Heartbreaker escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 21
Editora-chefe e festa da Alice


Notas iniciais do capítulo

Depois de anos sem postar, um capitulo grande pra recompensar. Boa leitura (:



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Edward p.d.v

O som do despertador frenético fez meus olhos se abrirem forçadamente. Minha cabeça latejava e eu não conseguia alcançar o maldito relógio para fazê-lo parar, com esforço levantei um pouco da cama e o fiz cair da escrivaninha, porém, não parou. Joguei o travesseiro sobre ele, mas quando não é pra ser, simplesmente não será. Arrastei pelas paredes e entrei no banheiro, peguei um remédio pra dor de cabeça no armário, tomei um banho e voltei ao quarto para escolher uma roupa para vestir. A porta bateu e logo minha mãe entrou:

  - Oi filho. – seu olhar era triste e eu fiquei preocupado – Desculpe entrar assim.

  - Que isso mãe, você sabe que pode. – sorri e fechei os olhos, a minha própria voz fazia a cabeça latejar mais.

  - Primeiro eu pensei vir aqui perguntar como você está, você voltou muito tarde ontem. Mas, ocorreu uma coisa, mais importante.

  - O que aconteceu mãe? Você está triste, eu to começando a ficar preocupado.

  - Eddie, senta, por favor. – ela sentou na cama e apontou para que eu me sentasse ao seu lado.

  - Mãe o que foi? Agora eu estou realmente preocupado. – disse sentando.

  - A Bella morreu meu bem.

Em um instante eu senti que o mundo havia parado. Foi como se a leve sensação de que tudo está em um movimento constante, estivesse desaparecido e aquelas últimas palavras pairavam sobre o ar. Tentei falar, mas não saiu nada além de sussurros, minha mãe com seus olhos confortadores segurava a minha mão, e eu mantinha o olhar perdido pela janela, procurando pelo rosto dela. Corri para o armário, peguei uma roupa qualquer, desci as escadas e fui para a casa dela. Eu precisava saber se era verdade, ela não podia ter morrido, como aquilo tinha acontecido? Assim tão de repente. Minha melhor amiga não podia me deixar, não, antes de mim. O meu coração batia de modo desregulado e a respiração estava cada vez mais pesada e doía muito, uma dor sem igual. O caminho até a casa de Bella demorou mais do que o normal, e quando cheguei, infelizmente pude notar que era verdade. Todos estavam reunidos na sala, com os olhares tristes e cabisbaixos, dona Renné estava apoiada no ombro de Emmet chorando, enquanto Charlie tinha o olhar perdido. Quando notaram minha presença, a família de Bella não me recebeu com a hospitalidade típica, do contrário, seus olhares eram mortíferos, carregados de raiva, e antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, Emmet veio até mim e me levou até o jardim segurando o meu braço.

  - O que veio fazer aqui Edward?

Perguntou irritado. Emmet estava com os olhos vermelhos e profundos, eu nunca tinha visto ele assim, pálido, morto.

  - Como assim o que vim fazer aqui? Eu vim saber da Bella, eu to perdido, o que aconteceu Em?

  - Não se faça de desentendido Edward. Eu não acredito que você teve a cara de pau de vir aqui.

Emmet falava como se fosse óbvio o motivo que todos não me queriam ali, eu não deveria estar ali e eu nem ao menos sabia o porquê. Repassei na minha mente os acontecimentos passados e não encontrei nada que me explicasse o que eu tinha feito pra ser tratado daquele jeito.

  - Cara de pau? Emmet do que você ta falando? Eu não fiz nada, porque ta falando assim comigo?

  - Não fez nada? – ele riu sem humor – Deixa de ser cínico Edward.

  - Não estou sendo cínico! Puta merda Emmet! O que eu fiz? – gritei.

  - Você matou minha irmã! Isso que você fez! Como se já não soubesse. Logo você Edward, cara, ela te amava e você a matou.

Ele passou as duas mãos nos olhos evitando que as lágrimas caíssem. Por um momento eu pensei em pedir pra que ele repetisse o que tinha dito, mas depois as palavras latejaram na minha mente e eu cheguei a conclusão de que não era preciso. E-U M-A-T-E-I A B-E-L-L-A. Como? Porque? O que eu fiz?

  - Não entendi Emmet. – foi o que eu consegui dizer.

  - Não entendeu? Acho que vou desenhar pra você. Ontem, no baile, você a humilhou tanto que quando ela chegou em casa, ela bebeu um veneno do meu pai que ficava na garagem. Foi isso que ela deixou. – ele me passou uma carta.

A letra estava arrastada, como se ela estivesse tremendo e chorando ao mesmo tempo. Um arrepio percorreu minha espinha, engoli em seco e comecei a ler:

“Nunca pensei que faria isso. De verdade, eu talvez, não queira fazer isso. Mas estou tão acabada, tão morta, que a única coisa que vai embora é meu corpo, minha alma já se foi há muito tempo. Desculpa mãe, pai, e Em, de verdade, não fiquem com raiva de mim, eu só me livrei de todo esse sofrimento daqui. Eu amo o Edward, infelizmente, esse amor é tão grande, que eu não posso continuar aqui, não depois de toda a humilhação. Espero que não se esqueçam de mim, eu sempre estarei junto de vocês, olhando por todos vocês. Com imensa gratidão e amor, Bella.”

As lágrimas começaram a cair de meus olhos. Ela tinha se matado. Por minha causa. Mas como? Eu não conseguia lembrar de nada. Só lembro que tinha ficado chateado com ela por não falar comigo do baile, por me ignorar daquele jeito. Eu não fiz isso, eu não queria matá-la, eu a amo, como posso tirar a vida dela? E a minha vida depende da dela. Saí correndo em meio aos protestos de Emmet, segurando a carta em minhas mãos frias, abri a porta da casa e não me importei com os olhares congelantes que se direcionavam pra mim, segui devagar até o caixão, sentindo o frio da pele dela exalar pra mim, como eu queria trazê-la de volta, como se pudesse ressuscitá-la, eu podia ver suas mãos brancas, mas tinha medo de ver seus olhos fechados para sempre. Aproximei mais um pouco e estiquei a mão para tocá-la...

  - AAAAAAAAAAAAH!

Levantei do sofá ofegante e respirei fundo algumas vezes. Me senti aliviado quando percebi que tinha sido apenas um pesadelo, e que eu continuava no mesmo apartamento. Coloquei a mão na boca e comecei a refletir se o grito agonizante que eu tinha escutado tinha sido meu, mas então ele continuou e enfim eu percebi que era da Bella. Joguei o cobertor para o lado e quando ia me levantar, percebi que Emmet tinha corrido para seu quarto e já começava a acalmá-la.

  - Calma Bells, eu to aqui, foi só um pesadelo. Já ta tudo bem, pronto, já passou.

Nunca tinha visto o Emmet tão tranqüilo e ao mesmo tempo assustado, tão protetor. Aos poucos, eu ouvia a respiração pesada de Bella, e os soluços profundos. Ele ressonava algum som como se tentasse fazê-la dormir.

  - Eu não devia ter feito você contar, não estava preparada.

  - Não tem nada a ver Em. Estava passando da hora dele saber.

  - Agora você está com esses pesadelos de novo, eu odeio ver você assim.

  - Só me abraça, por favor.

A voz dela estava chorosa e meu coração apertou. Como eu queria correr e abraçá-la, envolvê-la em meus braços e a confortar. Mas eu era o motivo de tudo aquilo. Queria tanto poder voltar no tempo e evitar tudo que tinha feito com ela, a humilhação, o sofrimento, queria dar um jeito de transferir tudo pra mim, pra que ela nunca mais precisasse sofrer. O seu choro recomeçou e Emmet voltou a dizer palavras de conforto, enquanto devia estar abraçando-a.

  - Ah Bells... Eu tomaria a sua dor pra não te ver chorar.

Então ela chorou mais ainda e eu fechei os olhos. Ainda bem que a Bella tinha o Emmet, ela tinha alguém que cuidasse dela e era só isso que eu mais queria. Aquele típico nó na garganta começou a formar-se e eu engoli em seco tentando evitar o que provavelmente viria a seguir, porém, foi impossível, cobri minha cabeça com o cobertor e tentei abafar meus soluços para poder me torturar mais com os da garota que eu amo.

Bella p.d.v

  Levantei com uma tremenda dor de cabeça, e sentia que ela poderia explodir a qualquer momento. Eu odiava ter pesadelos, eles me deixavam cansada como se tivesse ficado dias sem dormir, logo, com olheiras profundas e as cenas tão vivas em minha mente que provocava a latente dor de cabeça. Devagar fui até ao banheiro, tomei um banho, enrolei na toalha e procurei alguma roupa no meu armário. Por incrível que pareça, acordei com vontade de usar as roupas malucas que Alice tinha doado pra mim, escolhi um vestido romântico, uma jaqueta e um sapatinho de boneca, fiz uma maquiagem leve, pequenos cachos nas pontas do meu cabelo, sorri para o espelho e fui para a cozinha.

  Pisquei algumas vezes quando encontrei um ser de cabelo bagunçado, uma camiseta preta com estampa de guitarra, a calça vermelha e um tênis all star preto de cano curto. Aproximei lentamente da mesa da cozinha, com receio de que Alice tivesse se drogado ou revoltado de vez, e que precisasse mandá-la para um hospital. Quando percebeu minha presença, fez um sinal de paz e amor e sorriu, coloquei a mão na boca e corri para o telefone, pronta pra ligar pra ambulância.

  - O que você vai fazer Bells? – ela perguntou vendo que eu pegava o telefone – Se vai ligar pra alguém? SUA LOUCA! PARA SUA CRETINA! – ela correu até mim e me puxou para a mesa.

  - Louca? Eu? Alice, o que aconteceu com você?

  - Resolvi mudar minha vida. – ela disse, sorridente. 

  - É, deu pra perceber. Você resolveu se drogar? Quer dizer, eu me visto assim, e não você!

  - Então você se droga Bella? Eu não sabia. Reabilitação faz bem sabia?

  - Reabilitação? Cala a boca Alice! O que aconteceu com você?

  - É o Jack, Bells. – jogou as mãos pro alto – Tudo culpa dele e da maldita castidade dele!

  - Castidade? Quem ainda é casto em pleno século XXI? – disse sentando na cadeira a frente dela.

  - Boa pergunta! Parece que o Jack ainda é. – cruzou os braços – Nós estamos em um clima perfeito. Ele é carinhoso, atencioso, engraçado e os momentos que passamos juntos são todos maravilhosos, mas apesar de tudo isso, ele não me beijou! Nem sequer um selinho Bells, um selinho!

  - Ele ainda não te beijou? E porque você não o beijou a força? Isso é tão típico de você. – sorri.

  - Que horror Bella, fiquei muito ofendida. – fez um biquinho.

  - Aham Alice – respondi irônica – mas o que aconteceu?

  - Olha, estamos juntos a... Praticamente um mês! E ele não chegou nem no começo, nessa hora era pra estarmos perto das preliminares. Olha ai, você mal começou a namorar o Jake e vocês quase transaram!

  - Como você sabe disso? – gritei.

  - Tenho meus contatos – fez aquele olhar de bruxa, me assustando – Mas agora é sério Bells, ai eu resolvi mudar meu estilo, ficar mais alternativa, mais rock, porque ele é assim, quem sabe desse jeito ele resolve me beijar pelo menos.

  - Perai, você está vestida assim, pra ver se o Jack resolve te beijar? – comecei a rir – para né Alice? Logo você... olha aqui amiga, você não precisa disso pra conquistar um homem.

  - Mas ele não é um homem, é o homem Bells! Ele é tão fofo e ao mesmo tempo tão sexy, eu to gostando dele, que ódio!

  - Ah que linda – disse apertando suas bochechas e levando em troca um tapa – Ai cretina! Alice, ele pode ser tímido, até demais, e vendo você assim, toda furacão deve ter medo de não te impressionar sabe? Ele precisa se sentir confortável, mais solto e nada melhor do que uma festa pra isso. – sorri.

  - Claro Bells! Uma festa! Você pode organizar, porque ai você faz aquele clima alternativo, ele vai adorar, se sentir confortável, vai beber um pouquinho e ai amiga... ninguém me segura! – ela deu um soco no meu braço.

  - Não sou boa com festas, mas vou tentar. Amanhã as oito, pode ser? Vou conversar com Emmet, ele vai gostar. Agora vai lá no meu armário e vê se acha alguma roupa decente das que você me doou.

  - Ai credo, vou ter que vestir relíquias, mas é melhor do que isso aqui.

  - Ah e deixa pra mim, eu adorei!

  - Vou te levar ao exorcista Bells, qualquer dia, eu não me esqueci disso.

***

O dia corria normalmente como todos os outros. Exceto pela falta de Jake que tinha começado a fazer faculdade e trabalharia agora, só meio período. Estava sentindo falta da alegria dele e de seus beijos de surpresa na minha nuca. Continuei digitando e ás vezes buscava com os olhos, Alice pelo corredor, tinha ido ao escritório de marketing convidar Jack para festa, mas pelo tanto que estava demorando, talvez nem precisasse de pretexto mais para ficar com ele. O telefone tocou e ao retirar ouvi a voz seca de Cindy me avisando que Edward queria falar comigo. Respirei fundo, deixei o telefone no gancho e fui até o elevador. Fiquei com a impressão de que tinha passado horas para chegar à porta do escritório, mas naquele dia eu não estava ansiosa ou nervosa, me sentia leve, diferente, como se não carregasse mais o peso dos acontecimentos do passado sobre meu ombro. Bati e esperei que ele me deixasse entrar, quando isso aconteceu, entrei devagar e senti seus olhos claros sobre mim, e um sorriso triste em seu belo rosto.

  - Sente-se Bella.

Formalidades. Nossa relação tinha finalmente voltado para o patamar do qual nunca deveria ter saído: patrão e empregada. Sentei na poltrona e esperei que ele começasse a dizer.

  - Bom, eu mandei o relatório para o dono da revista. E ele gostou tanto que falou que vamos ter que viajar pra Itália pra apresentar no aniversário da revista! – ele falou, tentando parecer animado.

  - Eu não acredito – coloquei a mão na boca – Sério? Nossa que legal! Quer dizer, isso é muito interessante.

  - É claro... ele vai marcar logo a viagem e nos manda a passagem.

  - Mas... Uma viagem, eu e você?

A última tentativa de viagem para trabalho não tinha dado muito certo e agora talvez as coisas ficassem piores ainda. Fiquei apreensiva, não estava pronta para viajar sozinha com ele, de novo. Pra ser sincera, tinha medo de ficar a qualquer momento a sós com ele, porque eu sabia que se isso me acontecesse talvez não conseguisse manter meu muro forte o suficiente.

  - É, eu sei que a última não foi muito boa, mas prometo será completamente profissional. – ajeitou a gravata.

Não sei por que, mas senti que todas as palavras dele estavam repletas de ironia e malícia. Balancei a cabeça e tentei não morder o lábio inferior como se aceitasse aquela ideia pervertida, apesar de ser uma mania irritante minha, que não tinha nada a ver com ir para a cama com o Edward.

  - Não sei Edward, talvez não seja uma boa ideia. Porque não vai só você? Você é gerente da revista, não vai levar uma simples empregada, eu não fiz praticamente nada.

  - Você não fez praticamente nada? O relatório só ficou maravilhoso por sua causa, seja mais confiante Bells, você é muito talentosa! E eu não vou levar uma simples empregada, vou levar à editora chefe.

  - Ufa, que bom que eu não estou nessa. – ele sorriu com meu comentário e eu paralisei – Perai... A editora chefe sou eu?

  - É claro que é você Bells – ele riu – eu estou te promovendo, você merece.

  - Ah meu Deus, ah meu Deus, editora chefe? EU NÃO ACREDITO! – dei pulinhos na poltrona – Quer dizer... uau, muito obrigada Sr. Cullen. – fiquei constrangida ao ver que minha animação tinha passado dos limites.

  - Imagina Bella, e para com essa de Sr. Cullen. Somos amigos apesar de tudo. Você falando assim parece que tenho uns cinqüenta anos.

Sorri para ele e o vi retribuir sem aquela dose de tristeza. Mas seu olhar ainda estava repleto de culpa. Tentei não lembrar que possivelmente ele tinha escutado todos os meus gritos por causa do pesadelo da noite passada, e torci para que ele pensasse que aquilo não tinha nada a ver com ele. Emmet disse que assim que amanheceu ele foi embora, nem esperou para irem juntos pra empresa, já que eles tinham uma reunião.

  - Bom, eu vou começar a arrumar as coisas burocráticas para sua promoção, como pagamento e a sala. Você pode começar amanhã, o que acha?

  - Acho fantástico Edward. Muito obrigada mesmo, eu estou tão feliz. Mas... Voltando ao assunto da viagem, não sei se devo ir. Em que lugar da Itália vai ser?

  - Veneza.

VENEZA? EU VOU COM O EDWARD PARA VENEZA? Uma das cidades mais românticas do mundo, para simplesmente trabalho? Ri internamente. Que coincidência infeliz. A minha tensão aumentou ainda mais, e eu não sei se tinha ficado muito evidente, mas ele se levantou da cadeira, ajoelhou perto da poltrona que eu estava sentada e segurou minha mão.

  - Olha Bells, sei que está com medo, mas eu não faria nada que você não quisesse. Mas eu queria muito que me dissesse uma coisa... Você ama o Jacob?

  - Sim, eu o amo Edward.  

  - Eu te entendo se não quiser ir, mas acho que vai ser muito importante pra sua carreira. Não vamos dormir no mesmo quarto e se você quiser podemos ir até em aviões diferentes. – ele riu – Não quero perder sua amizade Bells.

  - Ok, vamos então. – sorri, sabendo que ia me arrepender dessa decisão. – Acerta tudo e me manda os detalhes.

  - Claro, eu te aviso editora chefe. – ele fez uma continência e se levantou – E, eu consegui um apartamento, vou buscar minhas coisas na hora do almoço.

  - Edward não precisa ir embora assim, pode ficar lá em casa até conseguir algo.

  - É sério, eu consegui, não estou inventando só pra ir embora, de verdade. – ele continuou sorrindo.

  - Ok então. Aliás, vai ter uma festinha lá em casa na quinta, passa lá, se quiser.

  - Assim que eu sair daqui, eu passo lá, algum motivo especial?

  - Alice. Esse é sempre um motivo pra lá de especial. – eu sorri.

  - É claro.

Saí devagar da sala e na porta virei pra trás, acenei e gravei o lindo sorriso que ele me devolveu. Respirei fundo e me castiguei por não ter ido sem olhar pra trás, tentei aos poucos sufocar a Bella fraca e desci para o meu andar.

***

  A festa estava boa. Exceto pelo número triplicado de pessoas que se espremiam para caber no meu apartamento. Funcionários da empresa que eu nunca tinha visto na vida, os que eu vi uma vez e aquelas mais conhecidos e este último grupo, tinha uns três integrantes, no máximo. Contornei, com dificuldade, a sala de estar em direção a cozinha, quando cheguei, encontrei Alice e Emmet preparando alguns drinks.

  - Alice, me explica que pessoas são essas.

  - Como assim Bellinha?

  - Como assim Bellinha? – a imitei – Eu não conheço um terço das pessoas que estão aqui Alice!

  - O que é? Eu chamei alguns amigos.

  - Alguns amigos? Você é rainha do gueto Alice? Tem umas cinquenta pessoas aqui. Era uma festa pra você beijar o Jack, só isso.

  - É, mas não dava pra ser uma festa qualquer, ele ia perceber, porém eu aceito a culpa pela metade das pessoas, a outra metade... – ela olhou para o Emmet.

Emmet estava muito calado, é claro que ele tinha culpa no cartório. Continuou arrumando alguns copos, colocou-os na bandeja e começou a sair como se não tivesse percebido nossa presença.

  - Ei ei, calma ai senhor Emmet. – segurei seu braço.

  - Bells, maninha, nem tinha visto que você tava ai.

  - Seu cínico, Emmet o que você fez?

  - Bells, meu amor, você não vem? – Jake entrou na cozinha e me abraçou por trás.

  - Vou, vou sim. É que eu estava interrogando o Em... Emmet volta aqui! – ele saiu correndo e sumiu na multidão da sala.

  - Agora vocês me dão licença que eu vou conquistar o meu gatinho. – Alice piscou e foi embora.

  - E então, a festa foi pra Alice conquistar o Jack?

  - É, ela e suas ideias loucas. Vamos pra lá?

  - Espera um pouquinho, quero fazer uma coisa.

Jake começou a andar em direção a mesa e de repente, passou um braço em minha cintura e me apertou contra ele. Deslizou uma mão pelo meu rosto e a afundou em meus cabelos, começando um joguinho de sedução. Nossos lábios estavam muito próximos e quando eu me aproximava, ele se afastava um pouco, mordicava meu lábio inferior e então agarrei seu cabelo e o puxei pra mim. Ele deu uma risadinha e nós nos beijamos.

  - Bella? Ops... foi mal.

Afastei de Jake e vi Edward encostado na porta com uma mão na cabeça. Meu namorado bufou e passou as duas mãos pelo cabelo, demonstrando que estava irritado. Bom, parecia de propósito, é a segunda vez que Edward aparece assim, de surpresa.

  - Cara, parece de propósito. O que você ta fazendo aqui? Não tinha se mudado?

  - Ei Jake, calma.

  - É cara, abaixa a bola ai. O Emmet me convidou.

Sorri sem graça para Edward que não tinha contado que fui eu que o convidei. Jake não entenderia e brigaria por coisa boba. Este pegou um drink, dos que Alice tinha feito, e seguiu para a sala.

  - Irritadinho esse seu namorado.

  - Obrigada por não ter falado que fui que te convidei... sei lá, ele não iria entender. – passei a mão pelo cabelo.

  - Não iria entender?

  - É ia começar a brigar ou fazer isso que ele acabou de fazer. Vou ter que ir lá.

  - Por acaso eu sou uma ameaça pra ele? – aproximou de mim com aquele olhar sedutor – Quer dizer... será que ele não sente ciúmes porque nota o que acontece entre nós dois?

  - E o que acontece entre nós dois? Absolutamente nada. Somos amigos. – gaguejei nas últimas frases.

Estava mentindo pra mim mesma. Mentindo que aquele cabelo, os olhos verdes, os lábios delineados, o perfume tentador, não me afetava em nada. E é claro, era mentira. Esse infeliz só fazia eu me odiar mais por não conseguir tirá-lo do meu coração.

  - Nada? Não minta Bells. Aliás, pode ser pra você. Porque eu sinto muita coisa por você.

MENTIROSO, MENTIROSO, MENTIROSO DE UMA FIGA! Gritou inutilmente minha cabeça, querendo fazer meu coração idiota entender a verdade.

  - JOGO DA GARRAFA!

A voz de Alice ecoou de um canto da casa, me acordando do transe. Corri até lá e a encontrei no meio de uma roda, procurando por uma garrafa, e com Jack ao seu lado. Assim que encontrou, tirou da mão de um homem qualquer e correu até a roda, mas antes, gritou:

  - Peraí! Esse jogo não pode começar ainda. BELLA, JACOB, EDWARD, VOCÊS ESTÃO SENDO INTIMADOS PARA VIREM AQUI!

Bufei e fui até seu encontro, acompanhada de Jake que não tinha uma das melhores caras e Edward com um sorriso maroto.

  - Alice não quero participar. – protestei.

  - Como? Você não pode ficar sem participar. O Jake já topou né? – ela o encarou com um olhar meigo.

  - Não sei se é uma boa ideia Alice.

  - Ai que chato. Vem logo vocês dois ou então a coisa vai ficar negra.

  - Tem como ficar pior? – perguntei e ela riu.

  - Você sabe que sim Bellinha. – ela me fitou.

  - O que acha? – virei para Jake.

  - Estou achando que alguém está se sentindo ameaçado. – Edward falou, depois de virar um copo.

  - Claro que não Cullen.

  - Então porque não vem? Está com medo de que a Bella tenha que me beijar?

Quis socar a cara do Edward até ele voltar à realidade.

  - Não. Você não vem Bella? – Jake segurou minha mão.

  - Isso não vai dar boa coisa. – sussurrei.

Sentei junto com Jake nos integrando a roda e Alice deu inicio a brincadeira.

Depois de inúmeros copos virados, perguntas obscenas, beijos e amassos, declarações mentirosas, revelações e histórias assustadoras, muitas risadas, o jogo começava a dar sinais de que iria terminar. E até agora tinha corrido tudo bem. Até o momento em que a garrafa parou entre mim e Edward. Não duvide de que eu soprei, discretamente, centenas de vezes para que o objeto desviasse a trajetória. Ao perceber, as pessoas começaram a gritar e Edward olhou maliciosamente pra mim, e depois dele ter bebido tanto, não daria boa coisa.

  - Verdade ou consequência? – ele disse com o sorriso torto no rosto.

  - Verdade? – arrisquei já sabendo a resposta.

  - Você já escolheu essa opção várias vezes Bells! – Alice gritou.

  - O que tem escolher de novo? – Jacob protestou.

  - Quando eu quis escolher “verdade” pela terceira vez, você não deixou Jacob. – Edward o encarou.

Jacob cerrou os punhos e devolveu o olhar para Edward. Quando deu entre ele e a secretária do andar de baixo, mais conhecida como “Ugly Betty”, a consequência escolhida foi um amasso por 10 segundos. E é claro, ninguém, principalmente o Jacob o deixou escolher “verdade” pela terceira vez. Logo, Edward encontrou sua vingança.

  - Aquilo era outra coisa. – Jacob falou entre dentes.

  - Outra coisa? Por quê? Só porque agora é sua namorada?

  - Claro!

  - Não, não é só por isso. É porque você tem medo dela também querer isso.

  - Edward deixa de ser ridículo. – disse – Vamos embora Jake, eu falei que essa brincadeira não ia dar certo. – comecei a me levantar, mas ele me impediu.

  - Não vamos embora Bells. Fique ai e termine a brincadeira. Não tem nada demais, eu confio em você, é só um jogo. – ele disse me encarando.

Voltei a me sentar e encarei Edward, que riu. Ele queria aquilo. Esperou o jogo inteiro por aquele momento, de desafiar meu namorado e comprovar sua tese de que algo acontecia entre a gente. E eu devia provar a ele que estava errado. Não havia nada entre nós, mais nada.

  - Ok Edward, o que eu tenho que fazer? – o encarei tentando demonstrar frieza.

  - O mesmo que eu fiz. Vai me beijar por 10 segundos. Sem parar. – começou a se aproximar e percebi que Jacob estava inquieto ao meu lado.

  - Ta bom, vamos logo com isso.

Quando chegou perto de mim, colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Deslizou um dedo pelo contorno do meu rosto e beijou minha bochecha, o canto da minha boca e finalmente chegou até ela. Jake segurou minha mão e a sua estava fria. E aquela frieza me perseguiu pelos terríveis 10 segundos. Contrastando com o beijo quente que eu e Edward compartilhávamos, era intenso, volátil e me cortava por dentro. E queria ser forte, demonstrar a ele que nada daquilo me afetava, mesmo tendo algumas recaídas, creio que consegui atingir meu objetivo.

Quando Alice gritou que o tempo tinha acabado, eu me desvencilhei de seus braços que estavam em minha cintura e passei a encarar o chão, tentando recompor a respiração. Logo, Jake tirou sua mão se levantou indo em direção a cozinha. Voltei meus olhos e encontrei os de Edward que ainda estava a poucos centímetros de distância, ele sorriu e tomou um gole na garrafa de cerveja ao seu lado.

  - Eu falei que ainda existia algo entre nós. – disse sorrindo.

  - Não há nada entre nós? Ouviu? N-A-D-A.

Levantei e fui em direção a cozinha. Jake estava encostado na mesa olhando para o nada, com os braços cruzados e a expressão vazia. Aproximei devagar e esperei com que olhasse pra mim, quando o fez, nós ficamos um tempo nos entreolhando, sem saber o que falar.

  - Jake, eu sinto muito. Eu falei que não queria fazer isso, que não daria boa coisa e...

  - Tudo bem Bells, não precisa pedir desculpas.

  - Mas, você não ta legal. E eu não queria beijá-lo. Por mim nem teria jogado essa brincadeira estúpida.

  - Bells, calma. Eu não to legal, é claro. Quem ficaria legal depois de ver sua namorada beijando um cara por 10 segundos?

  - Mas você falou que eu devia beijá-lo! Que confiava em mim, que não tinha problema!

  - Isso Bells, eu falei tudo isso, mas não posso evitar de ficar com ciúmes. Mas está tudo bem, eu precisava disso.

  - Como assim precisava disso?

  - Precisava saber se eu estava certo. Além de ser por zoação, eu não fiz com que o Edward beijasse a Megan à toa, porque eu sabia que isso ia acontecer e ele iria querer revidar. Ele iria te beijar. E eu queria ver se ainda existia algo entre vocês... eu estava certo. – falou em um fio de voz.

  - Não Jake. Não há nada entre mim e o Edward, eu não o amo mais.

  - Ok Bells, repete isso olhando pra mim. Quero que diga, olhando nos meus olhos, que não ama mais o Edward, que não sente nada por ele. – ele me encarou.

Olhei em seus olhos castanhos e preparei para dizer o que tinha que ser dito. Só 4 palavrinhas. Simples, rápidas e frias. Abri a boca, a voz prendeu na garganta, forcei, diz, é só dizer Bella. Nada. A quem eu estava tentando enganar? Não iria conseguir dizer aquilo.

  - Está vendo? Você o ama.

  - Ta, é isso que quer ouvir? Eu amo o Edward, ainda. Mas também amo você Jake.

  - Mas quem você ama mais Bella? Quer dizer... Quem você quer amar? Não pode amar duas pessoas ao mesmo tempo!

  - Eu quero amar você.

  - Sou louco por você Bella.

Eu o abracei. Forte, como nunca tinha feito. E percebi que tinha feito a escolha certa, amar Jake era o saudável, o correto, tranqüilo, e era isso eu queria pra mim. Algo estável, simples e verdadeiro. Porque não era mentira, eu o amava também. Jake acariciou meu cabelo e me afastou um pouco, mantendo os braços entrelaçados em meu corpo, com uma distância possível para que nós nos beijássemos. No fim, o beijo terminado com selinhos, eu sorri para ele e fiquei mais feliz ao ver o sorriso verdadeiro que me devolveu.

  - Eu te amo Jacob.

Voltando pra sala, paralisamos ao ver que minha meta tinha sido alcançada. Sentados no sofá, Jack e Alice se beijavam loucamente, de um modo que era difícil distinguir de quem era a mão ali. E eu fiquei feliz por ela, tudo tinha dado certo, ela tinha conseguido arrebatar o cara que tanto queria e finalmente a festa podia terminar. Aos poucos, as pessoas foram se retirando e eu fui começar a minha noite no meu quarto com Jake.


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Notas finais do capítulo

Tenho que pedir desculpas pela demora. O estudo estava me consumindo, e a falta de inspiração também. Mas quero agradecer por quem comentou no capitulo anterior ou leu e espero que continuem comigo ok? Vou tentar andar com a história nessas férias e espero muito terminá-la. Então é isso, continuem comentando e vamo que vamo! kk beijinhos gente.