Só Pode Ter Alguma Coisa na água! escrita por Lily_May


Capítulo 6
Capítulo 7 - Um dia muito comprido...


Notas iniciais do capítulo

Gente, muita coisa acontece nesse capítulo, acho que vcs vão gostar. Bjs!



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POV DA BELLA - MÚSICA QUE ELA TÁ OUVINDO (é bom dar uma olhada na coreografia, pq ela faz parte do post)
No dia seguinte, um sábado, estava bastante calor, contrariando o clima praticamente sempre frio de Forks.
Bella colocou um short jeans, uma camiseta de alcinha e uma sapatilha, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo alto, pegou o mp3 e foi para os jardins da escola, ver se achava um lugar meio vazio onde pudesse ficar em paz, sem ser perturbada.
Sentou-se, recostada à uma árvore, fechou os olhos. As músicas iam tocando e ela, imaginando situações em cada uma delas.
Era assim. Era só relaxar, que sua mente voava, criando mil e uma fantasias que só existiam na sua cabeça.
Uma das músicas lhe lembrou o acampamento. Riu, internamente, quando lembrou que ela e Lily, a amiga que fizera naquelas férias e irmã de Robert, haviam inventado uma coreografia, de brincadeira, justo para aquela música.
Num impulso, ela levantou e começou a dançar, refazendo os passos, e cantando junto com Kate Perry.
Os passos, para quem via, pareciam difíceis, mas nem tanto, porque ela fazia facilmente.
Não viu que um rapaz se aproximou do lugar e ficou observando-a, os ombros apoiados em outra árvore.
Bella adorava dançar. Amava abandonar o corpo ao ritmo, liberar a cabeça das preocupações. Isso também acontecia quando ela tocava bateria. Ditar o ritmo era uma coisa que lhe agradava e quando ela pegava nas baquetas se sentia muito bem. Os ouvidos da sua mãe é que sofriam...
Em determinada parte da música, ela lembrou que Lily reclamava muito do último namorado, que ele era muito parecido com o cara do clip, nunca sabia o que queria. Ela comentara com a amiga de um certo cara no colégio dela, que tinha um batalhão de defeitos e ainda achava que era um presente pra todas as mulheres... o Cullen!
"
'Cause you're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in then you're out
You're up then you're down

You're wrong when it's right
It's black and it's white
We fight, we break up
We kiss, we make up"

Deu um giro, os olhos fechados, e quando os abriu... o Cullen tava ali, a encarando.
- O que vc está fazendo aqui? - ela disse, ajeitando a roupa, muito sem graça.
- Oras, o jardim é público, que eu saiba. E vc é que está no meu canto preferido dele. - o rapaz disse, cruzando os braços, ao que ela notou a musculatura forte sob a camiseta branca.
- Mas vc não viu que ele já estava ocupado?
- Faça-me o favor, Swan... Vc é tão pequenininha que não ocupa nem 5% dele... fora que o show estava muito interessante...
- Show, que show? E eu lá sou mulher de ficar dando show pra qualquer paspalho que anda por aí, como vc? - disse ela, chegando bem perto do rosto dele.
Nesse momento, ouviram uma voz.
- Isabella Marie McCarty Swan! Vc pode me explicar o que está fazendo em um canto escondido do jardim com esse indivíduo?
Ah, não! Era só essa que lhe faltava! Além de ter que se indispor com o Cullen, ainda tinha que aturar as neuroses de Emmett.
- Emm... tem dó, por favor!
- Não tenho não! Eu tenho mais é que cuidar de vc. Vc não percebe a malícia que tem nesse mundo. Qualquer um pode querer fazer algo de ruim a vc, querer te seduzir, e outras coisas mais.
- Sei. E eu sou a coitadinha que não sabe se defender. Se eu fosse depender de vc pra me defender ontem, Emmett, eu estava ferrada! Já te disse mil vezes que eu sei me cuidar!
- Ah, mas não sabe não! Vc é muito delicada, e eu sei como os caras gostam de ficar contando vantagens quando, ás vezes, nem fizeram nada com as meninas. Não quero o nome da minha irmãzinha na boca do povo!
- Cansei Emmett. Cansei mesmo de conversar com vc. Eu não sou uma bonequinha de porcelana na qual ninguém pode colocar as mãos sob risco de levar uma surra do irmão ciumento. Pro seu governo, eu fico com quem eu quiser, quando eu quiser!
- Ah, isso é que não fica!
- Ah, é?
Com passos decididos, ela voltou-se para a direção de Edward, puxando-o pelo braço, encostou-o à árvore, subiu nos pés dele, calçados com um tênis caríssimo, para ficar mais alta e, abraçando-o pelo pescoço, colou os lábios nos do rapaz.
O que, de início, fora um gesto de provocação ao irmão, tornou-se uma coisa diferente.
Passada a surpresa, as mãos de Edward foram parar nos quadris dela, acariciando-os. As mãos de Bella se embrenharam nos cabelos dele, movendo-se sem parar.
De repente, ela se deu conta da loucura que estava cometendo. No ouvido do rapaz, ela sussurou.
- Se vc disser pra alguém o que se passou aqui, se eu ouvir um único comentário, pode ter certeza de que eu vou fazer um dar um jeito de esse seu amiguinho aí de baixo não subir nunca mais... e não me subestime... se não for suficiente, ainda posso mandar o Emmett dar um jeito em você!
E foi embora, de cabeça erguida, passando pelo irmão, que olhava de modo ameaçador para o Cullen, que levantou os braços, como quem diz "Eu não tenho culpa de nada. Sou só uma vítima..."

POV DO JASPER

Um pouco distante dali, Jazz estava sentado à beira do lago, jogando pedrinhas na água, observando o quão distantes elas podiam ir.
Estava muito calor, e ele resolveu tirar a camisa, ficando somente com o bermudão que estava vestindo.
Ouviu algumas risadinhas, e seu primeiro instinto foi vestir a camisa novamente, pensando que alguém estava rindo dele.
No entanto, lutou contra isso e virou-se, para ver de onde partira o riso.
Deu com um grupinho de garotas, que ao ver que ele estava olhando, rapidamente desviaram o olhar dele e começaram a conversar entre si.
Notou que a tal menina que estava pensando em convidar pra sair , Christine, se ele lembrava bem, estava entre elas.
Jazz não podia perder uma oportunidade daquelas. Tentando se lembrar exatamente dos gestos que sempre vira Emmett fazer, estampou uma expressão de confiança no rosto, fez que se espreguiçava (pra poder dar uma amostra de como os músculos estavam em forma, devido aos exercícios físicos do futebol), e deitou-se, cruzando os braços atrás da cabeça.
Fechou os olhos e ouviu alguns suspiros e mais algumas risadinhas e comentários de admiração.
Ser notado e desejado era muito bom.
POV ALICE

Encarava o espelho e a imagem lá refletida não era das melhores. Grandes olheiras circundavam os seus olhos. Não fora uma noite boa para Alice.
Depois que conseguiu adormecer, teve uma serie de pesadelos. Um deles foi com o enterro de seus pais.

Flash-back

Os caixões já haviam sido enterrados; e ela chorava copiosamente no colo da avó. Não levantava o rosto para nada, nem para receber os pêsames que os “amigos da família” davam.
Para ela, eles eram um bando de hipócritas. Durante toda a sua vida os ouvira falando mal do seu pai por ter origem humilde, e agora eles diziam que sentiam muito? Era hipocrisia demais... Enquanto pensava nisso, seu choro aumentava ainda mais.
Apesar de achar que todos ali não estavam mais do que representando o papel que a sociedade exigia deles, pôde ouvir uma voz realmente penalizada.
- Meus pêsames, Emily!- um soluço – Eu sinto muito mesmo...
- Todos nós, querida, todos nós....- respondeu a senhora numa voz embargada.
Celine, que ainda soluçava, ficou curiosa sobre a identidade da mulher com quem a sua avó falava. Esperou um momento, na tentativa de se recuperar, antes de virar-se. Quando o fizera, a mulher já saíra de seu campo de visão.
- Quem era, vó?
- Ninguém que você conheça, querida...- dizendo isso, beijou a testa da garota.

Fim do Flash-back

“Até quando essas cenas vão me atormentar?”, pensou a garota antes de rumar para o banheiro. Tomou um banho demorado, numa tentativa de lavar a alma. Arrumou-se e seguiu para o salão principal.
Lá estava Ed, seguindo em direção a saída quando ela o chamou:
- Ed?
- Quê? – perguntou-se virando.
- Aonde você vai?
- Para o jardim. Quer ir comigo?
- Não... Vou ficar por aqui mesmo. Bom passeio.
O rapaz assentiu e saiu, deixando-a sozinha com seus fantasmas novamente. Ela ainda ficou algum tempo no salão comunal, mas um grupo de rapazes começou a encará-la, e ela decidiu voltar para seu quarto. Precisava descansar um pouco mais, mesmo...
Depois de dormir umas duas horas, Alice se sentiu melhor, e resolveu descer. Já era quase hora do almoço, e ela havia descansado bastante, mas afinal, era sábado, não? Ela tinha de aproveitar ao menos um pouco.

POV JAZZ

Jazz ficou uma boa meia hora ali deitado na grama, até que resolveu se levantar. Estava quase na hora do almoço e ele queria tomar um banho.
Passou pelo grupo onde Christine se encontrava e, ao ver a menina sorrir pra ele, sorriu de volta.
Ela ficou meio espantada, mas não desviou o olhar, e alargou o sorriso mais ainda.
Resolveu que iria escrever um bilhete para a garota e mandar alguém entregar. Sei lá, convidá-la para um passeio à noite, na beira do lago, talvez...
Já na hora do almoço, notou que os ânimos estava muito diferentes do que costumavam ser. Emmett estava muito calado, não sabia se era reflexo do que acontecera no dia anterior, ou se algo acontecera durante a manhã.
Bella revirava a comida no prato, sem realmente comer nada, o que era anormal, pois a menina em geral comia muito bem. O que o levava a crer que ela, no mínimo, deveria ter entrado em atrito com o irmão, o que não seria nenhuma novidade, visto os acontecimentos do dia anterior.
Não resistiu e deu uma rápida olhada na direção de Alice. Ela não lhe pareceu bem, mas ele reprimiu sua preocupação, pensando já que teria de se afastar da menina para esquecê-la mais facilmente. O Cullen parecia perdido em pensamentos e, se não fosse muito difícil de se crer, Jazz acharia que ele olhara brevemente para Bella. Já a arrogante irmã dele, comia sem levantar os olhos.
Ele viu um aluno calouro entregar seu recado para Christine, que estava em outra mesa.
A garota abriu o envelope e ficou de queixo caído. Os olhos brilharam de repente, e então ela olhou diretamente para ele, fazendo com a cabeça um sinal de positivo.
No papel estava escrito somente:
"Quer passear comigo na beira do lago? A gente pode se encontrar depois do jantar."

POV ALICE
De seu lugar na mesa, Alice percebeu a cena, incrédula. Será possível que Jasper tenha escrito algo para aquela loira sem sal na outra mesa? Será que...
Podia ser sim. Antes do almoço ela perguntara a ele se podiam, mais tarde, retomar aquelas aulas de História, mas o rapaz dissera que talvez não poderia, ia depender de alguma outra coisa. Ela sentira frieza na voz de Jasper, embora ele continuasse cordial como sempre.
E ela não sabia pq estava realmente tão incomodada com essa "alguma outra coisa" que ele teria pra fazer... principalmente se fosse com a loira.
A jovem nem tentou voltar a comer depois de assistir àquela cena, pois seu estômago estava totalmente embrulhado. Não conseguia parar de se perguntar o que estava acontecendo entre os dois.
Sentiu seu rosto arder um pouco e suas mãos suarem. “Ops... mau sinal! Minha bochecha dever estar muito vermelha... tenho que sair daqui antes que alguém me veja”, pensou, se levantando graciosamente da mesa e seguindo para os jardins.
Ainda era verão e a brisa quente batia delicadamente contra o seu rosto. Em outra situação, ela acharia isso reconfortante, mas naquela hora não. Sentou-se na soleira da porta de uma casinha que havia no terreno. Bella havia lhe dito que antigamente lá morava um guarda-caças, que cuidava da floresta atrás da escola.
Seu coração batia descompassado, fato esse que lhe incomodava, posto que sempre fora muito contida e racional. Era a primeira vez que se sentia assim. Não sabia ao certo o que aquilo significava, mas tinha certeza de que não era nada bom... Tentou afastar de sua mente a cena que vira, no entanto, o máximo que conseguiu foi se afundar ainda mais em lembranças.

Flash-back
Estava em uma sala com os irmãos Swan e Jasper. Jogavam rpg enquanto comiam tortinhas de amora e bebiam vinho. Péssima combinação na opinião da francesa, que sempre ficava meio alta ao misturar docinhos e álcool. Mas fazer o quê, né? Se fora só isso o que conseguiram arranjar...
O jogo definitivamente não estava interessante. A graça estava nas baboseiras que falavam enquanto jogavam. Tinha horas que Alice desejava dar um beijo no gato de Jazz por tê-la atacado; se não fosse por ele, nunca teria conhecido aquele grupinho.
Não que os preferisse a Ed. Na realidade, era muito difícil definir a relação que tinha com esse. Era como já se conhecessem mesmo antes de se encontrarem pela primeira vez. Eram tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo... Era realmente estranho. Sentia pelo garoto algo parecido com o que se sente por um irmão.
Já com os outros tinha relações bem diferentes. Com Bella, era uma amizade muito diferente da que tinha com todos os outros, talvez pelo fato de que ela fosse a sua única amiga. Com Emm, era um relacionamento mais superficial. Conversavam sempre sobre amenidades, riam de piadas, mas nunca muito mais do que isso. A garota até sentia uma certa desconfiança vinda da parte dele, não que ele a demonstrasse abertamente, claro.
Enquanto Jazz era o oposto. Sempre que podiam estavam juntos e falavam sobre quase tudo. Ele sabia de quase toda sua vida, mais até do que Bella. Ela simplesmente se sentia confortável com ele, sabia que poderia confiar nele. Ainda não tivera coragem de contar o motivo que a trouxera ali, mas ele era o único que tinha conhecimento do fato de ela ser órfã. Sempre que os outros falavam sobre os pais, ela desconversava.
Estava em pé falando com Bella, quando ela soltou um comentário sobre o gatinho do Shrek ser fofinho. Alice não agüentou, riu tanto que caiu sentada no sofá ao lado de Jazz.
- Eu também acho! – e começou a beijar a almofada de coração que trouxera da França, descontroladamente. Ela definitivamente estava alta!
Quando parou, percebeu que Jazz a olhava com uma expressão estranha. Ela nunca entendeu o porquê.
- Hey! Acorda!- chamou enquanto apoiava a sua cabeça no ombro esquerdo do rapaz, aninhando-se como um gatinho - Você é um ótimo travesseiro, sabia? - falou, rindo.

Fim do flashback
Quando deu por si, já anoitecera, ela ficara horas ali, e provavelmente perdera o jantar, mas não tinha problema, era só ir à cozinha mais tarde. O céu estava lindo, parecia que tinha sido tingido por vários tons que variavam entre o roxo e o laranja. Estava num degrade espetacular. O sol estava se pondo atrás do lago, dando um toque especial na paisagem.
Alice observava o pôr-do-sol quando viu a figura de Jasper se aproximar da beira do espelho d’água. Primeiramente, ficou incomodada com a presença dele. Não queria vê-lo, pelo contrário, tudo o que queria era tirá-lo de sua mente. Contudo, depois de alguns momentos a observá-lo lá sozinho, resolveu aproximar-se.
Levantou-se, mas, quando ia dar o primeiro passo, paralisou. Não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Aquilo só poderia ser alguma brincadeira muito da sem-graça com ela.
Uma garota loira corria em direção ao seu melhor amigo, a mesma do bilhete. Ela sorria abertamente. Era irritante a sua animação, o modo como mexia nos cabelos, o jeito como tocava de leve na mão de Jazz enquanto falava.
Alice resolveu aproximar-se para ouvir o que eles falavam. Deveria ser algo muito interessante pela quantidade de sorrisos dos dois. Escondeu-se atrás de uma árvore de onde podia ouvir e ver tudo que faziam.
De repente, um silêncio. Rostos se aproximando. Um beijo. Um pedido de namoro por parte dela, um sim pela dele. Então tudo se confundiu na cabeça de Alice, que saiu correndo em direção ao dormitório.
No meio do salão comunal esbarrou com os irmãos Cullen, quase derrubando Edward. Ambos ficaram aturdidos com a ação da jovem, nunca a viram tão descontrolada.
-Ei, Alice! – gritou o jovem quando ela já estava quase em frente a porta do seu dormitório.
-Me deixa, Cullen! – respondeu virando-se para eles com o rosto marcado por lágrimas antes de bater a porta.
- Ai! Quase estourou meu ouvido! Por Deus! Essa sua amiga não tem educação, não, maninho? – perguntou Rose.
- Ela não é assim normalmente, deve ter acontecido algo... Não sei, mas suspeito que seja algo relacionado ou ao Swan ou ao Hale... Rose, faz um favor para mim?
- Claro.
- Vai saber o que está acontecendo... eu não posso entrar lá.
- Eu não acredito, Edward! Você nunca foi de se importar com ninguém, por que isso agora?
- Que isso, ciúmes?- riu de escárnio – Não se preocupe, você vai ser sempre a minha irmã preferida...
- Eu sou a única!
- Não sei... Vamos confirmar com o papai?
- Ai! Está bem, eu vou - dizendo isso subiu, batendo o pé.
Abriu a porta sem nem pedir licença e encontrou a mais velha sentada na cama recostada na cabeceira da cama, chorando descontroladamente. Teve uma sensação estranha. Como se já tivesse visto aquela cena antes. Ficou algum tempo olhando para a outra sem entrar no quarto. Aqueles olhos... ela ainda não conseguia se lembrar de onde os conhecia ... resolveu-se por se aproximar. Sentou na cama, sem por nenhum segundo perder a pose de superior.
- Então, vai falar o que aconteceu?
- Não! – respondeu furiosa – Vai embora você já teve o seu showzinho particular!
- Não estou aqui por você, mas pelo Ed...
- Você ainda não entendeu que eu não quero falar com ninguém, muito menos com você?!
- Eu não vou sair antes de você falar... – falou friamente.
- Então, tá! Eu vou falar... eu vou contar todos os detalhes... – seus olhos mostravam uma raiva enorme - Sabe o Emmett? Então, foi muito bom beija-lo ontem. Tinha um gosto de menta. O hálito era quente, sabe? Não, você não sabe... Esqueci que você não ficou com ele e que, muito provavelmente, com nenhum outro garoto!
Um sonoro tapa foi ouvido seguido uma risada. Rose saiu correndo em direção ao seu próprio quarto. Já Alice desceu as escadas e deu de cara com um Edward não muito feliz.
Ele segurou o seu braço direito com força, fazendo com que a garota fosse obrigada a parar.
- Me solta!
- Não! Você vai me dizer o que aconteceu lá em cima! – exigiu.
- Nada. - disse, limpando uma gotinha de sangue que escorria do canto da sua boca – Nada aconteceu nem vai acontecer.
- Então por que a Rose saiu do seu quarto correndo igual uma maluca e o seu lábio está sangrando?
- Nada demais, só uma pequena desavença... –disse com um sorriso frio.
O rapaz nunca a vira daquela maneira. Seus olhos passavam uma frieza que ele só conseguia ver refletida nos seus próprios. Cadê o sorriso infantil e o bom-humor? Nem parecia a mesma pessoa que conhecera no primeiro dia de aula.
- Swan ou Hale?
- O que têm eles? – perguntou indiferente.
- Quem é o responsável pelo humor ácido?
- O nome dela é Christine...
- Uh... É uma garota!
- Se é que se pode chamar aquele projeto de gente de garota... Ela vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho. Isso você pode apostar.
- O que pretende fazer?
- Primeiro, tornar o namoro dela e do Jasper um inferno...
- Hale... É por ele que você está caídinha, hein? Achava mais provável o Swan... Você definitivamente tem um gosto estranho, Chérie... – recebeu um olhar fulminante da garota.
- Quieto, Cullen...
- O seu plano só tem uma pequena falha...
- Ah é? Qual? – perguntou azeda.
- Desse jeito será vista como a vilã da história... E eu duvido que o Hale, aquele panaca certinho - Alice lhe mandou um olhar mortal, e ele somente deu de ombros - seja muito chegado a garotas malvadas, se é que você me entende?
- Então, o que sugere?
- Sabe? Fora garotas, o meu maior passatempo é irritar esse tipo de gente...
- E?
- Que tal, eu dar em cima da guria? Assim você tem o caminho livre para investir nele. Juntos, conseguiríamos acabar com essa palhaçada rapidinho... O que você me diz? – perguntou estendendo a mão.
- O que eu vou ter de fazer em troca? Eu sei que nada vem de graça...
- Se algum dia eu precisar... Você também vai me ajudar. Entendidos?
-Certamente. Que comece o jogo! – riu-se, apertando a mão de Ed.
POV EMMETT

Ao cair da noite daquele sábado, um rapaz estava deitado em sua cama, sozinho em seu dormitório.
Repensava nos acontecimentos daquele dia, de manhã.
Não entendia por que sua irmã não aceitava que ele cuidasse dela. Ela não entendia sua preocupação.
Tudo bem, até podia ser que ele fosse meio exagerado ás vezes, mas ele tinha de ser assim, bolas!
Ele era homem, e entendia como os garotos pensavam. Ele mesmo, quando mais novo, quantas vezes não contara vantagens para os amigos, gabando-se de ter pego essa ou aquela garota? E aumentado um pouco a história?
Sabia o poço de hormônios que os caras eram. E sabia que existiam garotas E garotas... aquelas que saíam com todos os caras e as outras que eram pra serem levadas à sério.
Não queria ver o nome da irmã incluído na primeira lista. Sabia bem que ela falava mais do que fazia, e, quando fazia, era mais pra provocar a ele. Como naquela manhã, quando agarrara o Cullen na sua frente.
Podia ser mesmo que ela não tivesse nada com ele, visto a surpresa do rapaz, mas não queria vê-la meter os pés pelas mãos.
Cullen... pensar no Cullen levou-o a pensar em outra pessoa com o mesmo sobrenome. Não seu professor. Mas sim, Rosalie.
Meteu a mão no bolso e tirou de lá uma correntinha delicada, de ouro, com um pingente cravejado de diamantes.

Flashback

Era tarde da noite, e ele se esgueirava pelos corredores da escola, para ir ao encontro de uma garota com quem havia marcado, uma daquelas que não serviam pra namorar sério. Foi quando ouviu os passos do inspetor da escola e entrou pela primeira porta que viu. A que dava acesso às escadas para a torre de astronomia.
Foi quando ele ouviu alguns soluços entrecortados. Era o modo de chorar de uma garota.
Se aproximou, silenciosamente, nas sombras, e então viu.
Encolhida no canto, sob os reflexos da lua, Rosalie Cullen chorava, os ombros tremendo a cada novo soluço.
Emmett tinha uma intuição de que ela não gostaria de ser apanhada naquela situação. Afinal... ela sempre fizera questão de parecer tão superior, tão controlada...
De repente, ele a viu levantar os olhos. Sabia que ela o havia visto,mas não reconhecido.
A garota levantou-se e espanou com a mão, a poeira das roupas.
- Quem está aí? - perguntou, a voz saindo tão diferente do habitual.
Ele se surpreendeu ao ouvir a voz de Rosalie, pela primeira vez despida da habitual arrogância. Alguma coisa dentro dele se encheu de ternura pela garota que parecia tão frágil, como que um instinto de proteção.
Ela se aproximou mais, e ele, obedecendo a um impulso que não sabia de onde vinha, a puxou para seus braços, e beijou-a.
No início, ela rejeitou o beijo, como que assustada, sem saber como reagir, mas após alguns instantes, participava dele ativamente.
Nunca sentira, em qualquer outro beijo, aquele gosto. Nem, com alguma outra garota, o batimento cardíaco tão acelerado.
As mãos dele seguraram Rose pela nuca, trazendo-a ainda para mais perto, aprofundando mais o beijo.
De repente, a lembrança de qualquer outra apagou-se da sua mente, inclusive daquela que deveria o estar aguardando ainda.
E isso lhe deu um estalo. Assustou-o o sentimento poderoso que aquele momento instalou dentro dele. Afastou-se dela, e desceu correndo as escadas, sem nem perceber que, nas mãos, ficara a correntinha da garota, que se partira quando ele a soltara, de modo brusco.
Nem fora ao encontro. Deixou a menina esperando e ela ainda deveria estar furiosa com ele, que não dera nem sequer uma explicação.

Fim do Flashback

E agora estava ele ali... deitado na cama, como um idiota, pensando ainda naquele beijo, no gosto daqueles lábios e suspirando como um imbecil...
Merda! Tinha de tirar aquela garota da sua cabeça!
POV EDWARD (mais cedo, nos jardins)

Edward estava estirado sobre a grama macia e bem tratada do jardim da escola, contemplando o céu azul e de poucas nuvens, enquanto saboreava o dia quente que estava fazendo.
Em pensamentos, repassava as palavras da redação que havia feito para o trabalho de Literatura. Poderia até ser um trabalho idiota e que certamente o pai reprovaria. E era isso que incentivava Ed a querer ser o melhor.
Havia escolhido o tema "Esportes", e em sua opinião, feito uma boa descrição sobre jogos de inverno. O professor saberia escolher conscientemente.
Um certo movimento despertou seus reflexos e ele levantou de seu lugar, dando um sorriso ao encontrar o que viu.
Encostou-se em uma árvore e ficou contemplando a cena, um sorriso bobo nos lábios. Estava achando graça de ver Isabella Swan dançando como uma maluca, sozinha, sem se dar conta que estava sendo observada. Mas, além de maluca, não podia negar que era uma visão e tanto. Ela tinha um belo corpo, e se mexia de modo sexy. Talvez não com a intenção de ser sexy, mas pra ele, aqueles movimentos realmente lhe despertavam algo.
Apenas quando, em um passo da dança, ela deu um giro, foi que ela se deu conta dele ali, encostado. Abriu um de seus sorrisos conquistadores.
- O que vc está fazendo aqui - ela disse, muito sem graça.
- Oras, o jardim é público, não é, que eu saiba. E vc é que está no meu canto preferido dele. - ele cruzou os braços, a olhando de cima a baixo.
- Mas vc não viu que ele já estava ocupado?
- Faça-me o favor, Swan... Vc é tão pequenininha que não ocupa nem 5% dele... fora que o show estava muito interessante...
Ele já estava se divertindo com as bochechas coradas dela, e chamá-la de baixinha, ele acabou descobrindo, era realmente engraçado.
- Show, que show? E eu lá sou mulher de ficar dando show pra qualquer paspalho que anda por aí, como vc? - disse ela, chegando bem perto do rosto dele.
Nesse momento, ouviram uma voz.
- Isabella Marie McCarty Swan!
- Vc pode me explicar o que está fazendo em um canto escondido do jardim com esse indivíduo?
Edward olhou por cima do ombro de Bella, encontrando o professor de poções em horas extras de sua irmã.
- Emmett... tem dó, por favor!
- Não tenho não! Eu tenho mais é que cuidar de vc. Vc não percebe a malícia que tem nesse mundo. Qualquer um pode querer fazer algo de ruim a vc, querer te seduzir, e outras coisas mais.
Agora sim estava divertido. Apesar de ter lá seu fundamento, achava engraçado as palavras que o rapaz usava. Entendia a reação dele, também era bastante ciumento com Rose. A diferença entre eles era que Ed não demonstrava isso tão claramente a ponto de ficar dando show todo momento. Por sinal, aquela família parecia gostar de dar show!
- Sei. E eu sou a coitadinha que não sabe se defender. Se eu fosse depender de vc pra me defender ontem, Emmett, eu estava ferrada! Já te disse mil vezes que eu sei me cuidar!
- Ah, mas não sabe não! Vc é muito delicada, e eu sei como os caras gostam de ficar contando vantagens quando, ás vezes, nem fizeram nada com as meninas. Não quero o nome da minha irmã na boca do povo!
- Cansei Emmett. Cansei mesmo de conversar com vc. Eu não sou uma bonequinha de porcelana na qual ninguém pode colocar as mãos sob risco de levar uma surra do irmão ciumento. Pro seu governo, eu fico com quem eu quiser, quando eu quiser!
- Ah, isso é que não fica!
- Ah, é?
Edward estava tão ocupado acompanhando a briga dos irmãos que o que veio em seguida foi uma baita surpresa. Em um segundo, Bella batia boca com seu irmão mais velho, e no segundo seguinte estava pisando em seus pés e lhe beijando os lábios.
Passada a surpresa, as mãos dele deslizaram até os quadris de Bella, acariciando-os com certo respeito que ele não estava acostumado a ter. Se esquecendo por completo da existência do Swan ou de qualquer outra coisa no mundo, ele correspondeu ao doce beijo, sentindo a carícia dos dedos dela em seus cabelos, uma gostosa sensação se espalhando por seu corpo.
O beijo tinha um sabor tão gostoso, tão doce, diferente de qualquer outra garota que havia beijado... (o que não se pode chamar de número humilde).
Tão de repente começou, o beijo chegou ao fim. A boca de Bella escorregou de seus lábios para seu ouvido, onde ela sussurrou:
- Se vc disser pra alguém o que se passou aqui, se eu ouvir um único comentário, pode ter certeza de que eu vou dar um jeito de esse seu amiguinho aí de baixo não subir nunca mais... e não me subestime... se não for suficiente, ainda posso mandar o Emmett dar um jeito em você!
Ele sentiu o peso sobre seus pés diminuir, e logo ela deixava os jardins. Emmett o olhou de modo ameaçador, mas Edward ainda estava tão tonto pelo beijo que só conseguiu levantar as mãos em gesto de rendição, como quem diz "Eu não tenho culpa de nada. Sou só uma vítima..."
Deixando o Swan bufando para trás, tomou o mesmo rumo que Bella, e quando chegou ao saguão de entrada, tomou a direção de seu dormitório.

POV ROSE

Rose se dirigiu até o dormitório de Alice, muito contrariada. Quem se importava se a outra tava triste ou não? Ela com certeza é que não. Garota mais exibida, abusada...
Abriu a porta sem nem pedir licença e viu a mais velha recostada na cabeceira da cama, chorando descontroladamente. Não sabia bem por que, mas parecia que já havia visto aquela cena antes. Olhos de cor incomum, inchados e vermelhos pelas lágrimas.Ficou algum tempo olhando para a outra sem entrar no quarto. Resolveu se aproximar. Sentou na beirada da cama, sem por nenhum segundo perder a pose de superior.
- Então, vai falar o que aconteceu? - disse, sem entonação nenhuma na voz.
- Não! – respondeu Alice, furiosa – Vai embora você já teve o seu showzinho particular!
- Não estou aqui por você, mas pelo Edward...
- Você ainda não entendeu que eu não quero falar com ninguém, muito menos com você?!
- Eu não vou sair antes de você falar... – falou friamente.
- Então, ta! Eu vou falar... eu vou contar todos os detalhes... – seus olhos mostravam uma raiva enorme - Sabe o Swan? Então, foi muito bom beija-lo ontem. Tinha um gosto de menta. O hálito era quente, sabe? Não, você não sabe... Esqueci que você não ficou com ele e que, muito provavelmente, com nenhum outro garoto!
Rose sentiu o sangue ferver, não sabia se fora a menção sobre o Swan ou pelo sarcasmo que a garota usara, tentando se sentir superior à ela, mas quando viu, já tinha metido um tapa com toda a força no rosto de Alice.
A outra soltou um riso debochado, como quem tivesse conseguido seu objetivo. Rose saiu correndo e se enfiou em seu quarto, dando graças por não haver mais ninguém ali naquela hora.
Se jogou na cama e começou a remoer o que a garota lhe falara. Por que havia perdido sua paciência? Ela não era assim, nunca fora... comumente deixaria a pessoa falando sozinha. Dava o desprezo. Era mais chique, a mãe sempre lhe falara isso.
Mas a sensação de desforra fora muito boa. Não suportara a garota se vangloriando de ter beijado o Swan. Não que ela tivesse o mínimo interesse nele... e ainda por cima, fazendo especulações sobre sua vida. Nunca beijara ninguém... até parece! Seria capaz de apostar que o beijo que o rapaz misterioso lhe dera era mil vezes melhor que qualquer beijo que aquela idiota já recebera na vida! Até mesmo que o com "sabor de menta" do imbecil do Swan, o qual ela se vangloriava tanto.
Passada meia hora (na qual ela tirou um leve cochilo e acordou com vontade de mascar um chiclete de hortelã, sabe-se lá por que...) ela saiu do quarto e se dirigiu ao jardim, sentando-se na beira do lago.
Pouco tempo depois, alguém sentou-se a seu lado.
- O que é que deu na sua cabeça pra bater na Alice, Rose?
- Desinfeta, Edward. Não estou a fim de falar com ninguém agora!
- Só saio daqui quando responder. Vc ficou doida?
- Ed, me responde uma coisa... Você é meu irmão ou irmão da Alice?
- Seu, lógico!
- Não está parecendo! A única coisa que vc faz ultimamente é andar com essa garota pra cima e pra baixo. Vc não conversa mais comigo, não me dá mais atenção, a não ser pra brigar e me criticar!
- Isso não é verdade!
- É verdade sim! Vc vive defendendo ela. É Alice pra cá, Alice pra lá! Vc sabia que ela me destratou, gritou comigo e me agrediu verbalmente? Pois é... a "coitadinha" da Alice, de coitadinha não tem nada!
- Vc a provocou de algum modo?
- Eu desisto de falar com vc, Ed... mesmo que eu falasse que não, o que é verdade, vc ainda ia duvidar de mim. Afinal, pra que imaginar que a Rose tem sentimentos, né? Que ela sofre como qualquer pessoa, que se magoa também, que tem mais nela que somente uma garota fútil, interessada somente em si mesma, e em gastar a fortuna da família?
- Rosalie...
- Vai, Edward... vai lá ficar com a sua nova irmã, ou novo caso, sei lá... vai ver que é isso: quando vc levar pra cama, o interesse acaba. Já vi isso acontecer antes, não seria nenhuma novidade. A novidade vai ser ver vc dividindo a mulher com o Swan, e sabe-se lá quantos mais...
E se afastou. Um chocolate e a torre de astronomia seriam uma boa agora... se o carinha misterioso aparecesse... bom, seria um bônus. Maravilhoso...
POV EMMETT

Cansado de ficar no quarto remoendo pensamentos, Emm colocou um agasalho de moletom (daqueles com bolso único onde as mãos se encontram), enchendo o bolso de chocolates com menta, sua atual predileção, e se encaminhou para a sala de astronomia, esperando encontrá-la vazia e com algum colchonete que algum aluno que gostasse de observar as estrelas pudesse ter esquecido ali. Para sua sorte, seu desejo se realizara.
Mal chegou ali, escutou passos na escada de acesso à sala. Espiou, discretamente, e viu que era Rosalie Cullen. Ela não podia saber que ele estava ali!
Num impulso, sem saber bem por que,colocou uma das barrinhas de chocolate na janela.
Se moveu rapidamente e foi para a parte onde havia a mais completa escuridão, levando o colchonete.
Foi a conta de ver Rosalie na penumbra. E de vê-la apanhar o chocolate na janela.
Viu-a olhar para os lados, como se procurasse algo ou alguém. Será que ela marcara encontro com outro cara ali? Sentiu uma irritação incomum, ao pensar nela beijando algum outro rapaz do jeito que o beijara naquele outro dia...
Ela abriu o chocolate e mordeu-o, com uma expressão de prazer tão grande, que foi impossível para Emmett não gemer.
- Tem alguém aí? - ela perguntou, alarmada.
Ele teve o impulso de responder, mas ainda assim, algo o travou. Talvez fosse o rosto dela, o rosto que ela não mostrava aos outros, no dia a dia. Um rosto delicado, sem a máscara de frieza que se habituara a ostentar.
Quem seria, na verdade, Rosalie Cullen? A garota arrogante e intratável ou aquele anjo de luz que ele via agora?
Não entendia como conseguia dar aulas pra ela, enquanto sua mente tinha outros pensamentos que não os componentes das fórmulas. Só por um milagre tudo estava correndo bem...
Obedecendo a um impulso, ao ouvi-la interrogar mais uma vez quem ali estava, ele respondeu:
- Fala de novo, anjo de luz, glorioso no alto desta noite e da minha cabeça. - disse, citando Shakespeare.
- Que homem é você, na noite oculto, que assim penetra em meu segredo?
Emmett ficou pasmo. Rosalie Cullen, a suposta "porta" da Forks, recitava Shakespeare, o mais famoso dramaturgo inglês?!
- Um vulto sem nome, que não pode apresentar-se.
- Era você na outra noite, não era?
- Venha aqui, e perceba por vc mesma...
Ela hesitou. Ele estendeu a mão. Ela não enxergava nada naquela escuridão, mas colocou a mão na dele e se permitiu ser puxada para o breu.
Ele rodeou-a com os braços e, mais uma vez, colou a boca à da garota. E se deixou levar pelas sensações que ela lhe despertava. Diferentes das que tivera com todas as outras garotas com as quais se relacionara no passado.
Dessa vez, não havia resistência da parte dela, Rose se deixava levar completamente, e participava ativamente dos beijos e carícias que eles compartilhavam.
Sentiu que ela tateava seu rosto, seu dorso, como que a procurar algum indício do motivo pelo qual ele não se deixava ver. Alguma cicatriz, defeito, desproporção...
Nunca ela iria adivinhar que era por sem quem ele era que não se revelava. Um Swan com uma Cullen? Nunca! Impossível!
Mas não queria saber daquilo agora. Inclinou-a por sobre o colchonete, passando seu braço por baixo da cabeça dela, convidou-a a ver as estrelas.
Definitivamente, a Rosalie que ele conhecia não era aquela que conhecia a mitologia grega que dava nome às constelações, muito embora não soubesse distinguir uma de outra. Não era aquela garota que conseguia relaxar e rir de alguma besteira que ela mesma falara.
E assim se passaram duas horas, nas quais eles conversaram, riram, se beijaram e esqueceram do mundo.
Um vento forte e frio entrou pela janela. Nuvens negras esconderam a luz da lua, prenunciando uma tempestade. Todo o aposento ficou no breu.
- Nossa, que frio! - disse Rose.
- Coloque o meu casaco. - ao que ele retirou-o e a garota o vestiu, sentindo um cheiro gostoso de perfume com toques amadeirados.
- Vc por acaso ficou com a minha correntinha no outro dia?
- Fiquei sim.
- Será que vc pode me devolver?
- Não.
- Não?
- Vai ficar de refém comigo. Assim eu garanto nossos próximos encontros...
- Quem disse que haverão próximos encontros?
- Vc não quer?
Ela roçou seu nariz no dele, e lhe deu um selinho.
- Claro que eu quero, seu bobo!
Ele olhou no relógio.
- É hora de ir. Daqui a pouco vai ficar difícil voltar ao dormitório sem ser pego.
- Ainda não me disse seu nome. Vc certamente sabe quem sou.
- Chama-me apenas de Romeu.
- Então, para vc, serei Julieta.
- Desce primeiro vc, doce Capuleto, eu irei em seguida.
- Tinha de lhe falar algo, mas agora, esqueci...
- Eu fico aqui até vc lembrar... - disse, começando novamente a recitar Shakespeare.
- Vou esquecer pra vc ficar, só se lembrando do amor de sua presença. - ela entrou na brincadeira.
- E eu vou ficando para que se esqueça, enquanto esqueço todo outro lugar...
E beijou-a novamente.
- Agora vá, senão ficará tarde. Amanhã, às oito da noite, aqui.
- Farei o possível para comparecer, bravo Montéquio!
E ela se foi pelas escadas.
Quando achou que ela estivesse bem longe, ele seguiu o caminho para seu dormitório, murmurando.
- Oh, sou um louco nas mãos do destino! Ainda serei castigado por isso!
Enquanto isso, Rose, com as mãos enfiadas no bolso do moleton, espetou um dos dedos em algum tipo de alfinete. Curiosa, retirou o objeto do bolso e verificou. Era um alfinete de gravata com o símbolo do último ano. Então seu "Romeu" era um veterano do último ano... assim como seu irmão. E era bastante alto, porque o moleton ficava grande nela e sua estatura não era tão baixa. Não devia ser feio também, pois, pelo que ela percebera pelo tato, não havia nenhuma imperfeição naquele rapaz.
"Morra de inveja, Doré! O Romeu é muito melhor, um milhão de vezes melhor que o Swan!"

POV BELLA

Bella caminhava pelos corredores de Hogwarts, sem mesmo prestar atenção por onde andava. O acontecido pela manhã não saía da sua cabeça.
Se amaldiçoava até agora pelo impulso que a levara a beijar o Cullen, somente pra pra afrontar Emmett.
Não conseguia esquecer o gosto daquele maldito beijo, daquela maldita boca!
Tinha sido tão diferente com Robert... com ele, havia tido em primeiro lugar, a empatia, a amizade. Fora uma coisa calma, suave.
Já com o Cullen... seu coração se agitara, o cheiro dele penetrara por suas narinas e se entranhara em suas roupas. Se sentira estranhamente segura, de certo modo e totalmente em perigo de outro.
E não suportava essa confusão em sua cabeça!
De repente se viu no salão principal da escola, onde, aos sábados, geralmente rolava alguma música ambiente e alguns grupos se socializavam.
Enxergou o objeto indesejado de seus pensamentos conversando (ou melhor dizendo, quase se esfregando) com uma garota em um dos cantos.
A menina estava encostada na parede e ele com uma das mãos apoiadas ao lado da cabeça dela, fazendo todas aquelas papagaiadas que ele fazia quando queria engambelar uma garota.
Virou o rosto não querendo ver aquela cena grotesca, e avistou Angela, sua colega de dormitório, que acenou para que ela fosse se sentar com ela e outras meninas.
Ela até se distraiu, rindo, falando sobre os mais variados assuntos, desde, é claro, garotos, até os comentários sobre as roupas de outras garotas.
Naquele momento, o inspetor encarregado da correspondência, entregava pacotes e cartas aos alunos ali presentes. Bella recebeu um pacote, enviado por Robert. Abriu-o logo e viu um cd.
- Nossa, o que será que tem aí, Bella? - perguntou Angela.
Ela abriu a carta que vinha acompanhando e leu:
"Bella... ficar longe de você tá sendo muito difícil pra mim. Sinto falta dos momentos que nós passamos juntos, do seu sorriso, dos seus beijos... Tem um vazio dentro de mim, desde que tomamos rumos diferentes depois das férias. Então, só me resta te fazer uma pergunta: namora comigo? Pensa bem, e depois me dá uma resposta. Ah, fiz uma nova música pra Rooney, e como na minha cabeça só tinha vc... a música é sua. Então, essa apresentação é pra vc, com os cumprimentos do pessoal da banda, que também te manda um abraço... beijos, Rob"

As meninas começaram a soltar gritinhos histéricos, como assim Bella não contara que ficara com o vocalista da Rooney?!
- Ah, nós temos de escutar isso agora! - Ang disse, pegando emprestado o disc man de uma das meninas, colocando o cd sem os fones, de modo que todas ouvissem.

Bella estava passada. O salão inteiro a olhava, alguns com olhares divertidos, outros curiosos e algumas meninas com um certo tipo de inveja no olhar.
Sim, porque apesar de a Rooney não ser uma banda comercial, já era bastante popular entre os jovens.
E qual garota não gostaria de ganhar uma música do próprio Robert Carmine, conhecido também por ter feito par com Anne Hathaway em "O diário da princesa"? Acompanhada de um pedido de namoro então... era o máximo!
Isso era o que lhe diziam suas amigas, todas em polvorosa, ao lhe darem os parabéns.
Ela só queria era escapar dali. Murmurando uma desculpa, saiu correndo do salão, sem nem mesmo reparar no olhar de Edward que a acompanhava.

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