O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate
P.O.V – Alec Volturi
Meus olhos ardiam, já fazia algumas noites que eu não dormia. Quando se é imortal, o sono não é algo que realmente precisemos, mas não chegava a se totalmente dispensável.
Joguei uma água fria no meu rosto, me lembrando de tempos atrás, quando eu fazia a mesma coisa no familiar e seguro castelo Volturi, junto de minha irmã, e todos que eu considerava uma família.
Agora eu estava em uma cidade praticamente desconhecida, sem nenhum integrante do meu clã por perto, e em possível perigo.
Demônios superiores habitavam essa cidade, junto com súcubos, e provavelmente outras criaturas.
Estava mentindo para a única razão de estar no meio do fogo cruzado imortal, e mantinha ela perto de mim na base de invenções e suposições, sem nunca ter dito o que realmente estava acontecendo uma vez em nossa curta historia.
O gabinete cheirava a tinta fresca, e aquele cheiro me lembrava ela.
Dês do dia que Hellena devolvera a vida a aquele pássaro com um toque, tudo mudara e virara de cabeça para baixo.
O sangue dela tinha o cheiro mais extenso e mais único que eu já sentira, e a tentação de bebê-lo estava cada vez maior. Era como se cada sensação e perfume que eu sentira uma vez na minha eternidade, estava guardado dentro dela.
Eu poderia fazer uma grande lista, apenas citando o que eu sentia vir dela.
Esfreguei meus olhos, e pelo reflexo do espelho eu podia ver a alegria humana da data que chegara. O natal.
Realmente não entendia a alegria te todos aqueles humanos apenas por um dia a mais na curta vida deles. Para nos, isso não significava nada, apenas mais um dia na nossa eterna existência.
A campainha tocou, e senti o tão familiar cheiro.
Desci as escadas sem camisa e atendi a porta. Hellena sorriu para mim, e seu coração acelerou ao me ver, o vento invernal soprou em meu peito mas eu não senti nada.
-Alec... – ela suspirou. Segurava um pacote azul nas mãos, uma fita prateada fazia um laço rebuscado, sorri ao ver o presente. Vestia um grosso moletom com calças jeans e botas.
Ao perceber que eu olhara para o pacote, ela sorriu.
-Feliz natal! – falou animada. Olhou-me de cima a baixo. – Não devia atender a porta, seminu. – reclamou.
-Sim senhora. – revirei os olhos. – Feliz natal. Entre.
Adentrou o ambiente limpo, quando se é vampiro, ter a casa bagunçada é algo impossível. Eu havia acendido a lareira, algo que só fazia quando sabia que Hellena viria.
-Também tenho um presente. – fui em minha velocidade normal ate o segundo andar, e voltei em alta velocidade ate ela. Um pacote pequeno, do tamanho da minha mão.
A embalagem era quase que igual, as duas azuis com prata.
Hellena sorriu junto comigo.
-Que coincidência. – segurei seu queixo, mas ela pós um dedo na frente da minha boca. – Os presentes Alec, nos damos os presentes. – estendeu a caixa, me afastando dela com o objeto quadrado e pequeno.
Relutei, mas recebi-a.
-Precisamos mesmo fazer isso? – gemi.
-Tem sorte de eu não obrigá-lo a cortar um pinheiro e trazer para dentro de casa. – sorriu atrevida. Estiquei minha caixa para ela.
-Feliz natal.
Puxamos as fitas quase que ao mesmo tempo, e tiramos o objeto de dentro delas juntos. Sorri ao ver o aro de prata e o lápis-lazúli fixado ali junto obsidianas.
Hellena repetiu meu gesto ao ver o aro de ouro branco cintilar a sua frente. Uma opala em perfeita forma oval cintilava no centro da jóia, pequenos fragmentos de lápis-lazúlis circundavam a pedra que jorrava brilhos multicores por todo canto. Um precioso jogo de cores dançava pela sala.
-Alec... – ela estava com a boca aberta e parecia procurar palavras. – É lindo... Eu-eu não posso aceitar. – devolveu o anel.
-Minha mãe deixou comigo e com Jane, como um dote, digamos. Não posso usar, afinal é feminino, e alem disso é um presente. Assim como seu. – indiquei as pedrinhas pretas na prata.
-O meu não foi tão caro. – balançou a cabeça.
-Quem disse que o meu foi mais?
Olhou-me por baixo dos cílios, aqueles olhos que pareciam me consumir, esquadrinhando cada linha do meu rosto. Esticou os dedos e acariciou meu rosto com suas pontas mornas.
-O que eu fiz para merecer você? – disse baixinho.
Segurei sua mão, e coloquei o anel nele, erguendo-a para podermos visualizar juntos. Apesar de tantos enfeites e cores, ele era extremamente delicado e discreto.
Hellena segurou minha mão, e repetiu meu gesto. Olhamos nossas mãos juntas, cada uma com a marca eterna de cada um de nos.
-Quando eu vi, me lembrei na hora do anel que Stefan tem em Vampire Diaries, e me lembrei de você. – sorriu.
Passei meu dedo pela superfície lisa de seu anel.
-Aceita ser minha pela eternidade? – murmurei beijando suas pálpebras.
-Sim... – sussurrou.
Sorriu e começou a cantar baixinho.
-“Never knew I could feel like this, like I've never seen the sky before, I want to vanish inside your kiss, every day I love you more and more…” – o repicar da sua voz era tão hipnotizante e suave, que me dava a sensação de estar dentro de um sonho.
-Você realmente é viciada em Moulin Rouge não é?
-As primeiras músicas que eu aprendi a cantar foram desse musical...
-Continue... – sussurrei contra seu rosto.
-“Listen to my heart, can you hear it sings? Telling me to give you everything, Seasons may change, winter to spring, but I love you until the
end of time…”
A lareira crepitava jogando calor para todos os lados.
Eu suspirava com o rosto enterrado nos cabelos dela, me deleitando com o prazer da nossa “noite” de amor, e mal sabíamos, que aquela “noite” nem a melhor, nem a mais marcante, foi a nossa ultima.
Estávamos deitados, abraçados embaixo de lençóis, tentando achar calor um no corpo do outro, apesar de que ela só congelaria se dependesse de mim.
-“Come what may, Come what may, I will love you until my dying day. – não cantou, mas sim falou a ultima parte.
-Haja o que houver. – falei. Ela se esticou, descansando a cabeça em meu ombro.
-Alec? – me chamou.
-Hum? – ela se deitou de barriga para baixo, as costas nuas a vista.
-Renesmee existe mesmo? – encostou o queixo no meu peito.
-Sim. – eu já sabia que elas haviam se conhecido há algum tempo, mas não quis delatar Hellena. Deixei-a jogar seus joguinhos de garota ciumenta.
-Você a conhece?
-Somos amigos.
-Serio? – concordei de novo. – A historia contada em Crepúsculo, ela faz quanto tempo?
-Dez anos.
-Nossa. É toda verdade?
-Na maioria, não sabemos como, mas todas as historias de vampiros que lê, tem um fundo de verdade.
-Quer dizer que eu posso ficar grávida?
O silencio se instalou entre nos.
-Sim. – falei constrangido.
-Hã, acho que não quero um filho. – se levantou, sentando.
-Achei que toda humana quisesse ter filhos.
-Não essa. – apontou para si mesma. – Não consigo me imaginar com um bebe nos braços, nem com uma menininha correndo pela casa, uma adolescente tendo o primeiro beijo, uma jovem perdendo a virgindade, uma mulher tendo filhos... Me da arrepios. – se contraiu.
-Você realmente é bem estranha. – puxei ela para perto de mim.
-Eu namoro um vampiro, como minha vida podia ser mais estranha? – riu.
Passou a mão em meu rosto.
-Olha quem agora quer tocar em tudo? – levantei uma sobrancelha.
-Tenho outra coisa para te dar. – puxou a bolsa para perto de nos, e tirou dela um papel enrolado e amarrado com uma fita. Entregou-o a mim.
Puxei a fita e ela se desfez, desenrolei o papel, varias notas musicais estavam bem desenhadas ali.
-Uma musica?
-Eu que compus.
-Não tinha vergonha de mostrar sua arte?
-Eu danço na frente de todo mundo o tempo todo, é ridículo ter vergonha de mostrar o que consigo fazer.
-Estou orgulhoso. – ela riu.
-Seu bobo. – encostou os lábios nos meus.
O relógio na parede da sala badalou, já eram dez horas.
-Temos de ir... Blake esta me esperando. – gemeu. – Com a ceia.
-Tudo bem, eu te deixo lá.
-Nada disso. Você fará a ceia comigo!
-Suas amigas não parecem gostar muito de mim.
-Quenn gostaria.
-Quenn é simpática, ela fingiria gostar de mim.
-Quem sabe Blake finja hoje?
-Não Hell... não me obrigue a isso. – joguei minha cabeça para trás.
Ela bufou.
-Ok senhor solitário. Vou me vestir. – anunciou subindo as escadas.
-Não pode colocar as roupas que veio?
-Não!
Eu ri vestindo a roupa de antes.
Arrumei a bagunça do chão, e me sentei no sofá. Algo se chocou contra a janela da sala. Fui ate ela, e afastei a cortina o suficiente para ver o que havia lá fora. A súcubo estava parada me olhando.
Cerrei os dentes saindo da casa.
-O que foi? – perguntei manso erguendo as mãos.
-Não fez o que eu mandei... – disse ameaçadora.
-Não posso deixar Hellena só, ela precisa de mim.
-É sua ultima chance. Deixe ela em paz.
-Não. – o orgulho pontuou minha voz, e me arrependi de ter dito aquilo.
Os olhos dela entraram em combustão, vermelhos como o sangue. Levou a mão ate o bolso e tirou uma agulha. O liquido dentro do tubo era de uma cor macabra e avermelhada. Odol.
Dei um passo para trás, se tinha algo que podia matar, vampiros, bruxas, demônios inferiores, e não duvido que os superiores, era odol.
Enquanto existe a historia da verbana naquele seriado que Hellena ama, existe o odol para nos. Era como se fosse uma extensa mistura de venenos, e com isso, um veneno mortal para imortais.
Ela própria parecia assustada de estar segurando aquilo.
-O que vai fazer?
-Eliminar meus problemas.
-Não pode simplesmente colocar fogo em mim? – falei audacioso.
-Seria rápido demais, preciso de algo eficiente e discreto. No mundo oculto eu cravaria uma flecha em você, mas aqui, as coisas têm que ser diferentes. – estava colada em mim em menos de um segundo, e a agulha fincou-se no meu pescoço.
Mal tive tempo de me defender, súcubos são tão rápidas quanto nos.
Um gemido abafado escapou dos meus lábios. Meu corpo tombou.
Ela largou todo o liquido dentro das minhas veias, e ai eu soube que estaria morto novamente, mas dessa vez, permanente.
Ouvi Hellena sair de dentro de casa e correr ate mim.
-Você voltou! Mandei que fosse embora.
-Hellena... Vá... Embora... – ofeguei.
-Estou aqui Alec, estou aqui... O que fez com ele?
-Morrera em um dia. – anunciou.
-O que?!
-Mandei ele se afastar de você, não me obedeceu, precisou ser castigado.
-Tire isso dele agora! – Hell gritou.
-Impossível minha querida. – sua voz estava zombeteira. – Ele morrera em um dia, e isso não tem cura. Primeiro ele queimara em febre, e quando seu corpo começar a esfriar, ele morrera.
Hellena ficou na minha frente, me segurando, como na outra vez.
-Se despeça de seu vampirinho, pois o tempo dele começou a acabar.
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