Jasper Hale acabava de chegar ao seu alojamento, exausto após um dia de estudos muito cansativo. Encontrou duas cartas sobre a escrivaninha. Uma da mãe e uma da irmã.

A de sua mãe lhe perguntava como se sentia, se estava comendo bem, se estava muito cansado. Essas coisas de mãe.

O que lhe surpreendeu foi a carta da irmã. Ela raramente lhe escrevia diretamente. Geralmente lhe mandava lembranças pela carta que sua mãe lhe mandava toda semana.

A carta da garota era longa e relatava minuciosamente todas as fofocas sobre a vida de Bella Swan. Ficou muito surpreso com o relato de como fora expulsa da casa, de como fora morar com o policial e com o fato de que agora estava de barriga crescida, esperando uma criança.

Como ninguém lhe contara aquelas coisas antes? E o que haveria acontecido a Bella? Ele tivera tanta certeza de que ela amava Edward!

Edward já havia lhe escrito milhões de vezes, dizendo o quanto amava a Bella, de quanto sentia sua falta, lhe contando sobre o pretenso noivado e de como estava nervoso pela falta de resposta dela.

Jasper nada pudera fazer e também não iria se meter em assuntos amorosos de outras pessoas, ainda mais num caso tão complicado como este.

Mas tivera certeza de que Edward estava sendo sincero e sabia que Bella era uma moça honesta.

Mas o que estava acontecendo agora? Teria ela se apaixonado perdidamente pelo tal policial, a ponto de esquecer o seu amigo? Talvez. Mas isso não combinava com a imagem que tinha daquela garota meiga que conhecera e vira crescer.

Se isto tivesse acontecido, tinha certeza de que ela ao menos explicaria a Edward, não permitiria que ele tivesse falsas esperanças. No entanto, a cada carta que Edward mandava, tudo do que falava era de seu amor por Bella e dos seus medos.

Talvez estivesse na hora de se meter um pouco e esclarecer algumas coisas. Ainda mais por que quem havia lhe contado aquilo fora sua irmã, coisa que o deixava desconfiado. Sabia que Rosalie não era a melhor pessoa do mundo e que ficara interessada em Edward Cullen. Tinha que tirar isso a limpo.

Foi por isso que enviou uma carta à sua mãe, perguntando se o que Rosalie dissera era verdade. Essa era sua primeira providência.

No entanto, Jasper se surpreendeu ao saber que Rosalie estava certa. O que teria então acontecido? Talvez Edward não tivesse sido totalmente sincero. Para Bella fazer algo assim ele deveria ter feito alguma coisa, alguma besteira, que não queria contar a Jasper, já que este o repudiaria.

Escreveu então a Edward, pedindo esclarecimentos. Não podia deixar aquilo passar em branco.

O homem ruivo andava rapidamente pela rua, tentando esquentar as mãos. Sua respiração se transformava em fumaça diante do seu rosto.

Ele entrou então em um pequeno café na estreita rua enlameada. Lá dentro estava quente e aconchegante. Ele se sentou ao balcão e pediu uma xícara de café bem quente. Virou-se e contemplou o lugar.

- Aqui está o seu café Sr. Cullen. – A jovem filha do dono do bar lhe chamou a atenção algum tempo depois. Sua mente estava longe. Mais exatamente em outro continente.

- Obrigada Clarisse. – Edward falou, pegando o café com os dedos gelados e soprando a fumaça. Era um cliente frequente daquele café, que ficava no caminho da universidade para a pensão onde morava.

A garota, ao invés de ir embora, ficou a encará-lo.

- Ela enviou alguma carta hoje? – Ela perguntou nervosamente. Queria que a resposta fosse a mesma de sempre, não.

- Não. – Ele respondeu secamente.

- Sinto muito. – A garota falou sem sentir nada. – Deveria considerar a hipótese de desistir não? Ela não parece se importar tanto quanto...

- Eu não vou desistir. – Edward falou secamente.

- Sinto muito, não é da minha conta. – Clarisse se sentiu envergonhada. Fazia meses que estava de olho no jovem senhor Cullen. Lindíssimo, solteiro e rico, era o mais cobiçado por todas as garotas em um raio de muitos quilômetros.

O homem viera para Londres, mas deixara a cabeça na América. Alguma garota sortuda havia roubado seu coração e não havia devolvido. No entanto a garota não parecia corresponder a esse amor, pois nunca lhe respondia suas cartas, as quais ele escrevia uma vez por semana.

Todos sabiam disso, por que era só disso que Edward Cullen sabia falar.

Edward bebeu seu café em silencio, pagou e saiu daquele lugar, se dirigindo para sua casa. As pessoas em Londres não eram muito de amizades, mas alguns colegas de turma o haviam convidado para uma noitada, que ele recusara, como todas as outras.

Não podia pensar em mais nada que não fosse Bella e sua ausência. Conseguia se dar bem com as matérias apenas por que tinha o anseio de terminar aquilo logo para poder voltar para ela. Não iria voltar para casa sem uma profissão, sem poder dar uma vida descente à mulher que amava.

Mesmo assim, foram muitas as vezes em que pensara em largar tudo e voltar, ir atrás de Bella e perguntar o que havia acontecido. Sempre que sua correspondência chegava seu coração se apertava de ansiedade e em seguida, de decepção.

Ele precisava tanto de uma palavra, de um sinal de que ela ainda o esperava, de que ainda o amava.

Naquele dia foi a mesma coisa. Chegou ao seu quarto e encontrou uma pilha de cartas à sua mesa. Correu para elas, ansioso. Passou os olhos pelos nomes e suspirou de decepção. Jasper, sua mãe, seu pai e seus irmãos. Mais ninguém.

Quase pôde sentir as lágrimas lhe queimarem os olhos, amargas. Ele tinha certeza de que fizera algo errado. Bella deveria estar brava com ela por ter ido embora sem mais nem menos, só podia ser. Será que ela não acreditara em suas palavras e agora pensava que ele a abandonara?

Sentia-se tão perdido que poderia gritar, esperando que tudo fosse um pesadelo e pudesse acordar ao lado da mulher que amava.

Foi então tomar banho. Não sentia fome e foi direto ler as cartas. Abriu primeiro as dos pais. Já não sentia mais tanta raiva deles, apenas decepção. Seus pais costumavam ser seus heróis. Ele sabia que no fundo eram boas pessoas, mas não era justo o que o estavam fazendo passar.

Depois leu a carta de Alice, que choramingava cada vez pela falta que sentia dele e dizendo que era culpa dele que Jasper Hale nunca mais tivesse falado com ela. Que ele devia estar lá para fazer os dois ficarem juntos. Suspirou simplesmente. Alice sempre fora mesmo voluntariosa. Ignorou-a.

Emmet dizia que nada mais tinha graça sem ele por perto. Disse que Jasper era um chato que só queria estudar e que ele não tinha paz no hospital, já nem se lembrava de quando dormira pela ultima vez e estava esgotado.

Então pegou a carta de Jasper. Aquela sim o manteve interessado em cada linha. Jasper estava ríspido com ele. Perguntava o que fez a Bella Swan, para que ela de repente mudasse tanto.

E o que contou sobre Bella faz um fogo acender em seu peito como um instinto assassino.

Bella estava morando com aquele maldito policial com quem a vira uma vez, antes de seu primeiro beijo. E ainda por cima estava esperando um filho! Uma criança!

Tudo ao seu redor ficou escuro. Tinha ódio, ciúme, posse, decepção, tristeza... Tudo isso lhe percorria o corpo como uma maré obscura. Não podia continuar em Londres, não agora. Tinha que voltar e já sabia como. Sua mente parecia trabalhar com uma velocidade extraordinária agora.

Seu pai nunca o deixaria voltar de vez, mas talvez tivesse uma chance. Além do mais, sem Bella, nada disso fazia sentido. Pra que estava estudando tanto naquele lugar lúgubre se não fosse por ela?

Já estava decidido. Convenceria o pai a leva-lo de volta para casa para as férias de natal, que durariam três semanas. Seria o suficiente para esclarecer algumas coisas.

Esperava que pudesse convencer seu pai e mais, que pudesse confirmar que aquilo não passava de um terrível mal entendido. Se tivesse realmente perdido a única mulher que amou na vida, não havia sentido em continuar a respirar.