Uma Parte de Nós . escrita por Bellav


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



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Capitulo Um – Conhecendo  

 

- Não torne tudo tão difícil, Bella. Você sabe que eu não posso ficar mais. Eu perdi o controle. Nós passamos dos limites – a voz dele agora era fria – Eu não sou bom o bastante pra você...

 - Não seja ridículo! – minha voz saiu esganiçada e por um segundo, eu vi uma expressão de dor passar pelo seu rosto, mas a máscara fria estava de volta – Você é mais do que bom pra mim.

 Ele parou por um momento, mostrava indecisão, mas não como se estivesse decidindo se ficaria ou não. Apenas escolhendo as palavras certas...

 - Tem razão, eu sou bom demais pra você, mas você não é o suficiente pra mim – e ele escolheu as mais erradas possíveis.

 Eu arfei baixinho, surpresa. Eu vivia dizendo isso, enquanto ele me repreendia.

 - Você nunca pareceu se importar com isso.

 Ele ignorou meu sussurro.

 - Eu tenho que ir. Todos os outros vêm também – eu solucei e ele pareceu considerar – Eu a amo, mas não vou voltar. Nada do que passamos vai ficar pra trás pra mim, mas tudo deve ficar no passado pra você. Viva sua vida, seja feliz.

 - Eu só posso ser feliz com...

 - Comigo do seu lado, eu sei. Mas, é perigoso e eu não posso ficar tentando explicar tudo isso, se nunca vai entender. A partir de agora somos apenas amigos – ele suspirou – Amigos que um dia poderão se encontrar por ai.

 - Não é o bastante – murmurei.

 Cai sentada no próprio piso do meu quarto, a mão nos ouvidos e os olhos apertados. Não podia, não podia agüentar tudo isso.

  - Por favor. Por favor.

  - Eu sinto muito – e então ele sumiu. Eu não vi, nem escutei, mas pude sentir. Foi a maior dor que já sentir e pra consumar isso eu desmaiei.

                   

                                                    ***

                             Nove anos e nove meses depois...

         

 O despertador toca, o barulho irritante invade o ambiente. A mulher enrolada em lençóis brancos apenas levanta a mão e bate no relógio barulhento.

 Ela senta na cama, boceja, levanta os braços estalando os ombros e finalmente abre os olhos, até então fechados. A mulher tinha os cabelos castanhos emaranhados e os olhos cor de chocolate estavam inchados. Os lábios vermelhos vultosos deixaram escapar um singelo sorriso ao perceber que dia o calendário em cima da cômoda marcava.

  Ela pulou ficando de joelhos e puxou dois embrulhos vermelhos debaixo da cama, correndo como uma criança para o quarto ao lado. Abriu a porta fazendo um barulho estrondoso e um volume embaixo do lençol se mexeu um pouco.

  Com um sorriso que a fazia parecer uma criança de novo, apesar de aparentar ser bem mais nova que sua verdadeira idade, ela acariciou os cabelos castanhos do garoto.

 - Aniversariante não costumam acordar tarde, meu bem – ela riu e o garoto deitou de costas coçando os olhos e olhando para a mãe.

 - Pelo contrário. Eles costumam dormir até mais tarde – ele sorriu piscando os olhos e sentando – Bom dia pra senhora, também.

 A mãe sentou na cama do garoto e entregou-lhe os embrulhos.

 - Meus parabéns, meu amor – e ela beijou a bochecha avermelhada do filho.

 - Só não comece a chorar dona Isabella – ele passou o braço pelas costas da mãe, abraçando-a também – Obrigado.

  Ele puxou um dos embrulhos colocando-o em cima dos joelhos, rasgou o papel e estacou com o que encontrou.

 - Um Stationforce 3000! – o garoto abraçou a mãe – Como... Como conseguiu um? Estão vendendo os primeiros na Europa ainda! E deve ter sido uma fortuna. Mãe, a senhora não...

 - Tenho um amigo do jornal que viajou pra lá e eu pedi pra ele trazer um pra mim. E não se importe com o valor, ok?

 O garoto assentiu abobado desviando o olhar para o objeto fino em suas pernas. Era o mais novo videogame lançado. Havia chegado às lojas da Inglaterra agora.

 - É demais mãe.

 - Tem outro. – Isabella tirou o vídeo game das pernas do menino.

 - Mãe não devia ter gastado tanto.

 - Não perca seu tempo reclamando, Damen. Esse é só o complemento do primeiro.

 Ele sorriu e pegou o presente animado, rasgando o papel.

      

 

   Depois de comemorar jogando no vídeo-game com um dos novos CDs, Bella obrigou Damen a trocar de roupa. Eles estavam andando no parque desde então. Era inverno e estavam próximos ao natal, Nome, uma pequena cidade no Alasca sempre ficava cheia de neve e luzes. Não era o que Bella gostava, mas era o melhor para criar seu filho ali. Longe de tudo que fosse anormal ou que chamasse atenção. Era só um fim de mundo qualquer.

  - É bonito – murmurou o menino.

 Damen era um rapaz lindo. Ele era maior que as crianças de sua idade e não parecia ter somente nove anos. Era bem mais inteligente que qualquer um em sua sala.

 Os olhos verdes e o cabelo castanho encantavam todas as garotas da escola, até as mais velhas, mas Damen não estava nem ai pra elas. Ele tinha um melhor amigo, Bryan. Era um garoto minúsculo com o nariz grande demais para o rosto pequeno e o cabelo preto era curto, mas brilhante.

 - Nas próximas férias visitaremos Charlie e Renée. Eles me ligaram ontem disseram que estavam com saudades de você.

  Damen assentiu e continuou andando no parque vazio com a mãe. Ambos se jogaram ao mesmo tempo no chão embaixo de uma arvore. Eles tinham o costume de fazer isso quase todo dia.

 Eles conversaram coisas banais dizendo como estava a escola e o jornal, onde Bella trabalhava como subeditora.

 - Chegaram pessoas novas na cidade, não é? Todos estão falando neles.

 - Não é educado, Damen – repreendeu Bella – Provavelmente, devem ser pessoas reservadas para se mudar para uma cidade pequena.

 - Bem reservados, ouvi falar que são ricos também e que evitam pessoas.

 Eles riram, a situação deles era bem parecida quando se mudaram para aquela cidade há quatro anos. Só não eram ricos. Na verdade, os dois batalharam muito e se mudavam constantemente.

  Os dois continuaram lembrando coisas do passado e conversando. Foram para o parque ao lado e sentaram nos balanços, rindo.

  Pareciam irmãos. Bella tinha vinte e sete anos, mas qualquer um daria no máximo vinte anos para ela e Damen parecia bem mais velho com todas aquelas roupas de frio e luvas.

  Provocações foram trocadas e em meio a risos, mãe e filho começaram a correr pelo parque totalmente branco. Um atrás do outro.

  - Bella?

 De repente, ela parou de correr e se virou abruptamente em direção a voz. O coração parecia pular do peito e não parecia haver ar suficiente para respirar.

 Mas, ele estava ali. Lindo e igual. O mesmo rosto e a mesma voz, mas elas não faziam jus às lembranças de dez anos atrás. Emmet também estava ali, o rosto chocado, olhando para ela.

 Damen parou e olhou para a mãe que olhava aqueles dois estranhos. Ele olhou para os homens fortes. Cada um dava dois dele.

 - Tudo bem? – perguntou para a mãe tentando tirá-la do transe e funcionou. Ela virou o rosto encarando Damen, pensando em o que fazer, mas não vinha nada em sua mente – Você os conhece?

 - Por que não vai ao Joe's e faz seu pedido? Eu vou logo atrás – sua voz estava controlada e ela se impressionou por isso. Mas Damen identificou algo intenso borbulhando nela.

 Ele encarou os dois homens de novo. Eles estavam se aproximando devagar e pararam na frente deles.

 - Bella? – o mesmo rapaz repetiu como se não acreditasse. Ele era alto e forte, mas não tanto quanto o cara do seu lado.

 - Oi Edward.

 Edward estava se controlando. Era Bella! Ele queria abraçá-la e beijá-la. Ela estava ali na sua frente e ele não podia deixá-la de novo. Não mais.

 Mas, algo lhe chamou a atenção, era um menino do lado dela. Parecia ter entre dez e onze anos. O garoto os olhava curioso.

 Bella percebeu para onde Edward olhava e ficou temerosa pensando que ele pudesse descobrir qualquer coisa.

 - Damen hoje é sexta, o Joe's serve torta de chocolate. Por que não vai até lá?

 Vendo a mãe afetada ele balançou a cabeça. Tinha um instinto de não deixá-la sozinha com eles.

 - Não estou com fome – murmurou ele – Quem são eles?

 Bella não sabia o que responder e ficou calada. Edward percebeu que ela não sabia o que falar. Mas, não queria impor nada. Foi Emmett que respondeu.

 - Estudamos juntos em Forks. Eu sou Emmett e ele é Edward. E você como se chama?

 - Sou Damen. Damen Swan.

  Bella sabia que não tinha mais o que fazer e apenas colocou o braço sobre os ombros do filho.

 Edward ficou confuso.

 - São irmãos?

 Damen virou para a mãe curioso.

 - Eu ainda não estava grávida quando os conheci, Damen.

 E aquilo acertou Edward como uma bomba.

 

 Bella com um filho? Ela devia ter uns vinte e sete anos e ele uns doze. Como poderia ser filho dela?

 - Ah... Isso explica. Eu tenho nove anos.

  Não parecia. Ele era um rapaz grande. Aquilo explicava que Bella tinha seguido a vida. Provavelmente havia casado, mas por que tão cedo?

 Ter um filho com dezoito anos. Bella não era tão irresponsável. Claro que existiram outros depois dele. Por que não existiriam?

  Emmett se abaixou e estendeu a mão para o menino.

  - É um prazer conhecê-lo Damen.

  Bella precisava dar um fim naquilo. Era informação demais para os Cullens. Nome e Idade. Precisava protegê-lo.

 - Bom foi bom revê-los – ele pegou a mão de Damen – Temos que ir.

 - Espera Bella! – Edward segurou o braço dela e a mesma tremeu com aquela sensação que não sentia há anos – Alice está com saudades, Esme e Carlisle também. Por que não vamos lá em casa. Elas vão adorar saber que você tem um... Filho.

 - Não é uma boa idéia, Edward. – ela não podia agüentar mais – Temos que ir.

  Ele segurou o braço dela, não podia deixá-la ir. Não mais.

 - Por favor, estamos com saudades. Não vá.

 Damen não gostou daquilo. Ele via que a mãe não estava bem e não gostou como o tal de Edward havia pegado nela e falado com ela.

 - Tire suas mãos dela. Não está escutando-a? - Ele colocou a mão no braço de Bella desvencilhando-a do aperto – Se nos da licença.

 Bella sorriu um pouco mesmo afetada e seguiu Damen que a puxava em direção de casa.

 

 - Não devia ter feito isso! – falou Emmett – Mas, o garoto tem raça, viu como a protegeu?

 - É um bom menino. Mas, o canalha a engravidou com 18 anos?! – Edward rugiu baixinho.

 Mas, é Bella. E ela não mudou quase nada em 10 anos, só ficou mais linda.

 - Vamos pra casa, Edward. Temos que contar a novidade aos outros. Bella está na cidade.

 

 - Ele foi seu namorado? – murmurou Damen com a voz baixa.

 Bella não respondeu no mesmo instante, não podia mentir para Damen, para todos menos pra ele.

 Damen sabia que era um meio-vampiro, sabia por que tinha que beber sangue uma vez por mês e tudo mais. Mas, estava na hora de dizer coisas a mais. Ele havia entendido coisas ridículas e aceitado cargos pesados, e Bella se sentiu mal por colocar mais um peso em suas costas.

 - Sim. Ele foi meu namorado. E... – ela o encarou – ele é seu pai.

 Os olhos de Damen se arregalaram, ele apertou a caneca de chocolate quente e desviou o olhar.

 - O tal vampiro? – ele não viu a mãe assentindo, mas sabia a resposta – Você nunca falou sobre ele. Além de dizer o que ele é.

 O murmuro foi baixo e Bella se esforçou para escutar. Queria poupar o filho de tudo aquilo, não queria que ele se ferisse como ela, que ele carregasse aquela cicatriz para o resto da vida.

 - Ele nunca soube sobre você – explicou ela – Ele é um bom homem, mas é... Complicado demais para qualquer um entender – ela passou a mão pelo queixo do menino, acariciando e levantando seu rosto para fitá-lo – É muito honesto e me salvou varias vezes.

 - E o cara que estava com ele? Emmett... não é?

 Bella assentiu e sorriu com a curiosidade do filho. Por dentro estava preocupada sentia medo de se machucar, de que Damen se machucasse e que qualquer um dos Cullen tirasse-no dela.

  - Ele é o irmão de Edward – ela explicou quando o filho arqueou a sobrancelha, duvidoso – Irmão adotivo. Ele tem mais três irmãos Jasper, Alice e Rosalie. São como uma família, Esme e Carlisle são os pais.

 Damen escutava curioso enquanto aprendia mais sobre os Cullen. No final de toda a explicação ele percebeu como a mãe falava deles, como se fossem as pessoas mais perfeitas e puras do mundo. Como se os amasse e ela os amava, ele podia perceber. Ao tocar no nome de Edward seus olhos brilhavam e o chocolate deles ficava quase liquido.

 Mas, se eles eram tão bons quanto ela falava por que haviam abandonado sua mãe? Eles deviam ter uma ligação forte, pois ela engravidou. Era assim que Damen pensava. Mas ele estava confuso.

  Ele queria conhecer o homem que poderia ser seu pai, as pessoas que poderiam ser seus tios e o casal que poderiam ser seus avos, ele queria saber o porquê deles terem deixado a mãe grávida pra trás.

  Damen olhou pra Bella, enquanto ela sorria e narrava uma de suas experiências com os Cullen. Ela era apaixonante, mas não porque era sua mãe, ela havia trabalhado, estudado e cuidado dele sozinha. Havia fugido de casa ao saber que estava grávida, não porque tinha medo dos pais ou da reação deles, mas porque queria proteger a criança que crescia em seu ventre. Não sabia se Damen seria uma criança especial por ser filho de um vampiro e temia que pudessem descobrir o que o filho realmente era, um mestiço.

  Damen sabia de tudo isso. Sabia tudo o que a mãe tinha enfrentado sozinha, sabia de tudo que ela passara sozinha e do quando havia chorado por não ter ninguém pra contar.

 O tal Edward que fazia os olhos da mãe brilhar, depois de 10 anos, não havia levantado um dedo para saber com ela estava, nem sabia que tinha um filho. Por que haveria de chamar esse homem estranho de pai se ele já tinha sua própria mãe?

 Mas, se Bella quisesse que Damen chamasse esse cara de pai ele chamaria, se ela pedisse pra ele perdoá-lo ele perdoaria, ele faria qualquer coisa por ela.

 Ele não escutava mais o que a mãe falava, só queria que ela resolvesse o que fariam de agora em diante, se eles iriam conhecer a família paterna ou fugir dali como se nunca tivessem o conhecido.

 - Você quer conhecê-los? – perguntou ela, fazendo-o desviar sua atenção.

 - Consegui viver nove anos sem eles mãe. Se a senhora quiser, vamos conhecê-los, mas por mim tanto faz.

 Bella sabia que Damen tinha o direito de conhecer o pai e ele nunca faria isso se ela não estivesse aberta totalmente à opção.

 Bella estava decidida, pegou as chaves e levantou.

  - Vamos fazer uma visita de boas-vindas. Acho que conhecemos os novos moradores da cidade.

 

  - Tem certeza que é aqui? – perguntou Damen descendo do carro e ajeitando o casaco.

 - Joanne nunca erra. Agora, lembre-se do que conversamos.

 Damen assentiu. Eles haviam combinado de que os Cullen não saberiam nada mais que o essencial. Nada de parentescos.

 A porta da frente foi aberta. Edward a abriu com um sorriso maravilhoso no rosto.

 - Desculpe por não avisarmos, decidimos visitar os novos moradores.

 Bella sorriu pra ele. E em um piscar de olhos estava no chão.

 - Alice!

 - Mãe!

  Exclamaram Damen e Edward juntos. O garoto não gostou da proximidade da mãe com uma vampira desse jeito.

 Ambas as mulheres estavam abraçadas no chão. Enquanto, Edward arrancava a baixinha de cima da mãe, Damen a ajudava a levantar. Ele lançou um olhar zangado para a suposta tia.

 - A senhora está bem?

 - Estou – ela bateu a neve da calça e olhou para Edward que segurava Alice – Oi Alice.

  Damen não estava mais confortável com aquela idéia. Aquela vampira idiota quase mata a mãe dele. Ela não sabia diferenciar os humanos não? Ele bufou baixinho chamando a atenção.

 - Ora, quem é essa gracinha! Seu filho? – ela tentou apertar as bochechas do garoto, mas ele deu um passo pra trás. Ela assentiu e sorriu pra ele.

 - Não seja mal-educado, Damen. Cumprimente Alice.

 Ele faria tudo que ela quisesse. Olhou para a mãe e assentiu.

 - Olá senhorita. É um prazer conhecê-la.

 Alice sorriu encantada e beliscou as bochechas de Damen. Ele não recuou dessa vez revirando os olhos.

 - Vamos entrando. Vocês vão congelar aqui fora.

 Alice tentou pegar a mão de Bella, mas Damen a pegou primeiro. Bella o abraçou de lado e beijou os cabelos do filho.

 Edward olhava a cena com o canto de olho. Ela parecia amar tanto ele, quanto Damen parecia amá-la. Ele viu a dedicação e a preocupação quando a mãe foi derrubada. Seria um bom homem e desejou que pudesse ser seu filho.

 Damen pegou Edward o fitando. Seu rosto estava com uma expressão de sofrimento, de um homem em chamas. Ele desviou o olhar. Ele parecia ser uma boa pessoa como a mãe falou.

 Damen encostou-se à parede perto da porta observando, incomodado, a mãe recebendo abraços dos vampiros. Uma loura de capa de revistas e um louro estranho não foram abraçá-la, Damen categorizou-os como insensíveis.

 Ele viu quando a mãe acenou para os loiros e sorriu, parecendo encantada com todas aquelas pessoas ao seu redor. Ela estava feliz e percebeu que deveria dar uma chance para tudo aquilo que fazia a mãe abrir um sorriso, mesmo que fosse terrível.

 - Ora, e essa coisa linda é o seu filho? – uma mulher com o rosto em formato de coração e cabelos castanhos perguntou. Ela parecia amável demais para uma pessoa só. Aquela deveria ser sua vó, pensou ele espantado, parecia mais uma tia. Sorriu.

 - Sou Damen, senhora Cullen.

  Ele percebeu a atenção da loira que não havia falado com a mãe dele.

 - Me chame de Esme querido.

 Bella queria chorar, Damen parecia se adaptar tão bem àquele ambiente como se já fosse dali. Ela olhava o filho encantada. Sabia que ele estava analisando tudo com cuidado. Vendo se era seguro.

 Edward percebeu o olhar admirado de Bella para o menino. Era filho dela, então era especial.

 - Seu marido trabalha na cidade? – Rosalie interveio na conversa.

 Bella fechou a boca em uma linha rígida. Damen olhou para a mãe, sabia que ela mentia mal como ninguém.

 - Mamãe não tem marido. Ela me criou sozinha – falou ele com orgulho. Bella advertiu Damen com um olhar e ele parou de falar.

  O clima ficou um pouco tenso. Carlisle sorriu tentando descontrair a situação.

 - E então Damen, já sabe o que vai fazer quando crescer?

Damen gostou daquele homem. Ele parecia bom demais para um vampiro.

 - Eu queria entrar pro exercito, sabe? Com todas aquelas armas e desafios – ele revirou os olhos – Mas, mamãe quase desmaia quando eu falei. Então, acho que eu vou ser médico, mamãe gostou.

  Edward olhou surpreso para o menino que se sentou no sofá com a mãe e sorriu pra ela.

 - Então, gosta de soldados? – Edward perguntou.

 Damen apenas assentiu, percebendo que era a primeira vez que o pa... Que Edward se dirigia à ele.

 - Já são quase duas da tarde. Vocês já comeram? – indagou Esme se levantando – Acho que tem bolo de chocolate na geladeira.

 Damen arqueou a sobrancelha e olhou para a mãe sorrindo sarcástico. “Bolo de chocolate na geladeira” E vampiros tinham isso?  Bella revirou os olhos e colocou a mão nos cabelos de Damen.

 - Ele é louco por chocolate Esme e não é todo dia que se completam nove anos, não é?

 Damen olhou indignado para a mãe. Enquanto, os Cullens olhavam surpresos para ele.

 - É seu aniversário hoje garoto? – perguntou Emmett batendo duas vezes nas costas de Damen que ficou tenso – Meus parabéns.

 - Parabéns filho – falou Carlisle. Damen sorriu, havia gostado dele.

 - Obrigado senhor – Damen recebeu um abraço inesperado de Alice, que era quase da mesma altura que ele.

 - Vai ter festa?! Ainda dá tempo de organizar.

 - Não gosto de festas, e temos que voltar pra casa. Dia de montar arvore de natal.

 Bella se levantou e assentiu.

 - É verdade, viemos apenas de dizer que podem contar com nós se precisarem de qualquer coisa e... – ela olhou para Damen – Não quer ir indo pro carro?

 Damen lhe lançou um olhar e ela sabia o que significava. Ele não a deixaria ali sozinha de jeito nenhum. Damen não gostava daquela história de ele ter que ficar saindo para a mãe e os vampiros conversarem. Ele resolveu acabar com isso.

 - Mamãe está querendo dizer pra não se preocuparem, o segredo de vocês está a salvo – ele revirou os olhos com o rosto aborrecido da mãe e as feições surpresas dos Cullen – O quê?

 - Ele sabe? – Damen se viu escutando a voz do vampiro loiro pela primeira vez.

 - Mais que vocês – murmurou ele.

 - Contou para seus pais e para a cidade toda também Isabella? – o tom de Rosalie era raivoso e cortante. Ela deu um passo para frente ficando em frente a Bella.

 Damen se colocou entre as duas e olhou furioso para o rosto da loira.

 - Abaixe a voz quando falar com ela, vampira idiota. E ela pode dizer o que quiser pra quem quiser. Se eu fosse ela vocês...

 - Damen! Chega! Vamos pra casa.

 - Por que não acabamos com isso logo e contamos pra família fantástica o que eles fizeram com você?! Por que não contamos que eles quase a mataram?!

 - Damen, chega!

 - Fomos embora para protegê-la – disse Edward – Nós todos a amava...

 - Não venha falar de amor pra mim. A culpa de tudo é sua! Você a deixou!

 Edward deu um passo pra trás e todos os outros Cullen se mexeram desconfortáveis. Bella se abaixou e fitou Damen intensamente, o olhar trocado tinha tanto significado que só os dois saberiam entender.

 - Já chega. Você passou dos limites. O que ficou no passado está no passado.

 Damen se afastou e caminhou até a porta. Ele parou e falou sobre o ombro:

 - Há muitas coisas que não ficaram no passado e nós sabemos disso. Estou no carro.

 A porta bateu e Bella se voltou para os Cullen.

 - Desculpe por isso. Damen é um pouco... Ele tem uma personalidade forte, mas é um bom garoto. Não se preocupem. Só Damen sabe e ele não contará para ninguém.

 Bella virou de costas e seu braço foi segurado.

 - Eu sinto... Eu não posso pedir desculpas não é? Há anos eu fui à Forks procurá-la. Você não estava. Disseram-me que estava casada e em uma boa universidade. Eu não queria atrapalhar. Se eu soubesse que você não tinha seguido em frente, eu estaria aqui. Eu sinto muito se...

 Ela ainda estava de costas, se controlando para não cair no colo do amado de novo. Damen estava lá fora escutando tudo. Ele desviou os olhos para o chão coberto de neve quando a mãe interrompeu o pai.

 - Eu faria tudo de novo Edward. Eu não o culpo por nada. O tempo que você ficou na minha vida foi o melhor de tudo o que eu passei. E você me deu um presente enorme. Ensinou-me a viver. Eu não guardo magoas. Eu arriscaria meu coração, minha sanidade, todos os meu bens e jogaria tudo o que eu joguei fora de novo, mas Damen não. Se eu estou viva é por causa dele, se eu acordo, sorrio e continuo aqui é por causa dele. Eu não posso deixá-lo sofrer.

  Ela não ficou tempo o bastante para ver a reação de Edward. Ela somente se virou, entrou no carro e foi embora.

 Edward subiu para seu quarto e fechou a porta. Sua alma gritava e ele nunca havia sofrido tanto. Depois de passar uma eternidade, olhando pro chão. Seu estado mental normal voltou e ele começou a pensar.

 Damen havia dito que ela havia sofrido e quase morrido. Talvez, de um jeito figurativo. Mas, ele não parecia estar de brincadeira. Mas, ele era uma criança, fala coisas...

 Por Deus, ele estava enlouquecendo. Talvez, deveria ir embora e não interferir na vida dela.

 

 Bella dirigia em silêncio para casa. Foi errado ter começado tudo isso. Deveria ter ficado em casa comemorando o aniversário de Damen. Depois terem ido comer torta de chocolate no Joe’s, comprar as luzes de natal e enfeitar a arvore. Mas queria vê-lo mais do que tudo. E todos os outros também.

 Damen também se sentia culpado, ele não devia ter falado tudo aquilo para os Cullens.

 - Eu sinto muito – murmuram os dois ao mesmo tempo. Bella sorriu um pouco e Damen apertou mais as mãos em punho dentro do casaco sem nenhum pingo de humor.

 Por que ela se culpava de tudo? Ela não tinha culpa de ter se apaixonado por um vampiro, de ter sido deixada, de ter engravidado, de ele ter nascido e de tudo na vida ter dado errado. Mas, ele se lembrava das palavras dela dentro da casa. Dizendo que ainda o amava. Que repetiria tudo de novo.

  A verdade era que Bella não estava nem ai para ela mesma. Ela só se preocupava com Damen e ele sabia disso, por que ela vivia por ele. Porque Bella achava que nunca mais seria feliz, que nunca mais seria curada. E ela tinha medo que Damen se ferisse de algum modo parecido. Damen também estava ciente disso.

 Mas Damen fazia tudo para a mãe dar um sorriso verdadeiro, daqueles que ela deu ao entrar no seu quarto pela manhã e na casa dos Cullen.

  O caminho até em casa foi silencioso, Damen desceu do carro e foi para o quarto sem dirigir a palavra ou o olhar para a mãe. Ele não sabia por que, mas estava com raiva, com ódio de tudo e de todos. A culpa era daquela família idiota.

 Damen andava de um lado para o outro dentro do quarto azul, ele tinha vontade de quebrar tudo e todos pela frente. O seu pai o havia deixado e ele percebia isso. Edward havia deixado Bella e o filho e mesmo que a mãe houvesse dito que ele não sabia de nada quando foi embora, Damen tinha a impressão que a culpa era dele e odiava isso.

 Bella viu o filho entrar em casa a passos firmes sem olhar para ela ou pra trás. Ela suspirou cansada, se ela estava confusa, imagine como não ia esta aquela cabecinha. Ela entrou em casa colocando as chaves em cima da mesa de centro e pode escutar dois murros na parede do quarto ao lado do seu.

 Tinha sido culpa dela. Se ela tivesse ignorado tudo. Ela não queria mais pensar em nada, nem em Edward, Alice ou Damen. Queria morrer. Só isso. Soluços repentinos subiram pela sua garganta, sua alma rasgava, enquanto lembrava-se de tudo que ela e Edward haviam passado, de ele salvando-a, da noite especial que passaram juntos, apenas uma, mas o modo em que ele rosnava, gritava e se mexia seriam inesquecíveis. E tudo, tudo aquilo voltou a mente dela.

  Os soluços ficaram mais altos e Bella correu para o quarto batendo a porta com força. Esse tempo todo ela havia tentado ignorar, que ela não era e nunca seria suficiente para o homem que amava.

  Os passos fortes e firmes pararam dentro do quarto azul escuro quando Damen escutou um barulho sufocado, a porta batendo e um gemido fraco. Ele conhecia aquilo.

 

 Estava sentado com alguns brinquedos e livros em seu quarto. Damen escutou a porta da entrada abrir e fechar e sorriu esperando que a mãe viesse cumprimentá-lo. Mas, invés disso ele escutou um baque ao quarto ao lado. Abriu a porta devagar e viu a mãe sentada no chão, a cabeça apoiada nos joelhos.

  Por que ela chorava? Ele não gostava disso. Lágrimas caiam do rosto rechonchudo do garoto de quatro anos, enquanto o mesmo se aproximava.

 “- Não se preocupe mamãe”

 A mulher se assustou com o sussurro ao seu lado e levantou o rosto vermelho e molhado, Por que tudo tinha que ser tão difícil? Perder o emprego e ter que encará-lo era demais.

“- A senhora vai ver como vai dar tudo certo.” – ele não sabia do que se tratava, mas tirou os fios de cabelos rebeldes da mãe do rosto da mesma e colocou-os atrás da orelha dela.

 Bella puxou o filho para seus braços. Era ele que estava ali do lado dela. Era por ele que ela lutava e acordava.

 - “Vai, Damen, vai dá tudo certo.”

 

 Damen abriu a porta com violência e correu para o quarto da mãe. Ela estava deitada, o rosto enfiado em meio aos travesseiros, o corpo tremendo com os soluços, agora, baixos. De joelhos, Damen subiu na cama e se aproximou da mãe caindo ao lado dela e acariciando as mechas castanho-avermelhadas.

 - Vai dar tudo certo, mamãe.

 Ela sorriu virando para o filho com o doce dejá-vu.

 - Vai sim, Damen.

 Eles ainda estavam se conhecendo, mas Damen já sabia o que deveria fazer. Conversar com o suposto pai.

 


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso.
O capitulo não é tãao grande, mas tudo bem. Os capitulos dessa fic terão essa média de palavras mesmo ;]
O capitulo 2 está pronto. Postarei em breve. ;* Comentem, um "ta legalzinho" serve, ok? Amo todas. Beijoos ;*



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