Coração Satélite escrita por Ayelee


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, tudo bem? Aqui está mais um capítulo com o PDV do Roger. [Eu mereço reviews por atender aos pedidos de vocês, hein?] Heheh.
Desculpem a demora nas atualizações, infelizmente a rotina da vida real às vezes não me permite escrever tanto quanto eu desejo.Quando o capítulo ficou pronto, foi no período de mudanças no Nyah. Enfim...
Mas para animá-los, o próximo capítulo já está todo pronto na minha cabeça, é só colocar no papel.
Boa leitura!



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Roger PDV

A noite estava muito fria. Eu estava bastante confortável debaixo das cobertas observando Cathy dormindo um sono profundo, vestida em minha velha camisa de malha branca e minha cueca boxer cinza. Eu achava muito estranha essa mania que ela tinha de vestir minhas roupas, mas ao mesmo tempo era muito sexy ver suas curvas dentro de minha cueca, especialmente depois de termos saciado nossa saudade umas três vezes.

Se tinha uma coisa da qual eu não podia me queixar de Cathy era do seu desempenho como parceira sexual. Ela era um furacão, e quando seu apetite tinha como combustíveis a saudade, raiva, até mesmo competição, Cathy era imbatível.

E na minha situação, depois de uma extensa e cansativa jornada de trabalho, terminar o dia dessa forma era simplesmente perfeito. Nada mais relaxante.

Procurando ser o mais sutil possível, levantei-me lentamente da cama. Senti um calafrio ao sair pelado debaixo da espessa camada de cobertas, que nos mantinha aquecidos. Vesti meu moletom preto e um camisão xadrez vermelho com preto que estavam jogados sobre a cadeira, próximos à mesa de estudo, peguei o envelope azul e saí do quarto, na ponta dos pés, fazendo o mínimo barulho possível.

Sentei confortavelmente no sofá de frente para a lareira, apoiando as costas no braço do móvel com as pernas estendidas ao longo do assento. Acendi a luminária que fica sobre a mesinha lateral e abri o envelope cuidadosamente para não rasgar.

Outra foto! Mas, para variar, ela não mostra o rosto. Bem, pelo menos agora posso ter a certeza de que é uma garota. Acho que ela quis fazer algum tipo de joguinho imitando minha foto, aquela que tirei quando estava bêbado. “Ela tem senso de humor, muito bom!” – Ri baixinho.

Aquela foto me perturbou em vários níveis. Difícil explicar. Primeiro me senti aliviado por finalmente ter a certeza de que é, de fato, uma garota. Segundo, ela se comunica com uma simplicidade admirável. Engraçado o recadinho ‘Please stop smoking”... Está preocupada com minha saúde? Ela é apenas uma desconhecida, e eu para ela também, por que se importa?

Fitei a foto por alguns minutos, nem lembrei que devia ter algo escrito no verso. Estava apenas tentando decifrá-la através da imagem.

De repente uma idéia passou pela minha cabeça: E se for alguém conhecido tirando onda comigo? “Mas não é possível, não tenho nenhuma amiga ou amigo morando tão longe...” – Hesitei virando o envelope para checar o nome da cidade de onde a carta foi enviada. “Que diabos, Fortaleza? Onde fica isso? No meio da Floresta Amazônica?” Amanhã vou pesquisar no Google Maps.

E a analogia que ela fez em relação à minha foto. Genial! Ao invés de cerveja, água de côco. Ao invés de um tênis velho, pés descalços. Ao invés de uma cortina azul inexpressiva, o infinito azul do mar. “Será que isso significa que ela reprova meu estilo de vida? O que será que ela pensa de mim?”

Revisando em minha memória a carta que havia me enviado anteriormente, em nenhum momento ela declara ser minha fã. Interessante. Não sei o que pensar.

Estou fascinado! E eu nem ao menos sei como ela é. Que frustração.

Dois detalhes mexeram ainda mais com minha imaginação masculina: aquelas unhas pintadas de vermelho... hum, provocante... “Será que ela pintou dessa cor de propósito só para causar uma impressão? Ou será que é sua cor preferida?“

E para completar a brincadeira misteriosa, aquela correntinha de prata no tornozelo instigou mais ainda minha imaginação.

Reuni em minha memória todas as pequenas peças desse quebra-cabeça à procura de algum indício de alguém que eu pudesse conhecer, mas nada. De repente me ocorreu uma possibilidade desagradável, eu não queria acreditar nessa idéia, mas não deixava de ser uma possibilidade.

Às vezes esqueço minha posição de pessoa pública. Infelizmente o sucesso que tenho feito com meus trabalhos – e aparentemente com meu visual – tem atraído todos os tipos de pessoas e também despertou os interesses mais variados. No entanto o mais comum deles é o de inventar histórias a meu respeito, sejam me exaltando ou jogando meu nome na lama, o objetivo sempre é lucrar às custas de minha popularidade.

Fechei os olhos apertando-os, repudiando a idéia que passou pela minha cabeça: “E se essa brincadeira de cartas anônimas fosse apenas alguma cilada para me envolver em algum escândalo?” Me encolhi no sofá me sentindo um bobo por ter mandando aquela foto ridícula. Quanto ao texto não havia nada comprometedor. Bem, pelo menos meu rosto não aparecia na foto, então nunca poderiam provar que era eu mesmo.

Eu não queria falar sobre minha pequena travessura com ninguém, não havia contado aos meus amigos que respondi a carta. Porém, diante dessa nova perspectiva, consultar a opinião de alguém de confiança seria mais do que adequado, seria prudente.

Desanimado, virei o cartão para finalmente ler o que estava no verso, depois de tantas conjecturas.

“Querido R.P.,

Obrigada por responder, eu realmente não esperava por isso. Tanto que continuo não acreditando que você é, de fato, você. Pense bem quão surreal isso pode ser para uma garota comum.

Me desculpe se lhe causei tamanho transtorno, acredite, não foi minha intenção. Você já foi absolvido do seu ‘crime’, se depender de mim, vai direto para o Céu. 

Nossa, você faz muitas perguntas...

Bem, sou brasileira sim, falo português e inglês e moro na cidade de Fortaleza. Porém, obviamente não lhe conheci aqui. Estive em Londres a algumas semanas e foi aí que lhe encontrei. Satisfeito?

 Peço que, se deseja continuar se correspondendo comigo, prove que é realmente quem eu espero que seja, caso contrário, não há o menor sentido em continuar com isso.

Aguardo ainda mais ansiosa uma resposta.

Ally C.

P.S.: Espero que não tenha se chateado com meu pedido para que pare de fumar. Acho que você sabe que tenho razão. :-)”

“Então nome dela é Ally!” Lentamente em minha imaginação começava a se formar uma pessoa de verdade; de carne e osso, braços, pernas, cabelos e principalmente rosto. Eu precisava saber como ela era. Mas isso realmente importa? O que interessa é o que ela quer comigo. Dizer que me perdoa por algum mal que eu supostamente lhe fiz? E se ela quiser apenas tirar vantagem por eu ser famoso? Se ela quiser me extorquir, ameaçar de levar essa história para a imprensa? Senti um aperto no peito, como se estivesse sendo traído por alguém de confiança.

Era impossível me desvencilhar dessa idéia uma vez que ela se formou e agora ronda como um carcará à espreita, aguardando o melhor momento para atacar. Meu bom julgamento defendia a desconhecida, como um advogado apontando as provas de sua inocência. “Ela pode não ter se identificado completamente, mas confirmou onde me conheceu e onde mora.” Ponderei. “Ainda por cima, é ela que está desconfiando de mim.” Mudei de posição no sofá, inquieto.

“Ally. Gosto desse nome...” Tentei me distrair para esquecer essas idéias desagradáveis. Estava sendo tão divertida essa adrenalina de correspondência com uma desconhecida, não queria acabar com a brincadeira logo agora que estava descobrindo as primeiras pistas de quem ela é.

 “Mas que droga, como ela consegue ser tão envolvente?!“

Sem me dar conta, perdido em devaneios e suposições adormeci no sofá.

Era um dia incomum em Londres. O sol brilhava em seu show particular, sem nenhuma interferência de nuvens. Fazia um calor agradável, que era suavizado cada vez que o vento fresco soprava.

Eu caminhava apressadamente pelas ruas movimentadas, suor escorrendo pelas minhas costas, mas mesmo assim eu não parava. Uma garota corria à minha frente, se camuflando entre as pessoas que transitavam sem pressa na rua. Ela fugia de mim. Eu não sabia por que ela fugia, nem porque eu corria tão desesperadamente atrás dela. Só sentia uma necessidade urgente de alcançá-la. Cada vez que ela se afastava eu me desesperava, pois só conseguia enxergar seus pés descalços no concreto da calçada. Ela usava uma tornozeleira de prata na perna direita, e essa era a única forma de identificá-la. Eu levantava a vista na tentativa de reconhecê-la, mas tudo que eu enxergava era um grande borrão em seu corpo, eu corria, corria, e gritava para ela parar, mas a garota simplesmente não me ouvia. Por mais que eu tentasse alcançar seu passo, ela sempre me escapava. Fiz um esforço fora do normal para correr mais rápido, até que finalmente,quando eu estava quase tocando seu ombro, senti uma força sobrecomum me puxando para trás, impedindo que eu seguisse adiante...

- Roger, filho, está tudo bem com você? – Minha mãe tocou em meu ombro e acordei em um sobressalto.

- Hã? Cadê ela? – Perguntei ofegante e confuso.

- Cathy? Ela ainda não desceu... está tudo bem entre vocês? – Perguntou sem graça, arriscando um palpite, provavelmente para entender por que eu dormi no sofá da sala.

Demorou alguns segundos para cair a ficha. Espreguicei-me e quando passei a mão sobre a barriga, toquei o envelope com o cartão. Rapidamente escondi-o no cós da calça e sentei-me, procurando algum sinal de Cathy ao meu redor.

- Errr... sim, está tudo bem. Desci para ler um roteiro no escritório, acho que adormeci no sofá. Que horas são?

- Sete e meia. Você vai tomar café?

- Não, obrigado. Vou subir.

Caminhei pelo corredor pisando o mais suave possível para não fazer barulho no assoalho. Abri lentamente a porta do quarto e enfiei minha cabeça sorrateiramente antes de entrar. Dei de cara com Cathy de pé no meio do quarto, já vestida para sair e com um olhar desconfiado, esperando que eu me explicasse.

“Merda!”

- Bom dia, amor. – Cumprimentei sorrindo, na maior cara de pau. Quase congelei com o sorriso frio que ela me devolveu.

- Bom dia. Onde você dormiu?

- Dormi aqui com você! - Respondi inocente.

- E o que o derrubou da cama a essa hora? – Ela se aproximou de mim, me intimidando.

- Err... lembrei que precisava ler um roteiro, então achei melhor descer para ler no escritório. Para não acordar você. Mas parece que não consegui evitar. Desculpa. – Mordi o lábio lançando meu melhor olhar de ‘cachorro pidão’.

- E você aproveitou para levar sua cartinha azul, não é? – Levantou uma sobrancelha me fitando insistentemente.

“Putz, ela não esqueceu!” Fiquei nervoso, precisava fazer ela esquecer dessa carta, senão seria difícil explicar meu flerte com uma desconhecida, que até então, nem eu mesmo entendia.

- Ah, aproveitei para colocá-la junto das outras correspondências lá no escritório. – Comentei desinteressado.

- Sei... Você já tomou café da manhã?

“Yes! Consegui.”

- Não, estava esperando você acordar. – Me aproximei e lhe dei um beijo. – Obrigada por ter vindo, foi a melhor surpresa que eu poderia ter. – Sussurrei em seu ouvido abraçando-a.

(...)

Havíamos combinado de almoçar juntos, mas antes eu precisava acertar com Sarah sobre meu recesso de final de ano. Para minha sorte, ainda estávamos em fase de pré-produção do filme, eu e o restante do elenco estávamos fazendo workshops de introdução ao ambiente de época do filme. As gravações propriamente ditas só iniciariam em janeiro.

Cathy aproveitou o fim das gravações de seu último projeto para vir me visitar e passar o feriado comigo.

Normalmente eu costumava me deslocar na cidade de metrô, dificilmente era abordado por algum desconhecido pedindo autógrafo. Na maioria das vezes eram garotas muito tímidas, constrangidas por estar ‘me incomodando’. Mas aquele tipo de assédio não me incomodava. Minha preocupação era se um simples encontro com uma única fã, de repente se transformasse em um caos, caso outras pessoas me reconhecessem.

Com Cathy aqui, a coisa era diferente. Havia o assédio da mídia, e esses não têm o menor constrangimento muito menos respeito por nossa privacidade. Então eu sempre redobrava o cuidado e pegava o carro de minha mãe emprestado, para garantir a segurança de Cathy e nossa privacidade.

Quando abri a porta de casa para sairmos, o dia estava cinza, porém não chovia. Minha visão foi ofuscada por uma onda de flashes que por alguns segundos me cegou, até que eu focasse no local onde o carro estava estacionado.

Coloquei uma mão no bolso e segurei a chave do carro, já na posição de colocá-la na ignição. Com a outra mão segurei firme a cintura de Cathy, que cobriu a cabeça com o capuz de seu casaco e encolheu-se em meu peito enquanto atravessávamos o mar de paparazzi na porta da casa dos meus pais.

Tranquei a cara, eu estava enfurecido pela abordagem inesperada. Não me importava que me seguissem e me fotografassem na rua, eu até já estava acostumado, por mais que não gostasse. Mas acampar na porta da casa dos meus pais para mim era inaceitável.

“Maldita hora que dei folga para Dave!” Murmurei ao entrar no carro.

- Você está bem baby? – Conferi se estava tudo ok com Cathy, que entrou calada no carro.

- Estou, pode seguir.

Alguns carros nos perseguiram por algumas quadras até que entrei em um estacionamento particular e ficamos lá por alguns minutos para despistar os perseguidores.

Por algum tempo ficamos em silêncio e me perguntei o que teria levado aqueles paparazzi a nos procurar no endereço dos meus pais. Até então eles sempre haviam respeitado esse limite e não publicavam fotografias minhas com minha família, não na casa dos meus pais ou irmãs. Claro que isso tinha um custo, mas proteger a privacidade das pessoas que eu amo e que não estavam envolvidas com o show business valia qualquer investimento.

Ocorreu-me então que o que mais interessava à mídia, mais do que publicar tediosas imagens minhas comprando jornal, o que rendia mais eram fotos minhas com Cathy. “O casal do momento.” Foi aí que matei a charada. Eles seguiram Cathy quando ela saiu do hotel e veio para minha casa. Era a única explicação.

Pelo que eu a conheço, ela não tomou a menor precaução para despistá-los, já que adora receber atenção da mídia. Quanto mais paparazzi na sua cola, mais ela se sente uma super-estrela. Revirei os olhos e perguntei:

- Cat, você tem idéia de por que esses caras estavam de plantão na porta da casa dos meus pais?

Ela encolheu os ombros e respondeu timidamente.

- Não sei... – Desviou o olhar e apertou os lábios.

- A única coisa que consigo imaginar é que eles seguiram você do hotel. – Encarei-a sério.

- É, pode ser. Você quer dizer que a culpa é minha? – Levantou a voz em um tom choroso.

- Não, mas você precisa tomar cuidado quando sai, amor. Você sabe que esses caras são uns parasitas. Não quero minha família exposta, correndo o risco de ter sua intimidade violada. Você sabe que eles não respeitam nada nem ninguém.

- Eu sei... Desculpa, não percebi ninguém me seguindo. Não tive a intenção de prejudicar sua família.

- Tudo bem. Mas prometa que quando for sair, especialmente estando na mesma cidade que eu, você vai levar o Mike com você. Nem que seja até o salão de beleza.

Ela se encolheu novamente e eu percebi que tinha algo errado.

- Eu dei folga para o Mike esses dias.

Exalei impaciente, irritado com sua teimosia, ela sempre desrespeitava nosso acordo de segurança e isso era uma coisa que me tirava do sério.

- Catherine! – Vociferei irritado – você deu folga para o segurança justo quando veio me encontrar? Onde você está com a cabeça? Quantas vezes já conversamos sobre isso?

- Calma gato, desculpa. – Cathy se justificou, mas estava claro pelo tom de sua voz que não estava nem um pouco arrependida. – Eu só queria ter um pouco de paz com você. Afinal quem precisa de segurança quando tem um namorado como você? – Sorriu maliciosa.

- Se isso é uma tentativa de massagear meu ego, você falhou miseravelmente. Não vou mais discutir isso com você, é inútil! –Exclamei tentando manter o controle e não levantar a voz mais ainda.

Liguei a ignição do carro e seguimos para o escritório de Sarah, onde tivemos uma breve reunião, depois almoçamos juntos no SoHo, um dos meus bairros favoritos em Londres.

Depois do almoço liguei para Dave e lhe pedi para escoltar Cathy até o hotel, enquanto eu voltava para casa.

À noite saímos com Jim e Simon para uma apresentação de Mark em um antigo pub onde costumávamos passar nossas noites de sábado, quando tínhamos muito tempo e nenhum dinheiro para gastar. Eu queria ver se conseguia um momento a sós com algum deles para falar sobre a nova correspondência da ‘garota do envelope azul’, quer dizer, de Ally.

O lugar era bem underground, aconchegante, e não muito convidativo. O que para mim era uma coisa positiva, pois os freqüentadores eram sempre antigos fregueses que pouco se importavam quem era o garoto da Trilogia ‘A Profecia dos Deuses’.

Mesmo assim não conseguimos fugir do assédio, em sua maioria por parte de paparazzi. A essa altura, a notícia de que Cathy estava em Londres comigo já devia ter se espalhado pela cidade inteira. Não tendo muita opção do que fazer, simplesmente ignoramos a presença deles, e tentamos nos divertir na medida do possível, atendendo aos pedidos de autógrafos e fotos de alguns poucos fãs que nos reconheceram dentro do estabelecimento.

Procurávamos tirar fotos com fãs separadamente, para não alimentar mais ainda especulações em torno de nossa vida privada, mas nem sempre isso era possível, pois os fãs mais insistentes queriam a todo custo uma foto com “O casal de heróis da Trilogia”.

O show de Mark foi muito bom, me deu uma vontade imensa de subir lá no palco e tocar com ele, como fazíamos antigamente, mas eu não queria roubar a atenção do astro da noite. Chamei Jim para comprar umas cervejas comigo enquanto Simon fazia companhia a Cathy e evitava a aproximação de qualquer pessoa inconveniente.

Nos encostamos no balcão de madeira do bar, nos espremendo entre dezenas de pessoas que gritavam tentando chamar a atenção do bartender. Jim tomou as fichas de minha mão e estendeu o braço, quase esfregando-os na cara do atendente.

Enquanto esperávamos por nossas duas jugs de cerveja escura, sentados nos bancos altos do balcão, introduzi o assunto sobre a carta de Ally. Mas o burburinho do pub estava muito alto para que conseguíssemos manter um diálogo coerente.

- Jim, você não vai acreditar. – Comecei a falar sorrindo timidamente com o canto da boca.

Uma garota com um top colado, evidenciando seu busto farto e bem desenhado, meteu-se entre nós dois para fazer seu pedido. Não consegui evitar de olhar para tanta fartura, mas evitei encará-la, tinha medo de ser reconhecido. Olhei para Jim por trás da garota, ele estava rindo do meu jeito desconcertado. Babaca.

A garota recebeu seu pedido e saiu, permitindo que ficássemos frente a frente novamente. Mas logo em seguida o bartender nos entregou nossas jugs. Dei uma espiada na direção de Cathy. Ela parecia estar conversando com Simon sem prestar atenção no que ele falava. Ela não tirava os olhos do bar.

“Droga, tenho que voltar lá antes que ela venha fazer uma cena aqui.”

- Cara – Falei me aproximando do ouvido de Jim, antes de sairmos do bar – Tenho que te contar uma coisa sobre a garota do envelope azul. – Olhei para seu rosto para checar se ele havia me entendido.

- A garota escreveu de novo? Você descobriu mais alguma coisa? – Perguntou curioso.

- Sim, o nome dela é Ally. Mas não podemos falar sobre isso agora. Cathy já está me monitorando, vamos voltar para nossa mesa.

- Pô cara, quero saber essa história. – Insistiu me dando um tapinha na cabeça.

- Depois te conto os detalhes.

Voltamos para o lado de Cathy e Simon e curtimos o restante do show despreocupados.

Ao final da noite Dave, que esteve a noite inteira por perto, levou Cathy para minha casa no carro que havia alugado e eu voltei no meu carro.

Quando cheguei em casa, Cathy já estava se trocando para dormir. Ela havia bebido tanto quanto eu, mas estava muito bêbada. Fiquei meio decepcionado, pois esperava que esta noite acabasse igual à noite passada, mas antes mesmo que eu tirasse minha roupa, ela jogou-se na cama e mergulhou em um sono ferrado.

Frustrado, fiquei alguns minutos em pé no meio do quarto até decidir o que fazer antes de dormir. Decidi tomar uma ducha, depois comer alguma coisa e só então me deitar.

Desci as escadas um pouco grogue, dando passos suaves para não acordar ninguém na casa. Eu estava virando quase um fantasma da madrugada, toda noite ficava vagando pelo meio da casa antes de dormir.

Parei diante da porta do escritório e lembrei da carta que estava lá guardada, à espera de uma resposta. Não estava tão bêbado a ponto de não conseguir andar ou fazer qualquer outra coisa. Só me sentia leve, então entrei no cômodo e peguei a carta, que estava guardada em uma das gavetas do móvel.

Conectei meu celular à impressora e imprimi a foto com o cartão de Ally na boca, que havia batido na noite anterior. Tratei de deletar a imagem do celular, como uma precaução. Cathy nunca percebeu, mas eu sabia que ela mexia no meu celular de vez em quando.

A foto ficou engraçada. Dá para reconhecer que sou eu, mas não sem esforço. Estava tentando fazer de uma forma que permitisse que ela me reconhecesse, mas sem mostrar explicitamente meu rosto. Acho que funcionou.

Puxei a pesada cadeira de madeira diante da bancada, sentei-me e comecei a redigir minha resposta.     

***


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Notas finais do capítulo

Um PDV do Roger é sempre bom, não acham? Eu adoro, me divirto muito com o modo como ele racionaliza as coisas. E essa Cathy hein? Ela é chata, mas é legal... Hehehe.
Deixem suas opiniões. Façam esta escritora de fanfics feliz!
Próximo capítulo promete emoções hein... aguardem. ;)

Já tenho 13 leitoras, estou surpresa! Infelizmente nem todas comentam. Por favor manifestem-se, será um prazer saber o que pensam da história!

Beijos e obrigada por acompanharem Coração Satélite.