Pokémon Shining Crystal - o Juízo Final escrita por Nandarazzi


Capítulo 8
Capítulo 7 - Mahogany em Fúria


Notas iniciais do capítulo

Os desenhos deste capítulo são todos antigos. Para ver meus novos desenhos, é só ver meu álbum no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=ls&uid=7106160602203861896

Desenhos nesse capítulo:

http://i589.photobucket.com/albums/ss335/ananda_027/yagazami.jpg?t=1256849690

http://i589.photobucket.com/albums/ss335/ananda_027/kouji_chun.jpg?t=1256926357

http://i589.photobucket.com/albums/ss335/ananda_027/jessie_james.jpg?t=1257292566

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Aquele monstro com facilidade ocupou cada perímetro abandonado daquela barreira. Uma sinuosa e retorcida árvore crescia em seu casco rijo coberto de espinhos e musgos. Sua pele era dura e ríspida, vista apenas pelas suas pernas pulando para fora de sua armadura natural. Espinhos brotavam do lado de seu curto pescoço, e a protuberância em forma de bico rugia com toda a sua fúria, com os olhos amarelos e assassinos fitados em nós. Meu pokedex apenas lhe dera um nome: Torterra. E mais nenhuma informação...

- Como é, garota, amarelou? - sua treinadora posou de poderosa, sorrindo ao me desafiar - Tá com medo do meu possante?

Enquanto ela falava, uma obscura e misteriosa sombra se erguia por trás dela e seu pokemon. Não tinha formato determinado, era apenas comprida e tinha longos braços com pequenas garras afiadas. Enquanto o pânico me deixava sem movimentos, a sombra inseriu sua mão por dentro do bolso onde estava o Wave Bell, tirando-o de lá como se fosse real, tátil.

- ... Mas que diabos?! - ela se espantou, ao ver o Wave Bell sendo tomado de volta - Que-quem é?!
- Apenas alguém que acha que não deve tirar dos outros o que não lhe pertence...

Morty surge por trás, cercando-a com seu Gengar que usara Shadow Sneak para vasculhar sorrateiramente nos bolsos da garota. O fiel Gengar entrega o Wave Bell nas mãos de Morty, que começara a caminhar lentamente na direção da garota - e pelo jeito que a olhava, não pretendia deixá-la escapar.

- Não chegue mais perto!! - ela exclamou. Seu Torterra rugiu de forma direta para Morty, como se fosse atacá-lo; mas Gengar entrou em sua frente para protegê-lo caso fosse necessário, encarando o bichão com seu urro fantasmagórico.
- Você não tem jeito de quem roubaria este artefato sem saber do seu real valor. - disse Morty, querendo revelar a identidade da ladra, até um pouco mais agressivo e diferente de como costuma agir - Quem é você e o que quer?
- Cuide de sua vida, velho!

Quando ela disse isso, segurava um vidro minúsculo vermelho, com algum tipo de conteúdo líquido no interior. Ao jogá-lo com força no chão, uma explosão de fumaça vermelho-sangue se expalhou pelo lugar, inundando nosso campo de visão. Acabamos por inalá-la um pouco, e tossimos com força para evitar que ela invadisse nossos pulmões. Ela se dissipou rapidamente mas, como num passe de mágica, a menina sumira diante de nossos olhos, como se tivesse sido teleportada para longe.

- Aquela - tosse, tosse - Vadia, cof, tentou roubar meu Wave Bell!!
- E teria o feito se eu não tivesse aparecido. - disse Morty, sério - Juri, precisa ter cuidado com isso. É um objeto precioso demais para cair em mãos erradas.
- Mas como eu ia saber que tinha gente atrás dele?
- Não tem que saber, apenas cuidar dele!

Eu fiquei calada, ressentida pelo modo que ele falou comigo... Arrependido de usado aquele tom de voz, ele suspira longamente.

- Me desculpe, Juri. Mas eu fiquei preocupado...
- Eu entendo... É mesmo uma grande responsabilidade.
- Apenas me prometa que não dará novas chances, ou que abrirá a guarda novamente desse jeito...
- Eu prometo. Isso não se repetirá...

Morty depositou sua confiança em mim, e tocou no meu ombro como um sinal disso. Sorriu e então viramos em direções opostas, cada um seguindo o seu caminho...

... Mas enquanto isso, num lugar distante e desconhecido:

- Sim, chefe, eu me encontrei com ela... Eu quase consigo, mas aquele monge idiota conseguiu tomar ele de volta! Mais um pouco e eu poderia estar presa... Eu sei, eu sei! Já conheço essa sua ladainha... Sim, ela está indo em direção à Mahogany. Ela tem um pokemon voador como montaria, então suponho que esteja chegando em torno de algumas horas... Provável que esteja levando o cão lendário consigo. Muito cuidado nessa hora, viu? Os pokemons parecem mesmo acreditar nela... Claro, claro, haverá outras oportunidades... - mudou o tom de voz - Aah, não fala assim, sabe que me derreto toda quando você fala desse jeitinho sexy!... Eu também mal posso esperar pra te ver de novo... Claro, negócios acima de tudo. Manterei contato. - desligou o telefone móvel - Essa moleca tá no papo...

- - - - -

Mahogany era uma cidade carregada por uma misteriosa aura. Chegando lá, nota-se uma leve mudança de temperatura, suavemente mais fria. Era pequena, pude vê-la quase completamente ao simplesmente virar a cabeça a 180°. Era também silenciosa, com poucas pessoas nas ruas ainda não paviementadas, trajadas de forma tradicional conforme os fortes costumes religiosos daquela região. Todos me olhavam com desconfiança... Tão isolada que nem Loja de Conveniência tinha, apenas um pequeno centro pokemon. Era como se eu tivesse feito uma viagem no tempo...

Notei que uma comprida rota se estendia na parte norte da cidade. Algumas pessoas, nativas de Mahogany ou não, partiam naquela direção. Decidi que exploraria aquela parte mais tarde: o ginásio estava aberto e não havia tempo a se perder.

Parecia que tudo naquela cidade girava em torno do misticismo... Tive certeza disso assim que entrei no Ginásio de Gelo de Mahogany: uma imensidão branca, que até me doeu os olhos quando a adentrei. Alguns metros de piso similar a metal e depois, um amplo lago congelado se estendia diante de nós. Quatro circulos abertos em cada extremidade do lago permitiam acesso a gélida água sob a espessa camada de gelo. E, cortando-o ao meio, um caminho de neve profunda. Para manter todo aquele ecossistema ártico, eram necessários cerca de dez pontentes condicionadores de ar, cinco em cada lado do ginásio. Apesar disso tudo, fiquei vislumbrada com tanto gelo e poderia afirmar que, de longe, aquele seria o ginásio mais bonito que eu veria em minha jornada.

Estava extremamente frio, me abracei ao corpo a fim de preservar o calor dentro de mim. Ao forçar um pouco os olhos, vi uma figura humana camuflada na parede branca sob ela, uma vez que estava completamente trajada de branco. Só consegui ve-la porque ao seu lado estava um robusto Piloswine, bufando uma baforada de ar quente pelas ventas. A pessoa estava sentada, e confome me aproximava, pude sentir uma forte energia... Assim como sentira em Haruhara, em Cianwood.

- Bom dia... Eu vim pela insígnia.
- Ooh... Uma visita. Depois de tanto tempo, alguém veio a mim novamente... - ele sorriu de forma singela. Sua voz era calma e serena.
- Eu... Não sabia que Pryce havia abandonado o ginásio... - fiquei sem graça, com seu olhar pousado sobre mim, me olhando por cima das escadas que levavam ao seu assento de neve.
- Ele não o abandonou, apenas se aposentou... Meu avô dedicou toda a vida pelo ginásio de Mahogany, mas agora está idoso demais para continuar batalhando. Minha mãe, Glacia, está em outro continente agora... Portanto, foi passada a mim a responsabilidade de manter o ginásio de Gelo.

Ele era tão... Tranquilo. Emanava uma aura tão intensa quanto a que senti de Haruhara em Cianwood... Mas era calma e serena. Ao invés de me intimidar, ele me tranqulizou com sua energia. Eu me senti tão bem ao lado dele...

Ele era um rapaz de feições bem escandinavas, lembrava até um pouco os gêmeos do dia anterior. Seus cabelos louros pouco se destacavam em sua pele pálida, onde olhos de um azul claro como o céu em geada me observavam entreabertos. Tinha feições mais adultas e desenvolvidas, apesar de seu corpo ser frágil e magro. Vários acessórios que usava o ajudariam a sobreviver naquele clima gelado, mas as finas luvas e sapatos cobertos por uma fina camada de pelos dificilmente aqueceriam seu corpo. Principalmente porque ele estava sem blusa!

Mesmo assim, o gelo não parecia lhe incomodar. Era como se toda aquela água congelada fosse viva, era como se todo o ambiente fizesse parte dele. Como será que ele aguentava?... Achei que a poderosa energia era bastante para semelha-lo ao outro, mas notei outros artifícios intrigantes: bolas me mármore adornavam seu pescoço em forma de colar. Trajava um longo casaco branco, decorado ricamente nas extremidades com bordados azuis, com uma estampa preta similar à tatuagem de Haruhara, até mesmo posicionada no mesmo lugar: em suas costas. Teriam eles alguma ligação?...

- ... Senhorita.
- Sim?

Ele desceu as escadas de pequenos degraus. Parecia surpreso, ficou bem próximo de mim.

- Isto em seu pescoço?... - tateou o Wave Bell.
- Não! Espere! - eu recuei instantaneamente, mas sem a intenção de acusá-lo de nada - Eu sinto muito... Ainda a pouco tive uma experiência terrível, e fui avisada para tomar muito cuidado com ele...
- Eu compreendo. Uma relíquea de tamanha importância deve ser mantida com sob os maiores cuidados.
- Você... Você sabe o que é isso?!

Ele fez um longo silêncio, seguido de um sorriso misterioso.

- Sim, eu sei. Este é o Wave Bell, o Gizo que invocará os poderes de Lugia.
- Lugia... - quando ele disse este nome, tive uma enorme sensação de DeJavú - Então... Este é o Pokemon Deus que seria invocado com este sino?
- O que será invocado.
- Será? - arregalei os olhos - Mas, o que você quer dizer com isso?

Novamente, o misterioso sorriso.

- Me responda, por favor! Este tempo todo, o que eu mais quero é saber o que realmente está acontecendo!...
- Terá a resposta se subir a rota acima da cidade. - apontou para a mesma estrada, que podia ser vista da janela por trás dele - Eu não posso falar nada, por enquanto... Eu sinto muito. Mas...

Ele pegou em minhas mãos. Senti como se minha angústia passasse completamente. Seu toque era macio e quente para quem passava horas naquele lugar gélido. Eu corei neste momento, e o calor das minhas bochechas aqueceu um pouco meu rosto. Ele estava perto, bem perto de mim, e me olhava bem fundo nos olhos - quase como se não conhecesse os limites de aproximação das pessoas. Quase como se... Não estivesse acostumado, a ser humano talvez? Era quase como se ele não fosse humano...

- Saiba apenas que estamos ao seu lado. Todos... E nós três... Serviremos a você e a Lugia fielmente, senhorita Juri. - ah. Mais um que sabia meu nome.
- Mas... vocês quem?... - eu disse, com o nariz ardendo e os olhos brilhando, com o desespero crescendo dentro de mim.
- Não chore... Vai encontrar suas respostas.

Ele se aproximou de mim e me abraçou, me cobrindo com seu manto branco e em seus braços fortes. Aquele abraço era muito mais do que aparentava. Era cheio de energia, de vida, de carinho, de amor... Era quase como se nos conhecêssemos a muito tempo. Eu estava começando a não achar aquilo mais tão assustador...

- O nome... - ele sussurrou em meu ouvido, com sua voz profunda - É Yagazami...

- - - - -

- ... Então, você achou ele estranho, hein? - disse Entei, enquanto conversávamos no mato alto.
- Sim. Como um homem de Cianwood, o líder do ginásio... Você chegou a vê-lo no festival? Um homem muito grande, forte... Você é um pokemon lendário, saca bem desses lances de energia espiritual e etc.
- Se adianta de algo, digo que conheço essas pessoas. Tanto Haruhara quanto Yagazami...
- Mesmo?! Mas então, quem são eles, Entei?
- Se eles não falaram até agora, não cabe a mim falar.
- Mas como assim?! - quase explodi de raiva - Como você os conhece?! Que tipo de elo os liga?!
- ... - silêncio. Seu rosto se modificou e formou alguma expressão, algo parecido com um sorriso debochado.

Mas esse Entei... Bom, pelo menos eu sabia que ele sabia de algo. Cruzei os braços e decidi encarar a rota acima de Mahogany, que era bem retilínea e com várias variações interessantes de terreno: havia um pequeno bosque aberto na metade do percurso, com algum lagos onde pescadores se reuniam para conseguir o pão de cada dia. Eu andava com Entei pela floresta, a fim de que não fôssemos vistos. Com o tempo, uma paisagem nova surgiu: um lago gigantesco! Era tanta água, tanta água, que quase se podia confundir com um mar. Lá haviam pessoas nas margens, algumas conversando, e outras ajoelhadas como se estivessem rezando... E também pequenas casas de madeira aos arredores da floresta. Percebi que aquele lugar era como um ponto de encontro para os habitantes de Mahogany, quase como se aquele lá fosse parte da cidade. Pedi que Entei ficasse ali, ou que se quisesse ir para perto do lago, que o fizesse com cuidado para não ser visto.

Me aproximei dos arredores do lago, conforme uma fina chuva começava a cair. "Lago da Fúria - O Templo de Água: Lar do Gyarados Vermelho", já dizia a placa. Gyarados vermelho? Interessante. Para quem mora no extremo sul de Jotho, o Gyarados Vermelho não passa de uma lenda urbana de Mahogany... Mas considerando a fé daquele povo, ele deveria ser mais real do que imaginávamos.

Tentei procurar algo que chamasse minha atenção, com meu olhar vasculhando entre as pessoas presentes. Assim que um grupo de treinadores se dissipou da minha frente, pude finalmente encontrar o que queria. Eram dois rapazes, adultos já; e bastante fortes também. Eles estavam ajoelhados para frente do lado, com as costas um pouco curvadas. Seus trajes por si só já chamavam a atenção, mas o que realmente me instigou foram as pinturas em suas costas: eram idênticas a tatuagem de Haruhara, apesar de terem sido pintadas à mão.

Ao lado do rapaz moreno e alto, estava um frágil Glaceon sentado de forma obediente e atenta. Ao lado do outro, um homem grande de costas largas e pele morena-escura, de cabelos e cavanhaque branco, estava um Leafeon de pernas e corpo forte. Estavam sentados de pernas cruzadas com os braços apoiados sobre os joelhos, como se estivessem meditando. Olhos entreabertos. Com cuidado fui me aproximando, só pra constatar que não estivessem ocupados rezando, também... Sim. Só podiam ser eles.

Quando eu estava bem perto deles, Glaceon olhou para mim com aqueles enormes olhos azuis. Ele ficou de pé, emitindo um barulho similar a de um cãozinho querendo chamar a atenção do dono, recuando para trás de seu treinador. Este abriu lentamente os olhos azul-elétricos e, o outro rapaz fez o mesmo. Os olhos deste último eram assustadoramente verdes. Eles olharam em minha direção, por um bom tempo me observaram. Sem saber o que dizer, tentei puxar o assunto mais óbvio:

- Olá, eu- me silenciei quando vi eles se levantando - Sinto interrompê-los...
- Não está. - disse o rapaz de olhos eletrizantes - Você... É a senhorita Juri, correto?
- Sim... E eu queria saber se, se - aqueles caras grandes me olhando, com os punhos fortes firmemente fechados, como se estivessem prestes a me darem um soco, me intimidaram mesmo sem intenção - Se vocês são parentes do senhor Haruhara, coisa assim! - ri sem graça.
- Quase. Somos seus discípulos, senhorita...
- Discípulos?
- Creio que necessite de uma explicação. E talvez já esteja pronta para ela...
- Espero não estar interrompendo nada...

Uma nova voz surgiu, e era a de Entei no matagal atrás de nós. Os rapazes o viram e o cumprimentaram com a cabeça, em sinal de respeito. Aquilo estava ficando estranho demais...

- Não, não está. - disse o de cabelos morenos - É uma honra encontrá-lo, Entei. Cuidado para não ser visto, hein?
- ... Vo-vocês se conhecem?...
- Intimamente, se pode-se assim dizer. Entei tem uma ligação influente em nossa sociedade...

Ele estava prestes a terminar a frase. Um movimento surge, e vinha bem do centro do lago. A terra tremeu um pouco sob nossos pés, e ondas movimentam a água como se algo bem grande fosse submergir. A fera surge, com suas brilhantes e ricas escamas rubras como rubis molhados sob o Sol. O grande Gyrados Vermelho surgira das profundezas de seu lago, rugindo pelas suas enormes ventas e tremulando os longos bigodes dracônicos. Seu povo o recebeu com muitas graças e oferendas, saudando com palmas diante de sua eminência. O deslumbrante pokemon apenas os olhava, então começara a nadar livremente pelo lago.

Eu estava admirada. Ele era tão belo, majestoso, principalmente para um pokemon que era comumente relacionado à medo e horror. Devia ser mesmo muito poderoso, uma vez que os mahoganianos acreditavam em suas forças.

- É incrível... - disse o maior, sorrindo um pouco - Não importa quantas vezes eu o veja, sempre sinto o ar me faltando...
- Ele é mesmo uma criatura mística? - perguntei.
- Sim... É louvado como uma espécie de semi-deus. Mas seus poderes são misteriosos mesmo para nós.
- Então... Me digam. Quem são vocês?... - eu olhei para eles, séria. Daquela vez, não aceitaria um "não" como resposta.
- ...Muito bem, agora preste muita atenção, senhorita Juri. Vamos contar tudo nos mínimos detalhes.
- Estou ouvindo. - seria agora.

Entei darteou os olhos em ambos, ansioso para ouvi-los. Aqueles rapazes estavam diretamente ligados aos sacerdotes de Cianwood, e também à misteriosa Kei em Ecruteak. Eles eram a mais recente geração de seguidores da mais antiga religião de Jotho, os Unkws.

Tudo começou quando os humanos deram seus primeiros passos no continente. Sedentos por saber de onde vieram e para onde iam, passaram a crer nos ensinamentos registrados nas antigas Ruínas de Alph: por meio do dialeto ensinados por Pokemons conhecidos como Unowns, os humanos primitivos originaram a raiz de todas as religões de Jotho. Mas esta raiz fazia parte de uma árvore repleta de ramos, e lentamente seus seguidores começaram a se tornar cada vez mais raros...

Pouco a pouco eles perduraram pelos anos, expalhados pelos continentes e com cada vez menos descendentes, que atualmente estão resumidos a números contados a dedo. E cada uma delas tem um papel fundamental na manutenção de sua crença Unkw: são três monges, dois percursionistas, dois sacerdortes, e três dançarinas. Cada um dos três últimos tipos tem um Mestre. Estes mestres ensinaram aos pupilos a arte de ser um seguidor e manter a religão Unkw por meio de seus ensinamentos específicos, tanto em percursionismo, misticismo ou dança. Combinados, estes eram os meios que eles tinham de manter suas tradições: o Taiko.

Eles guardam o segredo da criação e destruição, resumido e relatado no Mito - e guardavam todas as peças relacionadas à ele. E isso inclui o Wave Bell.

- Então... Tudo está neste Mito. - eu disse.
- Sim. Se compreender o Mito, comprenderá sua missão. - disse o maior.
- Então... Me contem!
- ...Temo que isso não possamos fazer. - disse os olhos elétricos - Não ainda. Acredite, não é algo simples... Tampouco desconsiderável. O Mito é a base para o que está prestes a acontecer em Jotho...
- Soube que Lugia será invocado para isto.

Eles arregalaram um pouco os olhos. Provavelmente não esperavam que eu soubesse disso.

- Sim, ele será. - continuou - E você terá que estar preparada para isso.
- Eu... Creio que sim. Senão, não teria sido escolhida pelo Gizo para isso. - eu o segurei em mãos, olhando sua pintura azul.
- Nós estamos ao seu lado, Juri. Os Unkws são seus soldados. Por muito tempo mantivemos o Mito em segredo, e vamos ajudá-la para que a sua e a nossa missão sejam concluídas com sucesso.
- Hummm... Tenho certeza que sim. - sorri - Agora que sei quem está do meu lado, me sinto... Tão mais confiante!
- Tem razão de estar, senhorita. - disse o grande - Não temos razão tampouco direito de duvidar da escolha do Gizo. Você é, sem dúvida, muito capacitada para isso. Nunca duvide de si mesma...

Eu sorri, rindo de forma singela. Eles também sorriram, pareciam felizes em me verem, afinal... Glaceon e Leafeon se aproximaram, eu até me assustei com o tamanho deste segundo! Parecia até que eles tinham a proporção de seus treinadores. Acariciando suas frontes, pude compreender então que a criação de Eevees estava também nas tradições dos Unkws, sendo que todos os que eu conheci até então tinham ao menos um companheiro desta linha evolutiva. Mas eu ainda teria muito a descobrir... E ao lado dos Unkws, que não eram apenas meus soldados aliados, mas também meus amigos; eu sabia que eu haveria com quem contar.

Mas era cedo demais pra achar que tudo estava bem...

Ouvimos do centro do lago um rugido forte de dor. Quando olhamos naquela direção, o Gyarados Vermelho estava cercado por homens em Jet Skis. As pessoas os atigiram com 3 grandes harpões cada um. Uma crueldade sem tamanho. E eu reconhecia aqueles uniformes... Eram capangas da Equipe Rocket! Sim, eram eles, só podiam ser eles - reconheceria aqueles uniformes negros de qualquer distância! Principalmente após o ocorrido em Azalea...

- São eles! - disse os olhos azuis, arregalando-os - Eles apareceram, afinal...
- O que tá acontecendo?! - exclamei, uma vez que eles pareciam entender.
- Fomos encarregados de seguir os passos da Equipe Rocket - disse o maior - Estávamos apenas esperando o momento que eles aparecessem!
- Mas porque?!
- Depois explicamos, temos que agir rápido! - disse os olhos azuis - Glaceon, vamos!

Ele me pegou e me pôs em suas costas muito rapidamente, era tão forte que me levantou como se eu não pesasse nada. Fiquei com medo, mas sabia que, por alguma razão, estávamos fazendo a coisa certa. Glaceon concordou com a cabeça, recuou bastante e saiu correndo em direção ao lago de forma destemida. Minha montaria fizera o mesmo, ganhando velocidade e correndo logo atrás de seu pokemon.

Quando vi que eles corriam em direção ao lago, apenas cerrei os olhos e gritei, sem a mínima idéia do que eles estavam pensando. Mas depois, notei que o rapaz continuava correndo... Não, ele não estava correndo. Estava patinando.

Glaceon, que corria em uma incrível velocidade diante de nós, abrira sua boca e usara a energia do seu Ice Beam para criar um constante caminho de gelo sobre o rio, e patinávamos sobre a mesma espessa e sólida camada formada a poucos milésimos de segundos diante de nós, tornando aquele um meio eficiente de se atravessar rapidamente o lago. O rapaz era veloz, e seu Glaceon mais ainda: usando a sola dos sapatos bem aderentes, nossa aceleração e velocidade eram constante. O outro e Leafeon nos seguiam logo atrás.

O lago era amplíssimo, mas estávamos indo com velocidade o bastante para agir em tempo. Gyarados submergiu, mas os Rockets o seguiram pela sua destacada silhueta sob a água. O rapaz notou como os pontinhos pretos no horizonte estavam ganhando forma, e teríamos que pensar rápido se quiséssemos impedi-los.

- Juri, use o Gizo!
- Mas!-
- AGORA!!

Logo eu entendi o plano. Só esperava que desse certo... Balancei o Gizo com vêemencia no ar, e Glaceon fizera uma curva neste momento a fim de que ganhássemos tempo. E teria que ser pouco tempo...

Mas enquanto isso, na outra margem do lago:

- Boa tarde, Jotho! - dizia Angela, olhando para a câmera que Pablo segurava firmemente nos ombros, gravando - Estamos aqui no lago da fúria, onde faremos um doucumentário especial sobre a aparição do Gyarados Vermelho. Como podem ver, está um pouco chuvoso aqui... Muitos em Jotho acreditam que esta criatura não passa de um mito, porém...

Neste instante, os pokemons respondem ao nosso chamado. Da água, começam a brotar, um por um, as feras das águas. Gyarados comuns, azuis e monstruosos, nos seguiam como se juntassem à nossa causa. Defenderiam seu líder com todas as suas presas dragonesas; cerca de 20 Gyarados em batalhão em prol do bem do seu mestre.

- Já diziam as lendas que AAAAAAHHHH!! - Angela gritou estridente ao ver que a câmera capturava aquela cena: um Glaceon formando um caminho de gelo com um homem e uma menina nas costas andando sobre ele e, quem diria, dezenas de Gyarados. Pra variar, a menina era EU - ... Pablo! Pablo, você filmou isso?! Vamos segui-los, rápido!! É um ataque da equipe Rocket!!

A multidão estava em pânico. Os Rockets haviam se dispersado em direções opostas, e metade do exército de Gyarados havia igualmente se dispersado em busca deles. Mas eles entraram com os Jet Skis nas margens e fugiram com tudo para dentro do mato, sumindo. Isso foi estranho demais... Por que eles atacariam o Gyarados Vermelho sem pokemons? Era quase como se não tivessem a intenção de captura-lo ou algo do gênero... Glaceon não podia parar no centro do lago, então nos levou à margem mais próxima, onde pude finalmente respirar...

- Ah... Aaah... - eu tentava dizer algo, ofegante - Mas... O que foi isso? Até agora não estou entendendo nada...
- Nem eu... Esse é o problema.

Os olhos elétricos examinaram o perímetro com muita desconfiança. E o mesmo fazia seu pokemon. Após momentos de silêncio, ouve-se outro rugido. Um rugido tão forte e intimidador que até o chão pareceu tremer de medo. Também era de dor, mas aquele rugido me era familiar... Terrivelmente familiar.

- Entei!! - eu gritei, com todo o pavor que meu corpo estava sentindo naquele momento.
- Era isso! Devíamos ter desconfiado, Kouji!! - exclamou o maior para os olhos elétricos, agora arregalados - Foi uma cilada!!
- E nós caímos nela... - Kouji despencou de joelhos no chão, apoiando-se nele com os punhos. Socou a terra com tanta força que até abrira um buraco no solo... - Como fomos burros, BURROS!!

Vimos um camburão preto e grande surgindo do mato, quebrando e atropelando tudo em sua frente. Por sorte não atingira casas e pessoas, mas fazia manobras e curvas em alta velocidade. Era lá que ele estava... Eu sabia que estava lá! Eles haviam capturado o Entei...

... Mas por que razão, por que motivo? Não havia tempo a perder. Naquela altura da minha jornada, NUNCA se havia tempo a perder. Apenas seguimos o camburão, correndo em nossas pernas humanas, movidas pela adrenalina. Não cansei, não bufei ou ofeguei. Estava sendo movida por uma força diferente agora. Ao chegarmos na cidade, para nossa surpresa, estava tudo no mais completo silêncio. Como se nada houvesse acontecido.

Olhamos ao redor afoitos, em busca de uma pista que nos apontasse o paradeiro de Entei. Vimos correndo em nossa direção Yagazami, seguido por dois Sneasels, abrindo espaço entre as poucas pessoas em seu caminho.

- Mestre Yagazami!! - disse Kouji, ofegante. Ambos, quase que em sincronia, se reverenciaram a ele. Como desconfiava... Ele era um dos mestres também.
- Não me expliquem nada. Eu soube de tudo. Pude finalmente concluir minha parte da investigação... - ofegou, como se o mundo ao redor sem neve ou ar-condicionado o sufocasse - Venham. Está aqui.
- Mas, o que está acontecendo?! Por favor, alguém me explique!
- Vou resumir pra voce... - o maior, cujo nome eu ainda não sabia - Temos acompanhado os passos suspeitos da Equipe Rocket, e temos tentado encontrar seu esconderijo secreto. Mestre Yagazami conseguiu localizar seu QG aqui em Mahogany, e por alguma razão, eles estão capturando os cães lendários.
- O quê?!

Eles haviam capturado Suicune e Raikou recentemente. Estavam os mantendo em cativeiro em seu Quartel General, para propósitos sombrios. A investigação era parcial, mas conforme fôssemos avançando, as respostas brotariam logo...

Nos aproximamos de uma mercearia da cidadezinha. Do lado de fora, um enorme pinheiro chamava a atenção, pois era alto e suas folhas eram vem vivas e verdes... Entramos sutilmente na loja, como se fôssemos simples clientes: mas eu não conseguia esconder meu nervosismo... Era um lugar muito simples, formado completamente de madeira - madeira boa aquela, deveria ser pinho ou mogno. Os poucos produtos estocados nas prateleiras eram ervas e alimentos ensacados - mas no fundo, contrastando com toda aquela rusticidade, um enorme armário entalhado em ouro rico em detalhes. Mas isso pouco me importou na hora... Meu deus, milhares de pensamentos loucos passavam pela minha mente! O que haveriam de fazer com ele?...

- Senhor Yagazami! - exclamou a velhinha, feliz em vê-lo. Uma jovem atrás dela, provavelmente sua neta, limpava alguns frascos com ervas dentro. Ambas vestidas tradicionalmente, conforme os costumes. A jovem corou ao ver o líder de ginásio... - Que honra recebe-lo em nossa humilde loja!...
- Boa tarde, senhora Kengou. Na verdade, eu não vim comprar nada...
- Oh... Então a que devo a visita?

Ele olhou para a moça, fixando-se nela por alguns instantes. Como se visse atravessando-lhe o corpo e enxergando-lhe a alma... Depois ficou bastante sério, franzindo a testa, com um olhar até similar a raiva. Como quem não havia gostado nem um pouco do que vira...

- ... Armário bom esse seu hein, senhora Kengou?... - se aproximou do armário de ouro, tateando-o as portas.
- Sim, é o tesouro da minha família! Tem estado aqui a gerações!... - disse a velhinha, empolgada.
- Se importa se... Dermos uma pequena olhada nele? - sorriu, como se não soubesse que melhor expressão pudesse usar.
- Oh... Bom, eu não sei... O que vocês pretendem, rapazes?

Yagami os chamou para a lateral direita do armário. Distanciou-se, e quando fez que "sim" com a cabeça, os dois fortes homens empurraram o pesado armário de ouro maciço completamente para a direção à sua frente, encostando-o na parede. Sob seus pés, um alçapão que levava a escadas de aço para o subsolo, com uma suspeita porta de chumbo protegendo o... "Porão" da mercearia. Fiquei boquiaberta! Seria aquele?...

- Gosta de proteger bem o seu estoque, não é, senhora Kengo?... - Yagazami sorriu novamente.
- Mas, mas, mas... - a velhinha ficou perplexa. A moça ficara tão surpresa que até deixara o vidro de ervas cair e espatifar-se no chão em mil pedaços - Eu não sei nada disso, senhor Yagazami!!
- Não precisa explicar nada... Vamos. - eu e os rapazes começamos a descer as escadas frias, como se aquele corredor nos levasse para um mundo completamente diferente daquele.
- Por favor, nos perdoe senhor Yagazami!! - a moça se apavorou, correndo em direção ao Mestre do Gelo, segurando-o pela gola do casaco, entre lágrimas desesperadas. Ele a olhava com indiferença, como se estivesse expondo agora toda a sua frieza - Nossa família é humilde, eles vieram aqui e nós não conseguimos mostrar resistência alguma!! Por favor, reconsidere!!
- ... Nós falamos sobre isto depois. - separou-a de seu corpo, empurrando-a sem agressividade pelos pulsos - Temos coisas importantes a cumprir...

Ela sucumbiu, ajoelhando-se no chão. A senhora ainda estava sem reação diante daquilo, tentava apenas tranquilizar a neta catatônica. Os Rockets tem dois atributos ótimos para formar um grupo terrorista de sucesso: crueldade com falta de escrúpulos, e esperteza. Dificilmente se desconfiaria que haviam plantado uma base secreta sob uma humilde mercearia de Mahogany... Mas agora eles haviam sido descobertos. E faríamos de tudo para que eles fossem desmascarados como os ratos sujos e imundos que são!! Eu não pegaria leve com eles daquela vez, NÃO PEGARIA!!

- - -

Dificilmente alguma força humana ou pokemon conseguiria abrir aquela porta feita de chumbo maciço com 5cm de espessura. Os rapazes tatearam a porta, como se procurassem alguma sob sua superfície. Yagazami ficou apenas calado, como quem tentava esquecer o que havia acabado de ver...

- Não adianta!... - disse Kouji, seriamente frustrado, com a mão apoiada na porta - Não há pontos de pressão significantes nessa porta, praticamente não há fraquezas...
- Aah, rapazes... - suspirou Yagazami, sorrindo tranquilamente - Ainda não entendem?...

Nossos olhos se arregalaram sobre ele, espantados.

- A fraqueza dá porta não está aqui... - tateou a fria estrutura de metal - E sim, aqui... - apontou então para a fechadura, que abria apenas com o cartão de acesso.
- ...Senhor. - Kouji, tentando explicar a situação até um pouco sem jeito - Está é... Como uma maçaneta comum. Mas só abre com o uso de um cartão, e não de uma chave, como está acostumado a ver...

Era estranho que um homem daquela idade não soubesse o que é uma fechadura daquelas... Principalmente com tantas delas presentes nos Abrigos de Treinadores, casas expalhadas pelas rotas extensas acessíveis por meio do Trainer ID.

- Heh heh. - ele sorriu, achando graça na leve ignorância de Kouji - Não deixa de ser uma maçaneta, meu rapaz... Este ainda é o ponto fraco da porta.
- Mas como vamos abri-la, senhor? - exclamou o outro, distanciando um pouco os braços - Não temos o cartão de acesso...

Precisávamos de uma resposta, e rápido. Então, com meu gênio para as idéias trabalhando sob as angustiantes circunstâncias, tive uma.

Expliquei o plano para os presentes: a fechadura, apesar de pequena, era incomparavelmente frágil à porta de cumbo que a sustentava - logo, haveria de ter muitos pontos de pressão. Se conseguíssemos enfraquece-la, podería-mos simplesmente destruí-la. Claro, apesar de mais consideravelmente mais frágil, ela não era fácil de se danificar - uma vez que se tratava de uma trava de segurança.

- Então, o que fazemos? - disse Kouji, disposto a ajudar. - Como poderíamos enfraquecê-la?
- ... - levei a mão ao queixo, pensativa - Dispersão de moléculas. Podemos fragilizar as moléculas do aço e então, será bem mais fácil de quebrar.
- E como você pretende fazer isso? É alquimista? - disse Yagazami, ingenuamente.

Não, mas precisaria apenas de dois elementos naturais: Fogo e Gelo. Derretendo a maçaneta, as moléculas se tornariam instáveis... Com seu congelamento, nos a solidificaríamos naquele estado fragilizado. Procurei em minha mochila alguma coisa que pudesse produzir chamas: um isqueiro, claro, se você quiser sobreviver no mato vai precisar dele. Mas não era o suficiente... Até eu encontrar a segunda peça mais importante:

- Repelente? - exclamou Kouji - Senhorita Juri, não creio que...
- Apenas afastem-se.

Eles se entreolharam e concordaram com a cabeça. Assim que subiram alguns degraus e pude notar que era uma distância segura, me afastei um pouco mais da porta e, com o isqueiro aceso diante do esparmante do Repelente, eu apertei o seu bico em direção da fecharua: um lança-chamas forte e constante havia sido criado diante de nós, e suas labaredas eram tão intensas que tive que virar meu rosto para evitar o calor. Os rapazes se protegeram ao cobrir os rostos com os braços e, ao final do incrível fenômeno químico; a fechadura estava completamente derretida, com com sua estrutura de metal fundida e ainda brilhando em vermelho devido à quantidade de calor ali presente.

- Incrível! - Yagazami exclamou, com os olhos claros arregalados. Estava bem suado, como parte dele estivesse derretendo também... - E agora, nós... Usamos gelo?
- Sim. Vai solidificar e expandir as moléculas do metal.
- Muito bem... Glaceon? - disse Kouji, olhando para o pokemon abaixo dele.
- Não, Kouji. - disse Yagazami, longe de parecer repreende-lo com sua personalidade serena - Já chegamos até aqui... Já basta de tentar manter as coisas em segredo...

Kouji ficou espantado, sem saber o que fazer. O outro também. Nem preciso dizer que não reagi de forma diferente... Yagazami se aproximou da fechadura e, quase tocando o chão com seus frágeis joelhos, aspirou um pouco de ar e soprou diante da fechadura. Seu sopro era suave apesar de gelado, extremamente gelado; como alguma espécie de Ice Beam saído de lábios humanos. Como aquilo era possível?! Foi quando me lembrei que ele era um dos Mestres do Taiko... E de acordo com minhas deduções, o sacerdote mestre de Zeki e Yue. Era... "Natural" que tivesse domínio dos elementos naturais, principalmente sobre o que regia. Depois de alguns instantes soprando, o metal derretido se solidificara novamente, adruirindo agora uma tonalização amarronzada. Uma vez deformada, a fechadura começou a emitir ruídos:

- Está ouvindo os estalos, senhor? - perguntei, apenas para constatar.
- ... Sim, como se estivesse se dilatando... Realmente. Agora está bem mais fragilizada.

Perfeito! Agora bastava um empurrão... Bem forte, mas tínhamos quem o fizesse.

- Pode vir, Chun.

Yagazami se referiu ao maior. Ele se posicionou de lado para a fechadura, curvou um pouco os joelhos e fechou os olhos como se estivesse se concentrando bastante. Seus fortes e pesados punhos se fecharam, e pude quase ver sua aura carregada de energia - de tal forma que até me faltou um pouco o ar dos pulmões... De repente, ele dá um urro tão feroz e intenso que suas pupilas até se contraíram com sua ira, e com toda a velocidade do seu braço; socou aquela parte da porta, destruindo a maçaneta por completo. Usando sua (sobrehumana) força restante, ergueu a porta de chumbo e a desconectou-a das dobradiças, como se fosse feita de sapê.

Obviamente, a violação da fechadura da porta mais importante do prédio não passaria despercebida. Ela apenas acionou um alarme em todo o prédio. Diante de nós, um grande corredor branco se revelou. Luzes vermelhas ocilavam e as sirenes gritavam pelo subterrâneo. Dois rockets que guardavam a porta na metade do corredor, começaram a agir rapidamente e miraram suas metralhadoras em nós. Chun nos protegeu usando a porta de chumbo como um grande escudo, que quase não arranha mesmo com a incrível quantidade de balas usadas.

Agora teríamos que ser sagazes: a partir do momento que invadimos o lugar, todos deram conta de nossa localização, e não poderíamos abrir a guarda em momento algum. Eles se prepararam para fugir. Pus Golem para fora da pokebola, enquanto Glaceon usa seu Ice Beam para congelar os pés dos rockets no chão, para impedir que fugissem e contatassem os outros. Chun atirou a porta de chumbo por cima dos rockets, que apenas se encolheram apavorados; enquanto o metal se espatifava nas paredes dos corredores.

Golem investiu sobre eles, mas não apara atáca-los. Aproveitando o momento de pânico dos peões, agarrou-lhes as armas e quebrou-as jogando uma contra a outra, espatifando-as em mil pedaços. Usar seus pokemons ordinários oferecidos pela empresa de nada adiantaria agora. Chun e Kouji se aproximaram deles e começaram a revistá-los, a procura de algo:

- Ei mermão, que ê tá fazendo?! - gunhiu o revistado por Kouji - Não me pega aí, p*rra!!
- Aqui. - disse Kouji, tirando um Key Card do bolso traseiro do Rocket - Apenas dois bastam. Algo aí, Chun?
- Outro aqui. Vamos logo, eles já nos perceberam a muito tempo!

Yagazami invocou seu casal de Sneasels. Eu montei nas costas redondas de Golem, os percursionaistas foram na frente acompanhandos de seus Eeevees evoluidos. Estávamos preparados para enfrentar o exército dos Rockets que se erguida diante de nós. Enquanto a sirene zunia pelo prédio protegido debaixo da terra, um dos Rockets pega seu walkie-talkie com dificuldades jogado no chão, então alerta os outros:

- Invasores entranto pela ala Oeste!! Acionar alarmes e tropas da área IMEDIATAMENTE!!

A próxima sala era feita de corredores que formavam um "S", com o piso formado pelo que parecia ser finas placas de aço. Por toda a sua extensão, podia-se ver belas e grandes estátuas de Persians sentados sob pedestais com um pouco mais de 1,5m de altura, uma diante da outra em cada parede do corredor, formando um caminho de felinos de mármore. Yagazami, que vinha logo atrás de mim, começou a desacelerar graduamente seus passos largos, pousando a mão sobre o peito e apoiando-se pelo joelho com a outra.

- Senhor Yagazami! - exclamei, saltando as costas de Golem e me aproximando - O senhor está bem?!
- Ooh... - ele estava muito ofegante, e suava tanto que parecia que tinha acabado de sair de uma estufa à vapor - Aqui... Tá muito quente aqui!
- senhor Yagazami! - exclamou Kouji, bem preocupado - Mas, como senhor; não há nenhuma variação de temperatura aqui...
- Muitos pontos de calor... - ele sussurrou, com a voz se arrastando pela frágil traquéia.

Pontos de calor... O que significaria aquilo? Olhei ao redor, na tentativa de localizá-los. De repente, o Leafeon de Chun começa a latir determinado para as estátuas, como se quisesse chamar nossa atenção para elas. Elas emitiam calor? Me aproximei dos pés de uma delas, e fui empurrada quase que violentamente por Leafeon, como se ele estivesse me impedindo de me aproximar dela.

- Mas, que diabos?! - exclamei.
- ... É isso! - Kouji pareceu ter uma idéia brilhante - Sensores de calor.
- Hã?
- Sensores de calor. Se passar entre elas, o sensor detectará o calor do seu corpo e acionará algum sistema, como um alerta em específico.
- Mas, se haviam Rockets na porta da frente, eles mesmos não podiam acionar o alarme caso o prédio fosse invadido?
- Exatamente. Então esses sensores acionam outras coisas... Não preciso nem dizer que daqui em diante, tudo que for "acionado" só irá piorar as coisas.
- Mas... Não há como prosseguir sem passar por eles! - exclamou Yagazami, perdendo sua vitalidade, apoiando-se sobre Chun.
- Deve haver...

Não tínhamos mesmo escolha. O alarme já havia soado, acionar os outros só pioraria a situação. Meu plano então foi passar sem usar uma criatura que tivesse sangue quente. Golem era feito de matéria inorgânica. Como cada estátua dependia da que estava diante dela para funcionar, ordenei que Golem usasse seu Rollout para destruir as estátuas de uma única coluna.

Conforme Golem realizava curvas pelos corredores, nosso time avançava pelo QG da Equipe Rocket. Em certa altura, já prestes a atingir outro nível do prédio, surgem vários Rockets de uma sala ao lado, cada um com um Raticate correndo ao lado. Eles se posicionam diante da porta e apontam suas armas para frente, igualmente com suas grotescas ratazanas exibindo os dentes poderosos para nós. Golem surge do corredor neste instante, rolando em sua velocidade máxima. Os Rockets se amedrontam e seus Raticates assustados mal tem tempo de desviar no corredor sem saída, sendo atingidos em cheios como pinos de boliche.

Atordoados, os homens e os pokemons baixam suas guardas. Fazendo a quebradeira de sempre com os fuzis dos peões, apressamos nosso passo para que eles não tivessem tempo de reagir. Usamos o Key Card e avançamos para a próxima sala.

Havia um corredor que primeiro fazia uma curva para baixo do lado esquerdo depois prosseguia retilíneo, com as mesmas características do corredor anterior - mas sem estátuas. Pelo menos isso... No final dele, uma sala com uma porta de mogno laqueada e ricamente decorada. No centro dele, havia outra porta de chumbo, localizada na parede direita. Reparando naquilo, pude perceber que se tratava de uma sala MUITO GRANDE para ocupar todo aquele perímetro. Não haviam placas ou escrições descrevendo aquela sala, mas havia uma fechadura a Key Card.

- Imagino que aquela seja a Sala Principal... - disse Yagazami, começando a se recompor - É um quartel bem compacto, como pode-se ver...
- E agora? - Chun virou para trás, com nós três formando um semicírculo, como se convocássemos uma assembléia - Temos que pensar e agir rápido. Aqui é um lugar perigoso!
- Lá encima estão os cabeças desta organização. - disse Kouji - Precisamos nos separar. Cada sala, um cartão... - exibiu os Key Cards entre os fortes dedos.
- Muito bem. Vamos eu e Juri para esta sala. Vocês tem pokemons fortes o bastante para combatê-los... Qualquer coisa, nós os socorreremos.
- ... - Kouji ficou cabisbaixo, mas pareceu compreender os planos - É muito arriscado mas... Creio ser a única saída. - nos deu um dos Key Cards - Boa sorte; senhor Yagazami, senhorita Juri...

Eles nos reverenciaram rapidamente com a cabeça. Narrarei as duas cenas separadamente, a fim de que se compreenda bem o que ocorreu em cada uma das salas.

Sala 1 - O Gerador de Energia

Aquela sala respirava eletricidade, senti até meus cabelos se arrepiando um pouco ao adentrá-la. Era toda revestida de chumbo. A primeira coisa que se via era um enorme gerador cilindrico no centro da sala, suas extremidades estavam conectadas em fios que o ligavam a uma fileira de 4 grandes Electrodes, à direita e à esquerda, com cada uma das grandes esferar de energia transmitindo muita eletricidade por um fio. Mas ao entrar a primeira coisa que se nota são 3 pedestais de metal com grandes gaiolas esféricas formadas de energia elétrica, cada um com um dos três Cães Lendários preso nelas: Entei, Raikou e Suicune; com os corpos fragilizados e entregues àquela situação terrível...

Fora que estava imersa numa grande escuridão. Os únicos pontos de iluminação eram os Electrodes conectados aos fios, algumas luzes do gerados e as gaiolas elétricas.

Havia apenas uma pessoa na sala, um Rocket que não notara nossa presença pois estava de costas para nós. Depois de observar, notei que ele parecia muito com o que havia invadito o Poço dos Slowpokes em Azalea... Sim! Sim, era ele mesmo, o próprio! Ficamos em silêncio para ouvir o que ele dizia ao ventos:

- Hah hah hah, finalmente! Está tudo conforme o plano... - ele riu, de forma sinistra, com seu rosto oculto na escuridão - Não vou precisar de muito mais para conseguir a admiração do chefe... Assim, eu vou sumir o cargo de Administrado e aqueles idiotas vão comer o pão que o diabo amassou! DE NOVO! - e novamente riu, engasgando-se em suas gargalhadas.

Entei, que estava cabisbaixo e com o corpo ferido (imagino quantas vezes ele tantara se jogar diante da gaiola para escapar. Oh meu deus...), lentamente ergue a cabeça e bate o olho em nós. Exclama meu nome, como se ele fosse uma sirene que despertara novamente o ânimo e a vontade de lutar neles três. O Rocket nota nossa presença e vira sobresaltado em nossa direção, rangendo os dentes e fechando os punhos em fúria:

- Você!! Você é o vermezinho que arruinou meu planos em Azalea!!
- Foi pra você aprender, seu bandido! - parecia uma criança falando, de tanto medo - Vou fazer o que for necessário para impedi-lo!!
- É o que veremos!

De sua pokebola, saiu um pokemon fedido e sujo dos Rockets. Mas não um fedido e sujo dos soldados ordinários, oh não... Aquele era o pokemon mais fedido, sujo, podre e grotesco que eu viria em toda minha vida. Mesmo seu ruido lembrava uma flatulência intestinal. Era grande, roxo, com dentes e garras afiadas, e um olhar misteriosamente maléfico. Yagazami pôs seu Piloswine em campo, preparando-o para o combate:

- Juri!! - exclamou - Desligue o gerador!!

Não teria como ser mais fácil. Enquanto o pobre Piloswine sofria por ser grande e lento diante das investidas do robusto porém veloz pokemon venenoso, Golem não fazia muito mais do que desconectar os fios carregados com milhares de volts do gerador, um por um, uma vez que a eletricidade não lhe afetava de forma alguma. Os Electrodes ficavam parados se olhando conforme iam sendo desligados do gerador, alguns ficavam até aliviados, mostrando seu cansaço.

- Vocês não entenderiam!! - dizia o Rocket, quase chorando - Nunca sofreram de verdade nada vida, nunca passaram por uma verdadeira necessidade!!
- Você está matando pessoas, ferindo pokemons, torturando seres vivos!! - exclamou Yagazami, argumentando - Nenhuma necessidade precisa ser compensada pelo mal que estão expalhando por nosso continente!!
- Cala a sua boca!! A única coisa que eu sei fazer é criar máquinas, só assim posso sustentar minha família!!...

Aquilo me chocou. Ele estava fazendo aquilo por necessidade... E por quanta não deveria estar passando. Pobre homem... Mas não podia pegar leve por causa disso. Assim que faltavam apenas 3 fios a serem desconectados, os cães lendários rugiram ao se sentirem libertos. Toda a energia que alimentava o prédio havia acabado. Por alguma razão, os Electrodes se sentiram revoltados. Seu corpo comoçou a brilhar, e o Rocket ficou aterrorizado:

- FUJAM!! ELES VÃO SE AUTO-DESTRUIR!!

Fomos correndos todos em direção a porta. Os cães lendários eram ágeis e fugiram primeiro, seguidos por mim e Golem, que voltara para a pokebola para não enlerdar o processo. A magnitude dos Electrodes estava fazendo o prédimo tremer, e o chão instável acabou por causar a queda do Rocket. Já na saída, com os pokemons prestes a explodir, corri até ele e o ajudei a ser erguir. Ele me olhou espantado, estava arriscando nossas vidas! Mas eu tinha que fazer isso!

Saímos correndo dali, e assim que fechei a porta de chumbo atrás de nós e fazendo-a travar automáticamente na fechadura eletrônica, a sala explode. O impacto é forte demais, mas por ela ser toda revestida de chumbo - e igualmente a porta -, ele ficou contido lá, e não danificara o resto do prédio. Todos estávamos ofegantes, cansados, com a adrenalina martelando nosso sangue. O Rocket, ajoelhado no chão, ergueu a cabeça e disse, arfante:

- Eu... Eu sou muito grato pelo que fez por mim... - levou a mão ao peito, como se o ar respirado pelas muitas pessoas no corredor lhe pesasse - Salvou minha vida...
- ... - apenas me virei de costas, indo em direção a sala superior. Olhei para Entei - Fiquem aqui. Nós voltamos logo...
- ... Ei!! - ele gritou, quando estávamos prestes a subir os degraus - Acha que vai se livrar assim de mim?!
- ...?
- Você quer algo, não quer?! Quer meu dinheiro, minhas roupas, meus pokemons?! Minha vida?! - gritou, chorando - Não importa, você acaba de arruiná-la mesmo!! Leve-os, é tudo que posso lhe dar!!
- Não vou tirar nada disso seu.
- Então porque se arriscou daquele jeito?! Porque você me salvou mesmo depois de tudo que eu fiz?!
- Você disse que tinha uma família... Certo?

Ele ficou catatônico. Depois, sucumbiu em seu arrependimento. Subi aquelas escadas com a certeza de que havia me tornado mais madura naquele instante...

Sala 2 - O Antro dos Administradores

Enquanto estávamos no andar inferior, Kouji e Chun conseguem adentrar a sala dos Administradores que, por incrível que pareça, era acessível pelo Key Card que eles tinham em mãos. Era ampla, ricamente decorada com artigos de madeira. Maior parte do chão era um quadrado no centro da sala formada por finas placas de metal... E o resto por azulejos brancos. Quadros grandes adornavam as paredes, mas estava mutio escuro para se reparar nos detalhes... No fundo, estátuas de Persians iguais as dos corredores, mas a do canto esquerdo virada para a direita e esta virada para a porta. Uma ampla mesa de mogno com um grande globo terrestre a adornando. Alguém girava aquele globo, sentado sobre a mesa... O outro vulto apenas observava.

- Nossa. Achei que fossem demorar um pouco mais... - disse uma voz feminina e sensual - Poderiam ter se divertido um pouco mais com nossos leais peões...
- Quem são vocês? - disse Kouji, com certa ira em seu tom de voz quase sempre calmo - Revelem-se!
- Com todo o prazer...

A mulher era alta e tinha um corpo bem esculpido. Seu vestido negro adornado com botões de ouro que o prendiam em seu abdome tinha um largo decote no lado esquerdo, revelando pernas bem torneadas e ornamentadas com botas pretas de cano longo. Brincos de esmeraldas perfeitamente polidas e esféridas decoravam seu belo rosto, coberto pela franja dos longos cabelos avermelhados, quase amagentados. O homem trajava um uniforme também preto mais quase-militar, com ombreiras e cordões de ouro - um ligando-as, e outro passando por baixo do braço esquerdo. Botões em seu peito sustentavam sua patente, e uma curta capa lhe adornava as costas. Eles tinham feições cansadas, deviam ter uns 40 anos, mas ostentavam corpos bem preservados da juventude. Um Persian com andar refinado se aproxima deles, era bem grande e saudável, mas tinha algo profundo em seu olhar, quase como se ele pudesse se comunicar conosco... Quem seriam?

- Sabemos de suas intenções aqui. - disse o homem, que tinha uma voz elegante como a de um cavalheiro - Peço gentilmente que se retirem, e que de preferência, não alertem a polícia Federal. A não ser é claro, que queiram ser retirados à força...
- Vocês que sairão a força daqui!! - exclamou Chun, cheio de raiva - Escoltados pela Polícia, seus ratos!!
- Ooh, assim você nos ofende... - disse a mulher - Se quer do jeito mais difícil, que assim seja...

- - - - -

Houve a explosão. Quando adentramos a sala, uma camada de gás caiu sobre nós - não era tóxico, era parecido com fumaça comum, mas nos impedia de respirar. Tapei minha mão e a primeira coisa que vi sem muita nitidez foi Glaceon e Leafeon sendo esmagados por uma enorme e pesada Arbok, espremendo-os em seus respessos rolos. Um grande Weezing espelia sua fumaça continuamente. Eles gritavam desesperados, e um flash de idéia iluminou minha cabeça. Na hora eu nao percebi, mas algo naquela sala me era familiar às outras: onde haviam estátuas de Persians, haviam pisos de metal. Escondida entre a fumaça, aproveitei que os Administradores não haviam me notado e me aproximei da estátua de Persian virada para a porta. Com muita dificuldade, mas dando meu melhor para agir rapidamente e poder livrar os Eevees, virei-a na direção na outra e acionei seu dispositivo secreto.

As placas de metal de distanciaram muito rapidamente, abrindo um alçapão que levava a uma piscina aberta a um andar no solo, ainda cercada por terra. Estava repleta de Carvanhas e Sharpedos, aparentemente famintos, prontos para atacar qualquer um que caísse ali. Arbok caiu como um alvo fácil, esticando seus rolos e dando tempo para Glaceon escapar - Leafeon, por ser maior, teve dificuldades e conseguiu segurar-se apenas pelas patas traseiras, e Yagazami ajudou-o a sair. Infelizmente os Administradores da Equipe Rocket não tiveram a mesma sorte... Despencaram do alçapão com seus pokemons. O Persian deles, que assistia os rápidos segundos em que aquilo aconteceu horrorizado, não pensou duas vezes e atirou-se também. Era um exemplo de pokemon fiel até o fim...

Quando eles atingiram as águas, conseguimos ver apenas bolhas. Muitas, e muitas bolhas. E gritos desesperados... Mas mesmo se quisesse, não poderia ficar simplesmente os observando. Precisavamos sair dali o quanto antes, e pegamos a Saída de Emergência ao lado da estátua de Persian.

Do lado de fora da loja...

- Senhorita Juri, a Polícia Federal agradesce mais uma vez pela sua enorme colaboração! - disse a oficial, a mesma de Azalea. Ela que devia coordenar a operação contra a equipe Rocket. Estava acompanhada de dois grandes Arcanines, com suas vistosas jubas balançando ao vento.
- E as investigações, oficial Brenda? - disse Yagazami, sério.
- Chegaram num rumo inesperado logo quando começamos. No início, quando procurávamos pelos suspeitos... - pausa.
- Aqueles de Azalea, que deixaram a garrafa no chão? - perguntei.
- Sim... Quando os rastreamos, conseguimos localiza-los, mas... Já estavam mortos.

Senti minha pupilas contraindo em meus olhos espantados quando ela me deu a noticía. Meu deus... Isso é tão cruel...

- Oficial, suspeito que eles não pararam por aqui. - disse Yagazami - Por favor, só tenho uma coisa a pedir.
- Pois peça, senhor Yagazami. - puxa... Yagazami devia ser mesmo muito importante.
- Patrulhem todas as cidades, fiscalizem as barreiras com aind amais rigidez. Eles não vão parar tão cedo... Estão seguindo passos muito familiares. E se estivermos preparados, podemos pegá-los de surpresa.
- Mas! - ela se espantou - Mas, se está pensando que eles farão... Não, senhor, isto seria obvio demais!
- Exatamente!

Eles continuaram discutindo conforme muitas perguntas ainda pairavam em minha mente... O que a equipe Rocket havia planejado anos atrás? E hoje em dia, 20 anos depois, o que queriam eles - principalmente com os cães lendários? Eram perguntas que seriam esclarecidas apenas futuramente... Caberia apenas a mim prosseguir meu caminho em busca de respostas.

- - - - -

- James!! - gritou a mulher, sentindo-se afogada - James, você está aí?!
- Jessica!! - gritou o homem, nadando com esforço em sua direção, tentando desviar das ondas e bolhas formadas pela movimentação na água - Jessica, estou chegando!!

Um Sharpedo lentamente surge por baixo de Jessica, erguendo-a da água. Estava completamente enxarcada, assim como seu parceiro, que se aproximara e se segurava no nariz da enorme criatura de dentes afiados, que agora parecia tão calma e relaxada. Os outros pokemons também se aquietaram, e lentamente se aproximavam do casal sob Sharpedo, com certa curiosidade.

- Oh, James... Graças a deus está bem! - ela o abraçou por baixo dos braços, ajudando-o a subir em Sharpedo.
- Pensei que fosse perde-la...
- Eles... Eles não nos atacaram... - ela olhou surpresa a sua volta.
- Sim... São muito leais. Estão fazendo a coisa errada a nos obedecer, mas... São leais...
- Eu não acredito... Mais uma vez, descepcionamos nossos superiores...
- Jessica...
- Anos trabalhando aqui, e quando finalmente alcançamos um cargo digno; nós, nós... - cobriu o rosto com as mãos, desmoronando em lágrimas - Arruinamos tudo, para variar!!
- Jessica... Venha aqui...

Ele a abraçou por um longo tempo. Segurou sua mão e deu ouvidos ao seu choro, consolando-a.

- Eu não quero mais isso, James... Estamos chegando na metade das nossas vidas, e não crescemos... Apenas regredimos.
- Não diga isso. Aprendemos e devemos muito à equipe Rocket, meu bem... Mas, você tem razão. Já deu o que tinha que dar... Não tínhamos juízo naquela época... E agora que o temos, não podemos mais fazer mal uso dele!

Um rugido reptiliano. Encima de outro Sharpedo, Arbok e Weezing os observavam atentos.

- Nossos pokemons... Leais até o fim. - disse Jessica, sorrindo, com lágrimas escorrendo pelas bochechas.
- Venham cá! - chamou James. Arbok foi nadando, e Weezing flutuou até ali - Nunca nos abandonem... É tudo que precisamos.
- Ei! E eu?!

Aquele Persian falava! Ele foi nadando com dificuldades em suas patas felinas, em certa altura precisou da ajuda das Carvanhas para progredir até os Rockets.

- Oooww, Meought! - disse Jessica, sorrindo largamente e ajudando-o a subir. Eles ainda o chamavam pela sua pre-evolução?... - Jamais nos esqueceríamos de você!
- É bom mesmo que não!
- Precisamos dar um basta nisso, Jessica. - James disse, sério - Temos que dar nosso melhor agora.
- Sim. Vamos reparar nossos erros, James. E se quisermos, teremos que agir rápido!
- Meought! É isso aí, pessoal!

Partiram pelos corredores de água. Agora, mesmo que não soubéssemos, os Ex-Rockets agora estavam ao nosso lado. Imagino que tipo de ajuda eles dariam? Será que eles sabiam de muita coisa? Seja o que fosse, minha jornada estava atingindo seu clímax.


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Notas finais do capítulo

Essa fanfic já foi publicada no fórum do site Pokémon Mythology. Visualise o tópico aqui: http://www.pokemonmythology.org/fanfics-pokemon-f28/pokemon-ominous-onix-a-testemunha-corrompida-t5224.htm



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