Capitulo 21

POV – Dimitri

Eu estava deitado em minha cama, mas não conseguia dormir. Eu perdera minha Roza pra sempre, eu tinha certeza disso. E justo eu, que sempre fui tão seguro de mim, agora estava cheio de duvidas. Na verdade, essas duvidas me atormentavam desde que eu a conheci. Roza era a pessoa que me completaria. Tão diferente de mim, tão mais viva e mais selvagem... Eu cometera o primeiro erro, sabia disso, mas justo quando achei que tudo poderia ficar bem e que nós poderíamos estar juntos. Cheguei até mesmo a achar que ela realmente me amasse. Talvez ela me ame, e tudo o que ela falou seja verdade. Inclusive a parte sobre Adrian. Pensar naquele desgraçado fez com que eu trincasse os dentes e cerrasse os punhos. Ele era o único que conseguia fazer com que eu quase perdesse meu auto controle. Mas pensar nele com as mãos em Roza... Respirei fundo tentando me acalmar, caso contrario eu torceria o pescoço dele com minhas mãos!

Por outro lado, se tudo não fosse verdade, então por que Rose mentira? Não tinha sentido nisso se tudo fosse mentira. Respirei fundo de novo. Como era difícil entende-la. Quando eu a conheci, ela era apenas uma menina. Com um corpo de mulher sim, mas ainda uma menina. Mas agora, ela era uma mulher em todos os sentidos. Ela queimava em minha mente há quase oito anos. Rosemarie Hathaway aos poucos estava me levando a loucura.

Meu celular tocou, me tirando de meus pensamentos com sobressalto.

-Dimitri. – eu ouvi a voz de Mikhail, um dos guardiões da corte do outro lado do telefone. Sua voz parecia tensa. Algo havia acontecido.

-O que aconteceu? – Perguntei ficando eu também tenso.

-A rainha foi seqüestrada. – ele disse

-Como? – isso era inacreditável. Nunca algo assim havia acontecido. Mas agora era hora do profissionalismo.

-Ela estava fora, em uma viagem familiar. Seu comitê foi atacado por um grande grupo de Strigoi. Todos os guardiões foram mortos e a rainha e seus familiares foram seqüestrados. Estamos precisando do maior numero de guardiões possiveis.

-Eu não estou na Academia, estou com a princesa Dragomir. Vou leva-la de volta e em seguida encontro você na corte. – falei já saindo

-A guardiã Hathaway esta com você?

-Sim. – meter a Rose nessa confusão era tudo o que eu não queria, mas sei que ela iria se fosse chamada.

-Seria muito bom te-la conosco. Ela é uma das melhores que temos, agora que a mãe dela não trabalha mais.

-Vou falar com ela. Logo estaremos ai. – entrei correndo na casa e esmurrei a porta do quarto da Rose. Ela atendeu sonolenta, mas quando me viu sua expressão tornou-se alerta.

-O que houve? – perguntou

-A rainha foi seqüestrada. Nós estamos sendo convocados para ir ao resgate. – Rose agiu rapidamente. Foi chamar Lissa e Christian. Pouco depois estávamos todos reunidos na sala com Rose gritando ordens.

-Klaus deve ir com Lissa e Christian pra Academia. Meus pais e Adrian vão com vocês. Não temos tempo a perder e Dimitri e eu devemos ir direto a Corte.

-Mas e nossas malas? – Lissa perguntou

-A empregada pode arrumar e mandar tudo pra vocês. Temos que ir agora e vocês não podem ficar desprotegidos aqui. Devem voltar agora. Esta me ouvindo, Lissa? Agora! – ela exclamou enérgica. Nunca tinha visto Rose assim. Ela parecia tão forte e determinada. Uma verdadeira líder pronta pra liderar o ataque. Olhando-a assim o orgulho encheu meu peito. Fui eu quem a treinara e agora ela se provava ainda melhor.

Arrumamos umas poucas roupas confortáveis e resistentes, colocamos os outros dentro do jatinho particular e pouco depois pegamos um avião pra Pensilvânia.

Sentia Rose tensa sentada ao meu lado. Não sabia se era pela proximidade ou pelo ataque. A mim, parecia que todo meu corpo correspondia ao dela. Eu queria pega-la nos

meus braços e conforta-la, dizer que tudo ficaria bem. Mas eu sabia que Rose não precisava disso. Ela era forte, tão forte quanto a mãe e sabia lidar com aquela situação. Mas essa situação era mais critica do que as outras. O comitê pessoal da rainha fora atacado! Os Strigoi estavam ficando cada vez mais fortes e organizados. A tática da defesa não ia funcionar por muito mais tempo. Lissa estava certa, Tasha estava certa. Deveríamos ir a luta, caso contrario seriamos todos extintos.

Olhei para Rose pensativo e percebi uma lagrima escorrendo por seu rosto.

-Rose! O que houve?

-Você ainda pergunta?! – explodiu. – Lissa é a mais cotada pra assumir o posto e seqüestraram a rainha! Eu tenho medo por ela. Tenho medo de não ser forte o suficiente pra defende-la.

-Você será forte e capaz de cuidar dela. Você é a melhor opção pra ela. E ainda sim, Lissa nunca vai querer que você se sacrifique por ela.

-Não é uma questão de sacrificar pelo meu Moroi. É me sacrificar pela minha melhor amiga. A única que sempre esteve do meu lado e nunca me deu as costas.

-Oh, Rose... – como eu queria puxa-la para meu braços e secar aquelas lagrimas. Por que ela tinha que tornar tudo tão dificil?

O vôo pareceu durar horas. Mas enfim chegamos a corte. Todos estavam com aparência perplexa. Esse ataque deixaria marcas eternas na nossa sociedade. Alguns pareciam cansados, outros aturdidos ou incrédulos. E tinham os que pareciam ferozes. Esses eram os que seriam capazes de se jogar de cara pro perigo sem pensar duas vezes. Eles me lembraram muito a Rose, quando a conheci. Eram todos novatos inexperientes e imprudentes.

Fui caminhando lado a lado com Rose até que encontramos Mikhail.

-Dimitri. Guardiã Hathaway. – ele nos cumprimentou

-Pode me chamar de Rose, apenas. – ela disse com um tom de voz desanimado.

-Apenas se você me chamar de Mikhail. – ele respondeu a ela

-Tudo bem. – Rose concordou com um pequeno sorriso.

-A reunião será daqui a meia hora. Se vocês desejarem comer alguma coisa ou trocar de roupa, ainda esta em tempo.

-Obrigada, mas eu quero é passar logo por essa reunião. – ela disse amarga

-Eu acho que você deveria comer. – disse a ela. – Você não comeu nada durante o vôo. – na verdade suspeitava que a ultima vez que ela tinha comido foi quando passou mal e desmaiou.

-Estou sem fome. – ela me respondeu

-Rose, você passou mal a menos de vinte e quatro horas. Esta fraca e nem deveria estar aqui. Quer fazer o favor de pelo menos comer algo? – tentei faze-la raciocinar

-Tudo bem. – cedeu com um suspiro. – Estou muito cansada pra discutir com você. – ela parecia mesmo cansada. Mas não era fisicamente, percebi. Rose passara por muita coisa nesses dias e ela estava esgotada emocionalmente. Fomos andando em silencio até o refeitório. Ela não pegou muita coisa pra comer, e eu só comi para incentiva-la. Ela olhava pra comida com uma cara, como se fosse desistir de comer a qualquer momento. Essa não era a minha Roza, a incrível mulher que eu conhecera e amava com todo meu coração. Era como se ela fosse um robô, fazendo as coisas que esperavam que ela fizesse, mas não tivesse alegria de fazer isso. Decidi falar com ela.

-Rose. O que você tem?

-Só estou cansada de tudo. Cansada da vida e de ser quem eu sou e tudo o que tem acontecido. Tem vezes que tenho vontade de simplesmente sumir no mundo.

-Rose... Eu sinto muito. Você é uma pessoa incrível e não merecia estar passando por tudo isso.

-Não. Acho que talvez eu mereça. Eu nunca fui o que esperavam que eu fosse. Decepcionei minha mãe, meus amigos, meus mentores...  Eu me apaixonei pelo cara errado, criei expectativas de um sonho que nunca poderia ser real. Depois eu o decepcionei e então percebi que estive sonhando todo esse tempo. Mas que esse sonho nunca poderá ser real. – me doía vê-la falando assim. Eu queria que ela tivesse tudo o que desejasse para que eu pudesse apenas vê-la sorrir mais uma vez.

-Não. Você não decepcionou ninguém. Por que, mesmo que você tenha um temperamento forte e seja impulsiva, você luta pra fazer o que acha que é certo. Sempre põe as necessidades dos outros acima de tudo e se sacrifica. Você se tornou uma guardiã muito respeitada, provou a sua mãe o quanto era boa. Esteve sempre ao lado da sua melhor amiga. Você se tornou uma mulher incrível! – mas pra mim, Rose sempre foi incrível. Com sua força, coragem e ousadia. – E a vida não teria significado, se você apenas fizesse o que esperavam de você. Você não teria aprendido sobre a vida e não seria você mesma. A sociedade gosta de dar valores e padrões que segundo ela devemos seguir. Mas você, deve sempre fazer o que for melhor pra você.

-Mas e se o melhor pra mim for fazer feliz as pessoas que eu amo? – perguntou-me

-Bem, olhe a sua volta e veja se elas estão felizes e se isso vale a pena pra você. Ou se esta apenas se sacrificando por algo que vai apenas te fazer infeliz. – ela pensou um pouco.

-Sim. Eu acho que todos os que eu amo estão felizes. E isso vale a pena pra mim.

-Você acha que essas pessoas que você ama também te amam?

-Sim. Eu... Eu acho que sim.

-Então você não acha que elas também ficariam infelizes se te vissem infeliz?

-Aonde você quer chegar? – ela perguntou confusa

-Eu só quero que você perceba que, assim como você ama certas pessoas e as quer feliz, essas pessoas também te amam e também te querem feliz. E tudo isso o que você ta fazendo só esta gerando mais infelicidade. Pra você, e para aqueles que você tanto quer proteger. – será que ela não percebia que todos a volta dela estavam tristes apenas pelo fato dela estar assim? Será que ela não via que eu estava mal por causa dela?

-Dimitri, eu sei o que você... – o sinal para a reunião bateu interrompendo-a.

-Vamos. Esta na hora. – disse me levantando.