Eles guardavam um segredo.

Mas não era um segredo pequeno, segredo de criança, era um segredo grande, segredo de adulto, segredo que eles não contariam para ninguém.

Esse segredo os unia.

O segredo era tão perfeito que parecia um sonho, mas quando mais falavam sobre ele mais se lembravam da sensação e Nárnia aparecia ali, onde eles estavam. Seja qual fosse o lugar, Nárnia se abria para eles em suas memórias.

Eles lembravam de como era a canção de Aslam. De como eles cruzaram os céus em Morango (ou Pluma).

E isso os deixava encantados, pois cada vez que Nárnia se abria, eles notavam um detalhe que antes e antes do antes não tinham percebido.

Eles lembravam algumas notas especiais, mais finas e grossas que as demais na canção. De como o vento que batia em seus rostos era gelado e de como o Sol de Nárnia era jovem e quente.

Eles riam e ficavam tristes em falar de Nárnia.

Riam lembrando-se das coisas que o deixavam assustados na época, na infância. Boas memórias guardadas no coração.

E ficavam triste, pois lembravam-se que não poderiam voltar à Nárnia, que foi tudo tão perfeito, mas não teria volta.

Eles estavam presos no mundo deles e Nárnia fora do alcance de suas mãos, mas nunca de suas lembranças.

Lembranças que eram só suas, que eram seu segredo.