Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 14
Poker Face


Notas iniciais do capítulo

"- Não quero saber, vamos pensar em outra coisa.Tessa olhou para o relógio da parede, sete horas.- E, exatamente quando vamos pensar em outra coisa?A insistência de Thereza só o enfezava ainda mais, por que, afinal, por que ela queria tanto se jogar pra cima de outro homem??! "



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Hotel Bellagio, Las Vegas

31/12/2007

- Eu sinto muito, mãe.

Já era a centésima vez que Tessa se desculpava com sua mãe, e ela já a perdoara, mas ainda assim, não conseguia se sentir melhor... Tessa sabia como as datas festivas eram importantes para Dona Carmem.

- Não se preocupe querida, eu entendo que tenha que ajudar seu amigo nesse momento tão difícil.

- Mas você tem certeza que vai ficar bem?  Eu não queria ter que deixar vocês sozinhos no ano novo.

- Está tudo bem, Tessa. Não vamos estar sozinhos, Gary vai vir, e Oliver vai trazer uma nova namorada. Viaje tranqüila minha filha, e mande melhoras para seu amigo, certo?

- Certo, mãe. Feliz ano novo.

- Feliz ano novo para você também, meu bem.

E então tudo o que ouviu foi o “tu, tu,tu”, da chamada encerrada. Fechou o celular e o colocou na bancada de granito do enorme banheiro.

Haviam chegado há pouco tempo e acabado de se acomodar no Hotel mais próximo do cassino Encore, onde Tadeu Bolevuc iria fazer umas apostas básicas naquela noite. O hotel Bellagio, era o típico hotel de Las Vegas... Estonteante. Sempre recebendo desde celebridades até políticos corruptos.

Ou no caso, um assassino procurado pela policia, e é claro, a própria policial.

Bufou irritada e encarou seu reflexo espelho.

Era tão estranho pensar em Miguel como alguém... Normal. Quer dizer, ele era normal, mas era um fora da lei, e era obrigação dela prender foras da lei. Mas havia algo diferente nele agora, ou melhor... Havia algo diferente nela.

Algo que fazia com que seus olhos vissem em Miguel um amigo, ao invés de uma parceiro temporário, de um assassino, de alguém sem escrúpulos que tinha que ser detido.

E então se lembrou da desculpa que havia dado para sua mãe: “ Vou viajar para cuidar de um amigo doente.”

Sorriu sem vontade. Como se Miguel fosse do tipo de pessoa que precisa da ajuda de alguém, para qualquer coisa.  Balançou a cabeça para tentar afastar aqueles pensamentos de sua cabeça. Abriu a porta num movimento rápido e espontâneo.

Deu um salto para trás ao se deparar com o próprio pronto para bater na porta, a centímetros dela.

- Meu Deus! Quer me matar do coração! – Pôs a mão no peito.

Ele arqueou uma sobrancelha como se dissesse claramente “Você ficou louca, mulher?”.  Esse, na opinião de Tessa, era um dos problemas de Miguel, não falava muito, e quando falava era sempre para fazer algum comentário irônico ou para provocá-la.

E isso acabava com sua paciência, se tinha algo que odiava era falar sozinha em monólogos intermináveis.

- Já falei com o informante, ele disse que haverá pelo menos dez seguranças acompanhando Tadeu esta noite.

Tessa franziu o cenho, desta vez se interessando pela nova informação. Dez seguranças! Como iriam passar por eles?

- Isso será um problema, não poderemos chegar nem perto dele.

Miguel deu um sorriso torto e passou o indicador pela linha da mandíbula de Thereza.

- Eu tenho meus métodos, pequena.

- Ah, tem? – Disse descrente.

E como se fosse tudo planejado, batidas na porta ressoaram pelo quarto.

(...)

- Certo, vamos ver se eu entendi. – Tessa começou olhando para a enorme caixa preta sobre a cama, e ao seu lado, as roupas que usariam naquela noite embaladas em sacos pretos de lavanderia. – Você quer que usemos essas perucas ridículas para não sermos identificados, e assim podermos entrar no cassino e ficar na mesma mesa de jogos que Tadeu Bolevuc para saber de qual banco é a chave que ele tem?

- Basicamente.

Ela coçou a cabeça, e se sentou na cama ao seu lado.

- Miguel querido, eu só tenho uma pergunta. – O seu tom de voz foi estranhamente forçado.

- Fale.

- Como vamos tirar a chave DELE! – Sim, o tom de voz inicial era com certeza forçado. Como ela poderia achar que ele ignoraria a parte mais importante? Francamente.

- Tessa, eu já tenho um plano. Escute...

Aquele havia sido o plano mais ridículo que ele já havia inventado, disso Thereza tinha certeza.

- Miguel! Essa é a coisa mais absurda que já ouvi em toda minha vida!

 - E por quê?! – Respondeu já perdendo a paciência. – É um ótimo plano, Thereza, nada pode dar errado.

- Aham, claro que é, contratar uma completa desconhecida para seduzir o Bolevuc e tirar a chave dele quando estiverem sozinhos é super seguro. – Debochou. – E se ela resolver nos entregar? Ein?!

Ele respirou fundo.

- Isso não vai acontecer. – Disse calmamente. – Se pagarmos bem ela não abrirá o bico.

- Mas com certeza abrirá o bico, se os capangas de Louis a pegarem e a ameaçarem, isso se não for torturada.

A expressão de Miguel foi da certeza absoluta para a dúvida em segundos. Tessa estava certa, não era seguro envolver outras pessoas.

- Ótimo, o que você sugere então?

Ela sorriu de orelha a orelha, era tão bom vencer Miguel nas discussões.

- Eu vou, oras.

Pelo menos três minutos se passaram para que ele pudesse interpretar o sentido daquelas palavras no contexto que discutiam. Junto com a conclusão, veio um terrível sentimento que o encheu de um ódio súbito. Sua expressão se tornou tão sombria que até mesmo Tessa se perguntou o que havia de errado com Miguel.

- Você não vai. – Seu tom calmo era completamente adverso à fúria que sacudia seu interior.

- Aham, e se eu não for o que faremos? Já que se tornou obvio que seu plano brilhante não vai dar certo.

- Não quero saber, vamos pensar em outra coisa.

Tessa olhou para o relógio da parede, sete horas.

- E, exatamente quando vamos pensar em outra coisa?

A insistência de Thereza só o enfezava ainda mais, por que, afinal, por que ela queria tanto se jogar pra cima de outro homem??!

- Thereza, você não vai fazer isso.

- Mais que droga, Miguel! Por que está querendo complicar tudo?! Pra que ficar agindo que nem um idiota??!

Levantou-se num salto, já não conseguindo conter aquela raiva imensa, aquela vontade de matar Tadeu Bolevuc.

- Porque é muito perigoso!  Porque isso vai dar errado! E porque eu... – A sua voz sumiu nas ultimas palavras, antes que concluísse aquela ultima frase. Porque ele não queria.

Esse era o verdadeiro motivo. Não queria ver, sequer imaginar a possibilidade de Thereza ir se engraçar para outro homem, quanto mais que ele acabasse retribuindo seus gracejos.

Aquilo o enchia de raiva, e o machucava de uma forma estranha.

- Você está por um acaso, sugerindo que eu não sei seduzir um homem? – O tom irritado dela fez com que Miguel despertasse dos seus pensamentos.

Mas do que ela estava falando? E para quem? Será que ela havia endoidecido de vez? Como poderia julgá-la como incapaz de seduzir alguém, quando ele próprio muitas vezes já se viu preso naquele infinito olhar verde. Deslumbrado, seduzido, louco de vontade de beijá-la.

- Tessa, não seja absurda.

- Não, Miguel! Você está sendo absurdo. Eu vou fazer isso, a não ser que você me dê um motivo realmente bom.

Ele sentiu a ira voltar com força total, travou a mandíbula e fechou os punhos com força. O pior era não ter uma resposta, não podia dizer a ela a verdade. Dizer que a queria sob suas vistas cuidadosas e não nos braços de Tadeu Bolevuc. Maldito orgulho, maldita teimosia.

- Ótimo! Faça o que quiser! - Cuspiu. – Depois não venha dizer que eu não avisei.

- Ótimo!

- Ótimo!

Tessa pegou o saco de lavanderia onde estava o vestido e foi até o banheiro.

- Ótimo!  - E bateu a porta do banheiro com força.

Miguel tentou respirar fundo para ver se aquilo o acalmava, mas não resultou em nada. Pegou um bibelô na cômoda próxima e o jogou na parede com força.

(...)

- Thereza se apresse! – Falou num tom alto para que ela o ouvisse. Não estava tão irritado quanto antes, estava apenas... Conformado. Guardou uma arma no bolso interno do blazer preto.

De frente para o espelho, ajeitou a peruca loira para que escondesse bem seus fios negros.

- Já vou... Eu só... Espere um momento.

E então ouviu o barulho de algo caindo. Arqueou as sobrancelhas.

- Está tudo bem?

- Sim... Já vou. – Outra vez o mesmo ruído, Miguel começou a se preocupar.

- Thereza abra essa porta agora mesmo ou vou...

Ela abriu a porta antes que pudesse terminar sua ameaça. E o que viu quase o deixou de queixo caído, literalmente, não se lembrava de tê-la visto tão... Linda, sim, Tessa estava realmente linda naquele longo vestido vermelho. Parecia que o mesmo havia sido feito especialmente para ela.

Não pode deixar de notar sua beleza, da mesma forma como não pode deixar de notar o corte do vestido que ia desde a barra até a metade da coxa de Thereza, deixando sua perna direita à vista de quem bem quisesse.

Evitou pensar naquilo.

- Qual o problema? – Perguntou.

As orelhas de Tessa queimaram pela vergonha aparente e depois balbuciou.

- Não consigo fechar o zíper das costas.

Miguel não conseguiu deixar de ficar surpreso. Então esse era o grande problema? Talvez uma barata seria algo mais esperado do que isso. Até a peruca ruiva curta ela havia conseguido por sem maiores problemas.

- Era isso que estava tentando fazer?

Ela apenas assentiu com a cabeça, Miguel deu um sorrisinho curto ao imaginá-la lutando para fechar o zíper do vestido.

- Por que não pediu ajuda?

Ela suspirou.

- Você fica insuportável quando resolve dar chilique.

Franziu o cenho.

- Eu não dei chilique, apenas estou preocupado com você.

- Aham, e mostra toda sua preocupação quebrando a decoração do quarto? – Se virou de costas para ele. – Realmente, estou lisonjeada.

Miguel suspirou e balançou a cabeça. Ela não tinha jeito mesmo.

Pegou o zíper na base das costas e o subiu até perto dos ombros, não deixou de perceber como o calor da pele dela parecia envolver sua mão devido a pouca distancia, e nem que o cheiro dela estava muito mais forte agora.

Perdeu-se por poucos instantes na vontade de colocar a mão sob o vestido para poder sentir aquela pele macia em seus dedos, queria poder senti-la se arrepiando como tinha certeza que faria.

O celular tocou trazendo-o de volta a realidade. Deu um passo para trás, se afastando dela, quando Tessa se virou de frente para ele.

- Sim.

- Ele já chegou. Estou voltando.

- Certo, obrigado.

E desligou o aparelho.

- Temos que ir. – Passou um frasco para Tessa. – É um sonífero, para usar quando... Estiver sozinha com ele.

Ela assentiu, fingindo não notar a hesitação e guardou o frasco em sua pequena bolsa.

- Vamos, terminar logo com isso.

 (...)

Cassino Encore

31/12/2007

Primeiro: os “backs” sutis dos sapatos que pisavam no chão de mármore do enorme salão do hall de entrada, logo em seguida, por detrás de uma enorme porta de veludo a direita, o cliente ou visitante se depararia com um mundo de jogos de azar, bebidas da mais alta qualidade, e companhia da mais alta classe.

O grande cassino Encore estava disponível a qualquer um que tivesse renda suficiente para atender à todos aqueles luxos extravagantes. Por todo lado, garçons servindo bebidas finíssimas, mulheres exibindo jóias caríssimas, e homens apostando quantias altíssimas entre si.

Las Vegas também deveria ser conhecida como a cidade dos superlativos.

- Quantas fichas, senhor? – Perguntou o funcionário.

Miguel segurou um suspiro pesado e tirou abriu a carteira retirou um cheque.

- Tem uma... – A caneta estava nas mãos do empregado sorridente antes mesmo que pudesse terminar a frase. Realmente, não gostava dessa gente.

Enquanto isso, Tessa procurava com os olhos qualquer sinal suspeito em alguém para poder descobrir quem eram os homens de Tadeu Bolevuc.

- Pronto. – Miguel chegou atrás dela oferecendo seu braço, ela o segurou, as pessoas costumavam vir aos pares a esse tipo de lugares.

- Você sabe quem é Tadeu Bolevuc? Já o viu antes? – Perguntou enquanto se dirigiam para o centro do cassino.

- Na verdade, não.

- E como planeja encontra-lo?!

Ele sorriu de canto, aquele sorriso que Thereza aprendera a se acostumar.

- Sarah me enviou uma foto do arquivo médico.

Realmente, Miguel sabia como conseguiras coisas do jeito fácil. Eles andaram em direção às mesas de pôquer, em  uma delas Miguel reconheceu o segundo filho de Louis Bolevuc.

A cabeça ruiva se destacava no meio dos cabelos grisalhos dos outros três homens que jogavam com ele, as suas acompanhantes pareciam mais entretidas em apreciar a bebida e conversar entre si do que em ver quem estava trapaceando desta vez.

Assim que Miguel fez um movimento discreto com a cabeça para indicar quem era Tadeu Bolevuc, a pergunta seguinte foi quase inevitável:

- Você sabe jogar pôquer? – Ela perguntou.

De novo aquele sorrisinho de canto, convencido, atrevido, arrogante, mas se olhando melhor, também era extremamente atraente. Afastou aquele ultimo pensamento e buscou se focalizar no presente, tinham um trabalho para fazer.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que eu meio que deixei essa fic em HIAtUS, mas eu tava sem criatividade e deciquei meu tempo a escrever uma outra fic que eu tenho. *chora baldes*Mil perdões!



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