Contos de Um Coveiro escrita por chibi_cold_mari


Capítulo 23
Prisão




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Deixei o “vampiro” agonizando e blasfemando para trás e me concentrei em encontrar Elliot e Ellena.Comecei a ficar preocupado com a idéia de Ellena estar chorando alto e isso atrair mais algum maníaco.Mas por minha sorte,Elliot estava a carregando nos braços.

           -Vamos?Não vejo a hora de tirar toda essa roupa e essa maquiagem ridícula.-Disse alegre e despreocupado.

            Era impressionante como ele parecia não ligar para o ambiente assustador e com cheiro de sangue em que estávamos. Ele já estava acostumado.

            -Tudo bem... Mas primeiro vamos nos certificar que ‘ele’ não abra a boca.

            De repente, meus olhos pararam sobre Ellena.Por um momento eu fiquei com muita pena dela: ela estava encolhida,arfava e soluçava...Ela estava chorando.Ela estava com medo.

            -Pode ficar tranqüila... Ele não irá mais machucar ninguém. -Disse me aproximando de seu rosto.

            -C-como vocês conseguem?-Murmurou ela em um tom quase inaudível.

            -Como assim?-Perguntou Elliot intrigado.

            -Agir normalmente, sabendo que há um homem agonizando e morrendo ali atrás. -Disse ela por fim em uma voz uniforme.

           Elliot sentiu uma pontada de dor. Eu me senti culpado, não devia ter a levado.

            -Leve-a para casa. Eu fico aqui para garantir tudo. -Disse decididamente.

            -Tudo bem... Ah!Só mais uma coisa.

            -O que?

            -Posso levá-la para sua casa...?Digo, não seria melhor que ela ficasse perto de mim?Ela parece assustada. -Disse ele se perdendo entre as palavras.

            Eu comecei a rir.

            -Ora!Diga logo a verdade!Na verdade você só quer se aproveitar da situação!Deseja deitar-se no leito dela, não é?

-C-como?Cala-te!Não vê que ela ainda esta em choque?

-Tudo bem... Vá agora.

Então me voltei novamente para o vampiro. Quando me viu ele recomeçou a blasfemar, mas logo desistiu quando viu que não dava resultados. Ele se estirou no chão e pos a mão no rosto. Pude ver lágrimas escorrendo.

-Sabe o que é mais irônico nisso tudo?-Perguntou ele subitamente.

Sem obter a minha resposta prosseguiu.

-Você tem a idade perfeita para ser o meu filho.

Isso me chocou.

Ele voltou sua face para mim, e pude ver que ele aparentava ter uns 40 anos.

Isso me deixou enojado. Um pedófilo.

Ele começou a rir compulsivamente. Eu estava achando estranho que a perna dele tivesse parado de sangrar. Levantei-me e pude ver a faixa de tecido que ele amarrara, a fim de estancar o sangue.

Saquei a arma e atirei na outra perna. Ele gritou.

-Por que você fez isso?!

-Cale se!Ou o próximo tiro será na tua cabeça.

Com o impacto, o outro ferimento recomeçou a sangrar. E agora ele estava ficando sem forças.

O que eu não percebi foi que havia um homem que presenciara o tiro.

Ele estava assustado, pensei em correr. Mas o desgraçado que estava estirado no chão começou a berrar.

-Como podes fazer isso com teu pai?Ingrato!Mil vezes ingrato!

Não. Ele havia me incriminado.

Dito isso, o observador desapareceu.

-Acho que acabo de destruir a sua fuga.

Ele não havia destruído nada. Quando eu chegasse à policia,viriam que aquele homem era o que estava causando todas as mortes. E eu estaria inocentado.

Mas isso não era o que me preocupava. Preocupava-me o fato de crimes que eu havia cometido. Todos os homicídios cometidos contra os assassinos iriam ser julgados em suma se eu pisasse naquele lugar.

O barulho afobado dos policiais me tirou do devaneio.

Não relutei em seguir para a delegacia. Se eu me comportasse, eu não iria ter muitos problemas.

Logo que pegaram a minha fixa, me encaminharam para o chefe da policia.

Ele sorriu maliciosamente para mim.

-Ora, ora, ora... Veja o que temos aqui!Senhor Mettew. A que devemos a sua tão esperada visita?

Eu não respondi.

-Devemos começar logo com toda a besteira de tribunal?Ou pular para a parte em que você vai preso por homicídio culposo?

Eu me sentei na cadeira desgastada de madeira. Continuei a olhar para meus pulsos algemados.

-Você sabe que mesmo tendo nos livrado de tantos assassinos e psicopatas, não podemos te deixar ir assim... Se você ao menos trabalhasse para nós...

-Eu tentei. Você não lembra?Estar desse lado da justiça tem as suas vantagens sabia?É bem mais divertido dissecar corpos que você mesmo recolhe.

Ele ficou perplexo.

Sim, a anatomia humana me interessa em muito. Mas não sou um psicopata que mata por diversão.

-Não existe ‘esse’ lado da justiça.

-Então vamos!Eu tenho todo tempo do mundo!Quer começar por qual caso?

-Você não pode estar falando sério.

            -Vamos logo com isso. Já faz um bom tempo que eu não te vejo levantar essas mangas para trabalhar um pouco.


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