Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 2
Meet me




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Chicago

10/12/2007

Caminhando pelas ruas movimentadas de Chicago, enfrentando o vento forte típico do inverno, estava Miguel Owen, agora com vinte e três anos de idade.

Os cabelos pretos bagunçados batiam fortemente contra seu rosto, os olhos azuis tão claros quanto céu sob as nuvens e ao mesmo tempo tão frios quanto a própria neve prevista para o final daquela tarde, estavam focalizando algum ponto no meio do nada.

Qualquer um que o visse agora acharia que se tratava de mais um estudante aproveitando as férias de final de ano. Essa seria a idéia mais obvia.

Muitas mulheres o desejariam como namorado, outras como genro.

Muitos homens sentiriam inveja de seus músculos bem definidos que mesmo por debaixo da jaqueta de couro podiam ser notados.

No entanto, ninguém que passava por aquela cidade e que reparasse no jovem, saberia realmente dizer o que Miguel Owen era na verdade.

– Me desculpe. – Disse uma senhora cheia de compras nas mãos ao trombar acidentalmente com Miguel.

Ele colocou seu melhor sorriso no rosto antes de responder.

– Imagine, a culpa foi minha. Precisa de ajuda com as compras?

A viúva deslumbrada pelo belo sorriso do rapaz, aceitou prontamente a ajuda e lhe mostrou onde seu conversível estava estacionado.

Ele colocou as compras na parte de traz do carro, e se despediu da senhora antes de continuar seu caminho.

A mulher dirigiu até sua mansão num dos bairros mais luxuosos de Chicago tranqüilamente, sem sequer imaginar que no fundo do banco de traz de seu carro, havia um aparelho preto extremamente pequeno capaz de desativar todas suas câmeras e alarmes de segurança.

Miguel sorriu discretamente enquanto uma rajada mais fria de vento fazia com que as pessoas da rua se encolhessem mais em seus casacos. Um sorriso frio e malicioso como a tempestade de neve que se aproximava.

Aquela noite seria uma típica noite de trabalho.

–-----------*------------

Apartamento de Miguel.

10/12/2007

A tempestade chacoalhava com violência as janelas do apartamento de Miguel.

Já era noite, logo ele sairia para trabalhar.

Por hora, ele estava ocupado demais refazendo o curativo de seu ultimo serviço. Uma bala havia lhe acertado de raspão na região das costelas, havia feito os pontos, mas pelo visto isso não estava resolvendo. Se isso continuasse, teria de ir para um pronto socorro antes que aquilo infeccionasse.

Jogou um pouco de álcool na ferida e fez uma careta. Enfaixou o próprio tórax e pôs sua camiseta preta, arregaçou as mangas e jogou água no rosto.

Fitou a si mesmo no espelho, sempre se sentira mais velho do que realmente parecia. Estava sempre cansado demais. Desde aquele dia há treze anos atrás, quando sua vida mudara para sempre. E ele fora obrigado a se tornar o que é hoje.

Um assassino.

Já perdera a conta de quantas vidas havia tirado nesses anos, desde a morte de sua mãe.

“ – Miguel... Corra... – As palavras saíram pela garganta de sua mãe como um lamento. Um ultimo pedido.A ferida em seu estômago ainda jorrava sangue.

Seu pai já se fora havia alguns anos e agora Miguel estava completamente só.

– Vejam só quem voltou para a casa mais tarde. – O homem barbado tinha uma arma na mão e um sorriso maldoso no rosto. – Não se preocupe garoto, vou ser piedoso com você. - Apontou a arma para a criança.

– NÃO! – A mulher ignorou a dor do movimento e segurou a barra da calça do assassino. – Ele é seu filho. – Disse com lágrimas nos olhos.

O homem olhou para a criança assustado e depois apontou a arma para a cabeça na mulher.

– Está mentindo. – E atirou.”

Miguel voltou para a realidade quando o barulho do tiro de suas lembranças o despertou. Viu que seus olhos estavam marejados pelas lágrimas e tratou de recompor-se.

Respirou fundo e foi até a sala.

Travou as armas e as prendeu na calça.

A tempestade havia passado.

–----------*----------

Mansão Foster

10/12/2007

Na frente da mansão da mais recente viúva milionária de Chicago, a Senhora Irina Foster, havia um carro preto com vidro fume estacionado na rua deserta.

Miguel sentado dentro do carro terminava o desenho de sua próxima vitima. Uma copia perfeita do rosto da senhora, dona de uma das maiores empresas de cosméticos dos Estados unidos. Nada faltava ao desenho, nem as rugas de expressão ou as jóias exuberantes que ela insistia em usar.

Cada pessoa que se havia encontrado com Miguel mais de uma vez na vida,havia terminado com o retrato desenhado em seu caderno, e não, não era mera coincidência.

Aqueles retratos pareciam lançar-lhe olhares que o castigavam, era como se a alma de cada pessoa que houvesse matado usasse o desenho para atormentá-lo, para jogar-lhe a culpa pela morte. E mesmo assim, ele sempre desenhava, era um modo de se redimir consigo mesmo, pensava.

Terminou o desenho e escreveu no canto da folha, “Irina Foster, 10 de dezembro de 2007.

Ficou encarando os olhos pequenos da viúva que em breve também o fuzilariam com a culpa e o ódio antes de fechar o caderno com força e joga-o no banco de trás.

Eram dez e meia da noite, com um código no notebook, acionou o dispositivo que colocara no carro na senhora, e desativou as câmeras e alarmes da mansão.

Saiu do carro, atravessou a rua deserta e se colou de costas para o muro, perto da entrada da casa.

– Mas que frio absurdo. Se continuar desse jeito acho que vou pedir demissão. – Um dos porteiros falou.

– Bem que eu gostaria, só que se eu me demitir agora nas vésperas das festas do fim de ano minha mulher me mata. – Falou outro.

Miguel ignorou aquela conversa sem sentido e ao perceber que os porteiros não prestavam atenção no serviço, jogou uma bomba de gás silenciosa na cabine dos mesmos, em poucos segundos e sem que ninguém percebesse ambos estavam desmaiados, e Miguel já estava dentro da casa.

Pegou o cartão que abria a porta da frente e se dirigiu para o casarão.

Ignorando todas as câmeras desativadas que jaziam como carcaças nas paredes da luxuosa casa da Senhora Foster, o assassino subiu a passos mudos até o quarto principal.

A porta estava entre aberta, Irina sentada de fronte a sua penteadeira contava seus diamantes e esmeraldas, feliz da vida sem imaginar o perigo que corria.

– Mas o que é isso?! – olhou assustada pelo espelho, para o jovem que apontava uma arma em sua direção.

– Lamento Senhora Foster. Devia ter pensado melhor antes de envenenar seu marido. – Apertou o gatilho.

A bala atingiu a cabeça da mulher, antes que pensasse em gritar ou mesmo se virar para encarar seu assassino diretamente.

O sangue de Irina Foster banhou as jóias que tanto amava quando sua cabeça cambaleou para frente e caiu em cima a penteadeira.


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