O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 39
Capítulo 39




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P.O.V – Hellena di Fontana

Quando saímos juntas daquele camarim improvisado e mal feito, meu coração pulava do meu peito, que pulava da minha roupa.

O circulo havia sido feito novamente, e o primeiro ato da peça já se desenhava pela praça com delicadeza e compostura. Jesse era um ótimo bailarino.

Fiquei em meu lugar, observando a dança transcorrer ate que fosse minha vez. Procurei Alec por todo o canto, mas não conseguia ver-lo. Respirei fundo fechando os olhos, e consegui sentir o cheiro dele em um canto a direita – obrigada sangue de vampiro.

Alec ao perceber que eu o procurava tirou a mascara e sorriu para mim.

Encerrei nosso contato visual quando a musica mudou. Deu um rodopio antes de entrar no circulo. E então começou a minha troca de olhar com Jesse pelo “palco”.

Por estarmos com o rosto coberto, tínhamos de fazer nossas emoções pelo corpo. Rodávamos em torno de nos mesmos, arqueávamos as costas na direção uma do outro, e contorcíamos as mãos em gestos fluidos. Nossa bale não era o clássico, era mais uma mistura com o contemporâneo. 

Quando nos aproximamos, o príncipe tocou os lábios da mascara, como se estivesse apaixonado por ela, querendo beijar-la.

Ele se aproximou, e como manda o roteiro, eu rodopiei fugindo.

Então, nos aproximamos, dançando juntos, como um só.

A dança de Odile com o príncipe era diferente da de Odette. Odile era uma bruxa, era sensual, quente e atrativa, ela queria enfeitiçar o príncipe a todo custo, e se movia como uma serpente tentando sua refeição.

Odette era delicada como o cisne que era, talvez por isso eu gostasse de dançar mais Odette, e fosse um cisne branco como Blake e Alec diziam, e não um negro como agora. Mas parecia que o negro combinava mais comigo agora.

Jesse me carregava e me jogava de um lado para o outro, eu seguia a coreografia com a perfeição de quem a criou. Eu podia dançar todos os papeis desse bale de olhos fechados, sabia cada ato de co.

Meus pés flutuavam pelo chão, e eu mal sentia quando ficava na ponta deles, acho que era o sangue de Alec em meu sistema. Ele estimulava todo meu corpo, igual a quando Alec me tocava. Eu sentia tudo melhor, fazia tudo melhor, eu me viciava.

O príncipe segurou a cintura de Odile, segurando-a no alto, e rodando devagar. Virou meu corpo, e me desceu com delicadeza. Segurou meu rosto, e proclamou sua fala.

-Eu prometo te amar para sempre! – o juramento foi feito.

Soltei-me de seus braços, e corri para fora. Então apareceu Odette ferida quase morrendo. O quarto e ultimo ato passou devagar e lamurioso, o fim de uma bela historia, que como Titanic, mata nosso mocinho na água.

Todos aplaudiram maravilhados, mulheres choravam, junto com minha professora que secava o canto dos olhos com um lenço de linho.

Fomos para o circulo novamente, segurando as mãos. Fizemos uma reverencia sorrindo para todos – havíamos tirado a mascara. Os cisnes deram um passo a frente, fizeram uma curta coreografia de dois passos, e assim foi.

Os convidados, a rainha, o mago, o príncipe e Odette, e finalmente eu. Não sei por que fiquei por ultimo, mas não me importei de receber um pouco mais de atenção.

Saímos do centro da praça e voltamos para os trailers, todos rindo e cantando, festejando nossa apresentação.

-Todos estavam maravilhosos! – a professora gritava alegre.

Ficamos cerca de meia-hora festejando ali mesmo. Todos se arrumaram, e decidiram se ficariam com a roupa da apresentação ou não. A professora avisou que era para todos estarem ali em cerca de duas horas.

Achei meio perigoso deixar tantos jovens largados ai pelas ruas venezianas em pleno carnaval, mas sou emancipada e não ligo.

-Vamos Hell! – algumas meninas me chamaram, animadas.

-Já estou indo. Vou no camarim e já volto. – fiz um gesto com a mão e entrei no trailer.

Tentei abrir a porta, mas ela estava travada. Forcei um pouco mais e ela cedeu. O espaço apertado cheirava a gel de cabelo e desodorante. Havia roupas de apresentação por todo canto.

Sentei em um banquinho de frente para o espelho, um vaso de rosas vermelhas coloria a mesinha de madeira clara. Um cartão estava entre as flores perfumadas.

Ah, ninguém vai se importar se eu der uma olhadinha.

Peguei o pedacinho de papel retangular. O papel tinha uma estampa brega de flores e cheirava a bom ar. Uma letra rebuscada e bem desenhada se escrevia em poucas palavras.

A estrela da noite,

Entre todas fabulosas noites que teve, essa foi a mais.

Pena que essa estrela se apagara, e

ninguém mais poderá ver sua beleza

Nunca mais.

          Parabéns cisne branco.

Ok. Não eram poucas palavras, mas eram bem assustadoras.

Se referia a mim? Bem, poderia ser a menina que fez Odette, que eu não sabia quem era.

Só Alec e Blake me chamavam de cisne, e ninguém mais sabia. Mas Alec não mandaria uma carta macabra assim, do tipo “vou te matar”.

Eu sempre fui muito medrosa, e nesse instante, fiquei com muito medo.

Contornei meu colar de opala com meus dedos.

Ta legal, hora de ir embora.

Levantei-me rápida e fui em direção a porta. Antes de segurar a maçaneta, senti um cheiro picante e atrativo. Ta! Eu sei! Eu sei que devia ter ido embora agora! Mas como toda mocinha estúpida de filmes de terror, eu segui o cheiro.

Vinha de dentro do armário. Minha mão tremia quando eu girei a maçaneta, e aquela foi à visão mais terrível de toda a minha vida. Uma visão que ficara na minha cabeça pelo resto dela.

Como uma humana, eu deveria ter gritado e vomitado, mas não fiz isso, levei minha mão tapando minha boca tremula.

Nikki estava ali dentro, toda retorcida, como um monte de ferro de um carro depois de uma batida. A cabeça dela pendia em um ângulo estranho, e seus olhos estavam arregalados, um fio de sangue escorria de sua boca.

Alec, ele fizera isso?

Não. Não podia ser ele. Não fora ele que me mandara às flores, nem quem matara Nikki, fora outra pessoa, uma doentia e psicopata.

Fechei a porta do armário com uma batida forte e recuei dois passos.

Virei em um rodopio violento, e vi a pessoa doentia e psicopata parada. Ela sorria maldosamente, com um olhar do tipo “vou te matar como eu matei aquela coisa distorcida”.

-Corin... – minha voz saiu tremula.

-Hellena. – a voz dela saiu divertida.

Aproximou-se, me forçando a andar para trás. Apoiei minhas mãos na mesinha nas minhas costas.

-Foi uma bela apresentação.

-Obrigada. – tentei achar uma brecha para sair, mas ela me barrava.

-Com pressa? Alguém esta te esperando?

-Na-Não... – ela sorria de um jeito lindo. Era mais bonita que qualquer pessoa que já vira. Perigosamente bonita. Sua beleza era do tipo viúva negra, que acasala e depois mata.

-Seria... Alec?

-Não. Nos terminamos.

-Serio? Porque eu achei ter visto vocês dois na floresta. – ela colocou um dedo no queixo, fingindo pensar. – E vocês estavam quase trepando. – sua voz ficou ameaçadora, perdera o tom sensual e divertido.

Eu não sabia o que dizer.

-Escuta aqui, sua vaca. – segurou meu pescoço.

Era estranho ela tentar me xingar usando o termo vaca, já que eu tecnicamente era uma vaca para os vampiros. Tipo hambúrguer para os humanos e... Ah Hellena! Você esta quase morrendo! De uma forma possivelmente bem dolorosa. Porque não para de pensar besteiras?

Ah que droga, eu sou hiperativa, não consigo ficar sem pensar nada.

-A única que pode trepar com Alec sou eu. – sibilou.

Ta. Ela sim é uma vadia tarada.

-Eu-Eu... – engasgava com meu próprio ar, ou com a falta dele.

-Eu poderia matar-la agora mesmo – falava mais para si mesma do que para mim. – Mas acho que podemos brincar um pouco antes.

Começou a me arrastar pelo pescoço.

A ultima coisa que consegui fazer, foi gritar, e olha, eu gritei muito, muito alto.


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