A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 31
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30 - Versão Gallateana de: “Luke eu sou seu pai!”

- Me mate agora. – gritei enquanto arregalava os olhos – AGORA, POR FAVOR! PELO MENOS TENHA ESSA BONDADE!

- Por favor, idiota, não me tente. – ela estreitou os olhos – Gosto de proteger você, tanto quando enfiar meu braço num poço de sanguessugas.

- MAS... POR QUÊ? – eu estava quase berrando  - Por que, em nome de Hades, você é a minha protetora? E por que eu preciso de uma protetora?!

- Por que você é o ser mais procurado da terra, idiota. E com seu nível de inteligência, qualquer lestrigão ou cômodos poderia fazer de você um animalzinho empalhado. E um animal completamente feio.

Eu quis rasgar Sharon no meio. – E quem escolheu você, sua vadia... escotítelea?

- A única criatura capaz de me convencer á fazer isso: Éphira.

Ariela nos arrastou nos momentos seguintes e seguiu com a excursão; Ariela não me deu ouvidos – Quem era ela, afinal? Ariela ACABA DE ENTRAR NA MINHA LISTA DE PESSOAS QUE EU QUERO QUE ME DEIXEM EM PAZ... Que no caso... está ficando enorme.

Mas... SHARON... MINHA PROTETORA? De repente, eu me dei conta, que mesmo eu tendo entupido a sua privada, jogado inúmeras sanguessugas em cima dela e soltado uma lhama plasmática em seu dormitório, ela nem me incinerou. Era péssimo lutar numa guerra onde um lado já estava em ruínas – e esse lado não era o meu. Nunca é.

Lembrei da vez em que um cão infernal apareceu na aula de esgrima... ele não notou nenhum outro aluno. Apenas estava com os olhos fixos em mim – ainda tenho pesadelos com aquele dia – Sharon sacou sua espada e sem escudo algum se lançou contra o monstro, com uma estocada certeira o reduzindo á pó.

Joe deu um jeito de me tirar de lá a todo custo, falava coisas meio sem sentido como: Você está horrorizada demais... sente-se e se acalme, okay?

Eu estava mesmo horrorizada, mas não deixava aparentar: medo não existe no Dicionário segundo Claire Bennett, todo mundo sabe.

Meu cérebro estava com um nó, muito bem feito – e aparentemente era uma bola absurdamente embolada. Há. Que ótimo, Sharon agora tinha que me proteger. Como se eu precisasse disso...

Ariela e os nerds caminhavam e olhavam tudo com fascínio. Espadas, jarros, vasos, pinturas e esculturas cheios de ouro e folhas de loureiro.

E que se dane. Eu não queria estar ali. Poderia viver para sempre sem saber que Sharon é a minha protetora.

- Agora, meus alunos. Vamos entrar no salão principal, saudar nossa deusa patrona. Éphira. – anunciou Ariela, com voz gloriosa. Grande coisa, bléééh.

Paramos diante de uma porta que parecia gritar: você-esta-na-beira-do-precipício-pule-logo-retardado!

- Vamos, andem! – Ariela mandou, AH! Eu já disse que gostaria de estar chupando picolé de chuchu do que estar na casa de um deus e descobrir que a pessoa que eu mais odeio, tem a função de me proteger. E POR QUE EU PRECISARIA DE PROTEÇÃO? Sou a própria femme fatalle!

Ariela – minha tutora e agora, outra arqui inimiga – abriu a porta e lá estava um mulher de costas. Loura e com pele bronzeada, e cabelos longos louros e cacheados. Vestia-se como qualquer um. Um camisete, calça jeans e sapatos sem salto. Mas sua presença, magnificava o lugar. E... minha tatuagem enlouqueceu de novo. A mulher de costas, passou a mão em seu braço, disfarçadamente.

A dor e o ardor sumiu naquele exato momento de meu ante braço e eu respirei de alívio. Tinha me esquecido de quem eu era, de quão magnífica eu era e tudo mais... Só de olhar para as costas da mulher loura, me senti como se finalmente eu tivesse alcançado meu objetivo de vida. E jamais precisasse descobrir sobre a profecia que me enlouquecia – normalmente.

E a mulher se virou. Ela tinha olhos grandes, bonitos e verdes. Aquele olhar se cravou em mim. Como se ela estivesse esperado por mim á muito tempo.

- Ora vejam! – ela disse contente. A cada movimento que ela fazia, parecia cada vez mais linda. Espera... eu sou linda! – Estava á espera de meus garotos.

Ela caminhou em nossa direção e não notei quem estava a minha volta. Só continuei a olhar para ela. E ela sustentava meu olhar.

- Vinde á mim, meus jovens, vamos cear á minha casa.

Éphira era gentil e divertida. Contava tudo sobre suas aventuras, sobre as desventuras com os olimpianos e até algumas piadas sobre Hades com roupas de ginástica. Falava sobre o desempenho escolar de todos os garotos – menos eu. Mas... seus olhos não fugiam de mim. Continuavam ali, verdes e emocionados. Á espreita á qualquer reação minha. Ela respondia á perguntas que os calouros faziam, com gentileza e descolaridade – e se alguém sabe algo sobre ser descolado, esse alguém sou eu.

Estávamos sentados em torno da mesa de jantar da deusa. Uma mulher ruiva – demais – que me lembrou muito Ariela, serviu nosso jantar. Eu tinha recebido espaguete e coca cola. E... sem fazer nenhum pedido. Acredite. Deuses são deuses. Todos conversavam bastante extasiados com a presença sutil de Éphira, que não parecia se importar com meus olhares inquisitivos. As horas passavam, Ariela e Éphira bebiam vinho e mostravam itens de batalha que a imortal tinha vivido.

Se falaram algo para mim, sobre mim, companheiro? Nada. Só fiquei calada, olhando para a deusa loura de olhos verdes agir com naturalidade e bondade.

A visita chegara ao fim. Éphira abençoou cada um – menos eu e Sharon. Pelo menos alguém poderoso, como eu, também estava sendo ignorado. Todos partiam, eu e Sharon nos deslocamos com eles, com uma experiência não tão feliz comparado ás de Aaron Lewis, Mandy Carys, Annalice Pregentegeer e Marco Lonphert.

- Ariela? – chamou a deusa. – Por gentileza, poderia deixar estas duas jovens comigo?

Ariela sorriu mais que radiante. Como se aquilo fosse a coisa mais fantástica do mundo. E... bem, não era. Talvez eu e Sharon fôssemos castigadas por discutir em propriedade privada e/ou por sermos tão idiotas e irresponsáveis – o que era divertido – e criar uma guerra particular, onde eu jogava coisas freqüentemente em Sharon.

- Sim, Éphira. Deseja que eu fique aqui?

A deusa sacudiu a cabeça. – Isso pode demorar. Vá em paz, velha amiga.

Ariela assentiu entrou no elevador e as portas se fecharam.

Pela primeira vez na vida – e a única vez que eu vou admitir – fiquei feliz por Sharon estar comigo. Em todas as circunstâncias eu estaria mandando meu Hyperion atacar ela, ou, jogando shampoo de cavalo sobre sua cabeça não muito atraente.

Depois que o elevador desceu, a deusa nos olhou – e cravou-os mim novamente.

- Gallatea. – ela disse meu nome como se fosse uma oração. Seus olhos estavam úmidos e emotivos. Que diabos está havendo? AAAAAAAH! – Finalmente.

Minha garganta se fechou e eu tive vontade de chorar. Mas não faço a, droga, da mínia idéia por que.

- Sharon. – a deusa disse com orgulho. – Filha Consortiana. Aproxime-se.

Sharon me lançou um olhar de ironia. E caminhou sorrindo debilmente, em direção á deusa. Ah, porque ela não pode melhorar, hã?

A deusa puxou da bainha de sua calça, uma faca com uma lamina cortante que apareceu abruptamente.

- Concedo á você, pelo calor, pela água, pelo vento e pela terra, a liberdade. Está liberta da promessa da Proteção. Está livre. – Sharon sorriu e riu alto, enquanto esticava o braço e a deusa arrebentou uma pulseira de contas, com a ponta da faca.

- Obrigada, minha deusa. Obrigada, Éphira. – agradeceu Sharon. – Eu estou livre de você, babaca.

Grunhiu enquanto olhava pra mim.

- Grande coisa, brasa morna.

Éphira nos ignorou. – Você protegeu-a bem, vou cumprir minha parte no trato.

A olimpiana retirou de seu bolso, um papel assinado e entregou á Sharon. – Tenho certeza que eles vão estar muito orgulhosos de você. Vá. Fale com Ariela e vá.

Sharon assentiu e desapareceu no elevador.

E lá estava eu. Sozinha com a deusa.

Éphira caminhou em minha direção. Sem nem perceber, ela era um tanto mais alta que eu, me fez sentir como uma criancinha. E sem explicação nenhuma, me abraçou. Apertado e calorosamente. Algumas lágrimas tinham escorrido por seu rosto enquanto ela se afastava.

- O que...?

- Gallatea... – ela suspirou – eu sou sua mãe. Eu... mal acredito que esteja aqui.


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