coisas. É a única coisa que você não pode dizer “ desta água não beberei”.—disse ele olhando carinhosamente para a Clarisse, que retribuiu o olhar.

  --Gente, vocês esqueceram de dois pequenos detalhes. 1º- minha aparência não é das melhores. 2º SOU FILHO DO DEUS DO SUBMUNDO! Estou esperando por vocês no carro.

  Eu saí e fui escovar os dentes. Mentira. Eu fiquei ao lado da porta, por que eu sabia que eles iam comentar a minha reação.

  --O Nico tem que desencanar da aparência dele. Ele é bonito e muitas garotas vão achar o estilo bad boy dele legal.—disse Annabeth. Será que ela sabia que eu estava espionando? Por que, pra ser sincero...

  --Aham—concordou Clarisse.

  --Vai ficar com ele então—disse Percy. Ouvi alguém batendo em algo oco, provavelmente a cabeça do Percy.

  --Gente, acho uma boa idéia a gente parar de falar desse tipo de coisa na frente do Nico. Casal, esse tipo de coisa. Vamos deixar ele em paz.

  Eu ia sair, mas o barulho dos meus passos ia denunciar a minha presença. E não tinha sombra. Droga! Saí andando normalmente, e imaginei a cara de cada um ao perceber que eu tinha escutado.

  Escovei meus dentes e fui esperar no banco da frente do carro. Quando todos chegaram, Percy falou:

  --Nico, senta atrás.

  --E quem vai ficar na frente?

  --Eu

  --Eu

  --Annabeth—disseram Chris, Clarisse e Percy ao mesmo tempo.

  --Pode ir na frente Nico, eu não me importo. E você vai descer primeiro, mesmo.

Eu continuei do meu lugar e fechei a porta. No caminho da escola, Clarisse disse:

  --Nico, você está entrando no high school. Você sabe a quantidade de trotes que vai ter lá.Qualquer coisa é só avisar a gente.

  --Mas vocês não podem me defender de tudo. Pelo menos arminha de água eu vou levar. E nada de ameaças. Eu quero ser normal.

  --E é normal você apanhar?—disse Dean para Sam* Clarisse para Nico

  --É normal um garoto de 15 anos não ser...

  --Um mestre de luta?

  --Não exagera...

  Percy parou em frente a escola.

  --Boa sorte e um ótimo primeiro dia de aula—disse Chris

  --Idem

  --E lembre-se, qualquer coisa é só falar—disse Clarisse dando um soco na própria mão—ninguém com casaco de time é melhor que você.

  Eu me despedi de todos e saí em direção à escola.

·\t   *No way- nem pensar

·\t   *2 Era para ser um preto escrito chuck taylor em cursivas brancas, mas minha irmã me disse que o dela era falsificado, então achei esse a cara do Nico.

*3   *3 Em um episódia da quarta temporada de Supernatural, Dean diz isso para o Sam hehe

*