Coração Satélite escrita por Ayelee


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Vocês devem estar se perguntando porque decidi postar este prólogo depois de 16 capítulos publicados. Bem, senti uma necessidade de explicar um pouco o título da história. Este prólogo vai funcionar como uma espécie de fio condutor do enredo. Ao final, ou mesmo antes disso, vocês perceberão os porquês. ;)
E também é um pequeno presentinho de Carnaval, antes do Capítulo 17, que jajá sairá do forno!
Beijos, e lembrem-se: façam uma autora feliz, deixem seu review!



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SATÉLITE – Um corpo, natural ou artificial, em órbita à volta de outro corpo celeste.
PLANETA – É um corpo celeste que gira em volta de uma estrela.
ÓRBITA – Percurso feito por um corpo celeste em volta de outro.


Deverás se comportar como a Lua. Melancolicamente segue sua trajetória em torno do seu Planeta, sabendo exatamente o momento de aparecer e refletir a luz do Sol com todo seu esplendor. E quando deve esconder-se em parte, minguando para, misturar-se às estrelas, formar uma unidade num painel luminoso. Resplandecendo em conjunto como um corpo de balé estático, silenciosamente mantendo um equilíbrio, afastando as tormentas, servindo como guia na escuridão da noite e embelezando o firmamento, mesmo às vezes tendo seu brilho ofuscado pelo Sol.


A luz do dia ficava cada vez mais fraca por trás da cortina de seda branca, quase transparente, de tão fina.


O ambiente como um todo não fazia a menor referência ao tipo de atividade que se exercia ali, exceto por umas esculturas orientais e uma vasta coleção de livros sobre astrologia e filosofia oriental.


Confesso que minha idéia de uma “sala de consulta” de um astrólogo era de algo mais místico, repleto de painéis com tecidos indianos, aquele perfume enjoativo de incenso apoderando-se do espaço, penumbra e uma mulher vestida de cigana, com ares de mistério.


O que encontrei, na verdade, foi uma espécie de escritório, muito bem decorado, minimalista, porém com aspecto refinado, e uma mulher que deveria ter seus trinta anos, com fala mansa e elegância em seus gestos.


Senti-me um pouco mais segura. Mas a sensação logo se desvaneceu, quando a mulher começou a analisar os traços e números no meu mapa astral. Quanto mais Carmem explicava, mais confusos eram meus pensamentos e sentimentos.


Com o olhar fixo nos desenhos sobrepostos na prancheta diante de mim, eu me perguntava se aquilo tudo que acabara de ouvir fazia algum sentido, me questionando se tinha sido uma boa idéia acatar a sugestão de Anita e vir consultar essa astróloga.


Não que eu não acreditasse nessas coisas de astrologia. Meu receio era de que alguma revelação mexesse comigo e me deixasse em um constante estado de apreensão. Se o futuro guardava surpresas desagradáveis para mim, eu preferia não saber.


– Você parece confusa – Carmem sorriu solidária.


– É que não consegui encaixar na minha vida essas metáforas sobre os astros que você acabou de fazer. Não sei como associar essa dinâmica às pessoas, os eventos da minha vida ou mesmo minhas escolhas.


– Mas é assim que as coisas funcionam em nossas vidas. Nem sempre temos o discernimento para perceber quando os grandes fenômenos acontecem e acabamos por interpretá-los mal. Às vezes questionamos por que eles acontecem, mas não procuramos nos adaptar e absorver o que de bom esses fenômenos possam oferecer. No seu mapa está claro. Essa revolução em sua vida já começou a acontecer, desde o segundo semestre do ano passado. Sua vida está determinada a seguir nesta nova direção e será necessário muito esforço da sua parte para fugir desde destino. Caberá somente a você decidir se seguirá adiante, enfrentando os percalços que possam surgir em sua jornada, ou se irá recuar e se contentar com as pequenas oportunidades que uma vida ordinária certamente lhe proporcionará. Os astros apenas indicam as tendências dos acontecimentos futuros, baseados em fatos e em um posicionamento no cosmos que é exclusivo seu. Que foi determinado no dia, hora e local do seu nascimento. Você deverá decidir qual caminho seguir.


Minha cabeça girava. Aquele discurso não fazia o menor sentido para mim. Minha vida já estava muito bem planejada. Eu sabia exatamente o que queria construir para meu futuro, estava trabalhando para alcançar essas conquistas e me orgulhava disso. Será que eu estava me contentando com a tal vida ordinária que Carmem havia sugerido? Que grande acontecimento foi esse do semestre passado? E se foi um grande acontecimento, como não me dei conta disso e deixei passar? E, principalmente, se eu sou como a Lua, que planeta é esse em torno do qual eu supostamente devo orbitar?


Levantei-me delicadamente, despedi-me de Carmem agradecendo por sua paciência e atenção. Mesmo ainda confusa, procurei demonstrar firmeza. Puxei Anita pelo braço e caminhamos corredor afora. Quando saímos do edifício, já havia escurecido.


Olhamos para o céu e lá estava a Lua, solitária em uma noite sem estrelas, com seu brilho pálido nos acompanhando em nosso caminho para casa. Lembrei-me do poema de Manuel Bandeira que diz:

"... Desmetaforizada,
               Desmitificada,
               Despojada do velho segredo de melancolia,
               Não é agora o golfão de cismas,
               O astro dos loucos e dos enamorados.
               Mas tão-somente
               Satélite..."


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Notas finais do capítulo

Eu sei, esse prólogo está meio psicodélico (rs), mas ele é importante para a compreensão da ligação entre os personagens ao longo da história.
Em caso de dúvidas, comentem, responderei todo mundo!
Beijos e bom feriado para todos.
Alê



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