Henri estava desconfortável, estava acordado, mas tinha dificuldade em abrir os olhos. Seu braço parecia estar queimando. Então uma voz feminina surgiu.

- Ei! Você! Acorde!

O garoto abriu o olho e olhou para os lados, rapidamente percebeu que não estava em casa. Ele estava deitado em uma pedra, ao seu lado esquerdo havia uma floresta e à sua direita uma cachoeira.

- Onde eu estou?

Henri se levantou rapidamente, começou a olhar para os lados novamente, assustado.

- Ei quer me matar de susto?- a garota havia levado um tombo.

- Onde eu estou?

- Onde mais deveria estar? Atlântida obviamente.

Henri parou olhando para a menina, e percebeu que ela se parecia com ... 

- Duda?

- Quem é Duda? Meu nome é Diana. Garoto estranho você.

Henri estava tão espantado por estar ali que nem prestou atenção na resposta. Após olhar para os lados o garoto parou para olhar para si mesmo, estava com uma roupa totalmente diferente do que ele se lembrava, com uma capa. Presa a sua perna estava a arma que seu avô deixara para ele. O garoto pegou arma e novamente começou a observá-la pensando:

“Não sei como... o que aconteceu... bastou eu segurar isso e tudo apagou. Não é possível...”

Henri se calou ao olhar para o braço  que estava queimando e logo viu o provável causador da sensação. Seu braço e mão direitos haviam mudado, estavam parecendo membros de algum monstro.

- Eu estou mesmo em Atlântida?

- Sim.

“ Eu estava duvidando, mas meu braço... definitivamente eu não estou em um lugar normal.”

- Ei!- começou a menina apontando para uma caverna que ficava por trás da queda d’água- vamos sair daqui é muito perigoso.

- Perigoso por quê?

- Um dragão nada amigável mora ali.

Ela mostrou o caminho e eles seguiram juntos até uma trilha.

- Ei como você se chama?- ela questionou.

“Nem sei quem ela é realmente, como posso dizer meu nome verdadeiro? Bem, qual nome então? Um nome, um nome, um nome...”

- Zeus.

- Zeus? Que nome estranho.

- É também acho.

Eles caminharam pela trilha até chegar em uma pequena vila. As casas, para Henri, pareciam da idade média, construídas com pedras e bem improvisadas.

- Bem essa é a minha cidade, você tem um ferimento então vou levar você até o Rony.

Henri olhou para o braço esquerdo e viu que realmente havia um corte.

- Tá, mas quem é Rony?

- É o médico da cidade.

- Que cidade?

- Esta, bem vindo á Dominum, uma das cidades da resistência.

- Resistência?

- Ora vai vir logo ou vai ficar só fazendo perguntas?

Diana o levou até uma casa, onde eles entraram.

- Rony está aí?

- Claro.

Um homem aparentemente bem humorado apareceu atrás deles.

- A que devo a honra de sua visita Diana?

- Bem, este aqui é Zeus, eu o encontrei próximo a caverna do dragão. Ele está ferido, será que pode ajudá-lo?

- Bem, veremos sente-se.

Henri se sentou na cadeira mais próxima.

- Vamos ver esse ferimento.

Henri mostrou o corte no braço.

- Nada muito grave. Vai ser rápido.

Rony passou um tipo de pasta medicinal no braço do menino e depois amarrou uma faixa.

- Em breve não vai ter mais nada- nesse momento Rony notou a arma na perna de Henri- Não acredito, essa arma não é uma arma comum.

- Como assim?

- Bem, essa arma é uma das três armas “Erínias”.

- Armas “Erinias”?

- Sim, dizem que elas são armas justiceiras. Foram feitas para eliminar qualquer coisa que possa fazer o mal.

- Suponho que esta seja Megera.

- Megera?

- Sim, a lenda fala que as três armas. A primeira é Tísifone que é uma espada. A segunda é Megera um tipo de pistola dos deuses. E a terceira é Alecto.

- Que é?

- Ninguém sabe. Essa informação foi perdida com o tempo. Dizem que aquele que conseguir as três armas será capaz de eliminar os Titãs.

- Titãs?

Nesse momento Diana interferiu.

- Se lembra que eu disse que essa cidade faz parte da resistência?

- Sim.

- Bem,atualmente, grande parte de Atlântida é dominada por três homens, com poderes das trevas. Eles são mais conhecidos como os três Titãs.

O garoto então percebeu uma coisa.

- Ei, então essa pessoa pode ser eu? Afinal eu já tenho uma delas.

- Suponho que sim. Mas não vai conseguir as outras apenas com... seis balas. Vai precisar de magia.

- E como eu uso... magia?

- Bem, pode começar despertando sua aura mágica. Depois, você mesmo terá a capacidade de criar seus feitiços.

- E como eu faço para despertá-la?

- Pode começar descobrindo seu elemento.

- Elemento? Tipo água, ar, terra, fogo...?

- E raramente relâmpago.

- Ta como eu descubro isso?

- Só o tempo pode te dizer Zeus.

- Quem?

- Zeus, você.

- Ah... claro... eu.

- Uns descobrem mais rápido que os outros. Quem sabe você não tenha essa sorte.

- Mas, enfim, você veio de onde.

- Sinceramente eu não tenho idéia.

- Você me lembra um amigo. Um bravo guerreiro que lutou por nossa aldeia, infelizmente ele acabou desaparecendo a dez anos atrás.

- E quem é esse guerreiro?

- Ele era um homem muito misterioso, vivia aparecendo e desaparecendo. A única coisa que eu realmente sei dele é que ele queria eliminar os Titãs de qualquer maneira e que o nome dele era Leon.

“Leon? Nossa o mesmo nome do meu avô desaparecido”-pensou Henri.

Então a casa começou a tremer. A princípio Henri pensou que fosse um terremoto, mas uma rajado de fogo que entrou pela janela mudou sua idéia.

- O dragão.- Diana gritou desesperada.

Os três correram para fora e viram o dragão voando e cuspindo bolas de fogo para todas as direções. Diana rapidamente pegou um arco que estava preso em suas costas e uma flecha e disparou na direção do monstro. Mas foi inútil, o bicho queimou a flecha como se não fosse nada.

- Como vamos fazer pra derrotar essa coisa- Henri questionou assustado.

- Não faço idéia- respondeu Rony.

O dragão então olhou para os três e cuspiu sua chama. Henri colocou sua mão diferente entre ele e o fogo, como se isso fosse protegê-lo e...

- Zeus... como você...?- Diana estava assustada.

- O que aconteceu?

- Como assim? Você lançou uma bola de energia enorme que engoliu a bola de fogo. Se o dragão não tivesse desviado provavelmente estaria morto.

Henri não podia acreditar então estendeu novamente sua mão na direção do dragão, que mergulhou em sua direção. Mas novamente um relâmpago saiu de sua por ela e acertou o monstro, que caiu próximo a ele.

- Você conseguiu Zeus, derrotou o dragão.

Henri ouvia a comemoração de Diana, mas não podia acreditar. De repente ele percebeu que não estava controlando seu corpo e que estava andando na direção do dragão. Ao chegar bem próximo ao gigante, tocou sua cabeça com a mão mágica. Uma forte luz ofuscou sua visão e em seguida ele se viu dentro de uma jaula gigante parado em frente a um homem com uma roupa preta e uma espécie de holograma do dragão caído atrás dele.

“Quem é você?”

“Você acaba de me derrotar e não sabe nem ao menos o que sou? Meu nome é Trevor. Sou o dragão que você acaba de derrotar.”

“Você não é um dragão... é um homem!”

“Dragões são reencarnações de homens e mulheres que cometeram erros muito graves antes de morrerem. Voltam na forma de monstros, para serem caçados por outros seres humanos para pagar seus pecados.”

“E onde eu estou exatamente?”

“Bem... as vezes, se essas almas cometem erros tão graves que nem o sacrifício é o suficiente para pagá-los, esses dragões tem uma nova chance. Uma conexão mágica é criada entre o monstro e um humano que tem a chance de se tornar um herói. Se o humano conseguir a alma é novamente purificada e tem outra chance como pessoa.”

“E se o herói não conseguir?”

“A alma é definitivamente destruída... Bem, provavelmente essa jaula é a conexão entre mim e você. Isso significa que você pode se tornar um herói garoto. E acho que você sabe como. A partir de hoje sou seu servo. Tenho a missão de te ajudar em sua saga, ou morrer de uma vez por todas.”

“Isso não vai acontecer!”

“Conto com você. Se precisar de mim me chame. Não importa a distância. Eu irei te ouvir. E irei o mais rápido que puder.”

“Certo.”

Novamente a luz ofuscou a vista de Henri. Quando ele abriu os olhos viu o dragão se levantando novamente e partindo para algum lugar desconhecido.

- Por que você não terminou com ele? Teve a chance e o poder suficientes.- Diana estava furiosa.

-Ele está disposto a me ajudar em minha saga.

- Sua o que?

- Vou partir agora mesmo, estou disposto a procurar as Erínias restantes e destruir os  malditos Titãs.

Diana parou e pensou, logo em seguida disse:

- Espere, se você está disposto a salvar Atlântida do domínio do mal, eu vou com você.

- Pois bem, acho que partir hoje também não vai dar. Temos de conseguir mantimentos. Vamos partir ao amanhecer.