Agora eu já podia ouvir seu coração,

ele estava a apenas alguns metros de distancia de mim e eu chegaria lá em questão de segundos, mas algo duro e forte se fechou contra meus punhos, levando-me para longe dali.

  Eu já não conseguia pensar, nem mesmo conseguia lutar, apenas deixei-me ser carregada para não fazer algo de que eu me arrependesse depois.

  Fechei meus olhos e só voltei a abri-los quando já não sentia mais nenhum aperto.A única coisa que eu conseguia ver era o rosto pálido e lindo de Edward e pela primeira vez eu quis insanamente que ele me desejasse, que ele me amasse.Mas seus olhos eram descrentes, ele não me olhava com luxuria, quanto menos com amor, ele não trazia expressão alguma em seus olhos.Quase parecia cansado, se fosse possível um vampiro se cansar.E depois seu rosto deixou minha visão e apenas Esme estava no quarto comigo.

  -Você foi forte hoje em não lutar por aquele humano...-Ela disse baixinho para mim- Com toda certeza fico feliz em tê-la como minha filha.

  -Obrigada...-Eu sussurrei, apertando-me ainda mais numa bola-

  Suas mãos passaram em minhas costas me tranqüilizando e aconchegando, enquanto ela lentamente começava a falar.

  -Sabia que existem vampiros que nascem com poderes extras?

  Fiz que não e me sentei para ouvir a historia.

  -Um poder nunca é igual ao outro, nenhuma vampiro existente pode ter o mesmo poder que, Edward, por exemplo.

  -Edward?

  -Sim, ele lê mentes, pode ouvir tudo o que todos pensam a sua volta.

  -Nenhum outro vampiro lê mentes, como ele?

  -Não...Existem poderes parecidos, como de Aro.

  -Aro?

  -Ele é como uma espécie de rei de nossa espécie, ele e seus dois irmãos comandam nosso mundo, mantendo as regras.E quando algum vampiro desrespeita as regras é julgado e provavelmente condenado à morte.Ninguém escapa dos Volturi.

  -Como se mata um vampiro?

  -Tem de esquarteja-lo e queimar os pedaços.-Ela falou baixo, um murmúrio apenas-

  -E quais são as regras?

  -Você não pode deixar com que os humanos saibam da nossa existência, essa é a principal regra. 

   -Okey.-Falei- Obrigada por me contar algumas historias, é bom saber mais sobre essa nova vida..

  Ela me lançou um sorriso após beijar-me a bochecha e sair.

  Pensei muito no que ela disse.As regras que não deveriam ser quebradas, nem as dos Volturi nem as de Carlisle.E depois pensei em Royce e nos amigos nojentos dele.Eu queria vingança, queriam acabar com eles assim como eles acabaram comigo.Eu não podia deixar com que eles soubessem da minha existência, mas se eles soubessem e depois morressem, nenhuma regra haveria sido quebrada, e eu não podia beber sangue humano, então eu teria de ter todos os cuidados para não derramar sangue, eu não gostaria de beber sequer uma gota dele.

...

  Passaram-se dias que eu estava fora.Eu simplesmente saíra da casa de Carlisle sem nem dar uma explicação, mas eu tinha que ir atrás de minha vingança era algo que eu sentia que precisava fazer.

  Eu fui à busca de todos eles.Um por um, tomando cuidado para não quebrar as regras.Deixei Royce por ultimo, ele sentiria todo o pânico de estar em perseguição e a cada vez que ele descobria que um de seus companheiros havia sido morto ele enchia a sua volta cada vez mais guardas, como se isso realmente pudesse me deter.Eu ri categoricamente com os atos de meu ex-noivo.E por fim, eu o mataria.

  Eu estava vestida de noiva, quando na noite escura cheguei ao quarto dele.Royce estava encolhido no canto do quarto enquanto ouvia a porta bater contra a parede.Seus olhos voaram para mim, arregalados e um grito escapou por seus lábios.Eu ri com o pânico dele, enquanto ele tentava uma inútil fuga.Minhas mãos o alcançaram rapidamente e eu estava tão perto dele agora, seu sangue pulsando em suas veias, mas eu não sentia sede, sentia apenas nojo.E então eu o matei.

  Voltei depois de mais de duas semanas para minha casa.Eu não conseguia me sentir culpada por ter matado aqueles humanos e me sentia tranqüila por não ter quebrado nenhuma das regras inquestionáveis.

  Esme me recebeu amorosamente, mesmo depois de provavelmente saber o que eu havia feita, ela e Carlisle me acolheram com carinho.Mas Edward, simplesmente me ignorava, quase como se eu não estivesse ali e isso profundamente começou a me irritar.Nenhum homem nunca havia me ignorado, e agora, estando ainda mais bela, como não podia ser tentadora a ele? Eu não conseguia entender, mas não descansaria até conseguir tudo o que eu queria.

  Depois de minha vingança, e ter o amor profundo de meus pais, eu achava aceitável aquela vida.Mesmo que o tormento pela fúria da sede por sangue, e mesmo com tudo o que eu perdera, eu conseguia viver essa nova vida e eu esperava crescer com ela.

  Eu ainda não tinha desistido de Edward Cullen, mas eu não lutaria enquanto não precisasse.Eu só queria agora, me concentrar em seguir as regras e me satisfazer pelos primeiros anos como vampira, e quando toda a queimação pelo sangue passasse, eu teria toda a eternidade para conseguir construir minha vida amorosa.

Linda e bela eu permaneceria por todo sempre, como um monstro, com um coração morto que anseia sempre por sangue, mas que um dia poderá enfim talvez ser feliz...