Segredo Familiar. escrita por mokoli-me


Capítulo 9
Marcas.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/105609/chapter/9

Marcas.

Não sei se vou ou se fico, não sei se choro ou se dou risada, a única coisa que eu sei é que qualquer tipo de abandono pode acabar com qualquer pessoa, por mais forte que ela seja.

Às vezes penso que a vida não é tão penosa assim, ela só faz a parte dela e nós a destruímos aos poucos.

Quando se é tão novo, não dá para pensar nas consequências das decisões, mas sabe-se a opção errada.

Tem pessoas que dependem da infelicidade de outras para serem felizes já outras são infelizes por uma pessoa ser feliz, é assim o tempo todo, nunca haverá igualdade, nunca.

Acordo por causa de um terrível pesadelo. Eu estava dominada pela vingança ao extremo, meu cabelo estava despenteado, minha roupa lambuzada de sangue, carregava uma faca de cortar carne na mão, minha cara aparentava ódio, seguia o corredor da casa minha casa, em direção ao quarto de meus pais. Matei-os friamente enquanto dormiam e depois fiquei esperando no pé da porta até que a polícia me levou.

Fiquei horrorizada de pensar que minha sede por vingança acabaria dando nisso mais tarde, ou eles que poderiam fazer isso comigo. A ideia de vingança era uma opção errada.

Meu objetivo agora é descobri realmente os pequenos, ou médios segredos que envolvem a minha família, tem muita coisa que eu não sei. Tudo o que eu quero é descobrir e contar tudo para alguém antes que eu vá para um lugar melhor.

Talvez antes de eu for para casa eu possa trocar algumas palavrinhas com a Juliana, mas nada está confirmado. Isso me atormenta.

Choro por tudo o que está acontecendo, choro por ser uma criança que toma sempre decisões erradas, quero poder ser adulta e fazer o que eu quiser, é meu desejo momentâneo.

Arrependi-me profundamente porque cortei as minhas mãos, eu não sou louca e não gosto de sentir dor, mas eu precisava me castigar naquele momento e não me veio ideia melhor.

Juntei todas as minhas cartas escritas e bati o sino para que Mariana viesse até o meu quarto.

―Mariana, eu gostaria de visitar a Juliana antes de ir.

―Você vai poder ir lá, mas ela não está falando e só pode ficar 5 minutos no máximo, ta bom?

―Tá.

Passei por uma pilha de cuidados e esterilização para poder ir até lá.

Cheguei e tudo que vi foram uns vinte fios ligados nela, o quarto só tinha uma cama, injeções e remédios. Ela estava acordada, mas não fiquei acanhada e fui direto ao ponto.

―Ju, estou tão feliz em saber que você está melhor, eu pedi muito a sua ajuda. Eu sei que você não pode falar por enquanto, eu não vou te forçar a nada, por isso eu escrevi esta carta para você, você encontrará todos os meus planos e todas as repostas para suas perguntas.

Chorei, agora que eu possuía lágrimas chorava a toa, ou não.

Pude ver o sorriso nos lábios dela, dei-lhe um beijo, um abraço e disse que a amava e não queria perde-la. Me despedi finalmente.

Aguardei a chegada de meus pais no quarto, já sentindo a falta de uns minutinhos de paz ao lado de Juliana.

A luta incansável por provas iria começar em breve. Eu iria descobrir tudo, eu precisava.

―Vamos para a casa lindinha. – meu pai falava sorrindo.

―Vamos filha. – minha mãe não estava tão insuportável.

Entrei no carro e permaneci em silêncio, isso era o que eu sabia fazer melhor, a não ser que eu seja melhor no balé, tanto faz, eu era boa em ficar em silêncio, fazia isso sem me dar conta.

Decidi que agiria só amanhã, quando eu voltar da escola eu vou procurar pistas pela casa. Tudo que eu quero fazer hoje é dormir na minha cama fofinha.

Fui à escola, muitas perguntas foram feitas por causa das minhas faltas, mas eu inventei uma mentirinha boba.

Em casa eu subi para o meu quarto, Rose não iria me deixar sozinha, eu precisava fazer alguma coisa.

―Rose.

―Oi Isa.

―Que tal você ir até o mercado comprar balas para mim?

―Eu vou, mas não faça nada, por favor.

―Eu prometo que não vou fazer nada de errado.

―Já, já eu volto.

Ela se convenceu dessa porque estava com pena de mim.

Assim que ela saiu, não perdi tempo e fui para o quarto de meus pais, havia uma chave de segurança em um pote em cima da geladeira.

Peguei a chave, com a ajuda de uma cadeira, e abri o quarto.

Puxei uma cadeira do canto do quarto e coloquei-a encostada no guarda-roupa, para conseguir alcançar lá em cima. Vasculhei um pouco, mas não encontrei nada.

Fui ver debaixo da cama, e lá no fundo encontrei tipo uma caixa branca, dentro da parede branca, só eu era magra o suficiente para entrar ali.

Fiz um esforço e cheguei até lá. Puxei a caixa, que era pesada. Arrastei-a até o meu quarto e coloquei-a no meu guarda-roupa, debaixo de muitas roupas.

Só deu tempo de eu subir de volta na cama, que a Rose chegou. Mai tarde eu iria ver o conteúdo da caixa e a Rose estava me atrapalhando. A curiosidade que me dominava agora, eu era uma grande intrometida, mas era necessário.

O relógio deu 18h31min, quando minha mãe chegou e a Rose foi embora. Ela não veio falar comigo, mas eu falei que iria ficar no meu quarto, escutando música no computador e queria ficar sozinha, ela engoliu. As coisas estavam dando certo.

Abri o guarda-roupa e sem tirar a caixa de lá de dentro, abri para ver seu conteúdo, me certifiquei para ver se a porta de meu quarto estava mesmo fechada.

Voltei para a caixa, abri-a e achei um monte de DVDs sem nomes, tinham só o nome da marca.

O que deveria ser? Agora que comecei vou até o fim. Liguei o computador do meu quarto, coloquei o fone nas caixas de som, coloquei um DVD na bandeja e esperei carregar.

No fundo da caixa havia também uns papéis, mas não iria ver agora, pois teria que tirar todos os DVDs.

Sentei-me na cadeira e coloquei os fones de ouvido e cliquei em iniciar.

[Isabela off] Descrição do DVD.

Na altura do criado mudo do quarto havia uma câmera, o local era o quarto de Cláudia e Christian. Bryan ainda estava vivo quando esse vídeo foi gravado. Ele foi editado.

Christian entra no quarto às 09h20min, nenhum barulho é detectado até o momento, parece que acabou de voltar do trabalho e não há ninguém em casa. Ele se troca e sai do quarto às 09h27min.

Às 10h02min ele entra no quarto e toma um banho. Às 10h19min alguém bate na porta, ele se veste rápido e abre. É Liz, a namorada de Bryan. O diálogo que se segue é esse:

―O Bryan está na escola. – Christian diz meio que estranhando a situação.

―Eu sei. – Liz fala baixinho.

―Eu posso te ajudar? – Christian ainda não entende a situação.

―Sim. – ela lança um olhar fatal para ele.

―Garota, você é menor de idade e é a namorada do meu filho. – finalmente ele entendeu os interesses de Liz.

―Ninguém precisa ficar sabendo.

Ela o empurrou na cama, ele se sentou, ela sentou ao seu lado e começou a desabotoar a blusa dele.

―Garota, não faz isso.

―É só um pouquinho.

―Para.

―E se eu não quiser você vai me castigar? – ela o provocava, com fervor.

―Vou te castigar muito, sua menina sapeca.

Ele não resistiu e tirou a blusa dela em um só movimento, com prática.

#censurado.

[Isabela on]

Assisti ao vídeo inteiro em estado de choque, jamais passou pela minha cabeça que meu pai poderia ter feito aquilo. Isso automaticamente significava que todos aqueles DVDs na caixa teriam o mesmo conteúdo.

Lágrimas após lágrimas desceram no meu rosto, enquanto eu colocava o DVD de novo na caixa e desligava o computador.

Certas coisas quando feitas deixam marcas, então meu corpo acaba de ganhar uma nova marca muito profunda. A marca da frustração diante daquela pessoa que eu pensava que poderia confiar pelo menos um pouco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A cada review que você não deixa, um autor morre! Ajude esta pobre autora a continuar vivendo e deixe seu review! Comente nas histórias, isto incentiva os autores a continuarem escrevendo...