Na Casa do Chapéu escrita por Yuna Aikawa, Nai-chan
Notas iniciais do capítulo
Demorei, estou sabendo.
Depois de quase dois lindos meses sem aparecer, a mamãe Joana trouxe mais biscoitos! Okay, vocês não precisam virar a casaca e me atacar com paus e pedras! Estamos voltando a vaca fria hoje!
E estamos voltando bem depressa, a meta é, mais uma vez, um capítulo por dia – aja animo. Começando:
Você com certeza já deve ter ouvido a expressão “virar a casaca”, um termo utilizado tanto por políticos quanto vizinhas fofoqueiras. Por ser uma expressão cotidiana, não farei rodeios em dizer que significa mudar de opinião, de partido, de idéia.
O legal da expressão é seu histórico, claro. Na verdade, não é uma fala de origem portuguesa e sim, mais uma vez, francesa – Viva La France!
A palavra casaca vem do de casaque, que, como você, pequeno gênio, já deve ter imaginado, é o nome de uma peça de roupa masculina – é tipo aqueles ternos de pingüim, com calda... Um clássico do séc. XIX.
A casaca já foi peça de uniforme militar, inclusive no Brasil, importada de Portugal que copiava os modelitos das potencias católicas (França, Espanha, Austria). Ai você pergunta: ta, e ai? De onde brotou a expressão então?
Ai eu te respondo: já estou chegando lá.
Durante os conflitos – leia-se guerra – quando um soldado mudava de lado (acredite, o amor a pátria é bem menor do que o amor à vida), ele trocava de uniforme, logo, virava a casaca. Sacanagem com a sua nação? Bem, pode até ser.
Agora vamos a expressão divertida e apagada do dia: voltar à vaca fria. Deixe-me adiantar que não vamos colocar nenhum animal no freezer, vamos apenas expor mais uma expressão de origem francesa.
- Sim, franceses adoram inventar expressões.
No séc. XV, popularizou-se na Fraça a expressão “revenons à nos moutons”, traduzida como “voltaremos aos nossos carneiros”. A frase surgiu numa peça de teatro, A Farsa do Advogado Pathelin, onde um ladrãozinho sem vergonha roubou carneirinhos inocentes. Numa cena, quando o advogado do ladrão começa a fugir descaradamente do assunto, o juiz exclama "sus, revenons à ses moutons" (vamos, retornemos à esses carneiros).
Portugal, para não ficar para trás, adaptou a expressão ao costume da mesa portuguesa de se servir carne de gado fria como um prato que vinha antes dos pratos quentes.
Mas, resumindo, voltar à vaca fria nada mais é do que retomar um assunto.
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