Pokémon Shining Crystal - o Juízo Final escrita por Nandarazzi


Capítulo 11
Capítulo 10 - O Perigo que Nos Espreita


Notas iniciais do capítulo

Os desenhos deste capítulo são todos antigos. Para ver meus novos desenhos, é só ver meu álbum no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=ls&uid=7106160602203861896

Desenhos nesse capítulo:

— Não tem desenho dessa vez! Poxa :/



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Após a derrota dos Rockets, a confusão perdurou por bastante tempo na cidade. Durante a noite, os noticiários repetiam de forma massiva o combate da população versus os malfeitores, e todo tipo de comentário foi apresentado: de conspirações governamentais até apocalipticas. Uns jornais mostravam as cenas da cidade já com o manto negro a cobrindo sob a luz do luar, mostrando quanta gente havia ficado ferida. Muitas pessoas ficaram gravemente machucadas, mas até então, nenhum óbito.

- Graças a deus... - suspirou Francine, aliviada, enquanto assistiamos ao Jornal da Noite no sofá do centro pokemon... De Ecruteak, claro.
- Iih, diz isso porque você não se lembra de nada, meu bem - disse Kenny, sentado de pernas cruzadas, olhando para o fundo do seu pote de chá, como se tentasse decifrar o que as ervas depositadas no fundo lhe diziam - Foi horrível...
- Não deu pra vir muito rápido. - respondeu Tania - Tive problemas nas barreiras... Sabe, eu fui apreendida e até multada!
- Por que? - exclamei.
- Sabe, com aquele lance ocorrendo em Goldenrod, eles fortaleceram a segurança nas barreiras. Eu tava vindo num Dragonite emprestado pelos monges... Ai amiga, você tem que ver ele, é tão bonitinho!
- Tania, não perca o foco...
- Ah sim, claro - recompôs-se - Minha Trainer ID foi multada por eu estar levando mais de seis pokemons... Sabe, com o Dragonite são sete.
- Putz.
- Mas, poisé fazer o quê. - tomou um gole do chá verde - Pus meu Laturn na minha Caixa de Armazenamento. Provavelmente vou precisar do Dragonite mais vezes... - olhou para ele pela janela redonda, que acenou para ela e sorriu com aqueles grandes olhos azuis.

Bom, aquele estava longe de ser um Dragonite comum. Primeiramente que ele era criado como um bichinho de estimação pelos monges para proteger o templo, e não viva numa pokebola. Segundo, ele não tinha 2 metros de altura como os dragontes normais: aquele deveria ter uns 8 pra 10 metros. Ele era um raro Pokemon Gigante, e imagino os gastos que ele não dá com alimentação, manutenção, saúde e etc. Apesar disso, deveria ser um pokemon inimaginavelmente forte. Tania teve sorte de uma criatura assim estar aliada a ela.

O Persian do casal de ex-Rockets se dirigiu até nós na sala do centro pokemon. O de Kenny estava por perto, e levantou a cabeça ao ver o membro da mesma espécie de aproximando. Este o olhou rapidamente depois sentou-se diante de nós, falando ao levar a mão ao lado do focinho para que as pessoas ao redor não vissem seus lábios se movendo e pronunciando palavras:

- Escutem, não temos muito tempo. Podemos até estar do lado de vocês, mas ainda somos procurados... Vamos nos encontrar na frente da Tin Tower, uma torre ao nordeste daqui. - ainda era estranho escutar um pokemon falando com a gente.
- Tin Tower?... - eu disse, confusa.
- Não se preocupe, eu sei onde fica. - respondeu Kevin - Posso levar todos até lá.
- Ótimo. Eu queria pedir outra coisa também - já não cobrindo mais o rosto - Eu precisarei passar algumas instruções para seus pokemons, afinal ainda consigo me comunicar com eles. Preciso que libertem todos, nós vamos organizar uma assembléia nos fundos da torre... Prometo que não há com o que se preocupar.

Nunca imaginei um Persian falando uma palavra tão refinada quanto "assembléia" para mim. Ecruteak, por ser consideravelmente próxima de Goldenrod, havia se aliado a Violet na prestação de serviços a cidade: os hospitais dessas cidades ajudariam a atender as centenas de feridos da guerra urbana. Até o centro pokemon estava um pouco lotado. Não poderíamos vacilar portanto, na calada da noite, beirando as duas da manhã, nós nos dirigimos à Tin Tower, afim de evitar a maior movimentação possível.

Estava escuro com breu. Guiados apenas por Persian, que iluminava um pouco o caminho com a pedra mágica em sua testa; e Kevin que cuidava de nossos passos incertos, fomos caminhando pelas amplas ruas e esquinas da tradicional cidade campestre. Ao olhar para cima, me deparei com um céu ricamente estrelado e uma lua cheia e brilhante. E pensar que tudo aquilo poderia desaparecer... Se não cumpríssemos nossa missão, perderíamos tudo. Os rios e lagos, florestas e bosques, montanhas e mares... Tudo dependia de nós.

Os monges estavam sérios, mas não impediram nossa entrada. Assim que a atravessamos, nos deparamos com um longo caminho de terra, cercado por um corredor de árvores de folhas envelhecidas, como se estivessem no auge do outono. Mas estávamos no verão! Logo, elas ainda deveriam estar verdes e vistosas. Senti como se o tempo lá corresse de forma diferente, mas não pude sentir bem se ele estava muito atrasado ou alguns meses adiantado.

A Tin Tower não se diferenciava muito das demais torres religiosas que eu havia visto até em então. Pelos menos na questão de arquitetura - porque ela era MUITO alta, parecia cortar o céu com sua enorme estrutura. Me admira nunca ter reparado nela antes. Havia um grande e amplo pátio diante dela, e erandes estátuas laqueadas em ouro adornavam o acesso ao portão (que estava trancado, obviamente). Tinham formas de grandes aves abrindo suas asas para trás e arrulhando com os bicos bem apertos. Suas características me eram muito familiares... Foi quando percebi que elas eram idênticas a que Silver tinha em seu escritório.

- Uau! - disse Kenny - São... Como são bonitas.
- Sim. Hoh-oh é uma criatura deslumbrante... - a voz da Administradora Rocket surgiu por trás da estátua - Apesar de cruel.
- ... Eu imagino que esteja na hora de perguntar isso. - disse - Quem são vocês, afinal?...

Surgem os dois, cada um de trás das estátuas. Eles se entreolham e sorriem, como se ja tivessem dezenas de frases prontas para citar. Mas não disseram nada, apenas nos convidaram para sentar-se no macio chão de terra diante deles, formando um semi-círculo.

Havíamos libertado nossos pokemons para que se reunissem nos fundos da torre. Sentandos no segundo degrau das escadas, eles fizeram sua introdução: Jessica, James e Persian trabalhavam a muitos anos na Equipe Rocket, mas como meros capangas. Muitas vezes envolvidos em aventuras de tirar o fôlego, eles cresçeram sob o pano negro daquela instituição. Com o ressurgimento, eles adquiriram posições bem mais respeitosas na empresa, sendo respectivamente Administradora e General.

- Nos últimos anos, haviam pensado tanto nisso... - disse Jessica, cabisbaixa - Céus... Passamos mais de 20 anos de nossas vidas no caminho errado... E será que valeria mesmo a pena? Tudo para ter domínio sobre o mundo?...
- E isso não seria bom pra vocês? - disse Roy, com seu instinto justiceiro ainda duvidando deles.
Bom, não nego que ainda não acreditava inteiramente neles... Mas pelo menos, caso tentassem alguma gracinha, estávamos todos preparados.
- ... Não. Não seria.... - disse James, que pelo menos parecia menos malvado que Jessica. Se bem que, àquela altura, nem ela parecia mais tão assustadora assim... - Acreditamos por muito tempo que ser Rockets era tudo em nossa vida. Mas hoje em dia, quando nos olhamos nos espelhos e apenas esperamos pelo surgimento das nossas primeiras rugas... Percebemos o quanto isso não passa de tolice.

Certamente. 20 anos de trabalho não é pouca coisa... Pude ver em suas palavras e em suas expressões que o que eles diziam era a verdade. Não haveria motivos pelo qual duvidar deles...

- Estamos gratos em saber que se arrependem do que fizeram - disse uma voz jovem, porém madura - Ainda mais ao se juntar a nossa causa...
- Sentimos muito pela demora! - disse outra voz jovem e idêntica, porém nem tão madura assim... - Não é fácil simplesmente trocar de roupa quando se é um Unkw...

Quase não os reconheci naqueles trajes comuns. Todos os pupilos estavam lá, cada um vestido de forma diferente de quando os conhecemos, sem aqueles trajes misteriosos e pinturas corporais. Os gêmeos trajavam jeans e blusas até um pouco coladinhas, Yue de preto e Zeki de branco (vai entender, coisa de gêmeos...). Kouji e Chun, os percursionistas, usavam calças compridas e blusas sociais - a de Kouji era bem vermelha, e levavam seus adornos prateados nos pescoços fortes. Rin e Nayru da mesma forma, porém com uma blusinha rosa e uma social amarela (por sinal, as pernas da Nayru ficavam bem... destacadas nas calças). Kei estava de raibans escuros... Estava ridícula. Hah, hah!

- Imagino que tenham muita coisa a dizer, para nos reunir tão secretamente... - disse Chun, com sua voz grossa.
- Sim, bastante coisa. Por favor... - convidou Jessica, a anfitriã - Sintam-se à vontade.

- - - - -

Confusão no bosque. Conforme os pokemons se arrumavam numa ampla clareira banhada pela Lua, a agitação era constante. Afim de promover a interação entre os pokemons e evitar a formação de panelinhas, Persian os organizou por tipo, e não por treinador: água ficava perto de água, venenoso perto de venenoso, planta perto de planta e etc. Os maiores se sentavam atrás, e os menores sentadinhos diante deles para que todos coubessem ali. Eram mais de 30 pokemons posicionados cuidadosamente, prontos para debater e discutir sobre os vários temas que aconteceriam naquela noite.

Alguns pequenos estavam nas costas do grande Torterra de Francine, e alguns na barriga de Slaking. Rotom e Butterfree flutuavam no ar, enquanto os voadores se apoiavam nos ramos de árvores próximas. Alguns de temperamento curto como Floatzel e Purugly aguardavam impacientes, enquanto outros tranquilos como Espeon e Absol aguardavam pacientemente. Os pokemons que puxariam a assembléia eram três: Persiam, como o principal anfitrião, Jolteon; representando a sabedoria Unkw sobre o mito, e Entei, que dominava quase todos os temas abordados naquela noite.

- Atenção! Atenção por favor! - Persian pediu, sentado numa pedra que usava agora como pedestal - Vai começar agora a assembléia dos pokemons do Juízo Final.
Falação entre os pokemons. Acredito que o nome não tenha agradado muito...
- Poxa, não dava pra escolher um nome melhor, não? - disse Butterfree.
- Huum, bom, o que vocês sugerem?
- Legião da Justiça! - exclamou Pelipper, balançando as asinhas.
- Guardiões da Paz! - defendeu Golem, com Charizard o apoiando.
- Guerreiros do Apocalipse! - Rotom, com sua voz eletrônica.
- Isso tá ficando muito confuso! - disse Persian, já descabelando-se - Vai ser Legião dos Guerreiros da Paz, pronto!

Todos pareciam concordar. A assembléia começaria. O Persian que estava ali, apoiado pelas teorias apresentadas pelo Jolteon de Kei, explicava exatamente o que os Rockets diziam para os humanos: que mesmo que a Equipe Rocket estivesse eliminada, o perigo ainda era iminente. Com o sumiço do Clear Bell naquele mesmo dia, ninguém tinha mais certeza de nada. Era tudo muito imprevisível, e eles teriam que estar prontos para unir-se e batalhar a qualquer instante. Os pokemons pareciam entender. De início, tímidos e discriminados pela sua treinadora, os pokemons de Francine logo se mostraram muito cooperativos e deram muitas informações sobre a Equipe Rocket, completando as afirmações de Persian. Estavam facilmente se enturmando, Feraligator até havia simpatizado com Torterra, um cara que havia achado muito amedrontador de primeira!

- Bom, eu queria chegar neste ponto - disse Persian - Alguém aqui sabe o que é um Unown?
Poucos levantaram as mãos. Entei disse, saindo de seu pedestal:
- Pode deixar então que eu explico... Unowns são seres que Ho-oh criou para passar seus ensinamentos aos humanos. Eles são pokemons como nós, alguns inclusive habitam as Ruínas de Alph, ao Sul de Ecruteak.
Certo. Os pokemons concordaram com a cabeça, pareciam entender.
- Acontece que poucos sabem do verdadeiro poder dessas criaturas... Preciso que me escutem, e que escutem com atenção!

Entei explicou que os Unowns poderiam se tornar extremamente agressivos e maus, diferente do motivo pelo qual eles foram designados. Eles poderiam encorporar em humanos e atormentar sua alma, agindo como um parasita. Ele pode ficar por muito tempo dentro de uma pessoa sem que ela ou ninguém ao seu redor desconfie. Mas quando ordenados, ou quanto a raiva da pessoa é engatilhada nos casos mais comuns, essas criaturas começam a manifestar-se. E isso pode acontecer de forma lenta, influenciando o caráter e a personalidade da pessoa e criando nela tendências para praticar o mal sem remorso. Ou de forma explosiva, a mais perigosa, quando eles simplesmente encorporam na pessoa e a dominam ou despertam realmente dentro dela.

Aquelas vaporizações e criaturas estranhas que foram vistas sendo expelidas pelos Rockets e algumas outras pessoas eram Unows controlando-as. De acordo com as informações fornecidas principalmente pelos pokemons de Francine, eles podiam notar essas "presenças estranhas" na aura dos Rockets, principalmente de sua treinadora - que de repente, tornou-se má. Eles explicaram também que ela era prima do dono da Equipe Rocket, Silver. Não só isso: que eles tinham um relacionamento amoroso.

Para alguns no local, "amor" ainda era um sentimento desconhecido. Entei apenas arregalou um pouquinho os olhos diante do frenesi dos pokemons.

- Além do mais... - disse Garchomp, pensativo - Se não engano, ela deve estar esperando um filhote dele também.
- Um bebê?! - Purugly, quase pulando no companheiro - Quando ela disse isso?!
Mais frenesi. Agora Entei arregalara mais os olhos.
- É, um filhote de gente. Dizem que quando humanas esperam bebês, elas passam muito mal e tem desejos estranhos...
- Ooh, isso é verdade. - disse Toxicroak - Até eu achei aquilo nojento... Eew.
- A barriga cresce também. - disse Charizard.
- Por que? Eles não põem ovos? - disse a feminina Aggron, ingenuamente.

Mais frenesi. Entei estava começando a perder a paciência. O Persian de Kenny, vendo aquilo, gritou bem alto:

- Pessoal, pessoal!! Por favor, não percam o foco! - o povo se calou.
- Obrigado, Persian. - Entei agradeceu.
- Senhor Entei, eu queria saber uma coisa... - disse a pequena Espeon, levantando-se - Por que os Unowns fariam isso com os humanos?

Entei ficou calado e temeroso. E tinha uma boa razão para aquilo. Na assembléia dos humanos, onde estavam presentes agora os monges e os mestres, James começou sua revelação:

- Os Unowns sempre agem sob as vontades de Ho-oh. Eles não fariam isso... Se o deus não ordenasse, eles jamais fariam isso.
- Então, o que você está dizendo é que... - levei a mão ao rosto.

Naquela altura do campeonato, você jamais espera receber ainda mais surpresas. Lugia, quando previu que a Equipe Rocket traria a ruína ao mundo, ele não viu que aquilo aconteceria porque eles todos estavam possuídos pelos Unowns. Ho-oh ordenara que aquilo fosse feito, desde aquela época: assim, ele seria invocado e realizaria o Juízo Final. Os Rockets tinham como objetivo conseguir o Clear Bell e capturar os cães lendários - e isso Ho-oh não poderia fazer. Ordenando o ataque dos Unowns, ele conseguiria que os humanos fizessem isso por ele. Doce ilusão a do sr. Silver... Ele pretendia domar Ho-oh, sem saber que na verdade o deus que o manipulava o tempo todo.

O silêncio reinou entre nós. Ho-oh estava planejando aquilo a muito tempo. Tomou todas as precauções possíveis, fez de tudo para que fosse invocado. Já não bastava as demostrações de sua fúria por meio dos fortes eventos naturais fugindo do controle dos cães lendários e das desgraças que se alastravam pelo mundo, ele também armou tudo aquilo para ter certeza que nos puniria. Ele deveria estar mesmo muito furioso... Um deus neste estado não será fácil de convencer.

- Meu deus... Ele - disse Kevin, com os lábios trêmulos - Como alguém tão mau assim pode ser um deus?
Dizia isso porque provavelmente seguia a religião dos deuses de Hoenn. Enquanto isso, na clareira:
- Não será fácil... Mas temos toda Jotho ao nosso lado. - disse Jolteon, se aproximando.
- Sim... Vocês tem que acreditar em seus treinadores. - disse Entei, aos pokemons que pareciam preocupados - Eles não estão sozinhos... Eles tem a eles mesmos, eles tem aos outros treinadores deste continente, mas principalmente: eles tem a vocês. Enquanto estivermos ao lado deles, tudo dará certo... O amor é a única coisa capaz de deter um deus furioso.

Os pokemons concordaram, sorrindo um para os outros.

- Isso é! - exclamou o sábio Cammerupt - Eu não confiava em Roy, principalmente por ser um pokemon bem vivido e ele quase um pré-adolescente... Mas via as coisas boas que ele fazia para os outros humanos, mesmo para pokemons, selvagens ou não. Ele é um bom menino, hoje me orgulho ao estar ao lado dele.
- Jamais esperava que a Francine se tornasse uma pessoa má. - disse Floatzel, com sua voz galante - Foi um choque para todos nós. Mas não podíamos abandona-lá, sabíamos que era importante estar ao lado dela por mais insana que estivesse. Ela é um amor de pessoa, isso eu posso garantir a todos, por toda a confiança que temos nela!
- O Kenny deixou de lado a vida fácil quando era muito jovem... - disse o Persian do treinador - Ele aprendeu na marra como sobreviver num mundo cuja realidade era diferente da sua. Não teve dificuldades, mas nós éramos os únicos amigos que ele tinha. E seremos para sempre os maiores companheiros dele!
- Bom... A Juri... - disse Feraligator.

Todos prestaram muita atenção em suas palavras, afinal ele era o pokemon da "salvadora do mundo".

- Quando eu a conheci, não sabia nada sobre o mundo lá. No fundo do coração, eu temia aquele mundo desconhecido por mim. Mas ela me ensinou a ter forças para superar meus desafios, na primeira vez que eu evoluí para Croconaw... Quando eu recompensei o carinho que ela me dava ao salvar sua vida ao lado de Entei - este ficou cabisbaixo, lembrando-se daquele dia - Quando a ajudei a superar o medo dela da água. Fazer parte da vida da Juri me fez conheçer muito sobre um mundo que eu não tinha razão alguma para temer. Me fez, principalmente, ver o quão ele pode ser belo e cheio de coisas boas...

Feraligator olhou para Meganium, que sorriu coradinha.

- E eu pretendo permanecer ao lado dela para sempre... E pretendo conhecer muito mais sobre este mundo ao lado dela.

Os pokemons bateram palmas - bom, pelo menos aqueles que podiam. Os que não, simplesmente concordaram e sorriram com a cabeça. Neste momento, surgem mais pokemons. Blaziken aparece com dois Arcanines, um de cada lado, os três pareciam concordar com o belo discurso feito por um pokemon tão que consideravam tão rude e caipirão. Também surgem Piloswine e os Sneasels, cumprimentando a todos com muita elegância.

- Sentimos a demora. - disse Piloswine, com a voz gravde de suíno - Um dos nossos mestres teve trabalho para arranjar trajes comuns...
Hhmm. Até imagino quem fosse...
- Espero que tenhamos chegado a tempo de bolar uma estratégia. - disse Blaziken.
- Claro. - disse Entei, olhando para ele - Agora que todos estão empolgados, podemos avançar para este ponto...

Surgem então mais pokemons. Dois grandes e musculosos Electabuzzes surgem, abrindo alas como os guarda-costas do pokemon de Koikaze. Era diferente dos pokemons que eu estava acostumada a ver também, mal sabia eu que ele também era originário de Sinnoh como os de Francine. Sua pelagem era negra como a noite sem luar, e sua juba espessa lhe dava um visual régil. Era grande, seu corpo quadrúpede era azulado e forte, com alguns pêlos amarelos também. Uma faísca de relâmpago adornava a ponta de sua cauda. O Luxray andou de forma majestosa até os demais pokemons, seus olhos impunham o respeito digno de um rei das selvas. Tinha as feições de um grande líder.

- Boa a noite a todos. - foi cumprimentado unanimamente - Ainda bem que chegamos a tempo de bolar nossa estratégia como pokemons.
Começou a andar de um lado para o outro, pensativo.
- Uma vez que os humanos terão papel mais ativo que o nosso, devemos abordar uma tática de suporte. Além de simplesmente ajudá-los, devemos fazer mais do que obdecer seus comandos. - parou - Eu proponho que nós...

Mais um pokemon surge, mas aquele estava longe de ser espaçoso ou grande como os demais. Surge correndo em suas patinhas, suas orelhas grandes abanando ao vento, os olhinhos arregalado e a boquinha com a dentição incompleta gritando "Papai, papai!". Ele se posicionou entre as pernas dianteiras de Luxray, olhando para cima ao ver o rosto do pai:

- Eu fiquei pra trás porque aquela humana não parava de me apertar! - disse com a voz infantil.
Frenesi. Principalmente do núcleo feminino de pokemons.
- Heh, sinto muito. Este é meu filho, Shinx. Não pude simplesmente deixá-lo sozinho - olhou para o filhote, sorrindo com carinho, e empurrando-o suavemente com a pata para ir sentar-se perto dos demais - Vá pra lá, meu filho... Não faça bagunça, hein?
Shinx se aproximou dos pokemons e ficou paralisado diante deles, olhando toda aquela diversidade de formas e tamanhos.
- Oooow, como seu filho é lindo, senhor Luxray! - disse Meganium.
- Essas orelhinhas, que amor! - disse Aggron. Shinx sorriu, sentindo-se bem vindo - E como sorri! Ooow, ohoh ho ho!

Era a gota d'água. Os demais pokemons riam da situação.
- Por favor, senhoras... - disse o Persian ex-Rocket, levando a mão ao focinho, com uma expressão descontente.

- - - - -

Ambas as reuniões seguiram com as estratégias de combate. Foram distribuidas aos humanos tarefas diferentes. Kenny conhecia o paradeiro do Pai de Juri, e partiria ao mt. Silver para recrutá-lo ao time. Tania recebeu uma tarefa desafiadora para ela: ao sinal, ela levaria os Mestres Unkw em seu Dragonite para a ilha de Cinnabar em Kanto, onde seria realizado o ritual que os transformaria em aves lendárias novamente. Roy tinha um variado leque de contatos, e trataria de recrutar mais pessoas. Mas ainda havia uma coisa a ser feita...

Foi dito que o Wave Bell não estava completamente energizado. Ou seja, seu verdadeiro poder ainda estava preso - para invocar Lugia, ele precisaria estar pronto para receber o ritual. E isso só acontece de um único jeito: derrotando os pupilos. O sino aparentemente os reconheceria como seguidores Unkws e praticantes de Taiko, e os aceitaria para a realização do ritual. Mas estava tarde, e aquilo só haveria de ser feito na manhã seguinte. Quanto aos pokemons...

A assembléia deles havia sido finalizada. Agora estavam apenas trocando idéias sobre o que havia sido debatido, entre outras coisas (entre elas a enturmação dos pokemons de Francine e o Shinx fofinho de Luxray). O Persian dos ex-Rockets havia se distanciado, indo até um pequeno morro e se pôs a observar o céu. Timidamente, o Persian de Kenny se aproximava, ficando próximo do outro:

- É mesmo uma noite muito bonita. - disse.
- É... - concordou o outro - E se o que você disse lá era verdade, já deve ter visto um céu assim muitas vezes...
- Sim. A maioria das vezes em estado de insônia, e nestes casos até poderia vê-lo sumindo com o surgimento do Sol...
Persian notou tristeza naquele tom de voz:
- Ele deve ter sofrido muito no início, não é? - disse o outro, olhando para Kenny entre os humanos do topo do morro.
- Foi. - sentou-se ao lado do colega.
- Não querendo ser indelicado, mas isso tem haver com a ausência da sua esfera na testa?
- Oh, não, não se preocupe. Bom, na verdade, pode ter haver sim...

Persiam decidiu contar ao outro a história da vida de Kenny.

Kenedy foi nascido e criado no Wintervalle, o bairro nobre do Planalto Índigo. Lá, cercado do luxo e dos prazeres da vida fácil, ele cresceu protegido com extremo zelo pela mãe viúva. Sempre teve do bom e do melhor, inclusive estudou nas melhores Escolhinhas Pokemon do continente - mas isso só lhe fez ganhar mais vontade de sair pelo mundo e explorá-lo por si só, mas a mãe não queria isso pra ele. Pelo menos não ainda. Apesar das circunstâncias, Kenny tinha tudo para ser uma criança mimada e tola - mas era muito inteligente. Ao assistir a televisão e acompanhar os fatos pela Internet, tornou-se uma pessoa conectada com a realidade apesar de preso entre quatro paredes. Ele tinha ciência de coisas como desigualdades sociais e problemas na economia, e quando tinha dúvidas, nem sua mãe sabia lhe responder.

A mãe de Kenny era o pesadelo de qualquer pokemon. E porque? Edwiges era uma famosíssima estilista. Estava sempre dando entrevistas, apesar de suas roupas não serem de gosto popular. Tampouco da Instituição de Proteção aos Pokemons (INPP). Suas roupas eram belíssimas, mas a matéria não era das melhores: ela usava pokemons para fazê-las. Peças de couro de pokemons reptilianos, colares e vários acessórios feitos de partes do corpo e casacos de pele de mamíferos. Ela mesma criava centenas de pokemons para o abate em sua enorme fazenda, e produzia as peças com eles mesmos. Gostava sempre de usar seu paetê feito com caudas de Ninetales - que apesar de lindo, representa a ameaça que ela era para essas criaturas.

- Um dia, ela soube que em sua fazenda havia nascido um Meowth sem adorno... - disse o de Kenny - Persians são valiosos pela pele e pelas pérolas, que podem ser cobradas por um valor bem alto. Só minha pele não faria eu valer tanto, portanto, ela havia me dado de presente para Kenny.

Logo nos tornamos muito afeiçoados um ao outro: eu por ser seu primeiro pokemon, e ele por me dar tanto carinho. Kenny cresceu, e aos 10 anos já tinha uma mentalidade bastante desenvolvida para uma criança daquela idade. Conviver com alguém que mutilava pokemons para uma coisa tão fútil quanto moda estava se tornando insuportável. Mas ele era um garoto tão bom... Não gostava de confrontar a mãe. Quando isso acontecia, ele chorava tanto a noite... Até que um dia, um grande cachoalhão. Eu e Kenny testemunhamos um acontecimento horrível. Sua mãe, ordenando seus empregados puxarem uma grande Ninetales, provavelmente um macho, para ser degolado e ter sua pele retirada. O animal tentava resistir, até os trabalhadores lhe acertarem em cheio na testa com uma marreta de metal que fez um som tão forte que até hoje ecoava na cabeça deles... O pokemon desmaiou na hora. Viram sua pele sendo arrancada de seu corpo sem vida, as caudas sendo decepadas com violência, até não aguentarem mais assistir àquilo e foram embora.

- Quanta crueldade!... - exclamou o outro.

Kenny se tornara frio e monosilábico com a mãe desde então. Ela nem percebera sua mudança de comportamento. Um dia, ela estava muito feliz: seus empregados haviam encontrado uma Ekans shinnie longe dali. Edwiges faria mil inceminações artificiais se necessário para ter sua própria criação de Ekans e Arboks shinies e vender suas peças com sua pele por rios de dinheiro. Aquilo havia sido o estopin para Kenny tomar a maior decisão de sua vida. Naquela tarde, enquanto todos estavam distraídos com os encarregamentos, Kenny foi para onde o réptil estava aprisionado e fugiu com ele. Sim, Kenny estava fugindo de casa naquele dia. Chovia bastante, Kenny tentou soltar Ekans no mato, mas ela nao o obedeceu. Ela lhe seguiu. Ele ordenava que ela fosse livre, mas ela continuou com ele. Ela até hoje deve a vida a Kenny...

Ele percebeu que não poderia ir muito longe apenas com a roupa do corpo e naquela chuva. Fomos então até a casa de seu único tio, um treinador MUITÍSSIMO famoso nos 4 continentes. Seu tio Drake o tratava como um filho, e Kenny via nele um porto seguro. Lembro claramente de Kenny implorando para entrar em sua casa e que ele não contasse nada para Edwiges. Ele estava revoltado, cansado de tudo aquilo, daquela prisão, daquele sofrimento que era obrigado a ver e sentir. Drake, que eu sempre foi considerado por Persian uma pessoa um pouco "livre" e chita, apenas sorriu e disse que não só ajudaria Kenny a escapar mas como patrocinaria sua fuga.

Ele disse que Kenny estava na idade de encarar o mundo real. Temia que sua falta de contato o fizesse sofrer, mas ele sabia da esperteza do único sobrinho... Drake lhe ofereceu desde um traje apropriado até os primeiros itens que fossem necessários para seus primeiros dias. Não só isso, também providenciou-lhe uma poupança no banco com MUITO dinheiro, muito dinheiro mesmo, para que Kenny usasse quando necessário. Não sendo o bastante, Drake lhe dera de presente um Charmander com alguns dias de vida, vindo de uma linhagem de pokemons campeões: o poder está em seus genes.

Mas tinha um problema: Kenny era um treinador ilegal. Para se ter a Trainer ID, era necessária a assinatura do responsável. Edwiges não poderia saber daquilo. Kenny não teria acesso a Armazenamento, licença para lutar nos ginásios ou concursos, nem mesmo aos Abrigos expalhados pelas rotas perigosas. Kenny sempre foi muito cauteloso, e jamais havia sido pego. As vezes ele dormia com fome, com apenas seus pokemons para lhe oferecer o ombro. Muitas noites chorou, mas jamais se arrependeu do que fez. Aprendeu a sobreviver com pouco pão e muito suor, viu que quase nada que aprendera na Escolhinha valia a penas se você não tivesse dinheiro. Soube na pele o que foi sofrer e isso o fortaleceu, o deixou duro na queda - não só ele mas como também seus pokemons se tornaram bem mais poderosos.
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Conseguia muito dinheiro dos oponentes, era fácil se seus pokemons eram bem mais fortes que os da média. Conseguiu muito capital sozinho, e logo se tornou uma espécie de andarilho milhonário. Teve problemas com um certo Weepingbell do qual precisou se livrar, mas isso não o abalou. Ele cresceu rápido, espichou bastante no seis anos que se passaram. Nunca olhou pra trás, se tornou um rapaz inteligente e atraente para as jovens humanas. Ficou um pouco famoso em seu continente, mas para não ser confundido com o jovem desaparecido Kenedy, usava agora outro nome, Kenny. Usava seu farto dinheiro principalmente para cuidar de nós, mas ele também gostava bastante de se cuidar...

- Erm, Persian - disse o ex-Rocket - É impressão minha ou ele é... Diferente dos demais rapazes?
- É, ele parece uma menina às vezes.
- E isso tem um motivo?
- Provavelmente a criação dele. Mas o estopin tem um nome... Trevor.
- Hã?
- Erm, deixe pra lá. Quem sabe em outra oportunidade? - riu sem graça.
- Ele é mesmo um garoto e tanto... Vejo o jeito que ele trata as pessoas, as vezes pode ser um pouco rude, mas só quer o bem de quem está eprto dele. Ele deve dar muito carinho a vocês...
- É... Kenedy merece ser uma pessoa muito feliz...
- Também acho. E será se você ficar ao lado dele, nao importa no que seja! - começou a por um pouco de si na sentença - Seja leal a ele, Persiam... Por muito tempo fui fiel aos meus treinadores, e sempre serei, seja onde estivermos.
- Só espero que tudo isso acabe bem.

Observaram os humanos finalizando sua reunião lá embaixo, cumprimentando-se e conversando. Parece que eles estavam resolvidos. Os dias seguintes seriam muito fatigantes, e determinantes na história de todos nós. Mas estávamos prontos... Tecnicamente prontos. Ainda ia acontecer muita coisa, e já não poderíamos recuar agora!

Após um dia exaustante, não merecíamos nada menos que um descanso digno: de manhã estávamos presos na Passagem de Gelo, enfrentamos uma guerrilha a tarde em Goldenrod e havíamos madrugado na Tin Tower. Nenhum de nós acordou antes do meio-dia, e eu ainda acho é pouco. Fui lentamente acordada com uma mão forte alisando carinhosamente as maçãs do meu rosto, seguido de um doce beijo de lábios grossos e quentinhos. Ao abrir os olhos, Kevin sorriu de forma ingênua para mim:

- Kevin, seu doido! - me sentei na cama, cobrindo meu corpo com o fino edredon - Se te pegarem no meu quarto, vai ser perigo na certa!
- Tenho certeza que já enfrentou situações piores... - sorriu largamente.
- Humph... Pode até ser. Mesmo porque, neste caso, acho que a maior ameaça aqui seria você... - sorri, erguendo uma das sobrancelhas.
- Então eu sou perigoso pra você? - riu - Em que sentido?

Apenas sorri e nos encaramos em silêncio. Certas perguntas não precisam de resposta. Quando vi que nossos rostos se aproximavam e nossos olhos se fechavam de forma inconsciente, meu coração disparou com o toque que estaria por vir. Nossos lábios trocaram um biejo longo e singelo, até inocente considerando o tamanho da nossa paixão. Talvez ainda estivéssemos confusos devido a outros sentimentos... Sensações estranhas que formavam um coquetel de ansiedade e inquietude, e principalmente o medo do fracasso...

- A partir de agora, estarei para sempre ao seu lado, Juri... - ele dedilhou novamente o meu rosto, com nossas faces a um palmo uma da outra - Nunca fui exatamente uma pessoa de muita presença em sua vida, mas quero que saiba o quanto você é importante pra mim. Por isso não pensei duas vezes antes de acreditar e embarcar na sua causa...
- Kevin... Tenho em você toda a energia que preciso pra superar qualquer medo. - criei coragem e o abracei - Aposto como você também me viu, por muito tempo, como uma garotinha que tinha medo do mar... Mas sinto exatamente o mesmo sentimento por você, Kevin... Também quero muito fazer parte da sua vida.

Ele sorriu em meus ombros e apertou nosso abraço. Em outras circustâncias eu estaria morrendo de vergonha... Não é todo dia que eu abraço um rapaz de peito nu usando apenas um top vermelho e uma minissaia - sem esquecer o Wave Bell, claro. Minha mãe teria um troço se me visse ali, praticamente seminua na cama com um homem... Não te dei liberdade pra ficar de libertinagem no mundo, menina!

Claro, eu não poderia ficar ali para sempre (infelizmente). Mais tarde, nos dirigiríamos a Taiko Hall, um lugar bem específico e característico de Ecruteak. Por ser o ponto de maior referência religiosa do continente, a Taiko Hall era presença na cidade: lá eram realizados os festivais e cerimônias religiosas, embalados pelo ritmo e batuques envolventes da dança Taiko. Aquele também era como o sub-QG dos seguidores Unkws, uma vez que os pupilos que realizavam todas as celebrações taiko dali. Aquele era praticamente o lar deles.

A Taiko Hall era praticamente o maior prédio urbanizado de Ecruteak. Sua ala principal era um enorme saguão redondo, torneado por janelas circulares de madeira similares a escotilhas com uma abóbada baixa de contornos suaves adornando o teto. Atrás do saguão haviam outros três menores, formando os cômodos dos fundos do lugar - acesso permitido apenas para pessoal "da casa". Quando adentramos o prédio, nossa sensação era de estar num mundo totalmente diferente. A pouca iluminação vinha das pequenas janelas. A fina esteira de bambu se estendia por 2/3 do salão - o resto era ocupado por um firme palco montado nos fundos, com cortinas e tudo mais, com grandes tambores de taiko localizados nas extremidades. As almofadas quadradas de veludo roxo posicionadas no chão ficavam nas extremidades do salão, abrindo um caminho solene de encontro ao palco: o centro daquele universo.

- Achei que nunca viriam. - disse Kei, sentada na borda do palco, sutil como sempre - Já estava ficando com entediada.

Eles estavam nos esperando no saguão. Diferente de Kei, os demais pareciam bem pacientes. Ainda com os trajes... Normais.

- Acomodem-se, por favor. Precisamos conversar mais. - disse Kouji. Meu deus, a gente ainda tinha coisa pra falar?
- Antes, queria saber uma coisa. - Tania ergueu o braço, sentada numa almofada proxima do palco.
- Sim?
- Por que vocês tiveram que se vestir assim?
- Bom, é como um padre. - disse Zeki, o ingênuo gêmeo; sorrindo - Ele não usa batina em tempo integral.

Bom, até que fazia sentido. Mas como Kouji mencionou, ainda tinha algo a ser especificado.

Quando Ho-oh descendesse os céus, o que aconteceria? A verdade é que, protegido no centro das Whirl Islands, descansava seu meio de reiniciar a vida no continente. E não era Lugia... Aliás, uma da razão deste deus estar justamente nas Whirl Islands é o fato dele também ser o guardião deste lugar. Sim, um lugar, mais exatamente um templo. O Templo da Vida, que só podia ser invocado das águas marinhas pelos deuses Ho-oh e Lugia, era o foco do deus criador. Ao tomar seu controle, Ho-oh poderia iniciar o processo de reciclo da vida em Jotho. Nenhum humano jamais chegou ao Templo da Vida, já eram raríssimos os que sequer haviam visto vagamente seu guardião.

- Quando Ho-oh vier, ele sairá da Tin Tower e partirá em direção das Whirl Islands. - prosseguia Kouji - Isso pode levar 4 horas ou 4 segundos... Depende do tamanho de sua ira.
Que não é pouca, eu diria...
- Eu imagino - foi o que eu realmente disse - Mas, vocês acham que este momento está tão próximo assim?
- Perigosamente próximo. - disse Koikaze, bem ao meu lado, sentada com as pernas cruzadas - Acredite... Nossa inquietude começou com o desaparecimento misterioso e repentino do Clear Bell.
- Bom, senhorita Juri... Quando estiver pronta, poderemos começar. - disse Yue, o gêmeo ''sensato".
- Pronta? Para o que?
- Já esqueceu? Aff... - Kei, de forma arrogante - A energização do Wave Bell. Você terá que batalhar contra todos nós.

Recapitulando: eu não sabia, mas o Wave Bell identificava a aura de cada treinador que eu combatia. Conforme ele reconhecesse as auras dos seguidores Unkws, ele os aceitaria para a realização do ritual mais para a frente. Bom, eu tive que me preparar - não seria fácil derrotá-los por mais que cada um tivesse apenas um único pokemon. Começaram então os preparativos... Morty, que estava atrás das cortinas, ativou um sistema que abria a abóbada e deixava o lugar sem teto, com apenas o céu como limite. As amofadas foram isoladas ainda mais nas extremidades, deixando muito espaço sobre o chão de bambu. Quem não participasse da batalha, apenas a observaria sobre o amplo e resistente palco. Até Entei nos observaria, sentado ao lado de Haruhara de forma solene. Estava ficando tão nervosa, afinal, não entendia exatamente o porque daquilo... Mas Kevin, com seu jeito tão tranquilo e centrado, facilmente me acalmou... Sim. Afinal, aquilo não seria nada comparado ao que estava por vir.

- Seremos seus primeiros oponentes, senhorita Juri. - disse Yue, fazendo uma pequena reverência.
- Pode ter certeza que não daremos nada que nosso melhor. - disse Zeki, decidido. Não sei se concordava ou não...

Seus oponentes eram eu e Kenny. Decidimos usar Feraligator e Charizard neste combate, nada menos que nossos pokemons mais fortes. Os quadrúpedes eram pequenos comparados a eles, e isso lhes dava a vantagem da sagacidade. Feraligator rugia e corria de um lado para o outro, como uma presa atrás de sua veloz caça. Juntos novamente diante do portão, Espeon encurva o corpo empinando-o para trás. Seu corpo emite um rápido brilho branco e os dois são circundados por um cinturão de esferas de energia roxa, que girava rapidamente ao seu redor. Aquela era a representação física do golpe Reflect, que magicamente aumentara a resistência de ambos a danos físicos.

Isso preocupou a mim e a Kenny. O Umbreon já era um pokemon naturalmente dotato de grande resistência física, depois daquela ajuda seria difícil machucá-lo. Charizard várias vezes errou o alvo do seu Flamethrower (certa vez quase chegando a nos atingir) e Feraligator sentia cada vez mais vontade de prender aqueles dois entre seus afiados dentes. Dentre tantas brechas abertas pelos dois, Espeon consegue usar seu outro ataque, Light Screen - que formara outro cinturão, desta vez com esferas esverdeadas. Agora estavam ainda mais difícil causar-lhes danos por movimentos especiais.

Durante todo esse período, sempre que tinha a oportunidade, Umbreon fechava os grandes olhos vermelhos e se concentrava, com uma misteriosa energia sendo concentrada em seu corpo negro. Espeon, um pokemon de baixas defesas, agora se tornara bem resistente. Mas meu medo era de Umbreon, que agora se tornara uma fortaleza. A tática deles era reforçar seus pontos fracos para, juntos, tornar-sem invencíveis. O Psychic de Espeon pareceu atormentar até os espectadores. Irritados, os pokemons ganharam forças para atingi-los, com suas rajadas de água e fogo.

Feraligator encarou Umbreon nos olhos. E energia que ele armazenara todo esse tempo agora seria liberada: usando os poderes obscuros do seu Payback, Umbreon usara todo o potencial desse ataque 2x mais forte após atingido atirando-se com toda a sua força sobre Feraligator. Com vários Curses seguidos, seu ataque e sua defesa (já bastante reforçada) ficavam cada vez mais elevados conforme ele usava esta técnica. Ao liberar 100% da sua força, esta fora tamanha que atirara Feraligator contra a parede, quase a desmoronando.

Gritei por ele. Feraligator com dificuldades se levantou, mordendo os lábios e um olho ferido. Charizard grunhiu de forma assustadora em seguida rugira para Umbreon, que encolhera-se assustado. Foi seu erro baixar a guarda. Seus braços eram curtos, mas Charizard conseguia com destreza realizar movimentos como socos e tapas. Avançando sobre Umbreon, conforme o efeito das defesas de Espeon acabavam, o negro pokemon recuava com dificuldades para desviar dos golpes do feroz dragao de fogo, ora tentando acertá-lo com golpes lutadores e ora tentando morde-lo com suas presas esfumaçantes de ira.

Espeon usara seu Recover, e se tornara saudável como se nada tivesse acontecido. O olhar indiferente do oponente gerou uma cólica descomunal em Fera. Charizard acertara seu alvo, e ao quebrar o efeito das barreiras com o Bick Break, Umbreon pode até sentir o peso de suas mãos forçando-o para trás. Ecomo doeu. Espeon desesperou-se ao ver as correntes se desfazendo. Umbreon abriu a brecha: Charizard o segurou pelas patas e, como um foguete, ascendeu os céus sobre ele - até sumir de nossa vista. Feraligator correu em direção de Espeon sobre 4 patas, urrando e grunhindo como uma besta selvagem. Espeon, a vítima, ficou paralisado. Feraligator abriu os dentes, e quando isso aconteceu, nós apenas fechamos os olhos e ouvimos o grito desesperado do quadrúpede, preso e ferido entre as presas vorazes de um Crunch predatório.

Instantes depois, silêncio. Feraligator apenas ergeu-se e olhou alguns instantes o Espeon desmaiado e ferido diante dele, como se acordasse de um estranho transe. Em seguida, um enorme impacto! Charizard usara seu Sesmic Toss e atira Umbreon contra o chão, chegando a abrir um pequeno buraco ali, mesmo com a esteira de bambu "amaciando" a queda. Ambos estavam nocauteados... Foi uma luta difícil. Felizmente, para mim, as seguintes seriam mais simples.

Com o apoio de Roy, a batalha contra os percursionistas foi até moderada. Pigeot teve que tomar cuidado extra contra Glaceon, um pokemon tão rápido e poderoso que eu mesma já havia presenciado suas habilidades. Leafeon, o maior de todos os eevees dali, era quase um pokemon selvagem: sempre atento aos movimentos de seus oponentes, principalmente Pigeot. Absol saía no tapa contra os dois, conforme Pigeot sobrevoava o lugar esperando o momento exato para atacar. Em determinado momento, Absol pareceu estar cantando... Conforme a batalha se desenvolvia, já com todos muito feridos, Roy ordena:

- Juri, retire seu pokemon!!
- Mas, Roy!
- AGORA!!

Apenas o obedeci. O efeito da Perish Song foi imediato. Uma escuridão inexplicvável tomou conta do lugar, de forma que o Sol pareceu escurecer e se esconder entre as nuvens. Até levei um susto diante deste rápido cenário apocaliptico. Então um uivo rouco que trouxe a luz de volta àquele recinto: diante de nós, os pokemons caídos no chão, sem forças para manterem-se de pé. Era um ataque bastante eficaz porém, conhecendo Roy e seus pokemons, não acredito que o usasse em muitas situações. Imagino se esse golpe era proibido em alguns continentes...

Eu e Tania não tivemos dificuldades contra Rin e Nayru. Sudowoodo espantou a todos do jeito que dribava as rajadas aquáticas e geladas de Vaporeon, que apesar de grande, ficava bem desengonçado com os pés em terra-firme. Em certo momento, cheguei até a ter pena dessa até injusta desvantagem diante das evasivas eficientes do meu pokemon-borracha. Alguns golpes de pedra como Rock Slide e Petal Dances da Meganium e nós saímos vitoriosas. Apesar da pobre não conseguir se manter de pé depois de tantos ataques seguidos, caiu tontinha a coitada... Tania a abraçou pelo pescoço com carinho, elogiando-a pela boa batalha.

- Kei... Se, por alguma razão, você tem algo contra mim - disse, com coragem - Está na hora de acertar nossas contas.

Ela nada disse. Faria seu jolteon falar por suas palavras rudes. Sua derrota foi humilhante, mas creio que ela ja a esperava... Permaneceu de cabeça baixa durante todo o confronto. Golem nem sentiu os arranhões, patadas, mordidas, quanto mais os espetos afiados e as descargas elétricas de Jolteon. Ele desviou em boa parte dos Rollouts, mas conforme Golem ganhava mais velocidade, isso foi ficando cada vez mais difícil... E só parou quando o pokemon fora derrotado, jogado com o corto fragilizado no chão.

Kei e eu nos encaramos em silêncio. Uma brisa fria bateu sobre nós, climatizando aquele ambiente. Mas conforme os segundos passavam, a brisa foi ficando cada vez mais forte, chegando a escancarar os portões e abri-los com força contra as paredes. O Wave Bell começou a se aquecer, e lentamente começou a levitar diante de mim. Ficando na altura do pescoço, ele já emanava uma luz azulada, que ficava cada vez mais forte, até emitir uma grande explosão de energia. Continuou brilhando por um tempo, como uma luz de neon. Com certeza, uma nova e diferente energia girava ali dentro... E pude sentir quando ela me energizou quando a toquei, sentindo meu corpo energético e vívido.

Percebi uma movimentação vindo da minha frente. Quando ergo a cabeça, vejo o grande e forte corpo de Entei saltando da ponta do palco, pousando com precisão a poucos centímetros de mim. Achando que ele fosse me atacar, por algum motivo desconhecido, apenas gritei e me atirei no chão. Ele deu alguns passos e ficou sobre mim, parado, inerte... Com uma postura ereta. Seus olhos estavam negros, como se nada tivesse neles, ou mesmo como se seu próprio corpo fosse oco. De repente, eles se enchem com um bilho amarelado. Entei acabara de entrar em transe, e caminhava com passos largos em direção ao portão.

Morty, os monges e os demais estavam catatônicos. Este se levanta, gritando para mim, de forma violenta mas no fundo desesperada:

- Juri, siga-o!! Por mais que ele fuja, não o perca de vista!!
- O que está acontecendo?!

Muito movimento entre os Unkws. Uma faladeira sem parar. Haruhara falava coisas importantes para meus colegas Kenny, Tania, Roy e Francine - mas sua voz, apesar de grossa, não me atingiu como a de Morty o fez:

- Este estado de transe, eu já vi isso antes! Estava na profecia citadaspelas Aves Lendárias!
- E o que isso quer dizer?
Ele me segurou pelos antebraços, que praticamente sumiram em suas maos grandes e adultas. Me virou para a direção do portão, o qual Entei logo atravessaria:
- Juri chegou o momento. Ho-oh será invocado.
- O QUÊ?! - gritei, arregalando os olhos.
- Não há tempo para se ter medo, criança! - me empurrou com força, me impulsionado a correr atrás de Entei - Vá para lá e faça sua parte, você saberá o que fazer!! Eu se seus amigos cuidaremos de tudo!!

Quanto mais eu distanciava mais alto ele gritava. Entei assustava as pessoas em seu caminho, e seu passo lentamente acelerava. Ele estava correndo determinado em direção da Tin Tower, que começava a adordar o belo por-do-sol no horizonte cheio de montanhas. As pessoas corriam horrorizadas, algumas se atiravam no chão a rezar, outras o profanavam e expalhavam gritos de idéias apocalipticas. Eram inflamados e exagerados, mas estavam certos. Eu apenas corria...

Corria com todas as minhas forças. Minha adrenalina e o espírito do Wave Bell me deram forças para não parar, para não temer. Eu devia estar pensando em tudo que ocorreu nestes ultimos dias, desde o dia que eu saí de casa até o exato momento. Mas essa corrida começara realmente a muitos anos atrás, quando eu ainda estaria para vir ao mundo. Aquela corrida para impedir Entei era por todos que estariam prontos para entrar na história conosco naquele dia... E aquele dia era o Dia do Juízo Final.


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Notas finais do capítulo

Essa fanfic já foi publicada no fórum do site Pokémon Mythology. Visualise o tópico aqui: http://www.pokemonmythology.org/fanfics-pokemon-f28/pokemon-ominous-onix-a-testemunha-corrompida-t5224.htm



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