Apaixonada por Um Fantasma escrita por Gibs


Capítulo 23
Cap. 22- Quarto ao lado


Notas iniciais do capítulo

aiai, cá estou eu de novo enchendo o saco de vcs.. bom, vamos ao capitulo que é bem mais interessante



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Após ter conversado com Alan, saímos um pouco e fomos ao parquinho - sem ser o enferrujado. Passamos à tarde lá, conversando, rindo. Ele contava casos e acasos, fazendo-me rir e agradecer a todos em minha vida, por este momento. Sinto em meu ventre a criança que seguirá os passos de minhas ancestrais, sendo mais um homem no meio de tantas mulheres. Porém, eu, no fundo, não desejo o mesmo destino ao meu filho. Não quero que ele passe pelos mesmos sofrimentos de perder, não uma, mas duas vezes, mesmo sem saber, a pessoa que ama, a pessoa que veio à Terra para mudar sua vida, para mostrar-lhe que sua existência tem um significado. A minha, foi Sebastian. Eu o tive, eu o amei e eu o perdi. Sei que ele também passará por isso, não tem como negar, mas peço que não seja como eu, que seja mais aceitável, talvez. Menos doloroso, quem sabe.

Ao voltarmos para casa, jantamos todos em silencio, o único que não consegue permanecer quieto é Andy, e eu até que gosto disso. O silencio me afeta de certa forma, não gosto do zumbido que ele faz em meus ouvidos. Após o jantar, subo direto para meu quarto e me deito, a fim de sonhar. Vai que eu encontro Sebastian em meus sonhos. Mas não é o que acontece.

’Desta vez, eu não me encontro em um jardim, ou coisa parecida. Eu me vejo na escuridão plena. Um zum-zum ritmado enche o ambiente negro. Ao longe, vejo uma luz, como essas que vemos no fim de um túnel. A sigo. Adentro a luz que me cega momentaneamente. Assim que passo pela luz me vejo em uma sala. As paredes são todas brancas e no meio desta, há cadeiras. Estão dispostas em um circulo perfeito, ao lado delas, uma pasta.


Caminho até o meio da sala, adentrando o circulo feito pelas cadeiras. Ouço um rangido e vejo uma porta se abrindo ao lado direito - percebo que não tinha notado a porta ali. Dela, saem dois homens e duas mulheres. Eu não os reconheço a principio, mas, conforme eles ganham forma e vão se sentando nas cadeiras dispostas para eles, eu vejo que os conheço. Cada um toma uma cadeira, e noto que sobrou uma cadeira, olho ao redor procurando mais alguém para sentar, mas o olhar de minha mãe em cima de mim faz-me perceber que a tal cadeira é para mim. Ao lado dela, minha vó me fita com um sorriso sincero estampado no rosto. Elas se sentam nas duas cadeiras mais perto da porta em que vieram. Os dois homens, lembro-me, é meu pai, senta-se ao lado de um jovem rapaz, que ao notar seu olhar em mim, o reconheço sendo Sebastian. Minha mãe e minha vó de um lado. Meu pai e o amor da minha vida do outro. Eu na cadeira do meio.

“Sei que não esta entendendo nada Vic, mas vamos lhe explicar” - escuto a voz de minha vó dizer. Olho para ela e ela sorri.

“Você não deve estar me reconhecendo, não é?” - ouço uma voz grave e imediatamente olho para meu pai. Tento falar, mas não consigo.

“É a mente querida” - ouço minha vó. Minha mãe e Sebastian continuam em silencio.

“O que está havendo?”- consigo enfim perguntar. Olho para cada um, demorando-me em Sebastian. Ele desvia o olhar, fitando o chão.

“Estamos aqui para discutir seu futuro filha” - ouço minha mãe dizer, finalmente. Quem diria, eu estou mesmo com saudade dessa voz.

“Meu futuro? O que, que tem meu futuro?”

“Digamos que tem umas coisas pendentes que terão que ser feitas” - meu pai diz.

“Pensei que não o veria mais” - falo, virando-me para Sebastian, ignorando todos a minha volta. Ele me olha, mas não diz nada.

“Filha, temos que conversar” - ouço meu pai dizer.

“Afinal, porque você esta aqui?” - escuto-me perguntar. “Você não é nada meu, nem nunca foi, o que faz aqui? Se isto é para ser uma discussão familiar, o que VOCÊ faz aqui?” - minha voz sai cortante, irritada.

“Victoria, ele é seu pai. Mesmo depois de tudo, ele ainda é seu pai” - minha mãe diz.

“Minha querida, estamos aqui para falarmos de você, não do seu pai ou o que ele fez ou deixou de fazer” - fala minha vó, impaciente.

“Desculpe vó, mas é revoltante!” - eu o olho e bufando, volto minha atenção para minha vó. Meu pai não fala nada, talvez esteja pensando no que dizer. Optou por não falar nada. É até melhor mesmo. “E então, o que será falado aqui?”

“Soube que está grávida Victoria” - ouço meu pai falar. Ele podia ficar quieto não? Não é a toa que eu não o procurei depois que soube que havia morrido, e nem ele me procurou, sabendo que eu poderia vê-lo. Se for assim que ele queria, então vai continuar sendo assim.

“E o que tem isso?” - lhe pergunto.

“Ele será um ótimo herdeiro. Um homem forte, capaz de realizar tudo que lhe é sugerido.”

“Do que você está falando?” - pergunto, levantando da cadeira e indo até ele. “O que você esta dizendo sobre meu bebê?!”

“Victoria, sente-se.” - minha vó manda, e eu a obedeço, afastando-me daquele homem repugnante e sentando em meu lugar. Sebastian me olha com expressão preocupada. “E você - ela vira pro meu pai - CALADO!”

“Acha mesmo que ela precisa saber disso?” - ouço a voz de Sebastian. Noto que esta sim, é a voz que mais senti falta. O tom de sua voz me assusta.

“Saber do que?” - olho para ele e quando o vejo baixar a cabeça, fito minha mãe e minha vó. “O que eu preciso saber?”

“É sobre seu dom Vic.” - disse minha mãe.

“O que tem ele?”

“Você o perderá” - ouço meu pai dizer.

“O QUE?!” - me levanto de supetão, perplexa.


Sinto-me mexer na cama macia na casa de Alan, meus olhos abrem e fecham num ritmo alucinador. Meu coração bate descompensado, pulsando sangue para meu cérebro. Volto à sala branca e as cadeiras.



“Como assim eu vou perder meu dom?”


“Quando seu filho nascer, você passará todo seu dom para ele. Ele será mais forte, e terá um poder extra a tiracolo” - meu pai falava-me com a maior naturalidade, minha mãe, minha vó e Sebastian, pareciam deixar-lhe falar tudo. Imaginei que seria porque ele não tem papa na língua mesmo, e fala as coisas sem pensar nos sentimentos alheios. Ele é frio e direto, ótimo para me dar uma noticia como essa. Minha mãe e minha vó me amam demais para me contar assim, desse jeito. E Sebastian, por ele eu não saberia.

“Por quê?”

“Não sabemos” - diz minha vó. - “Achamos que a linhagem pode ter sido rompida, já que foi passada por três gerações seguidas, é como se ela tivesse se renovando sozinha. E como você terá um menino, ele será mais forte, ele poderá, vejamos... - ela para de falar e olha para minha mãe, que assente, então ela continua - ele poderá viajar entre os dois mundos. Espiritual e carnal.”

“Só que um dia ele terá que escolher”- diz meu pai.

“Escolher o que?” - pergunto. Ninguém responde, nem meu pai. O fito, esperando, mas ele não fala nada. “Isso é ruim?”

“Pode ser perigoso” - diz minha vó.

“O que tenho que fazer?”

“Não o deixe se apaixonar” - relata meu pai, sorrindo. Do nada, eu vejo um clarão se formar dentro da sala. Cubro meus olhos e quando tudo volta ao normal, nem meu pai, nem minha mãe, nem minha vó estão mais na sala. Só vejo Sebastian ainda sentado na cadeira, de cabeça baixa.

“Onde eles foram?”- pergunto.

“O tempo deles acabou” - murmura ele sem olhar para mim.

“Porque você não olha pra mim?” - me aproximo dele, ajoelhando-me na sua frente e tocando seus joelhos. Ele me fita, triste.

“Eu sinto tanto por isso tudo” - diz ele.

“Isso o que?”

“Nada disso teria acontecido se eu tivesse me controlado”

“Do que está falando Sebastian?” - estou tão confusa.

“Isso tudo Vic! Você perder seu dom! Se nós não tivéssemos feito aquilo, você não estaria...”


“Está dizendo que está arrependido de ter feito amor comigo?” - me levanto e o encaro de pé.


“Não! Eu não me arrependo de nada que tenha feito com você Vic, mas, como você me verá? Como poderei falar com você? Você perderá seu dom, não me verá mais, não me ouvirá mais!”

“Eu o verei sim. Eu o verei e o sentirei em meus sonhos, sempre que quiser.”

“E você quer?” - ele levanta também e parado na minha frente, me olha sério de cima. Desvio de seu olhar. “Sei que Alan te ama. Sei que ele se ferrou com a mãe te protegendo, dizendo que o filho é dele.”

“Sim. Ele é um grande amigo.”

“Você o ama também.” - afirma ele.

“Sim” - não consigo mentir.

“Mas... Ama como?”

“Não sei” - ele se senta novamente, e eu me sento ao seu lado, puxando uma cadeira. Ele segura minha mão e me olha.

“Não estou te impedindo de amar Vic, quero que faça isso mesmo, que seja feliz e que ame de novo.”

“Mas eu te amo.”

“Sei disso. E eu também a amo, sempre te amarei. Mas sabe que não dá...”

“Sim, eu sei.” - baixo os olhos, engolindo o choro.

“Só me prometa que será sempre essa Vic. Não mude, por favor. Não vou conseguir te encontrar se você for outra pessoa.”

“Eu não entendo...”

“Vai entender”

“Sebastian, estou com medo” - admito.

“Do que?”

“De perder você pra sempre, de não poder te ver nem nos sonhos. Como vou criar nosso filho? Estou com medo por ele também, tão pequeno e terá uma grande responsabilidade pela frente.”

“Eu vou estar sempre com você amor, sempre. Em sonhos ou não, você me verá. Só fechar os olhos. E você se sairá bem cuidando dele, sei disso. Será uma mãe exemplar. E ele fará grandes feitos, viu? Dará orgulho, não se preocupe.”

“Como sabe disso tudo?”

“Nós, anjos, sabemos das coisas” - ele então se permite sorrir. Sorrio com ele. Abraçamo-nos e para não esquecer, ele me beija.


Acordo suando frio. Meu coração está acelerado. Meu cabelo gruda em minha testa pelo suor. Sento-me na cama e fito o chão de cabeça baixa. Há muito que pensar, no que me preocupar, mas, esquecendo-me um pouco disso, permito-me sorrir, lembrando-me do ultimo beijo que Sebastian me deu. Sei que o verei de novo, em outros sonhos. Sei que um dia, eu não o verei mais, quando eu permitir meu coração se apaixonar por outra pessoa. E esta pessoa, se encontra no quarto ao lado.

 

 



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Notas finais do capítulo

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