18 – Salvar Z, ou não? EIS UMA ÓTIMA QUESTÃO...

Faziam duas semanas desde que os treinamentos intensivos para que nós – estragássemos nossas unhas, pele e maquiagem – fôssemos escolhidas por Sra. Art. Mesmo que eu estivesse pouco me importando com o que Houlie – ah, sim, aquela garota do Joe.

Os garotos iam chegar hoje – o que me deixaria muito, muito confusa mesmo. Eu não sabia o que esperar em relação ao Joe. Eu gosto dele – ah, imagina Claire... ninguém percebeu ainda. Mas eu não sabia o que dizer, porque... bem... ele conhece aquela garota... a Houlie. Arg! Por que ela aparece, afinal? Mas se Joe demorasse muito em sua declaração de amor eterno para com a minha – esplendorosa – pessoa, eu ficaria frustrada e muito provavelmente faria chover na horta do Laster... O que não seria uma frustração total, não é? Eu já disse que ele tem um traseiro legal?

Outra coisa bastante difícil que eu estava lidando, é: Zoe. Ariela e Amentia estavam me apertando firme sobre a garota – que passava noites e mais noites foras do campus, e estava faltando loucamente nas aulas – o que provavelmente a faria ser removida da nossa APE – mas eu gostava de Zoe, e não queria que ela se ferrasse... Mas ela estava abusando de seus limites, saindo por todas as horas, bebendo whisky e fumando no campus em ambientes públicos, mostrava o quanto Z estava ferradamente péssima. E mais uma vez estavam me chamando á diretoria para falar comigo sobre: coisas devidamentes coloquias, querida. Não se preocupe...

Quando algum professor ou diretor – ou no caso sua tutora de cabelos de fogo – lhe dizem para se preocupar, você DEVE se preocupar. Coisas não muito legais vêm pela frente, colega.

Subia calmamente pelo elevador, para falar com Ariela sobre algumas... coisas. Não, infelizmente eu não fiz mais nada com Sharon – não tenho tido tempo nem diposição para isso... Depois de ter que fazer uma revolução dentro de meu quarto – evocando as profecias para saber onde guardar as coisas, e uma pequena tempestade passa lavar, secar e aspirar. Storm não gostou muito de me obedecer, mas estamos quase erradicando aquelas duas vozezinhas irritantes da minha cabeça – ATÉ POSSO OUVIR O CORO DE ANJOS: ALELUIA, ALELUIA...

O elevador subiu e BAAAM! Lá estava aquela guardiã, com seu elo de psíquico.

- Ah, chegou cedo hoje, Gallatea.

Ah, boa noticia – sarcasmo – todo mundo agora me chama de Gallatea. Como se eu gostasse disso. Bem, eu tenho a infelicidade de meus pais terem um $#@$@#$ mau gosto, na hora de escolher meu nome. Quem, diabos, coloca o nome de um filho como Gallatea? Isso não lembra Galáxia? Via láctea? e Todas as porcarias? AAARG!

Mas agora é: Hey, como vai Gal? E aí, Gally?

E a pergunta mais importante: PORQUE? PORQUE??!

- Sim, hoje temos o teste com a... Sra. Art. – respondi.

- Oh! – ela se levantou abruptamente – Realmente, ela já deve ter chagado... Ariela e Steban devem estar acomodando-a agora mesmo...

Me sentei como sempre. Colocando meus tênis em cima do sofá, e comendo um biscoito, e me afastando do chá – ruim de Ariela.

- Então, vamos falar sobre o porque de você estar aqui, não é mesmo? – sorriu.

- Obviamente – mastiguei meu biscoito.

- Você sabe que Zoe tinha ligações emocionais... fortes com Gabriel?

- Gabe? – dei mais uma dentada no biscoito e peguei um copo de café. CAFEINAAAAA!

- É... ele morreu á algum tempo atrás. Eles realmente viviam grudados. – dramatizou a diretora.

- É ela parece muito triste por ele. Tanto que se envolveu com um maluco bêbado. – revirei os olhos.

Ela se sentou parcialmente na mesa e me estudou.

- Você sabe quem é ele, Gallatea? – ela implorou – Você sabe que Z pode... partir á qualquer hora com a saúde em que se encontra...

- Sim, Ariela. – bufei – Eu entendo isso, e sei que ele é humano... Por que Z sai toda hora pra ver ele... Se ele fosse daqui, provavelmente ela dormiria em outro dormitório e não fora do campus. Z sempre sai sozinha pra ver ele, não faço a mínima idéia de quem ele é. E sim, se eu soubesse, eu contaria. Juro.

Ariela esfregou as mãos.

- Acho que não sabe mesmo sobre isso, não é?

Assenti. – Sinto muito, mas Z tem se afastado bastante de todos nós... Não sei bem o que dizer.

- Z desmaiou ontem. – Ariela escondeu o rosto nas mãos. – Ela mal controla os poderes... pode acabar matando alguém quando... passar mau de novo.

Entendi que “passar mau” significava algo mais sério do que só “passar mau”.

- Eu gosto de Zoe, quero dizer, claro. Ela foi uma das minhas primeiras amigas aqui. – revirei os olhos – E... ela era mais forte no começo.

- Sim... – Ariela concordou – Pessoas ficam e tendem a enfraquecer com o tempo. Ninguém consegue esconder a dor de uma perda para sempre. Você sabe como é, não é Profetisa?

Tentei não me lembrar do cara que me “despachou” quando eu me transformei. Tyler. Mesmo para mim – a fantástica garota Bennett, que medita de cabeça para baixo, em um galho de árvore, isso ainda dói. Marca.

- Yeah.

- Vamos esperar que ela melhore... O que é bem improvável... – disse ela, coçando o queixo.

- É só isso? – perguntei mau humorada. Ariela me fez ficar com raiva. Odiava lembrar daquele coliforme fecal, cujo nome era Tyler.

- Na verdade não, Gallatea. – ela franziu o cenho, e sentou-se. – Quero que comece a entender algumas coisas que você, não entende sobre si mesma...

- Tipo... o que todo mundo sabe, menos eu? – fui sarcástica, e mostrei a língua.

Eu estava ficando pouco sociável – é o que tende á acontecer quando pisam no meu calo, garotada.

- A grande profecia. – assentiu ela. – Envolve muito, Gallatea. E muito vai mexer com você... Vai descobrir coisas que... preferirá não ter encontrado a resposta.

Fiquei um tempo, olhando para a janela do céu cheio de nuvens brancas parecendo belos carneirinhos, e absorvendo suas palavras.

- Algo haver com... os deuses? – olhei-a nos olhos e senti minha marca formigar de novo.

- Sim Gallatea. – ela sussurrou baixo. – Algo que vai mudar o destino de muitos heróis.

Olhei para ela, e via como seus olhos se tornavam antigos e bonitos – mil vezes mais bonitos que seus mocassins verde limão.

- E por que eu não posso saber? – naquele instante, eu esqueci quem eu era. E me tornei uma criança confusa e... triste.

- Vai saber na hora certa. Você vai escolher... entre saber ou não. – Ariela sorriu, para me acalmar – Vá se preparando para as mudanças.

Tentei recuperar minha identidade, mas estava fraca demais... confusa demais.

- Vá receber seu mentor. – Amentia sorriu bondosa – eles acabaram de chegar.