20 – Fazemos o teste das mau amadas.

Eu não fazia idéia do que dizer em seguida. Joe me beijou – e QUE BEEEEEEEIJO, companheiro. Eu estava enroscada com Joe no meio de todo mundo. Não me importava o que acontecesse – se Joe estava ali, eu estaria bem. Pra mim, companheiros, nunca houve cara melhor. E... eu gostava mesmo de Joe. E como eu sabia disso? Ah... eu ficava completamente confusa e confortável quando estava com ele, e quando ele me olhava. Explicado. Yeeeah.

E... Ártemis? Dane-se. Não vou viver para sempre, sem o cara gostoso, cujo era meu companheiro de quarto e ainda por cima meu mentor, e que podia transformar qualquer um em um cubo de gelo – e sem falar o quanto seria confortável passar uma noite nos braços daquele cara... Um ar condicionado portátil. Volta a fita. Estávamos só, no meio dos caras voltando para o campus, nos beijando e ponto.

- E agora? – perguntou ele, com seus olhos brilhando e o rosto enrugado e moreno. – Não vai me fritar com um raio?

Pesei a cabeça de um lado e de outro. – Vou pensar no assunto. – sorri – Vamos, tenho que me aprontar para o teste da Sra. Art.

Joe não ficou muuuuuito animado com o fato de nosso quarto estar uma perfeita bagunça. Bem, bagunça seria um elogio – muito, muito bom – Mas você consegue imaginar companheiro, uma pequena deusa da beleza e magnitude limpando um quarto?! Ah, por favor... Pffft!

Imediatamente, ele começou a ajuntar minhas sacolas de comprar, e estreitou os olhos quando viu que eu tinha escrito em sua blusa favorita: “Eis aqui um cubo de gelo!”. Pensei que ele me transformaria em um picolé com mechas rosa flamingo, mas felizmente ele pegou uma de minhas camisas e escreveu: “Atenção: alta voltagem passando!”. As coisas estavam sendo fáceis. Nós não corríamos risco de vida, e estávamos juntos. Ótimo, não é? Pelo menos, minha vida não é um romance completamente perturbado.

Só eu estava nervosa – por mais que eu tentasse, me acalmar ou esquecer, as palavras de Amentia tinham sido gravadas em ferro quente em meu adorável cérebro: - Vai saber na hora certa. Você vai escolher... entre saber ou não. Vá se preparando para as mudanças...

Entrei no banheiro – previamente arrumado por Joe, e coloquei minha toga, trancei meus cabelos com alguns fios de ouro que Ariela – minha tutora – tinha me dado. Amarrei minha sandália e estava pronta de novo. Sentindo aqueles ventinhos indesejáveis na parte de baixo da toga grega. De repente, eu senti que queria ver Ohio – minha égua, e futura pégaso. Bem, aqui na Academia, cada aluno tem seu cavalo/pégaso. Quando você se forma no primeiro ano de estudos, seu cavalo – ou égua, no caso de Ohio – ganham asas, virando um belo – fofo e quase assustadoramente bom voador - pégaso. Ohio, é um caso á parte. Ela simplesmente apareceu na Academia, ninguém sabe exatamente como e porque. Mas com todo seu pelo caramelo e seus olhos grandes, me pareceu bem justo tê-la, adotado como minha. E uma das coisas que mais me acalmava era falar com minha água – sim companheiro, eu medito de cabeça para baixo e falo com éguas. Faz todo sentido. Hmpff.

Fiz uma anotação mental: Cheiro de esterco de cavalo, não é tão ruim assim...

- Claire? – Melanie estava na porta, e ameaçou jogar uma de suas bolas de energia em Joe, que se jogou de baixo da cama... Como se faz para pegar o Prisma em Prismaball...

- Huh?

- Podemos conversar?

- Contanto que não a mate eletrocutada, sim. – resmungou Joe, escondido debaixo da cama.

- Claro – assenti, terminando de examinar meu look no espelho e ajeitando meu brilho labial. – Joe, nos vemos no ginásio? Espero que ao menos você vá...

- Se você não escolher ser uma eterna mau amada, é claro. – resmungou sem nem mesmo sair de baixo da cama.

- Até depois, picolé derretido. – revirei os olhos e segui Melanie para fora do quarto.

Ela estava com a expressão tumultuada e agitada – e em muitas partes ela parecia que iria explodir alguém que dissesse que ela tinha sobrancelhas... Maníaca do quarto – ativada.

- E aí? – perguntei quando saíamos do elevador. – Qual é a emergência?

- Houlie disse que eu sou uma das indicadas. – seu rosto se agitou e ela ficou cercada por centelhas de fagulhas de energia. – Eu estou dentro das Caçadoras, muito provavelmente.

Olhei para ela, e bocejei. – Não era o que você queria? – revirei os olhos.

- EU NÃO SEEEEEI! – ela gritou, e lançou uma bola de energia em Leslie que caminhava com seu cara do outro lado da calçada. Leslie lançou nela um clarão de energia e Melanie pareceu cozida.

- Okay, eu juro que não entendo você! – massageei minhas têmporas e fechei os olhos. – Vocês ficaram fulas comigo quando eu falei que as Caçadoras.

Brady – o namorado de Leslie, mandou um olhar feio e mostrou o dedo para Melanie, e os dois caminharam – quase correram – para o ginásio.

- Mas... e o Denny? – ela me olhou com amargura. Quando ela disse “Denny” meus olhos escureceram e minhas pernas fraquejaram.

Era uma visão, AAAAAAH QUE ÓTIMO. Odeio ter visões, dão dor de cabeça, e podem ser desencadeada por qualquer palavra á qualquer hora.

Mas vamos á visão. Lá estava Denny caminhando com  uma mochila pendida no ombro, e era plena noite, logo depois alguns minutos Brady apareceu a seu lado e eles trocaram olhares nervosos. Como se algo tivesse muito errado. Depois um homem alto, pálido e envolto por uma enorme escuridão – como se sua aura fosse apenas sombra - apareceu com sua BMW, ambos caras entraram e o portão se abriu. E lá se foram noite á dentro os caras que um dia foram meus amigos. Eles tinham ido embora.

Respirei fundo, quando consegui enxergar novamente.

- O que está havendo? – Melanie me pegou pelos ombros e me levantou quando meus joelhos falharam.

- Odeio a droga dessas visões. – grunhi, esfregando os olhos. Hmpff, minha pele deveria ter ficado mais pálida e minha saúde diminuído. Nada que favorecesse minha beleza. Blééh!

- Que visão?

- Deixa pra lá... – resmunguei. Achei que Mel, não ficaria muito feliz em saber que seu cara estava deixando ela... achei melhor calar a boca.

- Acha que eu devo escolher Denny ou as Caçadoras? – sua expressão aflita me deu pena;

- Acho que deveria fazer o que se sentir apta as fazer, sei lá garota. Mas ser uma mau amada para o resto da vida, não era exatamente o que eu escolheria. Mas isto, sou eu. – dei de ombros. – É melhor pensar logo nisso, Maníaca, está na hora da escolha de Ártemis.

Estávamos abarrotando o vestiário do ginásio. Todas as calouras tendo um ataque de nervos – Harper ainda não estava falando comigo: AH, COMO ELA PODE NÃO ME AMAR?!

Ela parecia ter problemas com sua toga, resolvi dar uma ajuda a ela.

- Hey companheira, o cinto fica aqui. – dei um laço clássico em sua toga e ela me olhou apavorada.

- Obrigada.

- Amigas servem pra algumas coisas, básico. – sorri.

Ela pareceu sem graça.

- Sei que vai conseguir... Esse é o sonho da sua vida.

- É impossível, Gally. – ela me olhou com dor – Eu não posso mudar o passado. Coisas ruins aconteceram, e eu sou amaldiçoada por isso.

- Harper, eu sei que você... bem... teve problemas com homens... – eu parecia estranha. Afinal, nem mesmo um sexy simbol como eu, conseguiria lidar com isso facilmente, hmpff. – Mas não quer dizer que Ártemis não vá aceitar você.

- Como sabe...?

- Amigos servem pra isso, garota. Mexa esse seu traseiro de penas, e vamos lá mostrar para aquela deusa, que qualquer Dot arrasa com suas Caçadoras. – ofereci minha mão para que ela apertasse.

Ela sorriu insegura, e apertou minha mão.

- Aspirantes! – Houlie entrou pela porta. Vestida como se estivesse em uma prova de hipismo. Botas de cano longo por cima das calças pretas, e um camisete branco e um colar desenhado, pendendo um pingente de arco. – Sua senhora está a sua espera, a seleção vai começar!

Todas pegamos nossos arcos – ninguém, absolutamente ninguém, consegue ficar apático diante de Houlie – mesmo ela sendo minha provável cunhada, ainda era uma mau amada – e acima de tudo, uma chata mau amada.

Marchamos como ela nos preparou, e ficamos em uma fila paralela á parede. Observamos ao meio do ginásio nossas três professoras – não era exatamente um atentado á moda... pelo menos não precisei chamar os meu adoráveis anjos da Prada, mas elas se vestiam como Houlie. Ariela, Amentia e Cee Cee – mentora de Joe, e professora de controle mental – pausavam  no meio dos alvos impostos.

Olhei para as arquibancadas, e eram recheadas de garotas de outros anos e caras observando suas garotas os abandonarem para viver como Caçadoras. Tentei procurar por Joe, mas não o vi. Maaaaaas, lá estava Laster, acenando para mim de pé, escondido atrás de seus óculos escuros. Sorri de volta e ele soprou um beijo: E quem resiste á mim? HÃ?!

Voltei minha atenção ao centro do ginásio. Quando uma figura alta, com os cabelos tão presos como os de Houlie, olhos... diferentes e roupas semelhantes ás que todas as mulheres dali usavam, entrou no meio do recinto, seguida por mais ou menos dez garotas adolescentes mais ou menos da nossa idade.

- Vinde á vossa senhora, minhas escolhidas! – disse a mulher.

E quando seus olhos chegaram aos meus, eles pareceram cintilar mais e mais. Meus braços tremeram e minha marca de nascença formigou. AAAAARG! Como isso estava me irritando;

- Selena Mogantrode. – chamou a mulher.

Uma garota saiu da fila paralela, e tropeçou no meio do caminho. Nunca tinha notado ela, bem, não me culpem, minha imagem é a mais chamativa do que qualquer outra... alguém consegue não me amar?

Selena caminhou á passos nada rítmicos e se posicionou e atirou a flecha. Não ficou realmente perto do alvo, mas ela tentou e sua posição era rítmica e adequada. Ártemis pareceu gostar dela. E Selena não pareceu muito feliz com sua própria demonstração.

Ártemis conversava com Houlie e suas outras Caçadoras á cada uma que passava – o que me irritava muuuuuuuuuuuuuuuito, companheiro. Ártemis poderia ser uma deusa, mas ainda assim não era muito superior á nós. Grande coisa... ser uma deusa, hmpff.

- Harper Jessy Harper – arquejou a deusa, olhando os ínfimos movimentos de Harper. Ela pareceu incrível. Pareceu que não tinha medo e nem nervosismo, sua mão se ajeitou em um ângulo certo e segurou a flecha com habilidade. É DISSO QUE EU ESTOU FALANDO, COMPANHEIRO! Harper puxou a linha fina, e a soltou. O arco ressequiu-se no ar, e cravou-se na linha limite do alvo.

A garota harpia, não parecia muito contente com isso, mas sorriu e deu de ombros.

- Eu tentei.

Fiquei seriamente admirada com minha amiga Harper. Eu a conhecera desde que ela era humana... mas nunca achei que fosse sequer tão firme consigo mesma e soubesse aceitar uma derrota. Mas aquilo não era uma derrota. Harper tinha sido a melhor até agora. Tenho que admitir, ela tem boas mãos para o arco... Não que eu não possa superá-la, quero dizer: Pftt!

A deusa da Caça, pareceu se agradar com a performance de Harper, que se colocou novamente em meu lado esquerdo.

- Você foi ótima, Harp. Ártemis deveria ser muito... idiota para negar você á Caçada.

Harper corou – Cala boca, Gally.

- Hope Samantha Stevenson. – chamou Houlie, ao invés da deusa.

Hope pareceu mais preocupada e se atrapalhou muito, errando o alvo completamente, e acertando o trabalho de alvo, por milímetros.

- Leslie Brank – repetiu Houlie, parecendo gostar do que fazia. E... minha detestação por ela continuava a aumentar... E MUITO.

Nossa garota da luz - caminhou com a pele formigando em claridade – acontecia muito disso quando ela ficava nervosa. Ela puxou o arco com leveza e espontaneidade e com pouco esforço, se aproximou do alvo.

- Melanie Kurts. – Ártemis voltou á seu cargo e me olhou com o canto dos olhos. Como se dissesse: Sua vez está chegando, Profetisa...

Melanie procurou me olhar com coragem, bati de leve em seu ombro e resmunguei algo como: “Frite esse frango, garota!” É isso que dá... pressionar Claire demais, meu nível de coerência diminui consideravelmente – o que já é pouco, amigos... A garota/maníaca do quarto, ergueu lentamente o arco esperou que seu arco tivesse atingido o ponto desejado e soltou a linha que dava impulso á flecha e chegou quase ao mesmo lugar que a flecha de Harper tinha atingido anteriormente. Ela voltou, e soprou um beijo para Denny na arquibancada.

É DISSO QUE EU ESTOU FALANDO, GAROTADA!

Ártemis voltou á sua lista chamando mais e mais garotas que atiravam – ou deixavam seu arco cair no chão de nervosismo, e em seguida choravam como bebes guaxinins – se você conhece bebes guaxinins sabe do que eu estou falando... Dá pena.

Sharon se aproximou de mim com seu jeito de eu-sou-vadia-mimimi e resmungou: - Isso está sendo um desastre, miss sanguessugas.

- Eu estou vendo – respondi mostrando a língua para ela. Eu sou muuuuito madura companheiro.

- Houlie disse que Ártemis está aqui por sua causa. – disse ela, sem parecer tããããão vadia. – É verdade?

- E como eu vou saber, Spaz? – revirei os olhos.

- Isso é um sim, babaca. – resmungou – E você vai ir?

- Naaaah – revirei os olhos mais uma vez. Ela certamente me irritava, e muito, companheiro – Pra que eu seria uma eterna mau amada? O mundo precisa de uma Claire Bennett sem amaras.

- Acho que deveria ir. – ela disse, e pareceu que queria ser legal comigo. QUEQUEÉISSO? SHARON VADIA SENDO LEGAL COMIGO? Bléééééh! – Você vai desejar voltar atrás.

- Não vai se livrar de mim tão fácil. – respondi com um sorriso malicioso – Eu vou vencer você nas aulas de combate corporal, SEMPRE!

- AAH! – ela me deu um soco no ombro – Você é muito idiota. Definitivamente.

Eu a encheria de bolachas e provavelmente a fritaria com um raio no meio do crânio, mas Ártemis chamou-a.

- Sharon Louis. – chamou em alto e bom tom. Quase dando ênfase, eeeeeca! – Filha dos consortes Americanos.

Tipo assim... Que diabos é isso, agora? Sharon é a filha do casal mais velho e poderoso de Dots da America? NÃÃÃÃÃÃÃO!

Sharon pegou seu arco e me deixou em choque, enquanto atirava precisamente no alvo.

SON OF A BITCH!