Esta semana foi cheia de trabalho.Parece que um surto de gripe de está afetando a todos.

Muitos corpos,poucas covas.

Ontem encontrei um garoto,de uns 15 anos talvez.Faz algum tempo que enterrei seus pais.

“Não vai durar nenhum mês...” Pensei eu ao ver a figura magrela que estava parada em frente aos túmulos.

Depois do pequeno funeral,ele foi embora,cambaleando pelas ruas.Descobri que a garotinha que andava colada ao seu corpo era a sua irmãzinha.

Foram para casa.Não havia uma mãe a lhes esperar,somente dois assistentes sociais.

Não havia um sorriso doce e cheio de ternura,somente palavras curtas ditas o mais frio possível.

Não havia um pai para contar lhes histórias,somente dois adultos que jamais viram antes falando algo sobre “adoção”.

Não havia mais aquelas duas pessoas que estariam ali para apóiá-los,somente dois adultos com seus ternos cinza que só estavam ali para levá-los para o seu novo “lar”.

A pequena foi adotada por um casal sorridente que desejavam fervorosamente uma garotinha graciosa,de cabelos e olhos claros.E ela simplesmente se encaixava neste perfil.

Óbvio que eles não aceitaram o garoto de cabelos e olhos escuros..

Então ele foi para um orfanato.

“Abrigo para rejeitados” ‘carinhosamente’ apelidava o lugar.

Dia após dia o garoto perdia o ânimo...Ninguém sequer estava interessado em saber se ele podia ser adotado.Eles estavam interessados em crianças,e ele...Bem,ele não era uma criança.

“Por que estariam eles interessados em alguém tão velho como eu?”Dizia a si mesmo nos dias abertos para adoção.

Confesso,ele superou minhas expectativas.Em 1 semana e 2 dias.

Sim,ele morreu.

Ou melhor,se atirou do último andar do orfanato.

Eu o encontrei ontem,na calçada ensangüentada.

O enterrei ao lado de seus pais.E pus flores escuras em sua lápide.

“Uma família inteira reunida...Só falta a pequena”

Eu a encontrei hoje,em meio aos corpos das vitimas da gripe.