CULPA [Cul.pa]

É o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ter sido.*

POV. Bella

“Este livro estava com Edward, querida.” As palavras de tia Abgail ainda ecoavam em minha mente enquanto eu, Alice e a própria tia Abgail tentávamos arrumar a sala. Estava tudo uma bagunça, não só na casa, mas também em meus pensamentos. A sorte fora que Edward trancara todas as portas dos quartos. Edward. Ele havia sumido com Emmett e se não fosse à ajuda de Jasper nós três não conseguiríamos ter colocado todas as pessoas pra fora da casa.

– Ainda são três da manhã. Temos tempo de sobra pra limpar a casa antes dos empregados chegarem de manhã... – disse Alice com um sorriso frouxo.

– Edward e Emmett poderiam ajudar, não acham? – Jasper disse zangado.

– Estou aqui seu reclamão... – a voz de Emmett ecoou pela sala enquanto ele descia as escadas.

– E Edward? – perguntei me virando pra ele rapidamente.

– O mandei ir dormir... O cara tá meio estranho. – Emmett balançou a cabeça – Alguém deu álcool pra ele? Ele diz que não, mas nunca se sabe...

– Se aquele garoto engolisse uma gota de álcool ele vomitaria por dias. – tia Abgail disse alto de repente.

– Será que eu posso ir falar com ele? – perguntei a Emmett enquanto ele recolhia o aparelho de som.

– Melhor não Bella. Acho até que ele já está dormindo. Estava de cabeça quente por alguma coisa, mas não quis me dizer o que era. Você já deve ter percebido que o Edward é meio sensível, até mais que garotas. Sabe como é. – ele piscou.

O beijo. O barulho de algo caindo. O livro caído no chão. Edward estava com o livro. Edward viu o beijo.

– Droga... – murmurei.

– Tudo bem Bella, já estamos quase acabando. – disse Alice me acordando de meus pensamentos.

Ao olhar em volta estava tudo quase pronto, só faltavam alguns móveis a serem colocados no lugar, eu tinha passado a maior parte do tempo pensando sobre a mesma coisa e só agora o cansaço fez minhas costas doerem.

– Espero que ninguém estranhe esse monte de sacos de lixo. – Emmett riu.

– Acha isso engraçado? – Alice perguntou.

– É óbvio. Isso é o bom da vida, achar graça de tudo minha irmã. – ele riu outra vez.

Ás vezes eu queria ser como Emmett. Na verdade, eu já fui como ele, há alguns meses atrás.

– E esse livro aqui? – Emmett segurou o “Para Todo O Sempre” como se fosse um bicho morto.

– Hey, não faça isso. – pulei pra pegar o livro dele.

– Você estava lendo Bella? – dessa vez foi Jasper quem falou.

– Não. Ainda... Quer dizer eu li um pedaço, mas com certeza não vou conseguir ler o resto... – fiz pouco caso, sem querer.

– Sei... – Emmett parecia desconfiado – Edward está te influenciando demais...

– Falando em Edward, será que ele está melhor? – Alice e Jasper colocavam um dos sofás no lugar.

– O garoto está dormindo como um bebê, como é frágil... – tia Abgail riu e Emmett a acompanhou.

Talvez eles não achassem tanta graça se soubessem de toda a história, tia Abgail, que já sabia mais que qualquer um, me odiaria por fazer Edward sofrer, Emmett e Alice também, e ninguém me daria à chance de explicar a droga da história toda. Engoli seco me sentindo mal com aquilo tudo.

Nesse mesmo momento o barulho na garagem fez com que todos parassem o que estavam fazendo e ficassem quietos. Imóveis por alguns segundos.

– Deve ser a Helen. – sussurrou Alice.

– Vai, vai. – Emmett apontou pra Jasper que terminava de arrumar o sofá e saiu correndo com os sacos de lixo na mão.

Eu que segurava uma pá e uma vassoura corri para a dispensa e as joguei lá o mais rápido possível. Os outros empregados ainda não tinham chegado, e no relógio da cozinha marcavam cinco e meia da manhã. Ao voltar à sala vi Alice se despedindo de Jasper que estava prestes a sair, tia Abgail estava sentada no sofá, como se nada tivesse acontecido e Emmett, que subia as escadas, fez sinal com a mão pra que eu o seguisse.

Comecei a subir e logo Alice já estava atrás de mim. “Boa noite”, Emmett sussurrou rindo e eu entrei em meu quarto. Tranquei a porta e respirei fundo, pelo menos a festa tinha dado certo e a limpeza também, já o resto, bem, eu tentaria resolver depois de dormir pelo menos um pouco. Olhei para o livro que continuava em minha mão esquerda, o coloquei no criado-mudo e me joguei na cama.

POV. Edward

– Edward? Edward querido... Isso são olheiras Carlisle? – Uma voz suave me fez abrir os olhos.

– Mãe? – me levantei rapidamente.

– Está se sentindo bem? Parece abatido. – disse Esme sentada ao meu lado na cama.

Carlisle estava parado na porta me avaliando de longe. Apesar de um pouco preocupados os dois pareciam ótimos.

– Que horas são? – perguntei coçando os olhos.

– Nove da manhã. – Esme voltou a sorrir – Parece que correu tudo bem por aqui enquanto estávamos fora...

De repente um flash de acontecimentos da noite passada veio em minha cabeça. Bom, se eles estão tão bem, é porque Emmett contornou tudo... Até agora. De qualquer maneira o que me preocupava mais não era a festa, era a decisão que eu havia tomado noite passada da qual eu me lembrava muito bem.

– Todos já acordaram? – perguntei me colocando de pé.

– Sim. Só não sei se já desceram... – disse Carlisle com bom humor.

– Vou me trocar e já desço então... – bocejei indo em direção ao banheiro.

– Ótimo, porque temos uma boa notícia pra vocês todos. – disse Esme se levantando e indo de encontro a Carlisle.

Assim que eles fecharam a porta, a imagem de Isabella beijando Riley veio em minha mente. Até agora eu não tinha idéia do porque ela havia feito aquilo, nem do porque ela estaria andando de moto com ele, porque é o que eles estavam fazendo antes de se agarrarem. Não que eu não esperasse qualquer coisa de Riley, ele sempre fora conquistador e cafajeste, mas eu com certeza esperava menos rebeldia da parte de Isabella.

Na noite anterior eu havia pensado em me desculpar pelo Eu te amo. Não que eu me arrependesse, muito pelo contrário, mas na verdade eu não precisava ouvir uma resposta dela naquele momento, desde que um dia ela me falasse... Mas dái a beijar Riley Biers há uma distância muito grande.

É por isso que eu havia me decidido a aceitar as antigas aulas que Emmett me oferecera, mas dessa vez seria diferente, talvez só dessa maneira as pessoas parariam de me fazer de idiota.

POV. Bella

Todos – menos Edward – estavam sentados á mesa farta de café da manhã. O mais estranho era que ninguém comia nada. Alice me olhava com uma expressão de culpa, Emmett bocejava sem parar e eu poderia jurar que tia Abgail dormiu por alguns minutos. Esme e Carlisle sorriam um para o outro, e eu, bem eu sei lá qual era é a minha expressão...

– Vocês querem nos dizer algo, e estão agindo tão estranho. Estou com medo. – disse Alice rindo, mas tinha um fundo de verdade em sua voz.

– Eles estão com H.P.S... – disse Emmett e se endireitou na cadeira.

– H... O que? – me virei pra ele.

– Humor Pós Sexo. – ele gargalhou e Esme abriu a boca espantada.

– Bom dia. – uma voz baixa que eu conhecia bem disse.

– Que bom que está aqui filho, sente-se. – disse Esme ainda espantada com o que Emmett disse.

Edward se sentou com uma cara de poucos amigos e se serviu de chá.

– Bom, nós queríamos dizer que estamos muito orgulhosos por terem cuidado tão bem da casa sozinhos. – disse Carlisle.

– Até mesmo você Abgail. – Esme disse e tia Abgail levantou as sobrancelhas.

Alice e Edward se entre olharam e depois olharam pra mim. Tia Abgail jogou um olhar pra Emmett que quase riu.

– Não foi nada gente. – disse Emmett sínico.

– É, nós nos divertimos muito... – disse Alice com uma expressão de culpa.

– Ninguém se divertiu tanto quanto Isabella... – murmurou Edward sem olhar pra mim enquanto bebericava o chá.

– E então, o que querem falar? – Emmett agarrou uma maçã.

– Certo, hoje é domingo, o Hotel vai estar aberto apenas pra vocês e quem mais quiserem convidar. Mas sem festas! – Esme vibrou, eu nunca a tinha visto tão animada.

– Ahn? – Alice murmurou.

– É isso mesmo. O Hotel and Laisure Area Cullen é todo de vocês por um dia inteiro. – Esme disse enquanto cortava seu pão.

Então pela primeira vez na vida – pelo menos que eu me lembre – senti algo, que apesar de nunca ter sentido, dessa vez eu sabia o que era. Culpa. Esse sentimento não me fez sentir dor de estômago só por causa dos Cullen, que estavam sendo tão legais sem saberem que há algumas horas atrás a casa deles estava de pernas pro ar, mas principalmente por Edward.

Eu tinha que aceitar que havia mudado um pouco depois de conviver com ele. A Bella de antes aceitaria a corrida de moto com Riley, não a Bella de agora. A Bella “depois” de Edward estava tentado se esconder atrás da Bella anterior que não ligava pra nada e odiava mudanças.

O problema é que essa mesma Bella de agora está filosofando sobre duas Bellas e tem um livro com mais de 15 páginas e sem ilustrações no criado-mudo, pra ler, não pra usar como apoio pra televisão ou acento. Pra ler. Como eu poderia não me assustar com isso?

– E então? – Carlisle sorriu – O que estão esperando pra ir se trocar?

POV. Edward

– O que acha dessa? – Emmett se virou parecendo assustado e depois bufou.

– Edward, não é a roupa que te faz diferente. É a sua atitude... – ele riu depois de falar – Tanto faz.

Eu tentava escolher uma roupa um pouco diferente da que estava acostumado a usar, se eu tinha que mudar, que mudasse tudo de uma vez.

– Emmett, você não está cooperando para a minha mudança direito... – dessa vez ele pareceu bravo.

Emmett jogou a maleta de roupas que estava fazendo no chão, arrancou a jaqueta jeans que eu lhe mostrava de minha mão e me obrigou a sentar na poltrona azul que ele tanto gostava.

– Você quer mudar Edward? Então está bem... – Emmett bagunçou meu cabelo e começou a mexer em meu rosto – Tire essa cara de bonzinho...

– Como se “tira a cara”, isso é impossível. – falei com dificuldade.

– Só faça cara de “mau”, entendeu?

– Mas, você não faz cara de mau, pelo contrário, você ri o tempo todo... – murmurei enquanto ele puxava a gola da minha camisa.

– Você não vai ser eu Ed, você vai ser outro Edward... Pronto, agora sim. – Emmett me puxou da poltrona e me levou até o espelho.

Minha camisa parecia amarrotada, a gola pra cima estava completamente torta, o cabelo fora do lugar e minha expressão estava mais pra “estou-com-dor-de-barriga” do que “edward-mau”.

– Emmett eu estou parecendo um mendigo com desistiria... – comecei a ajeitar a gola e depois passei a mão pelos cabelos colocando-os de volta no lugar, como de costume.

– Viu? Não é a roupa... São as atitudes. – Emmett voltou a mexer na maleta, que agora estava no chão.

– Bom, e que atitudes eu devo ter? – perguntei assim que ele colocou a alça em volta do pescoço.

– Seja selvagem Edward. Como um animal que não pode ser domado. - ele sorriu e passou pela porta.

POV. Bella

No caminho para o Hotel, Carlisle avisara – pra tristeza de Emmett - que Victoria estaria lá se precisassem de qualquer coisa e também disse pra não exagerarmos no tanto de pessoas que deixaríamos entrar já que o hotel seria reaberto no outro dia e precisariam dele inteiro.

Eu havia ligado pra Tyler, Jane e Bree, enquanto Alice apenas avisara Jasper.

– Vocês convidaram Tanya? – perguntou Carlisle enquanto descarregávamos as coisas no hall.

– Não. – disse Edward como se fosse óbvio – Isabella é a amiga dela, devia ter chamado, assim como a Riley também, já que estão tão “amigos”... – ele me olhou com o nariz empinado e saiu carregando sua mochila.

– Alguém sabe o que há de errado com ele? – Carlisle perguntou levantando as sobrancelhas o máximo que pode. Ninguém respondeu – Bom, tentem pelo menos descobrir – abaixei a cabeça involuntariamente – Ei Bella, Victoria tem uma surpresa pra você, espero que se anime com isso... – ele sorriu.

Eu poderia até me animar se não fosse à culpa e o humor estranho do meu namorado... Ex namorado... Não, não pode ser..., pensei. Edward estava cada vez mais estranho e frio, eu temia que pudesse fazer qualquer besteira antes de termos uma conversa sobre o que ele viu, bom, não seria tão difícil ficar sozinha com ele no Hotel, pelo menos por alguns minutos, eu poderia até usar a tática que Alice usara há algum tempo atrás pra tentar nos juntar, – e que deu certo – mas acho que seria óbvio demais.

Victoria nos recebeu sorridente no hall e veio em minha direção assim que coloquei minha mochila na poltrona mais próxima.

– Bella, eu queria falar com você... – ela disse balançando sua caneta, como sempre.

– Diz aí. – me virei pra ver Alice e Emmett indo em direção ao elevador enquanto Edward seguia para a área das piscinas.

– Bom, você foi ótima enquanto esteve trabalhando aqui e eu senti sua falta... – me olhava esperançosa.

– Nossa, obrigada, isso é tão... – ela me interrompeu.

– Eu queria saber se aceita trabalhar aqui novamente, mas, dessa vez com salário, descanso no fim de semana e pagamento por horas extras. O que acha?

– Isso é... Demais. – quase gritei.

Era a primeira coisa boa que me acontecia desde que eu tinha acordado. Se eu trabalhasse no hotel poderia comprar minhas coisas sem dar satisfações aos Cullen e talvez até a Charlie, o que seria mais difícil, claro.

– Isso foi um sim? – ela me apontou a caneta.

– É, foi um sim. Eu quero trabalhar aqui, quando começo? – perguntei.

– Amanhã à tarde, depois da escola. – ela ia se virando – Não se atrase. – piscou pra mim.

Apressei-me para fora assim que pude e não vi Edward por ali. Alice e Emmett já saiam também, ela falava afobadamente enquanto Emmett tinha uma expressão estranha.

– Ah, Alice para com isso, ele só ta tentando mudar um pouco... – a voz de Emmett ecoou.

– Ele está estranho, isso sim... – ela disse gesticulando.

– O que foi? – perguntei.

– Ela está preocupada com o bobão do Edward - Emmett me olhou preocupado. – Eu dei algumas dicas pra ele, mas acho que ele entendeu errado, o cara ta arrasado, não sei por que... Você tem alguma coisa a ver com isso Bella? – ele parecia humorado.

– Eu? – me fingi de desentendida.

Depois que Jasper e alguns amigos de Emmett chegaram, não demorou muito a Tyler, Bree e Jane também aparecerem, trazendo Aguilera é claro. Eu continuava pensando no que dizer a já que eu tinha que pensar em algo que o convencesse da verdade. A verdade. Talvez esse fosse o problema, seria fácil convencer alguém de uma mentira, mas e da verdade?

– Onde está Edward? – perguntou Tyler enquanto jogava um pouco de água em Aguilera, sentado na borda da piscina.

– Ele sumiu desde que chegamos. – disse Alice enroscada em Jasper dentro da piscina.

– Acho que vou procurá-lo... – falei me levantando – Alguma idéia de onde ele esteja? – perguntei e ninguém respondeu. – Obrigada – murmurei sem humor.

O Hotel era enorme e havia várias partes que eu ainda não tinha visitado. Caminhei pela ala das piscinas até chegar a uma placa onde se lia “TRILHA” e logo em baixo “Não se esqueça de andar sempre acompanhado.” A flecha apontava para uma grande falha entre as árvores por onde se podia caminhar. É claro que Edward não estaria em uma trilha aonde pudesse ficar imundo.

Me voltei para o caminho que levava até o playground e segui andando lentamente, olhando em volta. Cheguei até a portaria e o porteiro não o tinha visto. Eu começava a ficar preocupada quando a voz de Victoria em um algum alto falante por perto anunciou o almoço. Bom, talvez ele voltasse pelo menos pra comer... Dei meia volta e segui em direção ao hall outra vez.

Para o desespero de Victoria, Edward não viera almoçar o que tornou o clima no lugar tenso. Ela colocou os garotos pra procurar por ele pelos andares, enquanto Jane, Bree e Alice olhavam nas quadras esportivas.

– Procurei até naquela salinha fedorenta de equipamentos da quadra de tênis... – disse Alice com Aguilera no colo quando voltavam da busca.

Emmett e os garotos já haviam desistido de procurar pelo final da tarde, ele dizia que Edward é bem grandinho pra saber o que faz e até Victoria havia se convencido de que Edward não queria ser achado. Eu, pelo contrário tinha rodado pelo hotel mais duas vezes e enquanto descansava alguns minutos na poltrona do hall, ouvi o toque do meu celular, dentro da bolsa. Depois de procurar alguns segundos vi que era uma mensagem de Charlie dizendo que ficara feliz por eu ter conseguido o emprego... Com certeza Victoria já havia contado a Carlisle que não perdeu tempo em ligar pra ele, era incrível como eles estavam se falando bastante... De repente a imagem do celular em minha mão me acendeu uma luz.

– É claro! – gritei, me levantando rapidamente.

Disquei o número de Edward enquanto saia pelo hall, passando pelas piscinas outra vez, se estivesse com o celular com certeza não me atenderia, mas o toque me levaria até ele, na droga de esconderijo onde ele estava e poderíamos conversar a sós. Já estava quase escurecendo, eu seguia o mesmo caminho que havia feito várias vezes, mas dessa vez tive que parar em frente da placa que marcava o início da trilha. O toque ecoou baixo, mas era audível. Assim que ele parava eu discava outra vez e depois de alguns minutos voltava a ecoar.

– Bella! – a voz de Emmett gritou em minha direção – Eu faço isso. – ele disse e entrou na trilha – Fique aí. – Emmett também tinha seu celular na mão.

– Como se eu fosse obedecer... – murmurei, me embrenhando entre as árvores também.

Segui a trilha por alguns minutos, sem saber exatamente pra onde ir, já que haviam várias opções de caminho, qualquer desinformado se perderia fácil... Fui diminuindo o peso dos passos conforme ouvia os murmúrios de Edward e Emmett.

– Você ficou maluco Edward? – Emmett gritou.

– Foi você quem disse que eu tinha que ser “selvagem como um animal que não pode ser domado!” – dessa vez Edward gritou, perdendo o fôlego.

– Você é tão inteligente pra escola e tão burro pra o que realmente importa! Eu quis dizer na atitude Edward, você tinha que ser o cara legal, “selvagem”, descolado, pegador... Como você foi confundir isso com entrar em uma mata e passar a tarde no barro?

– Nossa... – Cheguei a tempo de ver a cara de Edward, ele não acreditava no que tinha feito, nem eu.

– É, nossa... – Emmett concordou. Depois de alguns segundos se encarando eles começaram a rir um da cara do outro.

Era tão bom ouvir a risada de Edward outra vez. Emmett o abraçou e eu cheguei mais perto, perto o bastante pra que eles me notassem.

– Ele me mandou uma mensagem dizendo que estava perdido... – Emmett riu e me apontou a mão direita com o celular. – Abraço em grupo! – sua mão forte me puxou pra perto e eu senti a respiração de Edward em meu rosto. – Agora vamos!

– Espere. Emmett, eu sei o caminho agora... – falei e engoli seco – Vai na frente, vou falar com Edward.

Ele confirmou com a cabeça.

– Qualquer coisa me liguem. – ele riu – Selvagem, só você mesmo Edward... – e saiu correndo pelo mesmo caminho em que eu tinha chegado.

Avancei pra Edward, ele com certeza não esperava por isso. Levei meus lábios ao dele, que permaneceu imóvel, sem resistir, mas retribuiu o beijo. Respirei fundo me afastando.

– Edward... – comecei - Será que podemos conversar agora?

– Eu não tenho nada pra falar com você Isabella! – ele disse e empinou o nariz outra vez.

– Por que fez isso? – perguntei adiando o assunto principal – Você não gosta de sujeira e não fala assim...

– Pra tudo sempre tem uma primeira vez. – ele continuava sério, cruzou os braços.

– Eu sei que você viu Riley e eu... – engoli seco – Quer dizer, eu sei que viu quando ele me beijou. Só queria que soubesse que eu não queria, ele...

– Se você não quisesse, não estaria andando de moto com ele tarde da noite, não acha? – dessa vez sua voz séria falhou – Por quê? Eu tenho mesmo cara de panaca, ou o que?

– Edward, eu me senti estranha com o que você disse na biblioteca, só queria esfriar a cabeça...

– Você sabe o que eu estava indo fazer quando vi vocês dois? – não respondi – Eu cheguei a pensar na possibilidade de pedir desculpas por ter sido impulsivo. Mas, agora eu sei que você não agüenta sentimentos, você gosta de viver a vida louca e nada mais importa, bom essa é a sua oportunidade. – ele quase sorriu sarcasticamente – Vou lhe dar essa chance, viva tudo o que quiser viver, experimente de tudo, e depois quando perceber que eu estava sendo sincero, então quem sabe nós possamos tentar outra vez...

– Não, Edward, eu não quero...

– Só que, eu não vou ficar aqui, sendo o mesmo bobo de sempre, você me abriu os olhos... – ele me interrompeu – Também não vou ser grosso com você, mas eu sei que posso mudar, fazer direito dessa vez. Você vai entender o que eu estou falando amanhã. – ele passou por mim andando devagar, como se ainda estivesse confuso sobre o caminho.

– Então é isso, acabou? – perguntei alto, ele se virou e não precisou responder. Depois de alguns segundos voltou a andar.