- Zoro, você está fazendo tudo errado. Eu era pra estar bêbedo, não você. Você era pra estar ouvindo meus problemas e não eu os seus. – Yass tentava, inutilmente, fazer com que Zoro o ouvisse


- Eu quero tequila! Eu fui a um orfanato hoje e eu quero tequila! – Zoro havia ultrapassado seus limites assim que chegou ao bar


- Ta, ta bom, eu já sei tudo que aconteceu com você hoje e eu também já sei que você quer tequila.


O líder dos monitores voltou-se para o Barman:


- Ei, por favor, sirva o rapaz aqui...ele quer tequila. - falou despreocupadamente


- Tem certeza, amigo ? Ele não parece estar muito bem...


- Que nada, está tudo sob controle, eu me responsabilizo.


- Se é assim... – o Barman aceitou as palavras do garoto e serviu tequila ao marimo que já havia bebido além da conta


- Yass! Eu gosto de tequila... – Zoro continuava com as falas de bêbado


- Você gosta de tequila...


- Eu gosto de perucas verdes


- O que?


- Eu gosto...eu quero...eu quero comprar...u-uma peruca verde...


- Ei, barman, vocês vendem perucas verdes por aqui? – Perguntou o monitor voltando-se mais uma vez ao bartender


- Não, amigo, sinto muito.


- Você ouviu o rapaz? Eles não vendem perucas verdes aq...


- Eu quero comprar uma peruca verde! Eu vou...comprar...uma peruca verde- Zoro interrompeu


Aquele papo sem noção não parecia ter um fim próximo, então Yass simplesmente desistiu de uma conversa plausível com o amigo


- Claro que vai...


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- Nami! Você se apaixonou em quatro dias por dois homens ao mesmo tempo! Isso deve ser um recorde...eu vou ligar para o Guiness e ...



- Não fala besteira, Vivi! Não é paixão, eu não estou apaixonada. Eu estou confusa. Mas também a culpa não é minha. Um me salva heroicamente de coisas que eu não quero nem pensar que poderiam ter acontecido comigo e aí me beija, e o outro vai de homicida oprimido à coisa mais fofa do mundo... Você precisava ver o jeito dele com aquelas crianças.


- Ta, ta bom, mas e agora? O que você vai fazer?


- Esse é o problema...eu não faço a mínima ideia. Eu esperava que você me dissesse...


- Eu? Mas eu nunca estive apai...confusa...em relação a dois garotos antes...


- Eu preciso é de um tempo...pra colocar minha cabeça no lugar...preciso de um tempo longe disso...longe deles. Mas isso é simplesmente impossível já que eu e o Zoro estamos grudados pelo resto do mês. – Nami fez uma pausa – Acho que eu vou me fingir de doente por um mês...


- Ta bom, calma, olha. O Zoro-kun não fez nada, certo? O Law que te beijou. Até onde sabemos, o Zoro-kun não sente nada de especial em relação a você. Ele vai continuar agindo normalmente, como sua dupla. Tudo que você tem que fazer é agir normalmente como a dupla dele.


- Ta certo, mas e quanto ao Law?


- Esse você ignora...


- Ai... – Nami suspirou derrotada, enfiando a cabeça nas páginas 21 e 22 do livro de matemática que Benn Beckman havia pedido para os alunos abrirem.


- Senhorita Tashigi – O professor falou numa voz tranqüila e imponente.


Tashigi acordou assustada. A garota estava dormindo pois estava exausta por ter tido que refazer a tabela de alunos novos durante todo o dia anterior


- A senhorita sabe muito bem que é proibido dormir durante as aulas, não sabe? – Continuou Beckman


- Sei sim, m-me desculpe, professor, é que...


- Infelizmente terei que pedir para que você vá até a sala do diretor.


- Mas, professor, eu...


- Senhorita Tashigi...


- Tudo bem... – Falou a novata com uma voz entristecida


A garota caminhou lentamente e com a cabeça baixa para fora da sala.


Nami e Vivi, assim como o resto da turma, assistiam surpresos à cena inesperada.


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- Não há desculpas para desrespeitar o professor e dormir em sua aula, Senhorita Tashigi – Começou o diretor Crocodile -


- Eu não queria desres...


- Por ser a primeira semana de aula, e por você ser aluna nova e estar ocupada com o projeto, vou te poupar de uma punição.


A garota permaneceu calada, de cabeça baixa. Crocodile continuou:


- Mas saiba que você está pendurada, da próxima vez, a punição será severa.


- Sim, senhor...


- E eu marcarei isso no seu histórico escolar.


- Mas o meu histórico escolar nunca...


- Agora – interrompeu o diretor – por favor, volte para a sua aula.


- Sim, senhor.


Tashigi levantou-se e foi em direção a saída, ainda de cabeça baixa. Se ela tivesse com o rosto erguido, seria possível ver que algumas lágrimas desciam dos olhos da garota.


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- Você não pode simplesmente atacar assim. – Law começou a explicar – Tem que usar as peças pra proteger seu rei...Assim, por exemplo, se você mover o cavalo para cá...


- Eu impeço sua rainha de me por em xeque – completou Yass


- Exatamente...


- Saquei. – Falou o monitor que ia aprendendo rapidamente os truques do jogo.


- Você vai me contar o que aconteceu com seu olho ou vai me deixar curioso? – Yass moveu seu bispo


- Não aconteceu nada de mais. – Law posicionou seu cavalo


- Um hum.


Os dois conversavam enquanto mexiam suas peças de xadrez, tentando chegar ao rei do adversário


- Eu me envolvi em uma briga ontem à noite por causa de uma garota. Nada de mais. Ela tava sendo perseguida por uma gangue em um beco sem saída e eu briguei com eles.


- E o que a donzela em perigo te deu em troca? – Rainha movida 


- Ela não me deu nada...mas eu roubei um beijo - Torre


- Ah, agora faz mais senti...


- Eu sempre fui aquele tipo de cara que não quer relacionamento. Sexo casual, uma noite, isso e pronto. Nunca acreditei em amor a primeira vista ou nada dessas coisas.


- Ehr...


- Mas ultimamente tem uma coisa me incomodando. É uma coisa nova, diferente, que eu ainda não sei o que é, mas estou prestes a descobrir.


- Bem, eu... – O veterano ouvia as palavras de sua dupla começando a se arrepender de ter feito a primeira pergunta sobre sua vida pessoal. 


- Pode parecer estranho...bom, é muito estranho...eu sempre estive à vontade e conhecia tudo que eu sentia, mas agora...tem essa garota e eu...


Yass só fazia olhar para Law com uma cara de “toda essa informação não era necessário”. O novato entendeu o recado:


- Eu despejei tudo em cima de você...entendi.


- É.


- Fazia tempo que não fazia isso. Que eu não conversava sobre essas coisas. Na verdade porque nunca houve nada sobre a qual precisasse conversar. Nem preciso dizer que essa conversa morre aqui...


- Claro – confirmou Yass tranquilamente –E Xeque-Mate.


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Tashigi estava no ginásio do colégio, o local estava vazio a não ser por alguns garotos arremessando umas bolas de basquete na cesta. A garota pensava nos problemas pelos quais estava passando, alguns sempre estiveram lá, mas, de uns tempos para cá, a lista só parecia aumentar. Foi quando uma voz familiar a trouxe de volta do mar de pensamentos no qual ela estava imersa.


- Tashigi? Por que está aqui? – Zoro havia se aproximado sem a garota notar


- Ah, oi, Zoro-san. Eu tenho período vago antes da aula de dança. – A novata respondeu sem ânimo


- Eu também estou livre, posso me sentar aqui? – O veterano tinha notado que a garota não estava muito bem


- Claro – Tashigi falou à medida que se afastava para que Zoro pudesse sentar


- Então , o que aconteceu?


- C-como assim? Nada aconteceu – Ela tentou disfarçar


- Sabe, Tashigi, eu vejo muito de mim mesmo em você. Somos parecidos. Quando eu era mais novo... há muito, muito tempo atrás, quando eu ainda era uma criança e chegava a algum lugar onde tudo era totalmente novo e eu não estava acostumado a nada, eu ficava exatamente como você estava no primeiro dia de aula, quando nos encontramos e fomos até o auditório. E eu costumava ficar exatamente do jeito que você está agora quando havia algo de errado. 


Zoro começou uma conversa franca com a garota, pela qual, por alguma razão que ele desconhecia, sentia uma simpatia desde o primeiro momento que se encontraram.


- Eu não quero que você me entenda errado. Não estou dizendo que seu comportamento seja algo infantil. Longe disso. É o natural. Eu tive que amadurecer muito rápido. Isso que você vê – Ele falava sinalizando para si mesmo - Foi forçado e empurrado até chegar ao que é. Seu comportamento é o natural, o meu foi apressado, forçado e empurrado.


Tashigi apenas observava enquanto o colega prosseguia:


- A questão é que eu ainda reconheço essa reação, esse semblante. É quase como se eu pudesse ler seus pensamentos. Eu vivi isso, eu entendo, posso dizer o que você sente. Por tanto... eu sei que há algo errado...mas se você não quiser me con...


- Eu sempre fui a protegida... – A garota o interrompeu


Zoro parou de falar olhando surpreso a novata


- Eu sempre fui a protegida da família, por ser a caçula de 3 irmãs. – Ela continuou – Eu nunca... precisei me destacar em nada, nunca precisei ser...inteligente ou bonita. Eu era a caçula e a protegida. Foi como eu sempre fui vista. O fato de eu tirar excelente notas, e me destacar sempre no que eu faço...sempre foi ignorado. Porque meus pais...minha família...não olham pra mim como alguém que precise se destacar, ou ter sucesso em algo. Se eu fracassar ou suceder, não faria nenhuma diferença porque eu sou a garota que eles sempre passarão a mão na cabeça e que tem toda a proteção da família. Não importa quanto eu me esforce, eles nunca vão reconhecer meu esforço...porque o esforço existe, mas se ele não existisse...não faria a mínima diferença.


Zoro encarava a garota, pego totalmente de surpresa pelas suas palavras inesperadas


- Quando eu vim para essa escola...eu estava decidida a me destacar de uma forma tão gritante que fosse impossível para minha família não dar o valor merecido...só que as coisas parecem estar saindo exatamente o contrário... – Ela fez uma pausa para encarar o marimo e então continuou:


- Então...não, Zoro-san...nós não somos parecidos...você não pode ler meus pensamentos e nem dizer o que eu sinto. – Ao falar aquelas palavras, Tashigi se levantou e caminhou em direção à saída


Zoro continuava parado. Ainda surpreso com o que acabara de ouvir. Ele havia assumido que Tashigi era bem fácil de decifrar e, pelo visto, estava bem enganado.