From The Bottom Of My Broken Heart escrita por Ducta


Capítulo 1
From the bottom of my broken heart




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Era uma noite calma de verão, como todas as outras que eu já havia passado no Acampamento Meio-Sangue. Mas hoje eu não estava conseguindo dormir, não que eu estivesse tendo sonhos premonitivos ou algo do tipo, só não conseguia dormir.

Me levantei calmamente da cama e fui até a janela onde eu podia ouvir as ondas quebrando na costa de Long Island, senti uma repentina e enorme vontade de sair, mas sabia que não podia graças aqueles abutres carnívoros que ficavam vigiando o Acampamento. Dei uma olhada no céu: limpo e estrelado, convidativo. Pena que como filho de Poseidon eu não possa voar... Prestando bastante atenção eu vi que não tinha sinal de nenhum daqueles bichos horríveis. Mordi meu lábio inferior enquanto considerava a idéia. Decidi arriscar.

Empunhei minha espada e, ainda de pijamas, abri a porta da minha cabine. Fiz movimentos horizontais com a espada para fora da porta, mas nenhum ataque. Coloquei a perna para fora e ainda assim nenhum ataque. Franzi o cenho e em um movimento rápido, eu fechei a porta da cabine e corri até a praia. Estranhei não ter sido atacado por qualquer criatura, mas me senti aliviado quando pisei na areia morna.

Caminhei em direção o mar, mas antes de alcançar a água, ouvi outra porta se bater ao longe, mantive-me estático enquanto tentava reconhecer algum outro barulho. Mas por um longo momento nada aconteceu e eu relaxei.

Deitei naquele mesmo ponto da areia e a cada ida e vinda do mar, a água me tocava, molhando a parte de trás de corpo. Eu estava olhando as estrelas, desenhando linhas a esmo com as estrelas quando, de repente, a ponta uma espada encostou-se a meu peito. Meu coração deu uma batida lenta e dolorosa enquanto eu contive o grito em minha garganta que automaticamente ficara seca. Levantei meu olhar ao longo da espada até encontrar uma cabeleira ruiva cobrindo o punhal.

- Rachel, você quase me matou de susto! – Eu disse suspirando aliviado.

- Isso não são horas de um campista estar fora de sua cabine. – ela disse fingindo autoridade enquanto tirava a espada de cima de mim.

- O Oráculo de Delfos também não deveria estar desfilando por aí essa hora da madrugada. – Eu disse enquanto ela se sentava ao meu lado, sem se importar de molhar o short jeans.

- Teve algum sonho? – Ela perguntou me encarando.

- Não. Nada demais, só não estava com sono.

- Você parece cansado. Está com olheiras enormes.

Sorri de leve, tinha consciência de que elas estavam ali.

- É por causa da Annabeth não é? – Ela perguntou cautelosa.

- Posso mentir? – Eu pedi tentando engolir o nó que se formou repentinamente em minha garganta.

- Pode.

- Não. Não é por causa dela. Eu só não estou com sono.

- Ah. – Ela fez desviando o olhar de mim.

Eu sabia que a Rachel ainda gostava de mim, mesmo que ela fingisse que não por causa da história de ser o Oráculo e eu sabia que me ouvir falando da Annabeth não era algo muito agradável pra ela.

- Eu deveria ter mentido melhor. – Eu constatei em voz alta ao notar a expressão dela.

- Por quê? – Ela questionou me olhando outra vez.

- Você sabe por quê. – Eu disse e senti minhas bochechas corarem. Agradeci mentalmente por estar escuro.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro.

- Você alguma vez contou pra ela do nosso beijo?

Eu engoli seco. Os olhos de Rachel sempre foram fáceis de ler e essa noite não era diferente. Estava estampado ali que ela desejava que eu tivesse contado. Talvez ela ainda nutrisse algum sentimento negativo por Annabeth, outra vez indo ao contrário do que ela sempre disse.

- Não. – Eu disse assumindo o tom cauteloso agora. - Mas eu nunca esqueci.

- Obrigado. – ela murmurou quase sorrindo.

- Por quê?

– Porque você foi o primeiro e o único.

Meu coração deu outra daquela palpitada lenta e dolorosa. Eu nunca imaginei aquilo. Rachel me parecia tão vivida quando passamos a conviver que era difícil imaginar que eu, justo eu, fosse o primeiro o cara que ela beijou.

Só depois de um minuto eu percebi que minha boca continuava entreaberta, então eu a fechei.  

- Porque eu não posso namorar mais, você sabe. – Ela continuou.

Eu não sabia o que dizer, eu sempre fui lento mentalmente e com garotas esse “problema” sempre piorava. E aqui estava eu, me sentindo outra vez como uma das vacas de Apólo. Ridículo. Então eu disse a única coisa que me veio à cabeça:

- Desculpe-me.

Ela me olhou com o cenho franzido.

- Quê? Por quê?

- Se eu soubesse que aquele seria o único beijo da sua vida, eu teria caprichado. – Eu disse.

Rachel riu.

- Sabe, eu me lembro dele claramente e eu tenho que dizer: Se você tivesse caprichado, talvez não tivesse sido tão perfeito. Eu adorei.

Eu sorri. Estava aliviado. Não, não era isso. Mas eu não sei explicar de uma maneira melhor.

Rachel, que já estava perto, se aproximou mais de mim. Eu deveria ficar tranqüilo, ela não poderia me beijar, mas porque isso não me confortou?

- Posso te fazer outra pergunta? – Ela disse em tom mais baixo, encarando meu lábios.

- Claro.

- Se eu não fosse o Oráculo e se você não gostasse da Annabeth, será que nós poderíamos ter ficado juntos.

Meu estômago revirou. Confesso que já havia me feito aquela pergunta diversas vezes, mas nunca me deixei pensar na resposta. Eu estava com a Annabeth, eu a amo e nunca deixei que outra garota tomasse conta da minha cabeça.

Enquanto pensava na resposta, eu me lembrei de Athena. Com certeza eu sofreria sérias conseqüências dependendo da minha resposta, mas eu não podia mentir, eu tinha que ser sincero com a Rachel, eu devia isso a ela pelo menos.

- Sim, poderíamos.

“Confesso que você é e sempre foi mais fácil pra lidar do que a Annabeth, talvez por termos mais coisas em comum.”

Rachel sorriu abertamente.

- Eu também já pensei nisso várias vezes, queria que tivesse acontecido.

- Rachel... – Eu tentei interromper. Confesso que não me sentia preparado para encarar aquela conversa, mas ela não me deu atenção.

- Eu sei que eu não posso me relacionar com ninguém mais, mas isso não me impede de amar. Ainda mais se o amor já estivesse aqui antes do Oráculo.

Eu apenas a olhei.

- É Percy, eu te amo. Mas não quero te pressionar, eu aceitei os riscos de ser o Oráculo e já estou conformada. Eu só não conseguia mais segurar isso dentro de mim.

- Hm. – Eu fiz. Ainda estava desconcertado.

- Percy, você um dia gostou de mim, um pouco que fosse? – ela perguntou e mais uma vez os olhos dela me fitavam e a verdade estava lá.

Outra vez eu engoli seco. Selecionei minhas palavras com calma, mas não cheguei a proferir nenhuma delas porque alguém vinha correndo pela praia. De longe reconheci Annabeth com um short vermelho curto e uma camiseta branca, os cachos balançando de um lado pro outros enquanto ela corria.

Acho que ela reconheceu Rachel tão rapidamente quanto eu a reconheci, pois seu passo vacilou um momento.

- Hm. Desculpa, não sabia que você estava acompanhado. – Ela disse quando parou atrás de nós.

Eu olhei rapidamente para Rachel, ela encarava o horizonte enquanto Annabeth me encarava.

- Hm, tudo bem. Aconteceu alguma coisa? – Eu perguntei inseguro.

- Não. Só que minha mãe e Afrodite me visitaram em sonhos e... Eu posso conversar com você?

Eu olhei Rachel mais uma vez e ela assentiu em um movimento mínimo.

- Claro. – Eu respondi me levantando.

Annabeth pegou minha mãe e nós caminhos em torno de três metros até ela parar e me encarar.

- Eu quero te pedir desculpas. Eu sei que fui boba e infantil com aquele ataque de ciúmes, mas entenda, você é meu primeiro namorado e eu não sei lhe dar com essas coisas ainda.

- Tudo bem. – Eu disse tentando sorrir.

- Eu te amo, Cabeça-de-Alga. – Ela disse em um tom meigo que ela só usava comigo.

Eu sorri abertamente agora.

- Eu te amo minha Sabidinha.

Annabeth me envolveu com seus braços e me beijou calmamente. Mas meu estômago revirou de culpa. Eu estava ali, nos braços de Annabeth, mas minha mente estava a poucos metros dali, em Rachel.

Como eu poderia estar beijando outra garota na frente dela depois da nossa conversa? Por mais compreensível que fosse a situação dela, eu me sentia a pior e mais abominável criatura da face da terra. Não estava sendo verdadeiro com Annabeth nesse momento e estava magoando Rachel.

Quando quebrei o beijo, olhei para Rachel e sob a luz do luar, eu posso jurar que vi uma lágrima correr por seu rosto e sumir no meio de seus cabelos.

 


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