Na hora do jantar, fiquei no restaurante/bar com Claire, Jane e Leah. Jacob disse que ficaria no quarto com Quil, pois o amigo está com alguns problemas.

  _Quando você vai nos apresentar os gatinhos, Nessie? - Perguntou Claire.

  _Amanhã mesmo - eu disse.

  Já sabia muito bem para quem eu ia apresentar cada uma, e tenho certeza de que eles se darão muito bem.

  As 20h fui fazer uma visitinha a Charlie. Ele estava acordado e parecia bem melhor.

  _Oi - eu disse quando entrei no quarto.

  _Olá, querida - disse ele, sentado na cama e vendo TV.

  _Você me deu um susto ontem - eu disse. - Como se sente?

  _Melhor impossível - respondeu ele. - Agora, pode dizer para o Carlisle que já posso ir embora?

  _Não senhor - o adverti. - O senhor vai ter que ficar um tempinho aqui, se cuidando. Sua saúde não é das melhores.

  Ele bufou e voltou a encarar a TV.

  _Sinto falta da tela plana - murmurou. Eu ri, o fazendo fechar a cara para mim.

  _Daqui uns dias o senhor a terá de volta - tentei consolá-lo.

  Ficamos em silêncio por um tempo, ouvindo Jack Burry falar do novo campeonato de basquete da NBA.

  _Como está a vida na Califórnia? - Perguntou ele, quebrando o silêncio.

  _Está indo bem - eu disse. - Achei que seria pior, mas estou me acostumando.

  _Que ótimo - disse ele, com um sorriso forçado.

  _Ah, vovô, não faça essa cara - eu disse. - Acho que nós não voltaremos tão cedo para Forks. Talvez nunca mais voltemos.

  Ele ficou com os olhos distantes, e quando ia falar alguma coisa, a enfermeira apareceu na porta.

  _Você tem que ir - disse ela. - Nosso querido ex-chefe de polícia tem que descançar.

  Assenti.

  _Até mais, vovô - disse, lhe dando um beijo no rosto.

  _Até mais - disse ele, e voltou toda a sua atenção para a TV.

  Eram 21h. O caminho de volta para o hotel estava calmo de mais. Só "estava" mesmo. Na próxima esquina, haviam um carro e três motos. Dois caras encostados no carro, bebendo cerveja; um sentando no chão, também bebendo; e outros três encostados no muro de uma casa, e pareciam sóbrios.

  Não havia outro caminho pelo qual passar, então tive que respirar fundo e ir o mais afastada possível.

  Caminhei o mais rápido que consegui, sem olhar para os caras, que riam e conversavam alto. Já estava me sentindo aliviada quando consegui virar a esquina, mas aí veio a voz.

  _Ei, gracinha! Não quer se juntar a nós?

  Não respondi e não olhei para eles, apenas continuei andando.

  _Ei! Onde você pensa que vai? - Gritou outro. Pude sentir os passos dos seis atrás de mim. Ainda riam e faziam comentários à meu respeito.

  Um me alcançou e segurou meu braço, enquanto os outros me cercavam.

  _Não encosta em mim - eu disse, arrancando com violência meu braço de sua mão.

  _Nós só queremos brincar - disse outro e já pude sentir mãos em minha cintura.

  _Me soltem - gritei, tentando afastar as mãos.

  Quando um deles se descuidou, dei um chute em seus Países Baixos e tentei sair correndo, mas outro me segurou, me derrubando no chão. Ele ficou por cima de mim enquanto eu me debatia.

  _Socorro! - Gritei, o final da palavra sendo abafado por sua mão em minha boca. Ele riu.

  _Agora, fica quietinha - disse ele, tentando desabotoar minha calça.

  Eu me debatia e tentava fazer com que ele saisse de cima de mim, mas ele era mais forte que eu.

  Lágrimas de medo e desespero começaram a sair de meus olhos.

  Ah, meu Deus! Esse cara era nojento. Começou a lamber meu rosto, pude perceber que tinha um desagradável piercing na língua.

  _Também queremos um pouquinho, Steve - disse um dos caras que observava. Os outros concordaram.

  Tentei bater em seu peito e em seu rosto, mas ele segurou minhas mãos. Pronto. Era o fim. Já estava desistindo de lutar quando uma voz conhecida inundou meus ouvidos.

  _Deixem ela em paz - disse ele, e veio até mim, jogando o tal Steve no chão. Enquanto Alec lhe dava vários socos, eu me afastei, ficando atrás do carro.

  Os amigos de Steve foram ajudá-lo. Não posso dizer que se deram muito bem, pois Alec era muito forte, mas mesmo assim também levou alguns socos.

  Depois de muito sangue ter sido espalhado e dois dos caras terem desmaiado, Alec veio até mim.

  _Você está bem? - Perguntou ele.

  _Não - respondi, a voz fraca. Abracei a mim mesma.

  _Vamos embora daqui - disse ele, colocando o braço em volta de meus ombros. Andamos o mais rápido possível para longe daqueles delinquentes.

  Parados em frente ao hotal, me virei para Alec.

  _Obrigada - falei, um bolo ainda na garganta e o rosto manchado por lágrimas e suor.

  _Qualquer um teria feito o mesmo - disse ele, com um sorriso torto.

  Não me contive e o abracei, mais forte do que necessário. Ele me abraçou também, e pude sentir sua respiração em minha nuca. Me afastei e olhei em seu rosto. Havia um machucado no canto direito inferior de sua boca.

  _Você está sangrando - eu disse, preocupada, já levando minha mão para limpar sua boca. Ele segurou minha mão assim que toquei seu rosto. Nossos olhos se encontraram e não consegui desviar o olhar.

  _O que está acontecendo aqui?

  Me virei para a entrada do hotel e me deparei com Jacob parado na escadaria.

  _Jake - praticamente arfei seu nome e corri para ele, o abraçando.

  _O que aconteceu? - Perguntou ele, segurando meus ombros. Não queria admitir, mas a sombra do ciúme passava em seus olhos.

  Contei toda verdade a ele e, quando terminei, recebi um abraço carinhoso e acolhedor do meu namorado.

  Jacob desceu a escaria, ficando de frente para Alec.

  _Nunca pensei que fosse dizer isso - disse ele -, mas obrigado. - E estendeu a mão.

  Alec olhou para a mão de Jacob e depois voltou a encará-lo.

  _Fiz por ela, não por você - disse Alec. - Aliás, qualquer um teria feito o mesmo.

  _Mesmo assim - insistiu Jacob.

  Alec não se abalou. Apenas deu um sorriso de desdém e subiu a escadaria.

  _Boa noite, Nessie - disse ele ao passar por mim. Então entrou.

  Desci até Jacob. Toquei seu rosto, lhe dei um sorriso e em seguida o beijei.

  _Sabe - comecei a dizer, os olhos baixos -, o que aconteceu hoje me fez pensar em uma coisa.

  _O quê? - Perguntou ele. Olhei em seus olhos.

  Hesitei um pouco antes de responder.

  _Se Alec não tivesse aparecido - disse -, eu teria perdido a... a virgindade da maneira mais horrível possível. E a única pessoa com quem quero fazer isso é você.

  _Não sabe o quanto feliz eu fico ao ouvir isso - disse ele, me abraçando pela cintura, diminuindo o espaço entre nossos corpos. - Mas o que, exatamente, você quer dizer com isso?

  _Que não precisamos mais perder tempo - eu disse, e assim que terminei a frase, minha boca foi tomada pela dele, em um beijo delicioso.

  Era incrível a maneira com que nos conectávamos, como nossos corpos clamavam um pelo outro. Com aquele beijo envolvente, senti como se uma fogueira tivesse sido acesa dentro de mim.

  _Quil está no nosso quarto - ele sussurrou em meu ouvido. - Com Leah.

  Me afastei um pouco, surpresa.

  _Com Leah? - Perguntei, não acreditando.

  _Parece que ela não é tão fiel às amigas.

  Inebriada pelo meu desejo por Jacob, fiz Leah e Quil saírem da minha cabeça rapidinho.

  Andamos bem devagar pelo corredor. Ninguém poderia ver Jacob entrando no quarto. Assim que entramos, tranquei a porta. Logo em seguida, fui surpreendida pelos beijos de Jacob.

  Quanto mais ficávamos naquele agarramento, mais meu corpo clamava por ele.

  Assim que me deitei na cama e ele se deitou por cima de mim, vi que uma coisa maravilhosa iria acontecer, e ninguém poderia roubar esse momento.