Capitulo 29. O fim

O rapaz abriu os olhos devagar, sentindo a porta ser batida com força, ele piscou duas vezes pra ter certeza que era no seu quarto, e após ouvir de novo a batida, se levantou cambaleante, e coçou os olhos. Um trovão ecoou. Ele acendeu a luz do pequeno quarto, e abriu a porta. Se deparando com uma figura totalmente molhada, tremendo muito. Jacob quase não pode acreditar no que estava vendo.

– Oh meu Deus, Isabella? – perguntou averiguando se não estava sonhando.

– Jacob! – ela falou com a voz cortante devido aos seus lábios que tremiam.

Ela se jogou nos seus braços, não perguntando se poderia ou não, ele apenas a abraçou com força, sem dizer nada.

Quebrada. Era assim que ela se encontrava.

Jacob avaliou Bella em suas vestes e cabelos molhados, maquiagem borrada, e piscou. Ela nunca em um só dia, esteve assim. Suas vestes impecáveis, maquiagem, mesmo que pouca, sobre sua pele de bebê, sempre perfeita. Isabella era do tipo de mulher que era admirada por não se acomodar. Sempre linda. Sempre deslumbrante.

– Meu Deus, o que houve com você? – ele deixou escapar.

Ela apenas soluçou.

– Eu sei, estou horrível. – falou com a voz entrecortada

Jacob a olhou pasmo.

– Você precisa trocar essas roupas. Porque está aqui? O que aconteceu? Meu Deus Isabella, você não viu a tempestade que está caindo lá fora?

Bella soluçou ainda mais, com suas lágrimas caindo, e seu queixo tremendo do frio.

– Vamos entrar. Tomar um banho quente, e trocar essas roupas.

Ele não deu espaço para que ela consentisse apenas a colocou para dentro, tirando suas roupas, e as jogando no chão. Quando ela estava de roupas intimas, ele a respeitou.

– Tome banho, estarei esperando você aqui, grite se precisar de ajuda.

– Eu não tenho roupa alguma!

– Eu vou te dar alguma roupa minha. Você não pode sair daqui nessa chuva, nem sei como chegou viva aqui. Agora vá.

Ela se dirigiu ao banheiro, enquanto ele apenas procurou alguma roupa confortável para ela.

Isabella também se perguntou o mesmo, quando se viu chorando, debaixo de uma tempestade, e dirigindo, no seu estado emocional, poderia ter acontecido um acidente. Mas ela tinha certeza que não poderia se pior, do que ela já estava.

Ela entrou de baixo do banho quente, rapidamente, fazendo com que ela se arrepiasse, com o choque de quente para o frio. Depois de terminado, se enxugou em uma toalha, e saiu com ela amarrada do banheiro.

– Eu peguei essa blusa para você – Jacob estendeu com atenção.

Isabella apenas assentiu, e pegou a blusa.

Ela foi até o banheiro e a vestiu, secando os cabelos rapidamente com a toalha, sem penteá-los, quando saiu do banheiro viu que suas roupas molhadas já não estavam no chão, olhou interrogativa para Jacob.

– Mandei para a lavanderia, eles me entregaram pela manhã.

Bella assentiu insegura.

– Quer falar sobre? – ele perguntou inseguro.

Ela sentiu as lágrimas virem aos seus olhos rapidamente. E ele percebeu que tinha feito uma burrada.

– Ok, então não vamos falar dele, enquanto você não quiser.

Ela assentiu de cabeça baixa.

– Venha, vamos dormir você parece cansada.

Isabella assentiu, sabendo que nunca se sentiu tão devastada por fora, e dentro como hoje.

Ele a puxou, e ela se deitou em seu peito, sentindo o conforto de casa de novo. Fechou os seus olhos, e sentiu o acarinhar no seu braço.

– Obrigada! – murmurou sonolenta.

– Eu disse que estaria aqui! – disse ele por fim.

Isabella assentiu, e deixou-se ser levada pelos sonhos.

...

Com os olhos sonolentos se abrindo aos poucos Isabella sentiu a claridade no quarto, se espreguiçou olhando para onde estava, e tomou um susto. Se levantando rapidamente, passou as mãos pelo cabelo nervosamente, sem lembrar onde estava então flashes da noite anterior começaram a passar em sua cabeça, e suas lágrimas vieram aos olhos. Jacob entrou no cômodo com uma linda bandeja de café da manhã.

– Bom dia Bella adormecida! – Ele sorriu com aquele sorriso extremamente branco.

Isabella limpou as lágrimas rapidamente e sorriu.

– Bom dia Jacob. – ela se limitou a dizer.

– Já viu o dia lindo que está lá fora? – ele perguntou.

Bella negou com a cabeça.

Ele deixou a Bandeja de café da manhã em cima da cama.

– Coma tudo. – ordenou.

Ela assentiu. Estava mesmo com muita fome. Não comia desde a tarde do dia anterior.

Ele abriu as cortinas, e Bella abriu a boca em um O. Nunca em todas as três semanas que Bella esteve em Forks, o sol brilhou daquele jeito. O dia estava claro como na Califórnia. Talvez não tanto. Mas o céu estava azul. Não aquele azul acinzentado. Mas azul. AZUL.

– Acho que o sol da Califórnia veio comigo. – Jacob riu.

Isabella soltou um riso baixo e concordou.

– É como dizem, depois da tempestade, vem à calmaria.

Bella ouviu isso. E esperou, e desejou de todo o coração que isso acontecesse também com sua vida.

– Vamos comer que eu estou com muita fome! – ele falou.

– Preciso fazer minha higiene matinal primeiro.

– Eu já peguei suas roupas na lavanderia – e apontou para a cadeira, onde elas estavam dobradas, e passadas. – Tome um banho, e depois venha tomar café da manhã.

Ela concordou, pegou suas roupas e entrou no banheiro.

Depois de fazer sua higiene, e ter tomado um bom banho. Isabella se sentiu bem melhor, era como se ela quase voltasse ao que era antes.

Com os cabelos molhados, e com o vestido de noite.

– Para onde vai vestida dessa maneira? – Jacob brincou.

Ela riu.

– Eu não sei, vou colocar meu, sobretudo para sair. Aliás, que horas são? – perguntou enquanto se sentava, e mordia um pedaço de torrada com geléia. Como ela amava.

– Um pouco mais que 10 da manhã. – ele falou enquanto tomava o resto do suco.

Isabella se engasgou.

– Como? Eu preciso ir para casa. Carlisle não sabe onde eu fui. Aliás, ninguém sabe onde eu estou. Onde está meu celular? – perguntou se levantando.

– Se sente Isabella. – Jacob riu – Agora não vai adiantar mais nada, então, sente-se e coma. E quanto ao seu celular, você não chegou com nada aqui ontem. Só com a roupa do corpo, e esse casaco. – apontou para o casaco em cima do sofá de couro preto. – Então, coma e me conte o que aconteceu para você chegar naquele estado ontem.

Bella engoliu seco, sem saber o que responder.

– Nós brigamos – ela respirou profundamente – Feio. – completou.

– O que ele fez? – Jacob gritou – Te machucou? Te maltratou? – se levantou – Eu juro que mato aquele filho de uma puta, agora.

Bella se assustou.

– Acalme-se Jake – disse baixinho – Acabou. – disse inaudível.

Ele a olhou pasmo.

– Me desculpe eu não...

– Tudo bem Jacob, no fundo, eu sabia que isso iria acontecer. Ele vai para a Itália de qualquer forma.

Jacob a olhou por um tempo. E por fim se sentou.

– Foi mesmo o fim? – perguntou.

– Ele não vai me ouvir, e depois, de todas as coisas que foram ditas ontem. Acho que no fundo ele nunca gostou de mim de verdade. Então, acho que sim. Acabou.

O suspiro dos dois foi longo, seguido por um grande silêncio, onde só ouvia o barulho dos pratos, e copos.

– Pode voltar comigo para a Califórnia amanhã.

Bella foi pega de surpresa. Ela não havia pensado nisso, ainda.

– Eu não sei. Quer dizer. Há Carlisle, Alice...

– Tudo bem, é só se quiser.

Ela respirou e concordou.

– Eles sabiam que eu iria embora de qualquer jeito. – suspirou contendo as lágrimas – E não acho que ficar aqui, vai mudar as coisas. Eu vou.

Ele suspirou aliviado.

Após o termino do café da manhã. Bella pegou seu casaco.

– Eu preciso ir Jacob, obrigada por tudo.

– Eu vou com você! Não vou deixar dirigir, não depois de tudo que você passou.

Bella cedeu, e entregou a chave do carro a ele.

Colocou o casaco, cobrindo o vestido curto de noite, e saiu pelo corredor do hotel. Podia ouvir os cochichos por onde passavam, quando olhavam para ela e Jacob.

Após sair na rua, não foi diferente, e por azar a primeira pessoa que encontrou antes de entrar no carro foi Tanya.

Isabella deu um olhar mortal para Tanya, e elas se fuzilaram por um longo tempo.

– Vamos Bells? – Jacob perguntou.

Ela assentiu, e ele abriu a porta para ela.

Chegaram rápido na grande mansão.

– Eu vou entrar, pode estacionar ali? – apontou.

– Tudo bem, estou logo atrás de você.

Bella saiu do carro rapidamente, e se dirigiu a grande mansão, se deparou com a porta aberta e adentrou a mansão.

Pensando em ir direto para o quarto, Bella seguiu de cabeça baixa.

– Oh meu Deus! – Alice gritou.

Bella se virou assustada para de onde vinha a voz. E viu uma sala lotada, cheia de pessoas.

Que suspiravam aliviados.

– Você quer me matar maninha? – Alice pulou em cima dela e a abraçou forte.

Bella correspondeu ao abraço, sem saber o que se passava

– Meu Deus, onde você se enfiou garota? – Perguntou um Emmett brincalhão.

Bella rolou os olhos, e viu Edward, que a olhava de cima a baixo, como se procurasse algum vestígio do que havia acontecido. E sorrindo aliviado, vindo em sua direção.

– Filha, você quer me matar? Eu estava a ponto de chamar a polícia. Sabe que horas são? Como você pode saiu naquela tempestade ontem? – Perguntou Carlisle.

– Ela estava comigo Dr. Cullen, não se preocupe. Estávamos no hotel da cidade, acontece que não poderia deixá-la sair naquela chuva... – uma voz soou atrás de si, e ela sabia de quem era essa voz. Jacob.

Viu Edward travar no meio do caminho e olhar com fúria para ele.

Viu todos naquela sala respirar pesadamente. Em um súbito silencio.

– E você quem é? – perguntou Carlisle.

– Jacob Black. Prazer. – se apresentou.

Edward olhou para Bella uma última vez, com o desapontamento marcado em seu rosto.

– Edward – Chamou ela.

Ignorando-a de novo, e saiu porta a fora.

Ela bufou e o seguiu.

– Edward! – ela chamou novamente já do lado de fora da casa.

Ele se virou lentamente para ela, e ela via fúria em seus olhos.

– Eu não quero ouvir nada! – disse.

– Olha só para você, bancando o coitado, você me expulsou da sua casa ontem, me acusou de barbaridades, e no fim ainda disse que me USOU! – gritou ela.

– Engraçado, você diz que eu entendi tudo errado, mas bastou uma briga pra você correr para os braços dele. Afinal, o que vocês são? Só amigos? – ironizou – Oh, me desculpe esqueci que vi vocês se beijando, e que ele é seu namorado. A noite foi interessante Isabella? – perguntou.

Só se ouviu o grande estalo da tapa no rosto de Edward, e os olhos transbordando raiva de Bella.

– Nunca. Mais. Ouse. Falar. Assim. De. Mim. – ela falou.

Edward segurou o rosto entre as mãos, nunca mulher alguma ousou fazer aquilo.

– Você não quis me ouvir. Você. Eu tentei de todas as formas. Mas depois ficou tudo mais claro, no fundo eu tinha dúvidas do que eu realmente significava pra você. Eu não sei por que se faz de vítima.

A respiração de ambos era cortante, e estavam tão próximos, que sussurravam.

– Talvez porque eu tenha sido a única vítima da história. – respondeu secamente.

– Talvez se você tentasse ouvir um pouco mais.

– Não tenho nada para ouvir Isabella. Eu vim até essa casa tentar reparar danos, que considerava irreparáveis, mas quando cheguei aqui, vi Carlisle quase surtando porque você havia sumido, ele chegou a quase chamar a policia. Senti-me tão culpado por expulsa-la daquele jeito, e por não tê-la ouvido. E quase enlouqueci, pensando em mil e uma coisas que poderiam ter acontecido, quando você saiu da minha casa, dirigindo, debaixo de um temporal. E quando você finalmente apareceu Isabella, pensei que poderia haver uma chance pra nós dois, tentar concertar os erros. Mas parece que não foi suficiente. Porque você já havia corrido para os braços do outro sem ao menos tentar.

– Não me fale sobre tentar Edward, porque eu tentei. Eu fui à sua casa para isso.

Ele riu.

– E como não conseguiu, foi tentar com o outro?

Ela bufou amargurada.

– No fundo eu sabia que quebraria meu coração. Foi assim com Tanya, e com todas as outras. Comigo não seria diferente.

– Sabe uma coisa engraçada sobre má reputação? Todas falam sobre eu quebrar o coração delas. Mas aqui, você quebrou o meu primeiro. Mas isso não importa mais. Não mais.

Edward virou de costas, deixando Isabella só, entre lágrimas.

...

Bella adentrou a mansão, voltando à sala de estar. Percebeu o silencio assim que entrou. Todos haviam visto a cena do lado de fora. Imaginou.

Elizabeth se levantou no sofá, e se dirigiu a saída da mansão, e todos permaneceram em silêncio.

Jacob se levantou, envergonhado.

– Eu vou indo para o hotel, se precisar de algo me ligue ok? – disse ele.

– Tudo bem Jake, obrigada por tudo.

Ele assentiu e a abraçou.

– Me desculpe. – sussurrou no seu ouvido.

– Não foi sua culpa. – disse por fim.

Eles se despediram rapidamente.

Bella correu escadas à cima, se jogando em sua cama, e esperando que tudo fosse um pesadelo. Ela ficou se perguntando o porquê de tudo isso. O destino os jogou junto apenas para separá-los.

Bella dizia a Edward que duvidava do seu amor. Mas nunca. Em nenhum momento chegou a fazê-lo. Bella confiava em Edward. Mas, como chegará ali? Tão fundo que não pudesse ser resgatado? Bella sentiu as lágrimas tomarem conta de si, e se sentiu cair aos prantos novamente. Mas dessa vez, sem o colo do pai, ou o abraço quente do amigo para confortá-la. Dessa vez, se sentiu só. Gélida e só.

Caindo na escuridão dos sonhos, Bella pensou como poderia recomeçar. SEM ELE.  Ele não o ensinara tal coisa.