Consolo Infantil

- Florzinha, porque você tá chorando? – Justin me perguntou, ignorando os barulhos que James e Joan faziam.

- Nada, querido.

Justin é uma graça. Mil vezes mais educado e gentil que o primo dele, por sinal. Ele me pegou pela mão e puxou de volta para a casa – mansão. Eu ainda estava chorando, mas não de tristeza. De raiva. Eu fui idiota de cair na de James. Idiota. Galanteador barato. Imbecil.

Quando chegamos à sala, o pessoal ainda estava discutindo os alienígenas de Dorcas, e pararam quando cheguei.

- Lily? – Sirius perguntou, levantando para ir ajudar Justin a me carregar.

- Ela tá triste, porque eu mostrei a outra namorada do James...

Marlene levantou, parecendo mais sóbria.

- Como assim, outra namorada? O que ele fez? Vou pegar a cabeça dele e... Ai, depois que eu melhorar!

E correu para vomitar no banheiro. Justin olhou para nós, cada vez mais confuso.

- O que tá acontecendo? Eu fiz alguma coisa errada? Florzinha...

Eu parei por um instante de chorar. Minha tristeza e arrependimento se transformaram em ódio. Como ele pôde fazer isso com duas pessoas que gostam dele? Porque ele não só me traiu, como não ligou a mínima se o priminho dele ia ver.

- Vem cá, Justin. – e pus o menino no meu colo. – Você não fez nada de errado. Seu primo que fez. Tá bom? Você é um anjinho.

Ele desceu do meu colo, pegou a goles e entregou pra mim.

- Toma, brinca um pouco.

Dorcas e Emmeline se entreolharam.

- AAAAH, QUE GRAÇA DE MENINO!

E encheram o pobre coitado de abraços, beijos e apertões. Tadinho. Fiquei girando a goles nas mãos, enquanto Sirius e Remus iam ver o que James estava exatamente fazendo com Joan no quintal.

Escutei alguns gritos, e broncas, mas não reparei. Estava imersa no brilho vermelho artificial da bola. Justin chegou perto de mim, e escondeu o rosto no meu corpo, e então eu despertei. A porta da sala estava fechada, e Dorcas e Emmeline se encaravam no sofá, ao mesmo tempo constrangidas e preocupadas.

Olhei para elas, e parei para prestar atenção no mundo. Escutei uma discussão na parte da frente da casa, aparentemente entre os Potter e Joan. Pelo visto a Sra. Potter e o Sr. Potter tinham ficado realmente aborrecidos.

- E, por favor, Senhora, não volte mais aqui! – gritava a Senhora Potter.

E já ia perguntar a Emme e Dorcas o que tinha acontecido, quando a porta se escancarou, e Remus e Sirius literalmente jogaram James no chão.

- Idiota! Eu já bebi quinhentas vezes e nunca fiz merda nenhuma! E você avança um pouco na dose e começa a fazer besteira, James? – gritava Sirius. – Olha o que você fez com a Lily! Você viu? HEIN? EU TO FALANDO COM VOCÊ, SEU IDIOTA.

James estava tonto ainda, mas Remus (que, para minha total surpresa, estava tão furioso quando Sirius) pegou James pelo ombro, levantou e apontou a varinha para ele (contei que ele e Sirius são os únicos maiores da turma? Show.)

- Aguamenti!

James quase afogou quando a água atingiu com tudo a cara dele. Mais acordado, olhou para Sirius.

- O que?

- A LILY! OLHA PRA ELA. OLHA PRA ELA, VAI! TEM CORAGEM?

Ele me olhou de relance, e eia responder para Sirius, quando a porta abriu de novo, e os pais dele entraram. Eu nunca tinha visto a Senhora Potter daquele jeito. E o Senhor Potter tinha passado de "pai gostoso do meu namorado" para "pai super gostoso e irritado do meu ex – namorado".

Enquanto ela olhava para James, o rosto ficando cada vez mais vermelho, o Sr. Potter veio na minha direção, e pegou Justin no colo, dando ordens para a elfa doméstica deles levar o menino para um dos quartos de hóspedes do andar de cima, porque ele iria dormir ali. Depois, virou – se para Marlene, Emme e Dorcas e disse que elas também estavam convidadas a ficar lá, porque estava tarde demais e era perigoso sair por aí nessas horas.

Quando vi, James estava sentado no sofá, com a Senhora Potter roxa encarando – o. Sirius e Remus estavam atrás de mim, um de cada lado. E o Sr. Potter estava mandando os dois me levarem para cima, que depois ele e Sra. Potter iriam subir para falar conosco.

Meio inconscientemente, deixei Remus e Sirius me guiarem para cima. Quando cheguei no quarto que estava arrumado para mim, vi que Marlene, Emme e Dorcas estavam lá, e Justin estava vindo, de pijama azul claro, carregando um dragão de pelúcia nas mãos.

Sentei na cama macia, e Sirius começou a falar:

- Nós fomos até o quintal, Lily.

Olhei para ele.

- E?

- E que James estava parecendo um... Sei lá o que ele parecia! – Sirius falou, indignado. – Mas antes que a gente pudesse separar os dois de um jeito pacífico a Senhora Potter viu, e daí ferrou de vez.

Olhei para Marlene, que conhecia os Potter há mais tempo. Ela encolheu os ombros, se afastou um pouco para Sirius sentar do lado dela, e falou:

- Sabe, Lil, os pais do James têm uma noção muito grande de certo e errado. Acho que quando eles viram James não só bêbado, como se atracando com a vizinha, se sentiram no mínimo, envergonhados. Além do mais, eles perceberam que foi uma super sacanagem que James fez contigo. Por isso ficaram tão bravos.

-Mas eu vi vocês brigando com ele.

Remus limpou a garganta.

- Bom... Nós, hum, digamos que depois que os pais de James já tinham visto e perdido a cabeça, eu e Sirius decidimos ''chutar o balde'' para cima de James. Afinal de contas, sou seu melhor amigo.

E me olhou com aquela cara de "sou, né?". Eu sorri para ele.

- Claro que é. Não esperava outra coisa de você. Tá. Esperava menos violência. Mas não sabia que existia um lado assim em você, Sirius.

- Você me julga muito mal. Fiquei bravo por duas razões: número um, James sabia que eu estava querendo a Joan. Ele me passou a perna nessa. Segundo, posso ter tido quantas garotas forem, mas é uma de cada vez. Hey, chifre não fica bem em ninguém.

Então todos ficaram em silencio. De relance, vi Sirius passar os braços em volta dos ombros de Marlene. É, talvez eles não estivessem tão bêbados assim no corredor. Eu mal havia percebido, mas Justin ainda estava lá. Andou na minha direção e sentou no meu colo, me encarando. Pude ver que seus olhos eram tão verdes quanto os meus.

- Porque tá todo mundo triste?

Sorri gentilmente para ele.

- Ninguém está triste, Justin. Só estamos cansados, só isso. Não está cansado também?

Achei que ele iria dizer sim e ir embora, mas ele simplesmente acenou coma cabeça e passou os braços pelo meu pescoço, e adormeceu. Escutei passos, e a porta abriu, revelando um Senhor Potter bem cansado, porém sorrindo amigavelmente para nós.

- Lily, desculpe pelo James, Não vim pedir para perdoá – lo. Marta está cuidando dele agora.

Por um segundo tive pena de James. Só por um segundo.

- As coisas já não estavam bem, Sr. Potter...

- O que não justifica a atitude dele. Acabei de falar com seus pais. Pode ficar aqui essa noite.

Quando me deixaram sozinha no quarto, olhei para o teto. Tudo girava.