Mudando o Jeito de Viver escrita por Mayara Paes


Capítulo 11
1O - Susto. (Edward)




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Deliciosamente excitante. Essas palavras eram as que mais se destacavam na imensidão ilegível que era meus pensamentos.

Nunca imaginei experimentar algo tão bom, algo tão... Maravilhoso.

Surreal, esplendoroso, magnifico.

Parecia que a qualquer momento eu poderia explodir. Explodir em um milhão de sensações indescritíveis. Minhas emoções e sentimentos estavam em um turbilhão, tudo junto em uma mistura prazerosa e confusa.

Praticamente tudo se fundiu e tornou-se um só, obrigando-me a continuar, á nunca querer parar.

Sentimentos, sensações e emoções. Coisas tão distintas, tão diferentes umas das outras, agora andavam juntas. Pelo menos para mim, naquele exato momento.

Tudo parou. O mundo não mais girava. Nada mais existia, somente eu e ela.

Não sabia ao certo quando havia começado, o que nos levou á isso e quanto tempo havia se passado. Minha mente somente se focava nela. Em nada mais.

Cada terminação nervosa sentia sua presença. Desde suas mãos em meu cabelo, até o leve roçar de seus pés nos meus.

Sua respiração quente e ofegante batia contra meu rosto. Seu hálito inebriava-me. Seus gemidos baixos e controlados, eram como músicas para meus ouvidos, mostrando-me da melhor maneira o quanto gostava, o quanto apreciava aquele momento, tanto quanto eu.

Suas mãos passavam livremente por minhas costas nuas, ora acariciando-a ora arranhando-a, levando-me literalmente á beira da insanidade completa.

Suas ações estimulavam-me. Não mais me controlava.

Meus movimentos trabalhavam por si só, tentando suprimir minhas próprias necessidades. Sem pudor, acariciava cada parte de seu belo corpo. Observando cada suspiro, cada gemido, cada reação sua.

Não podia nem queria parar.

Mesmo que isso me causasse sérias consequências mais tarde.

Tinha plena consciência que me arrependeria amargamente depois. Que essas ações impensadas poderiam afetar drasticamente meu relacionamento e convívio com Bell. Nunca fui uma pessoa impulsiva. Nunca agi assim com nenhuma das minhas namoradas. Nunca me deixei levar pelo momento. Nunca disse algo impensado, nunca agi antes de medir cada movimento. Mas nem esses pensamentos, que me mostravam o quanto era errado, faziam-me parar. Não quando meu corpo e mente estavam em completo abandono, não quando sua presença me afetava daquela maneira tão... drástica.

Como finalizar quando tudo se tornou tão prazeroso?

Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga.Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga. Droga.

Alguém tinha que me impedir de ir adiante!

Mas eu não queria ser impedido! De forma alguma.

Chutei-me mentalmente por meu conflito interno.

Desde que conheci Bell eu estava estranho. Eu me sentia diferente. Ainda não sabia ao certo o que era e isso estava começando a me frustrar como nada antes.

Em meu peito algo borbulhava, algo se expandia, algo crescia, se tornando forte, resistente, intenso. Não conseguia identificar. Nunca havia sentido isso por ninguém.

Como explicar o que eu sentia? Simplesmente não sabia, muito menos conseguia.

Eram muitos sentimentos em um só momento.

Ainda extremamente confuso, conseguia identificar alguns:

Prazer. Afeto. Paixão. Amizade. Carinho. Amor?

Era alguma espécie de amor? Um amor mais forte, mais intenso. Nada amigável.

O QUE É ISSO? PELO AMOR DE DEUS, ALGUÉM ME RESPONDE!

Ao mesmo tempo em que esse sentimento desconhecido crescia. O medo de perdê-la era tão grande, que chegava á ser quase palpável. Só em pensar nessa hipótese, sentia um arrepio na espinha. A ideia de um mundo sem ela era totalmente dolorosa. Ainda podia sentir os efeitos desastrosos que o terrível pesadelo teve sobre mim. Sobre minha mente, sobre meu corpo e principalmente, sobre minhas

A dor, a angústia e a saudade, se tornaram insuportáveis. Nada se compara ao que senti. Mesmo tendo plena consciência de que era somente o resultado de minha imaginação fértil, não conseguia refrear minhas reações.

Não pude controlar o alivio e as lagrimas de escorrerem quando á vi.

Sentia-me um completo tolo por ter chorado em sua frente. Mas não me arrependia. Naquele momento nada importava, nada me impedia de correr e abraça-la fortemente. Senti-la protegida em torno de meus braços. Absolutamente nada.

Mas algo ainda não mudará em mim. E isso me intrigava.

O pressentimento ruim ainda se fazia presente em minha memoria. Como se eu tivesse perdendo algo crucial, algo extremamente importante.

Nunca iria abandona-la, não queria perde-la.

São essas vontades que praticamente me obrigam a tentar descobrir esse “Algo importante” se é que ele existe.

Faria qualquer coisa por ela, se preciso, viveria por ela, somente ela!

Exagero da minha parte? Acho que não! Ela se tornou uma figura essencial em minha vida.

A mais importante! Posso afirmar sem receio.

Fico me perguntando, porque ela se tornou tão indispensável para mim? Essa resposta eu não tinha, eu só sentia.

Uma pessoa que faria muita falta!

Eu sei, tão pouco tempo de convívio para ela ter tanto poder sobre mim, mas quem disse que eu conseguia evitar?

Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la. Nunca perdê-la.

Esse era o fator mais importante.

Droga, porque estou tendo esses pensamentos de abandono? Acho que o sonho me afetou tanto que fiquei paranoico!

A situação estava tão fora de controle, que antes que pudesse me refrear, a garantia de nosso convívio diário escapou por meus lábios:

–Bell! – chamei-a por entre beijos calorosos.

–Hum?

–Promete o que aconteceu aqui não afetará nosso relacionamento? – perguntei cessando as caricias e olhando-a intensamente nos olhos.

Essa retribuiu com a mesma intensidade, abrindo um sorriso deslumbrante.

Mas antes que ela pudesse responder-me, ouvimos passos descendo as escadas e uma voz levemente rouca pelo sono quebrou o silêncio.

–Bell? – chamou Alice. – Bell, você está aí?

Abruptamente nos afastamos. Cada um para um lado da cozinha. Bell ficou tão nervosa, que acabou derrubando os copos que estavam sobre o balcão, fazendo um pequeno estrondo oco.

–Aí, droga! – resmungou recolhendo rapidamente os objetos espalhados. Peguei dois e com uma velocidade quase inacreditável enchi-os de água.

–Tome, finja que está bebendo! – sugeri sentando-me em um dos bancos. – Alice é bastante perceptível. – sussurrei.

Essa optou por ficar de pé, encostada na pia bebericando a água. Tentando inutilmente parecer calma e indiferente, mas era totalmente notório seu nervosismo.

As luzes se acenderam. Demorei um pouco para me acostumar com a claridade do local.

–Ah, aí está você! – disse adentrando a cozinha e surpreendendo-se a me ver ali. – Edward? O que faz aqui?

–Bebendo água?! – respondi ironicamente.

–Continua sarcástico! Vou parar de perguntar as coisas para você! Sua ironia cansa sabia? – dizia indignada.

–Desculpe, mas você faz perguntas tão obvias que eu não resisto! – comentei risonho.

Grunhiu enfurecida.

–Já sabem que horas são? Praticamente cinco da manhã e vocês aqui, fazendo só Deus sabe o quê! – sussurrava indignada. – Depois não conseguiram ficar acordados para a programação de amanhã, que alias, já é hoje!

–Desculpe Allie, me distrai com o Edward... digo, me esqueci da hora conversando com o Edward! – justificou Bell sorrindo amarelo.

–Espere um pouco! Que programação de hoje? – perguntei. – Pensei que seriam somente as garotas e não eu junto com vocês.

–Não se preocupe irmãozinho querido! – murmurou. – Não será somente você, Jasper e Emmett também viram.

–E posso saber para onde?

–Na hora você saberá! – finalizou. – Vamos Bell, ainda podemos dormir mais um pouco!

–Tudo bem. – concordou indo em direção á Alice. – Boa noite Edward... digo, bom dia? Ah, durma bem! – disse frustrada.

Estava preparado para desejar lhe um bom sono, quando vi Alice arregalar os olhos e soltar um gritinho irritantemente fino.

–Será que você poderia parar de gritar, ainda existe pessoas dormindo! – reclamei.

–Meu Deus, o que são essas machas vermelhas no seu pescoço Bell? – perguntou assustada.

–Que manchas? – perguntou confusa.

Não havia percebido antes, mas havia vários hematomas vermelhos e outros quase roxos por todo o pescoço de Bell.

Acho que sem querer deixei algumas marcas.

Bell olhou-se no reflexo da porta de vidro e imediatamente seus olhos arregalaram-se, pareciam prestes a saltar.

Droga, acho que mordi forte demais!

–Isso? Hã... Isso foi... um bicho que me mordeu! – seus olhos dispararam para minha direção.

Segurei o riso.

Ela estava insinuando que eu era algum tipo de animal?

–Nossa, esse bicho fez um estrago! Está ficando roxo! – comentou Alice analisando as manchas. – Não sentiu ele te mordendo não? Pareceu doloroso!

Controlei a gargalhada.

–Senti, mas não foi doloroso não. – respondeu olhando-me. Sua face ruborizou levemente. – Que dizer... Não tinha percebido antes. Está muito evidente?

–Está, mas não se preocupe. Não há nada que uma boa maquiagem não cubra. – tranqüilizou-a sorrindo.

Percebi que Bell estava bastante constrangida.

–Bom vamos dormir. – finalizou Alice olhando-nos. – E você também Edward, já para a cama!

–Ok, mamãe! – adoro provoca-la.

Bufou e saiu da cozinha puxando uma Bell risonha consigo.

Guardei os copos e quando estava prestes a subir para meu quarto, vejo Bell correndo na minha direção.

–Já estava me esquecendo. – sussurrou segurando-me pelos ombros. - Eu prometo! – deu-me um leve beijo, sorriu dando uma piscadela e novamente correu, impedido que qualquer reação de minha parte fosse imposta.

Sorri, desnorteadamente deslumbrado.

Totalmente perfeita!

X-X

Enroscado em meio às cobertas, via os raios solares entrarem pela janela, ultrapassando as grossas cortinas.

Resmungando pela claridade excessiva em meus olhos, cobri o rosto com um travesseiro achando cedo demais para acordar.

Já se passava das cinco e meia da manhã quando finalmente consegui engrenar em um sono profundo. Ultimamente a ultima coisa que venho fazendo é dormir. A muito não tenho uma boa noite de sono, sem despertar no meio da madrugada com os mesmos pensamentos rodando minha mente.

Droga, quando isso vai acabar?

Bufei irritado, sentindo meu corpo cansado e minhas pálpebras pesarem.

Deixei o sono me levar diretamente para á tão desejada inconsciência.

Estava parcialmente adormecido, quando ouço a porta fazer um pequeno click e logo depois escuto passos batendo sobre a madeira.

Que seja um sonho! Que seja um sonho! Que seja um sonho!

Ouvi um riso abafado.

–Pelo visto, ela também deixou sua marca! – comentou sussurrando.

Dormir o dia inteiro é pedir demais? Quando vão me deixar em paz?

–O que você quer Alice? – resmunguei ainda de olhos fechados.

–Desculpe, não era minha intenção te acordar assim! – desculpou-se.

Suspirei sentando, desistindo de tentar dormir. Sabia que não conseguiria ter tranqüilidade.

–Tudo bem, já desistir de tentar descansar. Nunca consigo dormir mesmo. – dei de ombros coçando os olhos.

–Ainda está com problemas para dormir? – perguntou sentando-se ao meu lado.

–Sim. Pensei que fosse o nervosismo da apresentação, mas vejo que estava enganado. – murmurei. – Nada me aquieta, estou começando a considerar a ideia de tomar calmantes.

–Fale com o papai, talvez ele te receite algum remédio. – sugeriu.

–É, vou falar com ele ainda hoje. Estou ficando disperso demais e isso vai acabar prejudicando meu desenvolvimento escolar.

–Faça isso. – concordou. - Mas se não foi à ansiedade para a apresentação, o que está causando isso? – perguntou confusa.

–Não sei, talvez sejam alguns pensamentos desvairados que estão me atormentando. Estou bastante perturbado ultimamente. – expliquei indo para o banheiro.

Fechei a porta, resolvendo tomar um banho.

–Que pensamentos? – perguntou com a voz abafada pelas paredes.

Retirei minhas roupas e entrei no chuveiro. Tremi quando a água gelada escorreu por meu corpo, retirando momentaneamente o cansaço que sentia, despertando-me por completo.

Minhas costas ardiam levemente.

–Na noite de sexta, tive um pesadelo que me marcou. Sonhei que Bell havia morrido. – revelei ensaboando-me.

Silêncio.

Esperei mais alguns minutos, esperando obter alguma resposta de Alice, mas essa continuava calada. Acho que ela saiu do quarto.

Franzi o ceio.

Geralmente Alice não interrompia uma conversa sem saber toda historia.

–Alice, ainda está aí? – perguntei duvidoso.

Alguns minutos depois:

–Sim... Quer dizer... Estou aqui sim! – respondeu. Sua voz demonstrava um pouco de confusão e surpresa.

–Ficou tão quieta que pensei que havia saído do quarto. Você nunca deixa uma historia pela metade. – ri.

–Continue.

–Como eu estava dizendo: Acordei totalmente desesperado, parecia tão real que eu sentia a dor, sentia que era verdade. Meu peito se apertava de angustia. A saudade era forte, tudo ficou insuportável. – Tremi não pela água gelada, mas sim pelas lembranças atordoantes.

–Você sabe do que ela mor-re-u? – gaguejou.

–Não, eu só corria chorando pelo cemitério encharcado procurando o túmulo dela.

–Tú-m-ulo? – gaguejou novamente.

–Sim. Alice você está bem? Está gaguejando demais. Está acontecendo algo que eu não saiba? – perguntei diante das reações dela.

–NÃO... não está acontecendo nada. Só estou um pouco... surpresa, só isso, não se preocupe. – dizia rapidamente.

Ela está esquisita!

Desconfiado, enxaguei-me lavando meus cabelos.

–Lembro-me de tudo, cada detalhe, cada palavra, cada pensamento e isso me assusta.

–Diga-me o que pensou. Exatamente seu ultimo pensamento, por favor. – pediu um tanto desesperada.

Suspirei em meio á lembranças desagradáveis.

–”Morta. Era assim que a mulher da minha vida estava e assim que eu me encontrava. Morto”. – repeti sentindo minha garganta arder. – Estranho não?

Enrolei-me em uma toalha e sai secando meu cabelo.

Alice estava totalmente paralisada na cama de olhos marejados e esbugalhados. Sua boca em um perfeito “o”.

–Hei, por que está com essa cara? –perguntei. – Alice, estou falando com você!

Sobressaltou-se dando um leve pulo.

Fungou.

–Sim, muito estranho. - concordou com a voz embargada.

O que estava acontecendo?

–Você está me escondendo algo, tenho certeza.

–Eu não estou escondendo nada de ninguém. Você está imaginando coisas. – desconversou olhando para os lados. Ela sabia que seus olhos sempre lhe entregavam.

–Não tente me enganar. – ordenei cansado de enigmas. Já estava cheio deles.

–Já disse, não estou escondendo nada. - defendeu-se.

–Te conheço á dezessete anos pintora de roda pé, sei quando está mentindo, mas tudo bem, se você não quer dizer, ok, não vou insistir. – fingi indiferença.

Suspirou levantando-se.

–Se acalme, logo você saberá. – disse me deixando cada vez mais desconfiado. – Pode ser doloroso, mas você superará.

Franzi o ceio confuso.

O que será doloroso? ARRG! Estou farto de perguntas sem respostas.

Pôs uma das mãos em minhas costas.

–Aiiiii! – reclamei de dor. – Não toque em minhas costas, estão ardendo.

Sorriu.

–Esqueci-me de seus aranhões. – gargalhou.

Aranhões?

Olhei no espelho e vi: Inúmeros arranhões vermelhos espalhados por minhas costas.

Pelo visto, não fui o único a marcar território.

Controlei o riso.

–Devo ter me machucado em algum lugar. Não sei onde. – menti dando de ombros.

–Ah, vocês pensam que sou idiota ou o quê? – indignou-se. – Sei que você e Bell estavam aos beijos na cozinha.

Abri a boca para discordar, mas fui impedido.

–Não tente negar, descobri no momento que entrei no lugar. Bell estava nervosa demais, você estava com os cabelos bagunçados e com lábios vermelhos e inchados. – explicou cruzando os braços.

Sorriu maliciosamente.

–Você é bastante perceptível, tenho que concordar. Mas porque não fez nenhum tipo de comentário? Sei que você não dispensa uma piadinha.

–Não fiz por você, fiz pela Bell. Ela estava bastante envergonhada, então resolvi poupar mais constrangimentos. – deu de ombros sorrindo.

–Tudo bem, mas não conte á ninguém sobre isso. – sentei-me na cama ainda secando os cabelos. – Bell já está desconfortável o bastante, não quero brincadeiras inconvenientes referentes á ela. – encarei-a seriamente.

–Prometo, fique tranqüilo. – garantiu. – Então, como foi? – perguntou sorrindo.

–Como foi o quê?

– Como assim o quê? O beijo? Estou perguntando o que sentiu beijando-a? – perguntou pulando á minha frente de tão empolgada.

Parecia uma pulga saltitante! Obvio que não comentei isso em voz alta, a não ser que eu queira levar um belo tabefe na cara. E posso afirmar, ela tem uma mão bem pesada!

–Hum... Foi bom! – comentei simplesmente, sentindo-me um pouco encabulado com o assunto.

–Edward! – repreendeu cruzando os braços.

–Tudo bem, tudo bem, foi maravilhoso. – sorri deitando na cama. – Nunca experimentei algo assim, tão... Não tenho nem palavras para descrever.

–Oh Meu Deus! Olhe isso! É perfeito! – dizia sorridente.

Pulou deitando-se ao meu lado. Olhou-me de cima.

–Então, como se sente? – perguntou olhando em meus olhos.

–Ainda não sei, essa é uma das inúmeras coisas que estou bastante confuso. Meus próprios sentimentos. – suspirei desgostoso.

–Homem é muito burro mesmo. Como está confuso sobre algo que está escrito em negrito na sua testa? – perguntou perplexa.

–O que está escrito em negrito? Porque caso você não saiba, eu não consigo enxergar minha testa! – disse sarcástico.

Bufou rolando os olhos.

–Olhe-se no espelho e verá que está bastante evidente. – sugeriu mostrando-me um pequeno espelho de bolso.

Nele refletiu um homem com aparência cansada, mais seus olhos brilhavam intensamente e um sorriso feliz se abria.

–O que está querendo dizer? – questionei.

–Está vendo algo diferente em si? – indagou-me. – Os olhos? O sorriso? As expressões?

Afirmei.

Tudo estava diferente, não me reconhecia mais, era praticamente outra pessoa.

–O que está acontecendo comigo?

–Só você e ela ainda não tinham percebido. – disse sorrindo. – Bell mudou tudo em você Edward, só você não consegue enxergar isso.

Olhando a pessoa refletida, de repente tudo se formou, tudo se encaixou perfeitamente. Realmente estava escrito em negrito, praticamente em neon em minha testa. Meu coração gritava e meus olhos transmitiam isso.

O alivio estalou-se em mim. Era totalmente evidente. Tudo estava terrivelmente claro agora. Como não percebi isso antes? Era obvio.

–Apaixonado! Eu a amo! – sentei-me alarmado. – Estou perdidamente apaixonado por Isabella Swan!

Alice sorria afirmando.

–Acredita em amor á primeira vista? – perguntou abraçando-me. – Pois crendo ou não, você e Bell foram as mais novas vitimas. Apaixonaram-se assim que se viram.

Desde o primeiro dia ela não saiu de meus pensamentos e parecia que estava fadada á continuar não só neles, mas em meu coração também.

X-X

Eu te amo.

Três singelas palavras, mas que significam muito. Palavras de extrema importância.

Quando essas são direcionadas á alguém, tudo muda. Nada é como antes. O mundo não é mais o mesmo. Você começa á enxerga-lo de modo diferente, um modo mais feliz, um mundo mais completo.

Defendo pessoas que amam verdadeiramente.

O amor é o sentimento mais nobre que existe. Nada se compara á ele.

Posso até estar sendo antiquado, mas sempre fui aquele tipo de homem atencioso, romântico. Importava-me com os sentimentos das pessoas. Fazia absolutamente tudo para não magoar ninguém.

Quando ficava ou namorava alguma menina, mostrava á elas minhas reais intenções. Sempre foi sincero, nunca ás enganava.

Mas ouve uma que me marcou, ou melhor, suas palavras me marcaram.

Eu tinha quinze anos. Ela foi minha segunda namorada do colegial. Seu nome era Melanie Mackie. Mel, como eu costumava chama-la. Era uma menina linda. Longos cabelos castanhos e olhos azuis, duas piscinas brilhantes. Ficamos juntos cerca de três meses até que percebi que meus sentimentos não eram realmente verdadeiros. Resolvi terminar nosso namoro, pois Mel se mostrava bastante apegada á mim e eu era incapaz de retribuir com total avidez. Tentei explicá-la o motivo, dizendo que eu não estava sendo honesto com ela. Ela ficou magoada, no entanto, entendeu minha situação, mas antes de partir, disse-me uma única frase que ficou gravada em minha memoria.

Até mesmo a sinceridade é capaz de machucar, mas é melhor ser magoada com a pior verdade do que ser iludida com a melhor mentira!”

Tive essas palavras como meu melhor conselho. Sigo-a até hoje.

Nunca pronunciei “eu te amo” sem realmente amar. Elas são valiosas demais para serem ditas em vão. Nunca achei certo dedica-las para nenhuma menina, a não ser Alice e minha mãe, obviamente.

Mas agora a situação era diferente.

Parecia necessário dize-las á ela. Sentia-me obrigado á pronuncia-las, pois não seria honesto, não seria verdadeiro comigo mesmo.

Nossa, quando comecei a ficar tão sentimental?

Acho que o amor muda realmente as pessoas.

Sorri com esse pensamento.

–Edward? Querido, que cara é essa? – fui retirado de meus devaneios pela única mulher presente na mesa do café da manhã. Esme, minha mãe.

–Hã? Oi mãe! Desculpe, o que disse?

–Perguntei por que está com essa cara de bobo? – perguntou risonha.

–Cara de bobo não, só estou feliz! – respondi sorrindo.

–Hum... E posso saber o motivo de tanta felicidade?

–Descobri algo muito importante, a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo!- revelei.

–Oh, o que é?

–Estou amando mamãe, amando a menina mais linda e perfeita do mundo!

–EU SABIA EDWARD, EU SABIA! Intuição de mãe não falha! – disse levantando-se de sua cadeira e abraçando-me pelos ombros.

Ri de sua empolgação.

–Então, posso saber quem é? – quis saber.

–Você á conhece, ela... – fui interrompido.

–Já sei! – disse. – É a Bell.

–Hei, como a senhora sabe? – indaguei confuso.

–Já disse que mãe sabe de todas as coisas.

–Também, como não saber quando está tão evidente! – intrometeu-se Alice adentrando a cozinha. – Acho que até o Emmett já percebeu.

–Deus queira que não! Emmett não é discreto, na certa sairia pela cidade com um megafone. – reclamei.

–Hei, não fale assim do meu amor! – interferiu Rosalie sentando-se á minha frente.

–Amor? – questionei com a sobrancelha arqueada.

–Rose e Emmett são praticamente namorados. – explicou Alice bebericando seu suco.

–Nossa, quanta rapidez! Ontem mesmo vocês estavam brigando!

–Nunca ouviu falar que briga de amor não machuca! – defendeu-se.

–Não seria tapa de amor não dói? – questionei segurando o riso.

–Ah, é a mesma coisa!

–Não é não! Você só modificou um ditado popular, nada muito original.

–É totalmente original, acabei de inventar. – retrucou Rose.

–Sei, tão original quanto seu cabelo!

Quase que imediatamente arrependi-me de ter dito aquelas palavras, pois Rosalie olhava-me mortalmente e estava prestes á levantar da cadeira.

–Repita o que disse. – desafiou soltando fogo pelas ventas.

–Calma Rosinha, só foi uma brincadeira. – defendi-me levantando as mãos em rendição.

–Acho muito bom! – disse mastigando uma torrada com brutalidade.

Engoli seco.

Alice gargalhava e minha mãe prendia o riso.

–Está rindo de quê gnomo? Está vendo algum palhaço aqui?

–Sim, você! – provocou risonha.

Antes que eu pudesse dar lhe uma resposta á altura, fiquei totalmente paralisado observando a pessoa mais esplendida do mundo adentrar á cozinha com um belo sorriso.

–Bom dia! – cumprimentou levemente rubra.

–Oh, bom dia querida, venha, sente-se conosco e tome seu café da manhã. – pediu Esme.

Bell assentiu e sentou-se ao meu lado. Não conseguia desviar o olhar.

–Edward, cuidado, sua saliva vai manchar a mesa. – sussurrou Alice zombeteira.

Balancei a cabeça tentando clareá-la.

PUTZ, acho que estou começando á ficar louco!

Pigarreei baixo, voltando a tomar meu dejejum.

Podia senti-la perto, muito perto para minha própria sanidade. Droga, isso não é nada bom!

X-X

–Então está combinado, o aniversário de Edward será comemorado no sábado que vem. – concluiu Esme escrevendo em um bloco de notas.

Praticamente estávamos á meia-hora conversando sobre minha festa de aniversário. Ainda sentados diante á mesa do café, minha mãe, Alice, Rosalie e até Bell discutiam alguns detalhes.

O que eu fazia? Somente observava tudo entediado.

–Ainda hoje temos que ligar para agendar a comida, á decoração, á música, as bebidas. Ah, temos que contratar alguns barmens para preparar os drinks. Garçons, iluminação. Temos que preparar a lista de convidados, mas isso eu mesmo faço. Mandar preparar os convites na gráfica. Alugar mesas e tem que ser em madeira branca para combinar com a casa. Bom, acho que... Ah, falta à pista de dança. Temos que contratar um Dj. – tagarelava Alice. – Anotou tudo mãe?

–Está tudo anotado. – confirmou. - Tenho alguns telefones de Buffet no escritório. Conheço uma decoradora excelente que pode organizar os enfeites. As mesas já estão incluídas, á pista de dança também. As bebidas ficam por conta do próprio Buffet, acho que eles arrumam um cinco barmens, será o suficiente. O Dj e os garçons estão á parte. Amanhã mesmo vou á Port Angeles para agendar. – Esme correu ao escritório e pegou uma enorme agenda. – Aqui está o número para a decoração. Vou ligar agora mesmo.

Discou o número e rapidamente foi atendida.

–Oi Clarisse, aqui é a Esme! – sorriu. – Tudo bem sim e com você? Bom, preciso muito de sua ajuda e...

Enquanto minha mãe acertava tudo ao telefone, Alice, Rosalie e Bell, anotavam coisas no bloco de notas.

–Então, os convites têm de ficar prontos até a terça-feira, no máximo, quarta, temos que ter tempo de entregá-los. Temos que organizar a lista de convidados, no mínimo, umas duzentas pessoas.

–O QUÊ? – gritei horrorizado. – Alice, eu não nem conheço tantas pessoas assim!

Só faria festa porque havia prometido á Marie.

Tudo pela Marie. Tudo pela Marie. Tudo pela Marie.

–Fique quieto Edward! – cortou-me. – Como eu ia dizendo, ainda temos que selecionar as músicas que serão tocadas. Rose, pode fazer isso até terça-feira? – perguntou Alice.

–Posso sim, mas quais os estilos musicais? – questionou.

–Um pouco de tudo, mas quero agitação, tudo bem?

Rosalie concordou.

–Bell, você pode ir até a gráfica para mim? Não terei tempo, tenho que arrumar alguém para retirar todos os móveis da sala e da cozinha. Ainda tem o jardim. Estou rezando para não chover, pois a pista de dança ficará lá. – escreveu algo no papel.

–Sem problemas, amanhã mesmo vou a Seattle para providenciar os convites. – disse Bell sorridente.

–Ah não, até a Bell você vai tirar de mim? – perguntei desgostoso.

Bell sorriu acariciando meu braço.

–Não se preocupe, ela ficará livre na segunda mesmo. – garantiu Alice. – Ah, achei á pessoa certa para retirar os móveis.

–Quem?

Alice olhou-me sorridente. OH DROGA!

–Ah não! – neguei. – Você só pode estar de brincadeira! Olha quantos móveis tem dentro dessa casa e todos de madeira! Sabe quanto pesa cada um? Você só pode estra ficando louca!

–Fique tranquilo, você terá companhia! – garantiu Alice.

–Quem será o maluco que irá aceitar isso?

–Emmett e Jasper!

Interrompendo-nos, a porta da frente se escancara e adivinha quem aparece.

–Olá FAMÍLIA! – gritou Emmett entrando sem cerimônias na cozinha.

Correu em direção á Esme dando lhe um beijo estalado na bochecha.

–Desculpe, tentei impedi-lo! – redimiu-se Jasper constrangido.

–Não tem problema, Emmett já é de casa! – defendeu-o Esme sorrindo.

Emmett mostrou a língua para Jasper que revirou os olhos.

–É mesmo, só falta se mudar para cá! – comentei com ironia.

–Olha que eu já pensei nessa hipótese. – comentou bagunçando meu cabelo. Bufei. – Meus pais estão viajando e eu estou tão sozinho, desolado naquela enorme casa. – olhou para minha mãe como se fosse um cachorro sem dono.

Revirei os olhos.

–Pode ficar aqui Emmett, o tempo que quiser. O quarto de hospedes está vago. – permitiu Esme para desagrado da nação.

–ISSO! – comemorou o brutamonte.

Bufei levantando-me e saindo da cozinha.

–Aonde vai Edward? – questionou Alice.

–Para um lugar onde ninguém pode me perturbar. Vou para sala de música! – respondi.

–Não vai não, nós temos muito que fazer hoje!

–Discutir sobre decorações, comidas e festa? Dispenso! – disse voltando a caminhar.

–Hei, não é isso, já acabamos por hoje. Nós vamos á um lugar muito legal, vai ser divertido! – insistiu.

–Vamos aonde?

–PARQUE DE DIVERSÕES!

Até que não seria tão ruim, afinal, o que poderia acontecer?

X-X

O único parque de diversões da região ficava em Seattle. Já estávamos no carro á cerca de duas horas. Optamos por todos irmos em um só carro, o jipe do Emmett, ele era veloz e espaçoso o suficiente para caber todos nós dentro. Emmett estava no volante e Rosálie no carona. Eu, Bell, Alice e Jasper nos espremíamos no banco traseiro.

Cada um estava entretido em suas próprias conversas.

–Então Bell, ainda quer ter as aulas de piano?

–Claro que quero! Começamos quando?

–Que tal amanhã? Depois que você voltar de Port Angeles, vá até minha casa. – sugeri sorrindo.

–Está combinado! – sorriu empolgada.

De repente, Emmett abaixa seu banco quase deitado-se, vira seu boné com a aba para frente e puxa seu cordão para fora da camisa. 

-If you work, Ya pussy..... – o mesmo desembesta a cantar, fazendo barulhos estranhos com a boca tentando imitar batidas de rapper. 

–Emmett fique quieto! E que música ridícula é essa? – irritou-se Jasper.

–Ah que isso pessoal, cadê a animação de vocês? – disse Emmett gargalhando. – Vamos lá, cantem comigo! If you work
Ya pussy, baby... Work, If you work
Ya pussy, baby...

–EMMETT, estou ficando com dor de cabeça! – berrou Rose. - Cala essa boca pelo amor de Deus!

If you work, Ya pussy, bab... - Rosalie tapou lhe a boca, livrando-nos de sua cantoria irritante.

–Graças á Deus, já não agüentava mais. – agradeceu Alice.

Emmett olhou para Rose e tentou falar algo, mas essa não cedeu.

Negou com a cabeça.

Gargalhei divertido olhando para á estrada, quando vejo um farol vindo em nossa direção. FÁRROIS?

–EMMETT, OLHA PARA FRENTE! VAMOS BATER! – gritei desesperado.

Gritamos juntos.

Só deu tempo de fechar os olhos e abraçar Bell.

Estávamos mortos.


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