Quando eu ti vi...

Eu estava na estação. Estava com meus pais do meu lado. Assim como eu, milhares de pessoas também tinham seus pais por perto. Alguns riam, talvez querendo amenizar o clima pesado e deprimente entre nós. Outros se abraçavam e faziam juras que iriam se comportar neste ano. Mentira. Essa é a única mentira que ninguém consegue cumprir. Tinha as clássicas famílias que choravam e prometiam cartas todo dia se o filho quisesse.

Eu não era tão diferente deles. Minha mãe ameaçava chorar a qualquer momento. Meu pai mesmo com o jeito durão dele estava acabado por dentro. Ria com meu tio, talvez para mostrar para todos que ele estava orgulhoso. Talvez ele realmente tivesse orgulhoso e isso falasse mais alto que a tristeza. Sua filha. A primogênita do Granger/Weasley indo para a famosa escola de magia Hogwarts. Talvez a melhor escola de toda a Europa.

Meus primos estavam em volta. Fazíamos um grupo grande de pessoas. Além de sermos muitos, éramos famosos. Tinha tanto orgulho dos meus pais. Ouvi meu pai murmurar algo como “olha quem está ali” e depois um “Scorpius”.

Olhei para onde todos os adultos olhavam. Vi um homem alto e loiro. Ao lado uma mulher alta e magra. Tinha cabelos escuros, totalmente diferente do suposto marido. Ao lado do homem, sua miniatura. Olhando para nós. Especificamente para mim. O olhei também. Sou uma Weasley, se alguém me encara eu também encararei. Olhei para ele.

Ele era tão parecido com o pai, quanto o Alvo era parecido com o tio Harry. Seus olhos eram estranhos. Não sabia que cor eram. Ora eram azuis ora cinzas. Lindos. Ele me olhou com uma intensidade que eu me estremeci completamente por dentro. Retribui a intensidade. Vi um sorriso se formar em seus lábios perfeitamente contornados. Um sorriso travesso. Brincalhão. Lindo. Retribui o sorriso e vi ele sumir pela fumaça solta pelo expresso.

            Meu pai se despediu de mim e do meu primo e nos apressou para entrar no expresso. “Não quero que se atrasem”, foi a desculpa dele. Revirei os olhos. Era uma desculpa para sairmos logo dali para ele não desabar no choro. Eu e Alvo fomos para o trem.

            Senti o trem dar um solavanco e começar a andar, não abanei para mamãe e papai. Iria sentir dor no coração. Ouvi a porta ser aberta e olhei para ver quem era. Talvez um dos meus primos ou talvez um veterano querendo fazer algumas brincadeiras, por ter sangue Weasley pensei em Snap Explosivo ou até mesmo Bomba de bosta. Merlin me ouviu. Era o loiro da estação. “Posso me sentar com vocês?” perguntou ele timidamente. Assenti com a cabeça e vi ele entrar. Sentou ao lado de Alvo e na minha frente.

Por um momento ele olhou para mim e eu vi realmente como era os olhos dele. Únicos e lindos. Cinzas com um tom de azul. Sorri para ele e vi que ele retribuiu.

Senti uma coisa no corpo. Uma sensação. Uma das boas. Este ano seria diferente. Uma aventura começaria. E envolveria todos ali daquela cabine. Incluindo ele.