Capitulo 18

–Co-como? – perguntei. Só podia ser uma piada de mal gosto. Bem... talvez Mazur não fosse um sobrenome tão incomum assim.

–Podemos conversas em particular? – perguntou-me

–Ta. O escritório é... Por aqui. – levei-a até la e depois de entrarmos fechei a porta.

–Rose, eu tenho muito que te contar.

–Percebi.

–Acho melhor começar do inicio. – ela respirou fundo e depois continuou. – Eu sou sua irmã, ou meia irmã melhor dizendo.

–Mas como eu nunca soube de você? – perguntei. Eu e meu pai não éramos exatamente melhores amigos, mas ele não me esconderia algo assim...

–Eu também passei anos sem saber da sua existência. Foi há sete anos atrás que meu pai me contou sobre você. Eu fiquei revoltada, parei de falar com ele, te odiei sem nem te conhecer. Apesar de que fui eu quem cresceu ao lado do pai, meus pais se separaram por causa da sua mãe. Papai sempre a amou e sempre se orgulhou de você. Muito mais do que de mim. “Rose vai ser uma grande guardiã. Melhor até do que a mãe.” Ele costumava dizer. Isso mataria qualquer adolescente de ódio. Ele nem te conhecia, só tinha umas fotos que sua mãe mandava pra ele. Mas essas fotos ficam em cima da mesa dele, no escritório, na mesa de canto ao lado da cama e até na carteira. – ela pausou. – Na época eu não entendia, que o por que de papai agir assim, era por que ele não te conhecia, não podia acompanhar sua vida e se ressentia por ter deixado isso acontecer. Eu demorei anos pra ver isso. E depois mais alguns anos pra criar coragem de ir te encontrar.

–E por que ele nunca me falou de você?!

–Eu não sei. Eu só sei que ele te ama muito.

–Mas ele não tinha o direito de esconder isso de mim! É da minha vida que se trata! Eu tinha o direito de saber!

–Eu acho que talvez vocês devessem conversar. Sei que ele não fez por mal. – ela respondeu

–Será que você pode me dar um tempo pra digerir tudo isso? – perguntei

–Tudo bem Rose. Mas eu tenho uma outra noticia pra te dar.

–Tão trágica assim?

–Por ai. – ela disse hesitante

–Então me de um tempo primeiro. Eu vou beber alguma coisa, tomar um pouco de ar... Mais tarde nós continuamos a conversa.

–Tudo bem. – ela mal pronunciou as palavras e eu sai da sala. Não conseguia imaginar a idéia de ter uma irmã. Uma irmã mais velha ainda por cima! E por que raios Abe nunca me contou sobre ela? Isso não fazia sentido. E o pior de tudo, se ela era mesmo minha irmã, por que tinha agarrado o cara que eu amava? Perguntas que precisam de respostas. Respostas das quais eu tinha muito medo. Fui procurar conforto no melhor lugar pra mim. Lissa. Fui até seu quarto e bati na porta. Ela estava sozinha lá dentro.

–Você já conversou com ela? – Liss perguntou

–Ela já falou do meu pai. Disse que tem mais a dizer, mas eu não ia conseguir ouvir más noticias todas de uma vez. – disse me jogando na sua cama.

–E como você recebeu a noticia do seu pai?

–Com muito choque. Por que ele nunca me contou?! – exclamei frustrada

–Talvez você devesse ligar pra ele e falar sobre isso.

–Sim eu sei, mas não to com cabeça agora. – respondi

–E o que você vai fazer agora, então?

–Não sei. Alguma idéia genial? – perguntei

–Acho que você devia ouvir tudo o que ela tem a dizer.

–Você sabe o que é? – perguntei

–Na verdade... – ela hesitou. – Sei sim. Mas eu não vou te contar. Até por que eu não tenho nada a ver com isso.

–Ai Liss... – eu a abracei forte. Eu estava com tanto medo. Eu sei que ela ia dizer o que realmente tinha acontecido entre ela e Dimitri, mas isso era uma coisa que eu não queria ouvir. Se ele se provasse tão correto quanto eu tinha noventa por cento de certeza que ele era, então só me restariam duas opções. Ou eu contava a ele sobre Adrian e suportaria sua rejeição, ou eu mentia pra ele. Mas eu não poderia mentir pra ele. Não seria justo e mais cedo ou mais tarde ele descobriria. Dei um suspiro e me soltei dela.

–Acho que eu vou lá então.

–Boa sorte. E... Qualquer coisa eu to aqui. – eu dei as costas a minha amiga e fui encarar minha sina...

Voltei ao escritório e me sentei na cadeira. Melik ainda estava lá.

–Voltou rápido. – ela disse

–Acho que a ansiedade foi maior. – eu tentei forçar um sorriso, mas acho que saiu mais uma careta.

–Rose, depois que eu soube de você, e aceitei sua existência, eu ainda demorei um tempo pra criar coragem pra vir falar com você. Por sorte eu tinha um bom amigo que me manteve a par dos fatos mais importantes sobre você. – ela disse

–É? Quem? – quem será que ela conhecia que era tão próximo assim a mim?

–Adrian Yvashkov. – ela respondeu

–Quem?! – não. Isso não era possível. Ou era? Por que Adrian nunca me falou nada?

–Adrian. Foi ele que me contou sobre você e Dimitri.

–Ele não tinha o direito de sair contando isso por ai! Quem ele pensa que é?!

–Eu compreendo o que você ta pensando dele. – ela pausou. – No inicio eu achei que ele estivesse preocupado com você. Mas agora eu tenho minhas duvidas.

–Por que? – eu perguntei. O que será que Adrian tinha feito? Ela deu uma pausa ainda maior. Aquele suspense todo tava me matando.

–Ele me contou toda sua história com Dimitri, desde a Academia. Eu achei que fosse apenas preocupação por você. Achei que ele tinha medo de que você se machucasse de novo. Ele falou que sabia que Dimitri iria mudar de idéia de novo, cedo ou tarde. E...

–E? – senti que ela tava chegando no ponto crucial da questão.

–Na noite do baile, eu fui a Velatri pra te conhecer e contar tudo. Eu só não esperava encontrar Adrian lá. Ele me perguntou o que eu seria capaz de fazer por você. Eu respondi que se fosse pro seu bem, eu faria qualquer coisa. Era o que meu pai teria feito. Ainda nem te conhecia, mas depois que eu te aceitei como minha irmã, passei a te amar como minha “irmãzinha”. Eu faria qualquer coisa pela sua felicidade. Foi o que eu disse a ele. E então ele me pediu que eu fizesse algo. Algo que era pelo seu bem. Segundo ele. – ela ficou quieta. Céus! Ela não ia terminar isso logo não? Nunca gostei de gente que ficava enrolando.

–O que ele te pediu?

–Ele pediu que eu seduzisse Dimitri. – ela soltou a bomba no meu colo. Meu cérebro não parecia capaz de processar a informação. E como eu poderia acreditar nela? Eu nem a conhecia, enquanto Adrian eu conhecia a anos. Eu não podia mesmo acreditar nela. – Então eu fui até ele e disse que era sua irmã. Pedi a ele ajuda pra te contar. Ele me levou até o escritório para que conversássemos. Então eu vi você chegando e o agarrei. Eu fiquei alguns dias pensando, busquei informações e vi que tinha cometido um erro terrível. Então vim até aqui pra te contar tudo. – Ela continuou mas eu fui incapaz de ouvi-la. Meu cérebro travava uma batalha terrível. Eu deveria ou não acreditar nela? Eu achava que conhecia Adrian, que ele nunca faria isso. Mas então, aquele dia na Velatri, ele disse que não iria desistir de mim. Será que ele iria tão baixo assim? Não, ele saberia que eu nunca o perdoaria. Mas talvez, ele nunca tivesse tido a intenção que eu soubesse.

–Eu não acredito em você. – eu disse. Minha voz soou estranha, fria e distante.

–Eu não posso fazer nada se você não quiser acreditar. Mas é tudo verdade e eu acho que você talvez devesse acreditar em mim e não colocar sua felicidade em risco. Dimitri te ama e nunca te traiu.

–Mas eu não tenho nenhuma prova sobre toda sua história. Inclusive a parte do meu pai! – exclamei

–Então ligue pra ele e pergunte.

–Eu... eu... Preciso de um tempo. – eu sai e mais uma vez fui caminhar na praia.