61 – Louros sob a cabeça

Estávamos no Olimpo – não se engane achando que “estávamos” significava Joe e todos meus colegas, por que não, não significava. Eu estava com Cedric. Yeah, aquele cara que me mostrou como se voa em um pégaso e provavelmente foi a razão de eu e Joe termos terminado.

Bem, imagino que você, companheiro, queira saber o que aconteceu depois que eu e Joe nos beijamos e comemoramos a nossa liberdade, não é? Vou fazer uma listinha então.

1 – O Presidente pode ser deposto á qualquer hora, devido á uma quase-nova-revolução Dot.
2 – Melanie tinha conseguido apoio de mais de cem Dots, e alguns semideuses escondidos na tubulação por onde eles passaram, e depois todos estes fora levados para suas casas (aquelas onde seus pais Dots ou Lugros estavam) pelo Expresso-Olimpus.
3 – Malice foi embora. Disse para mim na maior naturalidade: - Eu não sou como vocês,
Bennett, meu lugar é o mundo, não tente domar o que cresceu selvagem. - E eu perguntei: - E o Kent? - Me fitou por instantes: - Quem disse que pra estar junto precisa estar perto? Tome. Disse ela colocou um mapa em minha mão. E me deu as costas, com algumas palavras estranhas ela desapareceu.
4 – Antes que eu pudesse entrar no Expresso-Olimpus, Apollo apareceu para me levar de volta, e como ele não conseguiria agüentar nem mais um minuto, me presenteou com mais um de seus ótimos haicais:

“Quem um dia me diria

Que a jovem paçoquinha

O seu mundo salvaria

ÓH musas de Apollo,

Cantem uma ovação adorável para essa criancinha

Que em pouco fez birrinha

E desgostou-se dos militares

Atacando então, e cumprindo a profecia

Com a lâmina sagrada cortando

O joio que crescera entra as

Bochechas de querubim de minha

Menininha.”

- E quem foi a cabeça prussiana? – perguntei á ele quando me lembrei da profecia. Ele sorriu e apontou para a direção em que Malice tinha sumido. – Acredito que aquela menina teria coragem para destruiu Esparta…

5 – E agora aqui estava eu, com Cedric que havia levado seu grupo de Dots para abrigos e tivera chegado ao Olimpo com Hermes – seu pai… uma coisa interessante que eu descobri sobre filhos de Hermes é que… hãn… eles sempre tem dedos leves! – e Cedric não é uma exceção, me arranjou um prendedor de cabelos em menos de dez segundos, alguns instantes depois Argino e Onigra – as seguidoras líderes-de-torcida de Afrodite, estavam procurando um procurando um elástico de cabelos, e Cedric se limitou a rir. Então, todos os deuses estavam lá – maravilhosos, impecáveis… como eu sempre pude imaginar. Todos. Todos os deuses – com a exceção de Hades, que é proibido de freqüentar o Olimpo, ou deixar o mundo inferior. E eu… com as roupas sujas de sangue e fuligem, uma mera sobra de farda do exército.

Então, hoje – como uma deusa mortal – eu ganharia o trono que á mim foi destinado – assim como o de Cedric. A aparência do filho de Athena e Hermes, não parecia exclusivamente em seus melhores dias. Seus óculos estavam quebrados e os cabelos um tanto sujos, as roupas rasgadas e o rosto retalhado por cortes.

- E então? – uma voz feminina e materna acolheu-me por trás – Como está, heroína de seu povo?

Éphira não estava tão normal… eu bebericava vinho, assim como Cedric, em um cálice, mas minha mãe Olimpiana estava derramando jarros e jarros garganta á baixo, de vinho puro de Dionísio.

- Bem. Só queria… estar em casa. – soltei indesejavelmente.

- Mas aqui é a sua casa! – exasperou minha mãe. – Com todos os seus iguais!

Iguais?! Espera, ela disse isso mesmo? Iguais?! Eu não sou a droga de uma deusa Olimpiana, sou apenas… Claire.

- Quis dizer… em Chicago. – Éphira pareceu um tanto quanto chateada, porém assentiu.

- Irá passar o resto das suas férias com seus pais, até que a Academia seja reconstruída, e tenham achado novos professores que não são corruptos. – sibilou ela, apertando meus ombros, Cedric não ligava de estar quieto assistindo minha mãe conversar comigo sem nem mesmo notá-lo.

- Mas Amentia não estava sendo corrupta… foi o Presidente!

- Não, não foi. Amenizamos a situação de Amentia e Ariela por muito tempo, em respeito á Steban, é claro, que foi um ótimo guerreiro. Mas a escola estava prejudicando muitos de nossos futuros Heróis. Estava privando todos vocês de um conhecimento que deveriam ter… - concluiu a mulher de cabelos longos e loiros.

- Minha neta! – um homem barbudo e com as feições cheias, caminhava de braços abertos em minha direção. – Como queria conhecê-la frente á frente!

- Zeus. – disse com um aceno.

- Para quê tanta cordialidade?! Sou seu avô! – gorgolejou me dando um enorme abraço.

Cedric limpou a garganta.

- Ah sim, Ced. – disse Zeus bagunçando os seus cabelos. – Você gostou a poção de paralisia?

Cedric assentiu e apertou a mão do avô e assim deu as costas e foi para o lado de Athena – que conversava fervorosamente com Ártemis e Deméter.

Zeus me contava sobre os raios – tudo parecendo que minha vida era apenas um programa de TV… ah, gostaria mesmo que fosse… Mas minha mente divagava para o ano longo que eu vivera. O primeiro acontecimento marcante? Minha transformação, depois “tchau-tchau-Tyler!”, mais á frente a morte de Z, em seguida o sumiço de Denny e Brady e a partida de Harper e Leslie para as Caçadoras – e entre isso, o convite de ser uma delas, que jamais seria recusável…

- E então, uma aspirante á guerreira. – um homem alto e másculo com uma espada na mão – heeeeey! Quando um cara enorme chega perto de você com uma espada maior que a sua perna, você não consegue mesmo prestar atenção se ele é louro, moreno ou vesgo.

- Não se preocupe, Ares – disse Zeus ainda me enchendo de gloria – esta garota já tem o seu próprio brilho, não irá tentar tomar o seu posto, pode ter certeza, meu garoto.

Depois de muito bate papo com os deuses que surgiam para parabenizar, ora eu e ora Cedric sobre os bons feitos em poucos meses – companheiro, isto são… MESES! POUCOS MESES! MESES É MUITO TEMPO! Vamos continuar colega, antes que eu tenha outro ataque… hmpff! Sentemo-nos em uma enorme mesa, e as Musas de Apollo – e tive certeza que se minha mãe pudesse, arrancaria os olhos de cada uma delas – saudavam, cantarolavam e dançavam pelo grande salão Olimpiano.

E depois disso, chegou a parte mais solene: a entrega dos tronos divinos. É, e eu estava vestida com uma farda roubada e estropiada. Ótimo, ótimo mesmo! Deméter fez duas coroas de louro surgirem do nada, e Dionísio com um aceno encheu os copos.

Algo que eu não disse é que o deus da loucura, é realmente… bonito. Okaaaaaay! Eu sei que isso parece idiotice dizer, já que todos os deuses são bonitos – muito bonitos – mas Dionísio tem um jeito tão… cheio de ironia e escárnio juntado á muita beleza e um corpo escultural, atribuindo aos cabelos cor-de-avelã e os olhos cinza astutos. Bem, não deixe meus devaneios atrapalharem a história, entende?
As musas dançaram  até um salão como anterior – branco e feito á puro granito com pilares e imagens de batalhas pregadas ás paredes, juntamente com tronos – treze, para ser mais exata – e ao fim deles, três tronos não tão grandes e imponentes estavam lá.

Um possuía uma estrutura “dragonesca”, o outro era incrustado de ampulhetas e caos de tempestade e por ultimo o trono com formas abstratas e dois frascos de poções em seus vértices.

- Aquele é o seu. – apontou Apollo, para o trono cheio de ampulhetas e raios, enquanto colocava a coroa de louros na minha cabeça. Coloquei Otróplia no chão, como ele disse-me para fazer, e me saudou em seguida com seu arco e sua flecha, e enfim, eu me sentei no trono. Onde eu muito provavelmente iria ficar por muito tempo.

Cedric recebeu a mesma cerimônia de Hermes e se sentou em seu trono, em minha frente – a única diferença era que eu ficava do lado feminino dos Olimpianos, e ele no masculino.

Segundos depois, todos os deuses se reuniram em seus devidos lugares e levantaram suas armas em nossa direção.

- Pela coragem de um Herói, se faz um futuro na magnificência. – recitou Poseidon.

- Pela sua sagacidade, conquista-se o mérito. – acrescentou Athena.

- Pela sua fé e bondade, alcança-se a glória. – falou Hera.

- Pelo respeito, o respeito. – assentiu Deméter.

- Pela força, busca-se o poder. – Zeus continuou.

- Pelo amor, encontra-se o acolhimento. – sorriu Afrodite.

- Pela ausência do medo, termina-se por tripudiar. – gorgolejou Ares.

- Pela justiça, encontra-se o paraíso. – disseram Éphira e Apollo juntos.

- Pelo conhecimento de sua história… - iniciou Hefesto.

- … o cumprimento de um dever. – concordou Ártemis.

- Pela loucura… - incandesceu Dionísio.

-… a força do sangue. – terminou Hemes.

E as armas foram guardadas e um grande espasmo de prazer espalhou-se pelo meu corpo. Eu – de uma vez por todas tinha me tornado uma Heroína – independente das dúvidas que ficassem em minha cabeça, inclusive a tal “ela” que meus pais falavam ás minhas costas, e quem seria o dono daquele único trono vazio. Hades? Não… não poderia.

- Brindai-vos á todos, á meus sucessores, Cedric Demigood e Gallatea Bennett! – gritou Zeus, e eu bebi meu cálice, sentindo-o me entorpecer e me levar para casa.