Três.

Leah dormia em sua cama, novamente, depois de três anos. Mas ao contrario do que se possa imaginar, seu sono não era tranqüilo. Ela se mexia ininterruptamente, presa em um sonho inquietante, pois não era exatamente uma ilusão projetada por seu cérebro em repouso. Era uma lembrança, mais exatamente do dia que se fora.

----------- Flash Back: Casa dos Cullen, mais cedo.---------

            O mundo se calara, ou melhor, não mais existia. Tudo, todo o universo, se resumia aquele vampiro e seus perturbadores olhos azuis. Ele vestia um suéter cinza-claro que se moldava ao seu corpo perfeitamente esculpido, calças jeans pretas, seu belo rosto parecia congelado em um misto de intrigado e curioso.

            -- Leah! – alguém a chamava, a sacudia. – Você está bem? – A voz era familiar, “Seth”, pensou. – O que você tem? – disse o jovem quileute segurando o rosto da irmã, quebrando-lhe o contato visual e assim a despertando.

            -- O quê? – perguntou Leah confusa. – O que você disse?

            -- Você está se sentindo bem? – Seth a encarava, preocupado. Todos tinham expressões preocupadas.

            -- Você está bem? – falou uma voz grave e suave, desconhecida. Um excêntrico aroma adocicado invadiu as narinas de Leah, lentamente a loba virou a cabeça na direção da quem falava. E o negro encontrou o azul, mais uma vez.

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            Aidan estava bastante intrigado. Não repara na aproximação daquela mulher, só dera conta de sua presença quando Seth abandonou a brincadeira, correndo em direção àquela figura suja e descabelada, gritando: “Leah. Então, aquela maltrapilha era irmã do menino.” – pensou. A imaginara um tanto diferente, não sabia explicar, só diferente. Colocara Renesmee nas costas para poderem brincar de cavalinhos quando seu olhar cruzou com o negro dos olhos dela, aquele simples encontro de olhares parecia pendê-lo ao chão, hipnotizado pela profundeza daquele olhar. Seus sentimentos eram uma mistura de confusão e paz. – “Curioso...” – sua mente estava vazia. Parecia que não existia mais ninguém, somente eles dois, somente aqueles olhos escuros. O vampiro foi arrancado de seu estado contemplativo pelas sacudidelas da menina as suas costas.

            -- Aidan! – chamava o pequeno anjo.

            -- Sim, minha princesinha. – respondeu ainda um pouco confuso. Queria se aproximar da loba, olhá-la mais de perto. Ainda com Renesmee nas costas ele se aproximou de Leah, perguntando se ela estava bem, no momento em que seus olhares e encontraram aquela sensação esquisita de confusão se apoderou dele de novo.

            -- Estou bem... – disse Leah baixinho, seus olhos tambem demonstravam uma leve confusão.

            -- Aidan Bloom, muito prazer em conhecê-la. Leah. – falou Aidan sorrindo-lhe. Aproveitou para estudar de perto aqueles hipnóticos olhos, o rosto exótico, os sensuais lábios carnudos. O cheiro de cachorro feria levemente suas narinas, mas isso era irrelevante... Ela era linda, de um jeito selvagem, assim como Myridan.

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            A proximidade com o incomum vampiro, desnorteava Leah, fazia com que ela se sentisse confusa, perdida naqueles olhos azuis. – “Como era possível?” – se perguntava. A repentina proximidade dele a perturbava, e isso a irritava. Precisava sair dali.

            Leah se desvencilhou dos vampiros alegando estar muito cansada e com muitas saudades da mãe, prometeu que em outra ocasião voltaria com mais calma.

            -- Sinto muito. – disse se desculpando com Esme. E a desculpa era sincera. Não havia duvidas, tinha alguma coisa errada com ela.

            -- Vocês vêm comigo? – perguntou aos rapazes quileutes.

            -- Eu vou. – apressou-se, Seth, em dizer.

            -- Eu também. – confirmou Jacob, mas antes de partir um ultimo beijo na testa de Renesmee, um até logo para os Cullen e um tapinha camarada no ombro do tal Aidan.

            Leah deixou a propriedade fitando insistentemente o chão não queria correr o risco de encará-lo de novo. “O que há de errado comigo?” – se perguntava irada.

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            Em casa. Sua mãe a abraçara chorando. Dera-lhe uma bronca por ter partido sem nem ao menos dizer para onde ia... Foi um sermão daqueles. Porem, Leah não se estressou com isso, estava feliz de mais por rever a mãe. Mal chegara e já ajudava nas tarefas domesticas, Leah conversando sobre vários assuntos amenos.

            O jantar foi tranqüilo, os Clearwalter receberam a visita da antiga matilha de Leah e Billy. E mais uma vez o assunto Sam/Emilly foi evitado. A refeição seguiu alegre. Mais tarde quando todos haviam ido embora a índia se dirigiu ao banheiro, para tomar o quarto banho do dia, se sentia imunda. Feita a higiene trançou o cabelo comprido, precisava cortá-lo. Vestiu a camisola e foi se deitar, adormecendo quase que instantaneamente.

--------------- Fim do Flash Back -----------------

            Leah acordou assustada, com a lembrança do cheiro adocicado golpeando-lhe as narinas. Estava suada, o coração disparado, a respiração ofegante, as faces coradas.

            -- Mas que droga é essa? – se perguntava confusa. A loba se levantando foi até a cozinha a fim de beber um copo de água, sentia-se sedenta. No caminho de volta passara pelo banheiro. Leah estava parada diante do espelho mirando-se nele já um certo tempo, quando uma súbita dor lhe atingiu o ventre, a fazendo se encolher, era como se alguém estivesse a lhe dilacerar o útero, quase que simultaneamente um liquido quente lhe desceu por entre as pernas.

            Assustada, ela passou os dedos por entre as coxas.

            -- O que está acontecendo? – murmurava. Seu rosto perdeu a cor e ela teve vontade de gritar, seus dedos estavam sujos de sangue. – Não pode ser. – disse a loba espantada, fitando, incrédula, o rubro líquido.

            Leah havia menstruado.